OS PEIXES VÊEM CORES? MATÉRIA POLÊMICA

Uma das grandes preocupações do pescador amador, principalmente o que pesca com iscas artificiais, é saber quais são suas melhores cores. Será que os peixes conseguem distinguir cores em seu mundo? Esta resposta é muito interessante. Confira

                      

Olho de um peixe

Para se fazer  qualquer afirmação sobre as cores que os peixes enxergam, temos que, principalmente, consultar pesquisas científicas que foram feitas nesse sentido, para chegarmos a alguma conclusão.

Um trabalho muito interessante foi feito pelo Dr.Dwight A. Burkhardt, da Universidade de Minesota (EUA), que durante seis anos estudou essa particularidade no olho do peixe e em longa matéria publicada na revista In-Fisherman, relatou suas experiências.

Esses estudos foram, principalmente, em um peixe de nome walleye, uma espécie que não existe no Brasil. É um peixe predador, que tem semelhança com o black bass, guardadas as proporções de tipo, família, etc. (veja nota da redação).

Nós resumimos essa matéria para o que nos interessa realmente, pois além do estudo do walleye, o Dr. Dwight faz observações sobre outros peixes.

Ele diz por exemplo: "o fenômeno crucial chamado visão começa no órgão ocular. Do peixe ao homem, o plano básico do olho é muito semelhante. Como uma câmera fotográfica, o olho contém uma lente que forma as imagens".

Acima e a esquerda Iscas artificiais, em diversas cores, como nós as vemos e como os peixes as vêem. A direita uma isca e um sauá, como nós os vemos e como os peixes os vêem

"O tópico cor foi sempre o interesse dos pescadores. Os peixes preferem uma cor à outra? Eles podem ver a cor? Bem, não há uma garantia total a esse respeito, pois não temos todas as respostas que gostaríamos, no entanto, os walleyes conseguem distinguir até certo ponto, algumas cores."

A seguir, o Dr. Dwight descreve, minuciosamente, em seu relatório cientifico, a fisiologia e o funcionamento do olho do walleye, ao mesmo tempo que analisa as cores que eles podem captar mais eficientemente.

O relatório é muito extenso, mas procuramos resumir o trabalho desse cientista. Em suas pesquisas ele usou uma técnica com um microeletrodo e o inseriu em cada célula por vez, para chegar a resultados. Esse eletrodo é cem vezes menor o que 1/5 do diâmetro de um cabelo humano. A escolha do walleye para essa experiência deu-se pelo fato que suas células são maiores do que as de outros peixes.

O importante é, que após esse estudo, esse cientista chegou à conclusão de que o walleye consegue ver, principalmente, as cores laranjas e verde-limão. Diz mais, se essas cores forem fluorescentes,são ainda mais visíveis. As outras cores, na profundidade das águas, simplesmente desaparecem. Dependendo da profundidade, as cores passam de foscas para acinzentadas. Quanto a outros peixes de água doce/mar, o trabalho científico demonstra que podem, vejam bem, ser iguais ao walleye. Mas essa informação não está cientificamente comprovada.

Para confundir ainda mais, mesmo vendo as cores citadas, os peixes dependem de claridade do dia, sol, limpidez das águas, etc. 

Pois bem, seis anos de pesquisa científica demonstram que apenas o walleie consegue ver cores e, mesmo assim, somente as duas citadas. Na maioria das vezes, o peixe vê as cores acinzentadas.

Acima cor original de um piau três pintas e como os peixes a vêem. Ao lado a descrição do olho humano e do walleye.

Por outro lado, o Dr. TH. Berr (Die Acomodation in der Thierreiche) já é mais categórico, pois diz ele: "Os peixes, imersos em um líquido que absorve grande parte dos raios luminosos, dotados de uma imperfeita estrutura visual, como aquelas neles observadas e estudada, não podem, de maneira nenhuma. ter a acuidade  visual que parecem ter e que muitos pescadores lhes querem dar, acontecendo na realidade que muitos fatos que parecem à primeira vista, depender  da percepção visual, nada mais são do que a correlação desta ultima, com suas desenvolvidas faculdades auditivas."

Ou seja, o peixe mais escuta do que vê. Quanto a isso não há duvida alguma.

                                 OPINIÃO DA ARUANÃ

Por diversos anos estamos pescando com iscas artificiais e, evidente está que esta prática também nos deu algumas conclusões, que antes de serem científicas, são bastante práticas. Pode-se dizer que cores de iscas não inflem decisivamente em uma pescaria. Também podemos  afirmar que, principalmente em pescarias de robalos, as cores verde limão e alaranjadas, dependendo da época do ano, são boas.Como também são excelentes para o mesmo peixe, dependendo da época, as cores branca e preta, cromeadas, azul e mesmo a branca com cabeça vermelha, entre outras. Essa opinião se aplica também a peixes como o black bass, o tucunaré, o dourado, a piraputanga, a matrinchã, etc.

Pois é,  companheiro pescador, o negócio é mesmo confuso, mas se quiserem uma opinião pessoal, eu posso afirmar que as cores de iscas artificiais não influem de maneira nenhuma na pescaria.

O que temos procurado fazer é usar iscas artificiais o mais parecidas possível em cores e tamanhos, com os pequenos peixes, que são a alimentação dos peixes predadores. E para encerrar, afirmo: o mais importante em uma isca artificial, é fazê-la parecer o mais natural possível, ou seja, nas possíveis cores dos pequenos peixes da região em que estiver pescando, no trabalho da isca (barulho da superfície) e nadando o mais parecido com um pequeno peixe (isca de babela).

A cor da isca é muito importante na hora em que vamos comprá-la, pois nós as estamos vendo-as ao natural. Quanto ao peixe, com certeza as vê em preto e branco ou se preferirem nos dizeres dos cientistas, "foscas e acinzentadas".

Só para finalizar , darei uma afirmação nada científica: quanto de nós não usam uma isca, a chamada "pegadora", que já perdeu até a cor original e que parece mais um peixe todo estropiado, tal é o número de marcas de dentes e da briga com peixes predadores?

Pois é pescador, essa pegadora nem cor tem mais e aí fica a pergunta: por que ela continua sendo a melhor para pescar?

Só para ajudar na resposta, diríamos por exemplo, "que não seria porque ela executa um trabalho perfeito, parecendo mesmo um pequeno peixe natural?"

O pescador amador que decida, já que por enquanto, até prova científica em contrário, com exceção do walleye os peixes enxergam mesmo é em preto e branco.

NOTA DA REDAÇÃO: Este artigo foi publicado na Revista Aruanã nª 18 em outubro de 1990. Hoje, março de 2014, portanto 24 anos depois, continuamos a afirmar de que os peixes não vêem cores. Esta nossa afirmação está baseada em um artigo cientifico do Dr. Dwight,  aqui citado. Hoje sabemos algumas informações a mais, principalmente sobre o walleye (Sander vitreus)que é um peixe de água doce, originário do Canadá e EUA. Poderíamos até afirmar hoje que ele é um parente dos peixes conhecidos como percas. Está implantado na Asia, principalmente China e Coreia que fazem dele um de seus maiores alimentos e produtos de exportação. Finalmente fica a pergunta para aqueles que teimam em não acreditar em um trabalho de um renomado cientista como o Dr. Dwight e publicado em revistas especializadas e tendo a sua pesquisa reconhecida e aprovada. "Porque até agora, 24 anos depois nenhum cientista publicou uma pesquisa contrária a feita por Dwight?". E olhe que os fabricantes de iscas artificiais hoje, tem um capital enorme, para contrariar a citada pesquisa e continuar a vender suas iscas nas mais diversas cores.

Mal comparando, quando o pescador vai comprar um carro, o que ele olha primeiro:  a cor ou outros detalhes? Acontece o mesmo na compra das iscas artificiais.

Pois é pescador, se você ainda tem alguma dúvida, assista nosso vídeo Iscas Artificiais. Nós provamos nesse vídeo que realmente os peixes não vêem cores. Dizer mais o que, se hoje ainda tem gente que acredita que o homem nunca pisou na lua. Antonio Lopes da Silva 

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