sexta-feira, 26 de outubro de 2018

DICA II - A LINHA CERTA










Em princípio, todas as linhas de monofilamento são iguais, já que são fabricadas a partir da mesma matéria prima. Nessa afirmativa, porém, algumas explicações devem ser dadas. Vamos a elas.



Pesca na água azul

É praticamente impossível dizer-se quantas marcas de linhas existem destinadas ao segmento pesca amadora. São diversas marcas dos mais variados tipos, no que se refere a cores, volume, diâmetros e libras. No caso de diâmetros e libras, o pescador menos avisado já comete erros quando quer comparar essas duas medidas, já que uma é medida de comprimento e a outra de peso. . Quantas vezes já ouvimos, por exemplo, a expressão: “20 libras é mais ou menos 0.40 milímetros”. Totalmente errada essa comparação, já que 20 libras é igual a 9 quilos e 72 gramas, e podemos ter uma linha 0.40 milímetros que agüente esse peso, bem como uma linha 0,20 milímetros que também agüenta esse peso. Portanto, primeira dica: não compare libras com diâmetro. Um outro erro bastante comum é quando se compra uma vara de pesca e, tanto pescadores como vendedores, afirmam: “é uma vara que aguenta 15/30 libras”. Novamente errado, já que a expressão 15/30 libras marcada na vara não significa que a vara aguenta essa pressão, mas sim (importante) que nessa vara devemos usar linhas nas classe de 15/30 libras, pois com linhas mais forte, por exemplo, estaremos comprometendo a resistência da vara. Como se vê, são muitas informações que, se não observadas, podem comprometer a nossa pescaria. Mas voltemos às linhas de monofilamento. 


Equipamento pesado
Quando se trata de linhas nacionais, ou seja, fabricadas no Brasil, vamos encontrar principalmente quatro fabricantes: Mazaferro, Manap, Equipesca e Olímpica, e talvez mais alguns que teimam em se esconder e não fazer publicidade de seus produtos. Dizer qual é a melhor marca fica difícil, já que todas elas são fabricadas de forma mais ou menos parecidas. Nos teste efetuados pela Aruanã, mostraram-se  em níveis semelhantes no que se refere à elasticidade, resistência, durabilidade,  diâmetros, embalagens, carretéis, etc. E, sem distinção, todas deixam a desejar, não no quesito qualidade, mas sim no quesito informação. Enquanto nas linhas importadas achamos embalagens modernas, impressas com não só o tipo da linha, mas com informações e dicas sobre a linha, nós recomendados, dicas sobre conservação, etc., nas nacionais encontramos a linha algumas vezes com embalagem e outras com o carretel somente; nada de dicas e informações, em qualquer dos dois casos. Numa conversa com um diretor de uma das empresas aqui citadas, ele nos falou que o custo é o principal problema no que se refere à embalagem, carretel, etiquetas adesivas e folheto de informações. 



Pesca de pacu no Pantanal

Pior que isso foi a informação que a linha para a pesca, na sua indústria, representa uma parte mínima em faturamento sendo que outros produtos são o forte da empresa em faturamento e mais: que a concorrência com as importadas é muito grande, que o contrabando atrapalha e muito, e mais outras desculpas. Podemos até aceitar esses argumentos mas jamais concordar, visto que os pescadores pagam pelas importadas, na maioria dos casos, preços duas  e até cinco vezes o valor das nacionais. Ora, se alguém paga por uma linha um valor tão alto, algum bom motivo deve ter, já que ninguém é louco para jogar dinheiro fora. Fora do Brasil é comum, em uma indústria de linhas, fazer-se pesquisas para o lançamento de uma nova linha. Essas pesquisas, depois de serem feitas em laboratório, são feitas em áreas de pesca, sendo as linhas exaustivamente testadas por... pescadores amadores. Com o resultado dessas pesquisas e suas modificações, a linha é então fabricada e lançada no mercado. No Brasil, são muitos tipos de linha e de todas as marcas. Quantas vezes o fabricante pediram opinião ou submeteram essas linhas a testes, por parte de pescadores, antes de lançarem o produto no mercado? De nossa parte, não só na condição de pescador amador, mas antes de tudo, como polarizador de opiniões somos, a resposta é...nunca. 


Apapá em linha 0.40 mm
 Pois bem, deixemos de lado esse problema, não sem antes dizer que, nas linhas importadas, seus fabricantes as fazem principalmente  para seu mercado interno consumidor e para os grandes centros consumidores, tais como Estados Unidos, Japão e Europa. Para nós, resta obter essas linhas e ver qual pode-se adaptar melhor à nossas condições de pesca. Portanto, ao comprar uma linha de pesca, verifique antes se a linha é a linha certa, seja importada ou nacional. Adote alguns procedimentos tais como: em que equipamento vamos usa-la no que se refere a molinete/carretilha ou varas, se a pesca será em água salgada ou doce, se de peixes predadores ou não, se a pesca é de praia ou costão ou ainda de mar aberto, se a pesca é nas imediações de pedras ou outros obstáculos, se a pesca é de categoria leve, média ou pesada, se os arremessos serão violentos ou não, qual o tipo de tração a linha irá sofrer, qual a resistência dela em comparação ao tipo de peixe e mais uma infinidade de posições. Só depois de pesar todos esses itens compre sua linha, seja nacional ou importada, pois com certeza, e isso independe do preço da mesma, sua pescaria será feita muito mais consciente e segue suas reais possibilidades.  



Pesca de piraputanga

Perder um peixe, ou mesmo não fisgar nenhum, pelo simples fato de estar com uma linha inadequada, é coisa de um passado distante, quando as opções eram limitadas em se tratando de linha de monofilamento. E a dica final: adote estas normas no que se refere ao tempo de uso de linhas de monofilamento, pois antes de chegarmos a estas conclusões, muitos foram os testes realizados, tanto com linhas importadas quanto nacionais. No uso em molinetes: Pesca no mar: 2 pescarias; Pesca em água doce: 4 pescarias. No uso com carretilhas: pesca no mar 3 pescarias; pesca em água doce; 5 a 6 pescarias. Depois de usar durante o tempo indicado, jogue a linha velha no lixo, literalmente. Não doe a linha para nenhum pescador ribeirinho, já que uma vez fizemos isso e, depois de algum tempo soubemos que esse pescador fabricou uma rede com nossa doação. Não jogue a linha nas águas de rios ou mar, pois a mesma poderá enroscar na rabeta de seu motor de popa ou de alguma outra pessoa, causando sérios estragos no equipamento. Coloque sempre linha na capacidade do carretel de seu equipamento, já que linha a mais ou a menos irá atrapalhar. E as linhas de pesca que não são de monofilamento? Existem sim, mas isso é uma outra conversa, que fica para uma próxima vez. Boa pescaria. 

Revista Aruanã  Ed:64  Publicada  08/1998

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