sexta-feira, 1 de maio de 2015

É ÉPOCA DE TAINHAS NO ANZOL













Quem é que não gosta de um peixe esportivo e brigador no seu anzol? Pois é, a tainha tem todas essas características.
Confira.








Tainha

Cerco

Não faz muito tempo, pescar tainha era sinônimo de pesca com redes, tarrafas ou os famigerados cercos, que infelizmente ainda existem em nosso litoral. Aliás, diga-se de passagem, que a Mugil brasiliensis, nome científico da tainha, vai ser brevemente um peixe a mais na lista de extinção. A pesca profissional desse peixe é feita sem controle algum, no que se refere a épocas de desova, tamanho e quantidades, valendo de tudo para sua pesca. Nesta época do ano, onde a tainha faz sua migração para a desova, ou seja, época em que deveria ser mais protegida é a época onde os chamados “pescadores profissionais” tiram a barriga da miséria. Festas da tainha acontecem em todo o litoral brasileiro, onde algumas informam ainda que “serão consumidas 8 toneladas de tainha” durante o período da feira. A comercialização das ovas desse peixe então é coisa que não dá para acreditar. Tainhas com ovas tem preço mais caro do que a sem ovas. Isso pode ser facilmente comprovado nas bancas de pescado. E tudo isso abertamente, a vista do Ibama ou de qualquer outro órgão fiscalizador.
Pois é, a coitada da tainha, nesta época do ano ou se preferirem a partir de março ou abril, vem do sul para o sudeste e nordeste, em busca de águas mais quentes para sua desova. Em cardumes elas se deslocam durante o dia, onde inevitavelmente irão dar de cara com as redes dos profissionais. 

Bóia para tainha 

Durante a noite, as tainhas não viajam, preferindo então vir para perto das praias para descansar. A noite então, dão de cara com os arrastões. As que conseguirem passar por esses dois obstáculos, e entrarem no rio ou canal para a desova, irão dar de cara com as tarrafas e os cercos, onde a exemplo dos primeiros casos, encontrarão a morte e, o que é pior, sem conseguirem desovar. E viva a pesca profissional. Supondo-se então que alguma tainha consiga passar por todas essas armadilhas e fiquem no rio, vamos nós amadores tentar a sua pesca. Só falta algum maldito “ecologista”, hoje denominado de ambientalista, dizer que nós estamos depredando o meio ambiente, praticando a pesca esportiva.
Não há portanto, um só rio ou canal, onde a tainha, (desde que consiga), não entre em nosso litoral. Normalmente ela prefere os canais onde hajam remansos e longos estirões de rio. Tanto pode estar na margem como no meio do canal. Suas principais iscas são o miolo de pão, arroz cozido, massa de farinha de trigo e em alguns casos até camarão descascado. (Em Peruíbe SP, por exemplo, em um local denominado como "Portinho", pescadores amadores usam pedaços de peito de frango e com sucesso). Sua pesca é feita na superfície, com uma bóia especial, onde o principal truque é colocar um pedaço de pão nessa bóia, que serve de ceva. Nas pontas da bóia, um ou dois pequenos chicotes (no máximo com 15 cm) com um anzol em cada. 

Tainhas

Esse anzol deve ser reforçado, já que a tainha após fisgada, briga e violentamente. O tamanho desse anzol varia de acordo com o tamanho da tainha, mas podemos aconselhar os tamanhos, 8, 10, ou 12, e os anzóis ideais serão aqueles mais grossos e de haste curta. Não é preciso encastoar o anzol, sendo que uma linha 0.35 milímetros é o suficiente para o chicote.

No que se refere a material de pesca, use um material leve, já que a briga vai ser muito mais emocionante. Assim sendo uma vara de no máximo 2 metros e linha 0.25 ou 0.30 milímetros, será mais do que suficiente. A vara maior auxilia no lance, já que a bóia atrapalha um pouco. Após dar o lance, fique observando a bóia e o primeiro sinal de que há tainhas por perto, são movimentos visíveis perto da bóia, já que elas começam a comer o pão e inevitavelmente irão fisgar no anzol, onde a isca é miolo de pão. Dê a fisgada e tenha a fricção do equipamento bem regulada, já que se não usarmos a fricção do equipamento, a boca do peixe rasga e vai-se embora. Alguns pescadores costumam cevar na hora da pescaria, e para isso usam pão ralado ou arroz cozido. Há ainda quem faça as cevas nas margens e em vez de vara com carretilha/molinete, prefira usar varas telescópicas, com tamanho de 4 ou 5 metros. Nesse caso a linha da vara é de 0.30 milímetros e pesca-se de fundo. Com o mesmo anzol, usa-se um chumbo oliva pequeno para fazer a isca ficar no fundo. Pescando em ceva, o pescador pode usar uma ou até três ou quatro varas, na espera.

Pesqueiro de tainhas

Uma boa ceva de tainhas será feita com pedaços de pão, massa de farinha de trigo, pedaços de queijo e arroz cozido, tudo colocado em saco de ráfia e mantido no fundo com uma pedra dentro. Normalmente uma ceva nova, começa a dar resultados em aproximadamente uma semana. Além de tainhas, vamos conseguir fisgar também os paratis, que são seus primos próximos, só que de tamanho menor. Por tudo isso, além de ser um peixe de excelente sabor, vale a pena pescar tainhas, já que esta é a melhor época e resta a nós amadores, aproveitar, pois a extinção da tainha, se nossas autoridades não criarem vergonha na cara e parar a pesca profissional, está por bem pouco.

Só por curiosidade, já que a tainha está em todo o litoral brasileiro, vamos citar alguns sinônimos onde dependendo da região, ela é conhecida: Cambiro, Curimai, Tainha–de-corso, Tainha-de-rio, Tainha-de-olho-amarelo, Tainha-de-olho-preto e Tainhota.

Tainha

NOTA DA REDAÇÃO: Só como curiosidade, poderá o leitor verificar em estatísticas, a quantidade de tainhas pescadas, por exemplo, há dez anos. Fico impressionado hoje, em maio de 2015, já que este artigo foi matéria da Aruanã em agosto de 1998, como nada mudou. Ninguém faz nada para proteger a desova da tainha, que sai da Lagoa dos Patos, para vir desovar em águas mais quentes do sudeste e nordeste. Fala-se muito em piracema nos rios, mas em migração das tainhas, nada é feito ou comentado por nossas “autoridades de meio ambiente”.
Aliás, essa pesca predatória e até noticiada em tele jornais, revistas e jornais impressos, mostrando a fartura da pesca no litoral de Santa Catarina e Paraná principalmente. Só que essas mesmas notícias não falam da possível extinção desse peixe, se esse tipo de pesca continuar. O absurdo é tão grande, que os pescadores profissionais dessas regiões, chegam a emendar suas redes, perfazendo quilômetros, para tentar capturar o cardume todo, quando o mesmo é avistado das praias. Essa visão é mostrada como manchas pretas enormes, mar adentro se locomovendo e aí alguém dá o alarme e começa a pesca predatória, tentando cercar o cardume inteiro. Se este fosse um país sério, o mínimo que poderia ser feito, até que os cardumes voltem a ser o que eram, seria proibir a pesca da tainha ano sim, ano não. No tal ano não, os pescadores profissionais, “coitadinhos”, receberiam um salário mínimo, (o povo é que paga) para garantir sua sobrevivência, como hoje é feito, nos vários e diversos períodos de defeso.
Antonio Lopes da Silva



6 comentários:

  1. Aqui em Lisboa nas lojas decathlon vende óleo de sardinha. Misturado no miolo de pão é infalível. Pego tainhas enormes, pois não existe pesca industrial da tainha aqui. É um peixe desprezado pela indústria. Aqui no Rio Tejo são milhões a nadar por toda parte. O óleo de sardinha no miolo de pão fisga qualquer peixe que gosta de sardinha.

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    1. Leandro: É um prazer responder ao seu cometário, que mora aí em nossa pátria mãe. E como você é pescador, o prazer é duplo. Muito interessante essa mistura que você faz do óleo de sardinha com o miolo do pão, para as tainhas. Acredito eu, que tal prática não é usada aqui no Brasil. Vou difundi-la com certeza em meu Face, já que são muitos os pescadores de tainha aqui, pelo menos em São Paulo. Se possível, me mande algumas fotos do peixe e seu modo de pescar, se com boia de superfície ou outros. Agradeço sua manifestação. Grande abraço.

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  2. Luciano dalla terra27 de mai. de 2017, 21:57:00

    Nunca pesquei tainha, por isso estou pesquisando aqui!
    Mas vou tentar em Bertioga valeu pela boa dica.
    Nem sei onde começar essa pesca.
    Sou de São Paulo. Que Deus abençoe sempre pessoas como você que lembra dos pescadores e dos peixes...Abraços

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  3. Obrigado Luciano. Pois é, a pesca da tainha é uma boa opção para o inverno. A maneira que a descrevemos aqui com boia, deverá ser feita embarcado e os melhores locais serão os remansos dos rios. Como você vai estar em Bertioga, recomendo o próprio Canal, o rio Itapanhau ou rio da Fazenda. Procure locais de margem longos, onde existam remansos. A pesca será feita então com esse tipo de boia, ou qualquer outra improvisação que você possa fazer. No caso de cevas, ela demora alguns dias para começar a dar resultados. Se você tiver tempo, procure locais onde haja barrancos de terra firme ou pedras para fazer essa ceva. Após os peixes acostumarem com a ceva, não serão só tainhas mas, paratis também estarão presentes e em boa quantidade. Boa sorte e boa pesca. Grande abraço e sucesso.

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  4. Gostei muito sobre a preservação da tainha. Eu pesco amador, mas não pego quantidade. Procuro me divertir e pego pouco. Me preocupo em respeitar a sobrevivencia. Mas, no Brasil realmente ninguém se preocupa com nada. O governo só arrecada, são impostos, taxas etc... Mas, muito pouco retorno. A natureza está cada dia mais arrasada. Assim, dou parabens pelo artigo.

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  5. É isso meu amigo pescador: As autoridades de meio ambiente devem estar preocupados com outras coisas mais importantes, do que com a preservação. Todos os anos assistimos em Santa Catarina a mortandade sem nenhuma preocupação, de toneladas de tainhas, que nada mais querem do que fazer a sua migração para águas mais quentes, para a desova. É uma migração igual a piracema dos peixes de água doce. E, com isso, muitos rios do sudeste não recebem mais as tainhas que aqui vinham desovar. Essa carnificina é mostrada todos os anos e os idiotas do Ibama e agora ICM Bio, não ligam a mínima. Infelizmente. Fraterno abraço

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