Entre as doenças denominadas “tropicais”, uma que merece
atenção especial é a malária, devido ao fato de ser altamente debilitante e
mesmo perigosa. Conheça, através desta matéria elaborada a partir de
informações cedidas pela SUCAM – Ministério da Saúde, o modo como se transmite,
os sintomas e a cura. Aprenda a se defender do terrível “mosquito-prego”.
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A malária é uma doença conhecida por muitos nomes, entre os
quais: maleita, sezão, impaludismo, tremedeira. É muito
debilitante, podendo deixar os indivíduos temporariamente impossibilitados de
trabalhar ou reduzindo sua capacidade de trabalho. No passado, foi uma doença
muito difundida no território brasileiro. A área onde existia a transmissão se
estendia por 6.900.000 quilômetros quadrados, ou seja, 81% do nosso território.
Nos dia atuais (NR: março de 88), a transmissão verifica-se quase que
unicamente na Amazônia Legal. Atualmente, o número de casos ocorridos nesta
área representa 95% dos casos registrados em todo o país. A malária é causada
por um parasita do gênero Plasmodium. É
transmissível, passando de uma pessoa para outra através da picada de um
mosquito do gênero Anopheles. O plasmódio é um parasita muito pequeno,
somente visto com o auxílio de microscópio. No homem, os plasmódios atacam os
glóbulos vermelhos do sangue e as células do fígado. No mosquito, ficam no
estômago e nas glândulas salivares. Em nosso país, há três espécies de
plasmódios que causam a malária: - Plasmódium
Vivax – Plasmódium falciparum – Plasmodium malarie.
COMO SE APANHA A MALÁRIA
Há muita gente que acredita que a malária se apanha “tomando
banho no rio”, Outros pensam que é “coisa do tempo”, “do clima”, de “alguma
coisa que se comeu”. Há ainda os que dizem que é causada pelos miasmas e emanações
das águas pantanosas.
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Estas concepções não são totalmente errôneas. A relação entre
águas-paradas malária ou clima-malária tem razão de ser, já que os mosquitos se
criam em águas paradas e os criadouros se multiplicam na época das chuvas.
Comprovadamente, a malária é transmitida através da picada do mosquito do
gênero Anopheles que se infectou ao
sugar o sangue de uma pessoa com malária. As pessoas também podem adquirir
malária por transmissão de sangue de doadores portadores de plasmódios no
sangue circulante.
COMO SE DESENVOLVE UM CASO DE MALÁRIA
Os sintomas da malária não aparecem logo após a picada do
mosquito. Durante alguns dias a pessoa pode não sentir nada ou apenas
queixar-se de dor de cabeça, falta de apetite, cansaço, dores no corpo. É o
período da incubação da doença. Sua duração depende da quantidade de parasitas
que penetram na pessoa e da espécie de plasmódio: Plasmódium falciparum – 9 a 27 dias (média de 12 dias). Plasmódium
vivax – 8 a 31 dias (média de 14 dias). Plasmódium
malarie - 28 a 37 dias (média de 30 dias). O exame de sangue feito neste
período é geralmente negativo. Em seguida ao período de incubação, vem o acesso
de malária, que se caracteriza por: - calafrio – febre – suor abundante. O
acesso começa com um calafrio que pode ser pouco ou muito intenso, o doente
apresenta um estado de tremor característico (“tremedeira”).
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Ao frio, segue-se o calor; a temperatura começa a subir,
chegando rapidamente a 40°C. Depois de algum tempo de febre, a pessoa começa a
suar (o suor é abundante) e a temperatura vai cedendo, diminuindo, até
desaparecer. O doente é ainda acometido de dores de cabeça, vômitos, dores no
corpo. Contudo, em áreas de elevada transmissão, onde as pessoas estão sujeitas
a repetidas infecções, o acesso malárico pode não se dar com estas
características. Quando a malária é causada pelo Plasmodium vivax ou pelo Plasmódium
falciparum, o acesso se repete com intervalo de um dia. Quando a malária é
causada pelo Plasmódium malarie o
acesso se repete com intervalo de dois dias. Nos intervalos dos acessos, a
pessoa passa bem; praticamente não sente nada. À medida que os acessos de febre
vão se repetindo, a pessoa vai ficando anêmica. A anemia surge porque os
plasmódios vão destruindo os glóbulos vermelhos do sangue. O baço também fica
congestionado (“inchado”) e doloroso. Com a repetição dos acessos, pode
aumentar de tamanho. Ele, que normalmente é pequeno, localizado “debaixo das
costelas”, pode aumentar e chegar à parte inferior da barriga. Se o doente da
malária não for tratado, duas situações podem ocorrer: - Os acessos continuam,
levando o doente a morte; ou – Os acessos desaparecem e o indivíduo sente-se
bem, como se estivesse curado.
No segundo caso contudo, os acessos podem reaparecer e
desaparecer várias vezes. O reaparecimento dos acessos febris representa as
chamadas recaídas. As recaídas ocorrem porque os parasitas da malária continuam
a se multiplicar no fígado. E cada vez que eles deixam o fígado e caem no
sangue, ocorre uma recaída. As recaídas ocorrem os plasmódios vivax e malarie; não existem com o falciparum
(embora os acessos febris possam reaparecer até um ano após o primeiro ataque,
que se denomina de falsa recaída”). Comumente, até três anos da infecção, se a
pessoa não for picada novamente por um mosquito, as formas de plasmódio que
estão no fígado não tem mais condições de se multiplicar e então a pessoa fica
curada (não há mais possibilidade de recaída).
O TRANSMISSOR
O anofelino, mosquito transmissor da malária, é conhecido
pelo nome de “mosquito prego”. Os anofelinos criam-se em águas paradas ou de
pequeno movimento: remansos de rios, córregos, açudes, lagoas, valetas,
escavações. É aconselhável evitar-se esses lugares, do anoitecer ao amanhecer,
principalmente entre as 5 horas da tarde e às 9 horas da noite, para nadar e
pescar, pois pode apanhar malária. É na agua que as fêmeas põem seus ovos, que
dão origem a larvas. Ainda na água, as larvas se transformam em pupas e em
seguida, em mosquitos adultos. Nesta fase, os mosquitos abandonam a água e
procuram um lugar de abrigo até o momento da cópula ou alimentação. As fêmeas
procuram, para a desova, água relativamente limpa e doce. Umas preferem águas
sombreadas, outras, águas ensolaradas.
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Há ainda uma espécie de anofelino que prefere coleções de
água com um pouco de sal (água salobra). Outras usam também como criadouro
certos tipos de plantas, chamada bromélias ou gravatá. Estas plantas acumulam
água da chuva e nela se criam os anofelinos. As bromélias tanto podem crescer
no chão e sobre as pedras, como se desenvolvem também no alto das árvores. Os
mosquitos adultos procuram para “abrigo” lugares protegidos do vento, com pouca
luz: oco das árvores, covas de animais, bueiros, etc. Ao amanhecer saem à
procura de alimento. As fêmeas alimentam-se de sangue, necessário para o
amadurecimento dos ovos; os machos alimentam-se de sucos de vegetais, néctar de
flores, etc. Deste modo, somente as fêmeas transmitem a malária. A fêmea
alimenta-se tanto de sangue humano como de animais. Os anofelinos picam
geralmente em lugares abrigados, como dentro das casas, estábulos, etc. e aí
permanecem ou não após se alimentarem. São estes mosquitos de hábitos
domésticos os melhores transmissores da malária, porque têm maior contato com o
homem. E a maioria dos anofelinos que existem em nosso país têm hábitos
domésticos. Outros anofelinos picam “ao relento”, isto é, quando as pessoas
estão fora de casa. Depois de se alimentarem, voltam ao lugar onde costumam se
abrigar. Os anofelinos entram nas casas em horas variáveis, embora possamos dizer
que a maioria o faz à noite, a partir do entardecer. Eles picam geralmente no
período que vai do anoitecer ao amanhecer. Uma vez alimentada, a fêmea procura
uma superfície lisa onde possa “fazer a digestão” do sangue ingerido e
completar o amadurecimento dos ovos. Essa superfície geralmente é dentro de
casa e ela tende a repousar nas paredes.
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É neste comportamento do anofelino que está baseada uma das
mais importantes medidas de combate à malária – a borrifação das paredes
internas com DDT. A fêmea do mosquito em contato com os cristais do DDT morrerá
sem ter tempo de passar a doença para outra pessoa. Pode-se diferenciar os
anofelinos dos outros mosquitos pela maneira de pousar. Os anofelinos pousam em
qualquer superfície numa posição que se assemelha a um prego.
DIAGNÓSTICO
Há a necessidade de um exame de sangue para um diagnóstico
seguro da malária, pois nem sempre ela se apresenta com seu quadro clínico
característico. O exame é importante inclusive para a identificação da espécie
de plasmódio que está causando a doença, indispensável para um tratamento
adequado. Para o exame, é retirada uma gota de sangue em um dos lados do dedo
anular da mão esquerda. A gota é colocada numa lâmina que é examinada no
microscópio. Toda a pessoa residente em área malarígena ou que nela tenha
pernoitado, ao sentir febre, deve providenciar o exame de sangue para malária.
TRATAMENTO
Existem medicamentos que possibilitam a cura completa do
doente. O tratamento é feito com um só medicamento ou uma associação de
medicamentos em dosagens adequadas à idade do doente e à espécie de plasmódio
que estiver causando a malária.
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É necessário tomar a medicação completa. Uma medicação “mal
feita” poderá deixar as pessoas expostas a novos ataques de febre e com maior
gravidade. Se uma pessoa voltar a ter malária após fazer o tratamento, uma das
seguintes situações pode ter acontecido: - a medicação não foi tomada de
maneira correta; - o parasita é resistente ao medicamento usado; - a pessoa foi
novamente picada por um anofelino infectado. A malária é uma doença que se pode
ter repetidas vezes e para preveni-la ainda não existe vacina.
O QUE FAZ A SUCAM
Busca ativa de suspeitos de malária. Em áreas malarígenas, os guardas da
SUCAM fazem vistas de casa a casa. Colhem lâminas das pessoas encontradas
febris e dão imediatamente a medicação. É uma medicação que visa suprimir os
sintomas que a pessoa está sentindo. Posteriormente, se o resultado do exame
for positivo, a pessoa receberá o tratamento adequado. O exame do sangue é
feito no laboratório da SUCAM. Busca passiva – Chama-se busca
passiva a procura espontânea das pessoas pelos postos da SUCAM, para exame e
medicação. Compete à população reconhecer a importância do diagnóstico precoce
e do tratamento adequado. Em consequência: - Deixar o guarda da SUCAM colher o
sangue dos febris, por ocasião da visita domiciliar e tomar a medicação dada
pelo guarda, - Se mora ou esteve em área malarígena, ao sentir febre, procurar
o posto da SUCAM, o posto de notificação ou qualquer serviço de saúde para
exame de sangue e medicação. – Tomar remédio da maneira como foi recomendado
pela SUCAM.
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VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Nas áreas onde a transmissão da doença foi interrompida, a
SUCAM mantém um sistema de vigilância através dos postos de notificação, dos
postos da SUCAM e dos guardas. Os notificantes e os guardas da SUCAM estão
atentos para colher o sangue de todas as pessoas febris que estiveram em área
malarígena, para descobrir os doentes e tratá-los a tempo. Isto evitará a
reintrodução da transmissão da doença na área.
FATORES QUE DIFICULTAM A INTERRUPÇÃO
DA MALÁRIA NA REGIÃO AMAZÔNICA
Na Amazônia, a malária ainda permanece em altos índices. Sua
maior transmissão se concentra na faixa onde estão sendo implantados os
projetos de desenvolvimento (agropecuários, de colonização, de mineração,
construção de rodovias e de hidrelétricas, etc). Esta situação ocorre não só em
consequência dos fatores naturais da região que facilitam sua transmissão,
como: rica bacia hidrográfica, muita chuva, umidade e temperatura elevada,
excelente transmissor (encontrado em abundância), como também em virtude do
crescente número de pessoas que nos últimos tempos vêm se deslocando em outras
áreas do país para a Amazônia, em busca de melhores condições econômicas. O
desenvolvimento de atividade em plena mata e a instalação dessas pessoas em
habitações precariamente construídas (casas sem paredes ou com paredes
incompletas) dificultando a proteção pelo inseticida, criam excelentes
oportunidades para que as pessoas fiquem expostas à picada dos mosquitos
transmissores da malária.
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Há ainda outros fatores que dificultam o combate à malária na
Região Amazônica: extensas áreas com população muito dispersa, dificuldade de
acesso às localidades, principalmente às situadas nas margens dos afluentes dos
rios no período da estiagem ou durante as inundações das várzeas no período das
cheias. A Amazônia inclusive tornou-se o foco de disseminação da malária para
outras áreas onde não há mais transmissão, pois sucede que parte da população
migrante, passado algum tempo na região, retorna a seu lugar de origem, onde
não se registrava mais a doença. Esses portadores de malária têm contribuído
para o aparecimento de focos da doença no Nordeste, Sudeste e Sul, exigindo uma
ação imediata da SUCAM, que mediante um sistema de vigilância, tem evitado que
se reinstale a endemia nestas áreas.
OUTRAS RECOMENDAÇÕES
O mosquito da malária pica tanto dentro como fora de casa ou
do alojamento. Assim, para uma maior proteção do ataque do mosquito, recomenda-se:
- Colocar mosquiteiros sobre as camas; - Se possível telar portas e janelas; -
Evitar ficar ao redor da casa ou alojamento ao anoitecer. Se estiver em um
lugar de muito mosquito, poderá usar um repelente (líquido que se passa nas
partes descobertas do corpo e evita a picada do mosquito). Voltamos a repetir:
Toda a pessoa que mora numa área de malária ou que tenha nela pernoitado, ao
sentir os sintomas característicos da doença, deve procurar o posto da SUCAM
para fazer exame de sangue e tratamento.
Em todos os estados e territórios do país a SUCAM está
presente. O atendimento é gratuito. Desta maneira, evitam-se os gastos
desnecessários.
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OBS: A SUCEM (Superintendência de Controle de
Endemias), subordinado à Secretaria da
Saúde, é o órgão responsável, no Estado de São Paulo, pelo atendimento aos
casos de malária. NR: Para maiores informações, (a confirmar) procure a sede da SUCEN
em São Paulo, à Rua Cardeal Arcoverde 2878 - Pinheiros.
Nota da Redação: Eu particularmente, mesmo não sendo médico,
posso falar tanto da malária como da dengue já que, infelizmente, tive as duas.
Não vou me alongar, mas se tivesse uma só opção de escolha entre a malária e a
dengue, preferiria 10 vezes a primeira opção, do que ½ dengue. Minha malária,
após ser descoberta e identificada como falciparum
pelo pessoal da SUCEM, foi curada com apenas uma dose de remédios específicos
para meu caso. No caso da dengue, fiquei uma semana de “molho”, com dores de
cabeça e no corpo e tendo como remédio um famoso antifebril/dores. As sequelas
da dengue duraram meses e até esta data - quase dois anos -, suspeito que ainda
sinta alguma coisa relativa a ela, que não mostra realmente “sua cara”. A mídia
e autoridades de saúde, falam em uma vacina para a dengue, doença esta recente
em comparação com a malária, que é algo que não acredito. Ao ler o texto
abaixo, extraído da Internet, o leitor verá porque desta descrença. Os tais
mosquitos pertencem à mesma família Culicidae,
divergindo apenas no gênero, enquanto um é Anopheles
e o outro é Aedes. Como sou um leigo
no assunto, imagino porque a malária, que é um mal mundial e que até hoje não
foi descoberta a vacina, como irão nossos pesquisadores descobrir a vacina para
a dengue? Fica a pergunta.
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INFORMAÇÃO
Família Culicidae.
Aedes (vetor do vírus da Dengue e da Febre Amarela) e Anopheles (vetor da Malária e filariose
linfática).
Malária
Os primeiros indícios
de descrição da Malária estão em textos religiosos e médicos da antiguidade que
relacionavam algumas febres sazonais como punição divina, sendo Hipócrates, na
Grécia do século V A.C, o primeiro a descartar superstições, relacionando
as doenças febris com a sazonalidade, e locais frequentados pelos doentes, e a
descrever o quadro clínico e complicações da Malária.
No século XVI, a
Malária chega ao Novo Mundo pelas viagens de colonizadores espanhóis e
portugueses. No século XVII, os padres jesuítas observaram o uso de cascas de
árvores nativas pelos indígenas da América, para curar doenças febris,
levando-a para a Europa em forma de pó - o "pó dos jesuítas",
recebendo o nome de Cinchona, em 1735, e em 1820, o seu princípio
ativo foi isolado, o Quinino.
Dengue
As primeiras descrições da doença datam de
1779, sendo que sua causa viral e seu modo de transmissão foram descobertos no
início do século XX.
As espécies de mosquito
envolvidas na transmissão da infecção pertencem ao gênero Aedes. Nas
Américas, o Aedes aegypti é o mais importante e talvez o único vetor da
enfermidade. Caracteriza-se por ser um mosquito de hábitos exclusivamente
urbanos, reproduzindo-se em criadouros artificiais localizados nos domicílios e
em seus arredores. Seus criadouros mais comuns são latas, pneus, vasos e demais
utensílios descartados e encontrados em áreas menos providas de
infra-estrutura, de saneamento básico, especialmente no que se refere à coleta
de lixo e à rede de abastecimento de água.
Um outro vetor associado à
transmissão da doença é o Aedes albopictus, inseto originário da Ásia que desde
1980 teve sua dispersão para outras partes do mundo. Sua primeira identificação
no Brasil se deu na cidade do Rio de Janeiro, em 1986 (Gomes et al., 1999).
Fonte Internet - FMUSP/Wikipéd
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