Em conversa entre pescadores amadores, muitos são os assuntos
que buscam cada vez melhorar mais nossas pescarias. Sempre há alguém que
conhece uma dica a mais, à qual os “peixes simplesmente não resistem”, fazendo
então os resultados da pescaria serem muito melhores. Evidente está que dicas
são importantes, porém, milagres ninguém faz. Vamos descobrir o que é ou não
realidade em nosso esporte.
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Cor da roupa
do pescador
É só um pescador amador comentar entre amigos que sua
pescaria não foi boa, para surgir sempre um “mestre”, para mostrar o que estava
errado e, por conseguinte, explicar o fracasso. É comum vez por outra também,
aparecerem produtos milagrosos, que farão o pescador ser o melhor de todos e
pegar muito mais peixes. Ao longo dos anos temos percebido que a pescaria
depende antes de tudo, de muita dedicação, observação, estudo e principalmente
ter-se pleno conhecimento do que se está fazendo, e, de acordo com o peixe a
ser pescado, saber tudo sobre ele, tal como hábitos, melhores iscas, épocas
propícias, desova, comportamento, etc. Sabendo então de tudo isso, é que vamos
então nos preocupar com os outros detalhes que serão também muito importantes,
mas nem sempre determinantes nos resultados da pescaria. Evidente está que
entre detalhes existem os que são realidades e outros que são mitos. Vamos
procurar analisar todos, ou pelo menos os mais conhecidos e saber o que é
verdade ou não.
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O peixe vê o
pescador
Vejamos. Hoje nosso leitor já sabe que o peixe não vê cores,
conforme matéria publicada anteriormente. Ora, se peixe não vê cores, a roupa
não terá então tanta importância. Mas neste ponto há um detalhe. Se estivermos
pescando em um local onde haja um verde intenso, e a nossa roupa for branca,
evidente está que haverá o contraste entre as cores. Já que o peixe só vê em
branco e preto, conseguira distinguir o branco mais facilmente e ainda mais,
com o movimento constante do pescador. Portanto, use roupas em tons neutros, ou
seja, que possam se confundir com o fundo dominante no local da pescaria. Há,
no entanto situações em que a cor da roupa, seja qual for, jamais interferirá
na ação do peixe. Exemplo: pesca de praia, de costão, embarcado, de barranco
com lances longos. Afinal, o anzol com isca está tão longe do pescador, que
jamais o peixe irá conseguir vê-lo. Portanto, a cor da roupa é mito.
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Gotas
milagrosas para se colocar nas iscas
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A verdade é que com
uma roupa de tons neutros e de preferência claros, o pescador sentirá muito
menos calor e será um alvo muito menor para o ataque de mosquitos. Faça a
seguinte experiência: use uma roupa azul clara e depois troque-a por uma roupa
marrom ou preta. Sinta a diferença em calor e no ataque de mosquitos. Isto sim
é realidade.
O
PEIXE VÊ O PESCADOR
Este é outro mito. Conforme matéria já publicada, e na
opinião dos cientistas, o peixe é um individuo bastante míope. Sua visão é de
apenas alguns metros e mesmo assim ele não consegue distinguir com perfeição o
objeto ou pessoa visualisado. Esse mito tem maior frequência quando os peixes
estão no raso, e, com a aproximação do pescador, fogem rapidamente. A verdade
no entanto é que o peixe não viu, mas sim ouviu
o pescador chegando. O ruído dos passos na margem é que assusta os peixes. Faça
uma experiência.
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Esconder
muito bem a ponta do anzol
Quando o peixe fugir, sente-se em silêncio e sem movimentos e
veja como o peixe irá retornar lentamente ao local onde estava. Conseguir ver o
pescador portanto, é mito. Que o digam os pescadores submarinos, pois se os
peixes enxergassem bem, não ficariam à mercê de arpões.
O BARULHO
ATRAPALHA A PESCARIA
Isto sim é realidade. Como vimos, o peixe não vê cores, não
enxerga bem, mas a audição nos peixes equivale a 10 vezes mais do que qualquer
animal terrestre. Em assim sendo, realmente o barulho atrapalha e muito a
pescaria: que tanto pode ser em margem ou embarcado. Porém convém salientar que
são determinados ruídos que atrapalham mais. Por exemplo, em um barco, o cair
de um remo ou então de um outro objeto qualquer, produz ruídos ensurdecedores
embaixo da água. Já o ruído do motor, não é tão prejudicial assim, pois caso
contrário, as pescarias de corrico seriam bastante prejudicadas. Nas margens, o
ruído que atrapalha mais são as pisadas do pescador durante as pescarias,
andando de um lado para o outro.
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O barulho
atrapalha a pescaria
Já conversas não atrapalham a pescaria, seja ele de barranco
ou de barco. Finalizando, diríamos que determinados barulhos atrapalham e
outros não. Um exemplo disso é que em nosso litoral é comum ver-se pescadores
profissionais que antes de tarrafear uma área, jogam primeiro um pedra na água
para depois jogar sua rede. Segundo eles, no barulho da pedra, o peixe vem
verificar o que caiu dentro da água. Tem fundamento.
GOTAS MILAGROSAS PARA
SE COLOCAR NA ISCA
Isto além de ser mito, é uma das maiores mentiras. Tais
produtos apregoam que se usados irão aumentar e muito a captura de peixes, mas
não passam de pura tapeação. Nós da Aruanã, tivemos inclusive o cuidado de
testar tais produtos e o resultado, como não podia deixar de ser, foi nulo. Um
dos “fabricantes” de tais produtos foi por nós desafiado a provar que seu
produto funcionava. Essa prova seria feita em público. É evidente que ele não
respondeu. No item a seguir, falaremos do olfato do peixe.
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Isca em
contato com produtos estranhos
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ISCA EM CONTATO COM PRODUTOS ESTRANHOS
A maior preocupação do pescador que pesca embarcado é não tocar na isca quando mexeu em gasolina. Esse cuidado tem fundamento, como também outros produtos usados frequentemente pelo pescador. Entre esses destacamos: desodorante, perfume, sabões, sabonetes, detergentes, etc. Mas que fique bem claro uma coisa, visto que o peixe tem seu olfato junto com o paladar, ou seja: só quando ele põe a isca na boca é que sentira o gosto dos produtos estranhos. No caso de iscas artificiais, tal produto não atrapalha, e a maior prova disso é que as tintas usadas nas iscas, bem como o verniz, na maioria dos casos são a base de petróleo. No caso de iscas naturais, e só nestas é que esses produtos atrapalham pois o peixe, antes de engolir a isca, apalpa-a na boca e assim o olfato do peixe acusa o gosto estranho. Sabendo disso, caem por terra todos os mitos dos produtos para atrair peixes, e mais: segundo cientistas, só o tubarão consegue distinguir cheiros de determinadas substâncias dentro da água.
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Qual a
maneira correta de iscar um anzol
ESCONDER MUITO BEM A PONTA DO ANZOL
Esse é um dos maiores mitos na pescaria. Não é verdade que a
ponta do anzol não pode aparecer. Vamos raciocinar juntos. Enquanto se preocupa
esconder a ponta do anzol na isca, o cabo do anzol e às vezes até o encastoado
ficam para fora da isca. Será que o peixe sabe o que é ponta e o que é cabo de
anzol? É evidente que não. O anzol não atrapalha em nenhuma hipótese o ataque
do peixe à isca, como veremos a seguir.
QUAL A MANEIRA
CORRETA DE ISCAR UM ANZOL?
Alguns mitos existem em torno desse item. Raciocine e veja se
temos razão. Uma isca morta pode ser iscada de qualquer maneira, desde que
fique firme no anzol. Já uma isca viva deve ser iscada de maneira que continue
viva. Assim sendo, temos, no caso de pequenos peixes, que iscar ou pela boca ou
pelo dorso do peixe, para que ele fique vivo e não perca o movimento. No caso
de camarões, o anzol deve ser colocado na cabeça, na parte logo atrás em
direção à ponta do intestino.
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O peixe
quando está criando não pega
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Assim o camarão fica vivo e não perde os movimentos. Na cauda
nunca deve ser iscado, pois é com ela que o camarão nada. Não se preocupe em
esconder a ponta do anzol.
O PEIXE QUANDO ESTÁ CRIANDO NÃO PEGA!
Isto pode ser considerado como uma meia verdade, já que algumas
espécies realmente não fisgam quando estão na época da desova. No entanto,
outras, para defender os alevinos fisgam em qualquer coisa que se mova em volta
delas. Preferimos dizer a esse respeito, que quando um peixe está desovando,
não deve ser pescado ou molestado. A época de desova deve ser considerada um
período que ninguém deve praticar a pesca, seja ela do tipo que for.
SORTE NA PESCARIA. EXISTE?
Particularmente, nós achamos que sorte não existe na pescaria.
Senão vejamos: coloque-se frente a frente um veterano pescador e um novato, e
que a pescaria aconteça em local de conhecimento dos dois.
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Sorte na
pescaria existe?
Por certo o pescador veterano se sairá melhor no confronto.
Dizer-se que um pescador pesca mais porque tem sorte é praticamente uma
heresia. Antes de sorte, pode ser que esse pescador conheça profundamente o
peixe que está pescando, seu material de pesca é o correto, suas iscas são as
ideais, o local é o melhor para peixes daquele tipo, etc. Evidente está que, se
alguém pega mais peixe que nós, ele também é um pescador melhor, apesar de ser
duro admitir tal hipótese. Mas, com certeza, sorte não é. Seria mais ou menos
como dizer que o Sena ganhava corridas por sorte.
A LUA INFLUI NA PESCARIA?
Com certeza é este um dos assuntos mais polêmicos no nosso
esporte. Vamos dar nossa opinião e explicar o porquê de dizer que a lua não
influi absolutamente em nada no resultado de uma pescaria. Começamos pelos
famosos calendários, que dizem que a lua cheia é ótima; quarto minguante,
regular; quarto crescente, boa e que a lua nova é neutra.
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A lua influi
na pescaria?
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Ora, então o pescador é um felizardo, já que a lua ruim não é
citada. Então, como explicar que mesmo quando a indicação é de uma lua ótima,
fazemos uma péssima pescaria? Pois bem, em nossa opinião, em água doce a lua
não influi em absolutamente nada na pescaria. No mar, a lua tem muita
influência é nas marés e estas sim, de acordo com a movimentação e altura,
determinam melhores ou piores períodos de pesca. Dizer que ela influi
diretamente na pescaria é dizer uma meia verdade. Isto porque em uma “excelente
lua” poderemos fazer uma pescaria péssima, pois contra o “poder da lua” , estão
os ventos, as ressacas, a pressão atmosférica, etc, que decidirão o resultado
da pescaria. E mais, uma maré de “praia” em sua altura, não pode ser equiparada
ou usada em uma maré de “rios e canais do litoral”. Há diferenças enormes entre
uma e outra. Podemos também falar de suas correntes. Enquanto nos rios se pesca
na vazante, em praia se pesca na enchente.
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Qual a
maneira correta de iscas um anzol
Existem discordâncias nessa opinião. Já em mar alto, tanto
faz. Aí está portanto, meu prezado pescador, alguns mitos e lendas da pesca
amadora. Procure pesquisar com inteligência e raciocínio e verá como muita
coisa que dizem não é verdade. O importante de tudo é pescar bem, procurando
sempre se aperfeiçoar no nosso esporte/lazer, pois só assim conseguiremos ser
bons pescadores, daqueles que mesmo sem sorte fazem boas e ótimas pescarias. É
importante também procurar com humildade a explicação para o fracasso da
pescaria. Se nós somos bons pescadores e mesmo assim não formos bem sucedidos
em uma pescaria, com certeza algum motivo há para que isso tenha acontecido. Às
vezes, uma boa explicação é a pressão atmosférica, que influi e muito em nossa
pescaria. Aliás, a pressão atmosférica já foi assunto em edições anteriores da
Aruanã.
NOTA DA REDAÇÃO: nós publicamos esta matéria em fevereiro de 1991 e, não
mudaríamos um só vírgula no que se refere à prática da pesca amadora. Aliás,
estamos cansados em informar que nada mudou desde os tempos passados para os
atuais em pescar como amadores. O que aconteceram e isto sim concordamos, foram
as “novidades” dos fabricantes que antes de serem mudanças, são simples adendos
ao assunto principal. Antonio Lopes da Silva
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Revista
Aruanã Ed:20 Publicada em 02/1991
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Ainda Atualíssimo !
ResponderExcluirO que vem Reginaldo Calil Daher, mais uma vez, confirmar que pouca coisa mudou na pesca amadora. Até os mitos, lendas e costume de nossos pescadores, continuam os mesmos. Valeu
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