sexta-feira, 2 de junho de 2017

EQUIPAMENTO - USANDO O GIRADOR - CORRETAMENTE






















São muitos os itens que integram a tralha de um pescador amador. Porém, é desnecessário dizer que o girador, além de ser um item muito importante de nosso equipamento, merece lugar de destaque.






Isca de barbela
Não há como precisar a data exata de quando o primeiro girador foi fabricado e usado em uma pescaria. Consultando nossos arquivos, verificando livros e outras publicações, podemos apenas afirmar que ele é quase tão antigo quanto o anzol moderno, ou seja, fabricado em aço. É conhecido por muitos nomes, mas talvez o mais sugestivo e explicativo seja “distorcedor”. Seria essa, a princípio, a função principal do girador: evitar que a linha de pesca seja torcida. Daí, a criatividade do pescador começou então a achar os mais diversos usos para esse pequeno apetrecho. Alguns chegam até mesmo, talvez por falta de informação ou por informação errada, a atribuir ao girador funções que, no mínimo, podem ser consideradas milagrosas. Exigir desse pequeno pedaço de metal o que dele exigem é um absurdo. Senão, vejamos. Alguns pescadores gostam de corricar usando como isca artificial a colher de metal. Ora, se o ato de corricar com a colher não for muito bem executado, a mesma dará voltas e mais voltas sobre si, torcendo intensamente a linha. Os chamados “professores (hoje existem diversos – NR: agosto/1996), passaram então a sugerir que os pescadores fizessem um líder de mais ou menos um metro e que, a cada 20 centímetros colocassem um girador, pois, segundo “eles”, com 5 ou 6 giradores a linha não seria torcida. Essa afirmação é absurda, pois a despeito de qualquer número de giradores que estejam em sua frente, a colher de pesca, quando usada incorretamente, torcerá a linha de qualquer maneira. Quando se corrica com uma colher, a principal preocupação do pescador deverá ser a velocidade do barco, que deve ser estabelecida de modo que o movimento do barco faça com que a colher dê apenas duas ou três voltas para cada lado. 

Giradores em empates de aço
Quando isso ocorre, aí sim o girador (apenas um será suficiente neste caso) estará desempenhando sua função primitiva e elementar: evitar a torção da linha. Muito simples. No caso de iscas artificiais, especialmente os plugs (pequenos peixes) com barbelas, mais uma vez somente um girador será necessário, já que se sabe que a ação principal do plug é nadar, e nessa ação ele não executa voltas sobre si. Os mais céticos poderiam questionar: se isso é tão normal, para que então usar o girador? É o que vamos tentar explicar a seguir. Comecemos pelo problema do molinete e da carretilha. Desde já, podemos afirmar que o fato de pescar com um ou outro não determina se um pescador é melhor ou pior. Porém, é indiscutível que o molinete tem maior probabilidade de provocar a torção da linha, já que, por sua própria estrutura, esse equipamento mantém a linha enrolada em torno de um eixo, torcendo-a. Com a carretilha isso não acontece, pois o enrolamento da linha ocorre num processo reto e linear, tipo manivela de poço. No molinete, a linha entra no carretel através da haste, a qual fica girando em torno deste. Tal função torce a linha continuadamente e neste caso o uso do girador é indispensável, senão para eliminar a torção totalmente, ao menos para torna-la um pouco menos intensa. Existem ainda outras funções não menos importantes exercidas pelo girador. Vejamos. Quando usamos qualquer tipo de isca, seja natural ou artificial, na pesca de peixes predadores que possuam dentes, usaremos sempre um empate de aço, sem exceções. 

Girador em isca de profundidade
Fica então a pergunta: como amarrar a linha de nosso equipamento diretamente no aço do empate? Exatamente aí é que entra o girador, já que suas argolas, sendo de metal mais grosso e polido (o que não acontece com o arame do empate) tornam mais fácil e segura a amarração da linha. Mas existem outros casos onde o girador é exigido, sendo que o principal dele envolve a pesca na modalidade de praia. Como se sabe, na pesca de praia ou mesmo de costão, é costume utilizar um empate, hoje em dia muito bem feito, onde são colocados dois anzóis, que por sua vez são amarrados em pedaços de linha chamados de “pernadas”, as quais são atadas nos “engates rápidos”. Na ponta final desse empate vai o chumbo. O empate começa tendo a sua frente o girador, pois mais uma vez teremos muito mais segurança em amarrar a linha mestra nele ao invés de amarra-la diretamente na linha do empate. Existem diversos modelos de giradores. Alguns são triplos, desenvolvidos com a intenção de separar os anzóis para que estes não enrosquem entre si. Essa função é contestável, considerando que os engates rápidos já diminuem a chance desse enroscos acontecer. Além deste, existem mais modelos de giradores, que podem ser diferenciados pelos formatos: há os redondos, triangulares e até mesmo ovais. Finalmente existem também os giradores de esferas, que devem obrigatoriamente ser de boa procedência, caso contrário, correremos o risco de ver aparecer ferrugem nas esferas. No mercado brasileiro temos dois fabricantes de giradores tradicionais, que a bem da verdade, são os melhores e mais simples de ser usados. Desde 1947 a Paoli fabrica giradores e, mais recentemente a Metalúrgica Gil também passou a fabrica-los. 

Modelos de giradores

Isca de superfície


São peças feitas em latão, portanto não enferrujam, além de serem muito bem acabadas. Estão disponíveis em oito tamanhos. Com relação a esses dois fabricantes, já fizemos os testes de resistência dos giradores, fator crucial para podermos determinar o fio de aço ou da linha de pesca a ser usada. Estas são as resistências apresentadas nos teste e aprovadas pela Aruanã:
                               GIRADOR       RESISTÊNCIA
                                 Modelo 1                10kg
                                 Modelo 2                15kg
                                 Modelo 3                35kg
                                 Modelo 4                50kg
                                 Modelo 5                65kg
                                 Modelo 6                85kg
                                 Modelo 7                92kg
                                Modelo 8                 98kg

Baseado na tabela acima, o pescador poderá escolher a bitola do arame de aço ou da linha de pesca a ser usada. Esta escolha é fundamental, já que se usarmos um girador de tamanho muito grande, isto poderá afetar o equilíbrio do conjunto que usarmos. Outro detalhe importante a ser citado é que durante os testes no dinamômetro, em nenhum caso a parte interna do girador, onde o arame é virolado (são duas cabeças internamente) quebrou. O que aconteceu, em todos os testes, foi desenrolar o arame nas laterais, o que por certo atesta a qualidade dos giradores nacionais fabricados pelas empresas citadas. Aí está, portanto, tudo o que se pode dizer a respeito do tradicional girador de pesca. Pelo menos até o momento.


NOTA DA REDAÇÃO: Atualmente, existem giradores com um snap na sua ponta. Testamos e afirmamos sua qualidade, porém não devem ser usados em iscas de superfície, pois afetam a flutuabilidade das mesmas e sua ação. Uma outra boa dica é quando for comprar giradores, principalmente a serem usados no mar, é levar um imã para ver se são fabricados com metais nobres. Caso grudem no imã, mostram que são feitos de ferro e sua ferrugem é inevitável em curto prazo. 

Revista Aruanã Ed: 52 publicada  08/1996

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