quarta-feira, 4 de junho de 2014

FOLCLORE: AS COBRAS MAMAM?





FOLCLORE: AS COBRAS MAMAM?                                             


                                           
             

A anatomia  bucar dos ofídeos é completamente diversa dos mamíferos, como se vê no desenho abaixo. Logo as cobras não podem mamar!





"São muitos comuns, no interior do Brasil, as lendas que apontam certas cobras como mamíferas, cobras que mamam tanto no seio das mulheres como nas vacas.  Na Revista “Caça e Pesca”, de São Paulo, edição de setembro de 1941, encontramos um belo estudo do sr. Amaury Couto de Magalhães, em que o notável observador desvenda o mistério das cobras que mamam. Vamos transcrever  parte desse artigo."


Tal afirmação é tão absurda, como se dissermos que a galinha mama. Basta para tanto saber que a cobra não é mamífero e que mesmo resolvesse praticar tal ato, não o poderia fazer, tanto pela conformação de sua língua, como pela disposição de seus dentes. Pois a língua dos ofídeos é composta de um filete que não pode, de forma alguma, substituir a língua dos mamíferos.  Esta é chata e larga o bastante para poder praticar a sucção do leite, o que é de grande importância, sendo fácil de se verificar a função da língua no ato de mamar; se colocarmos um dedo em nossa boca e o chuparmos, constatamos logo a necessidade da língua ser larga.
                                                                                      


Segundo: os dentes da cobra estão dispostos de tal modo e tem tal mecanismo que, ao fechar esta boca, independentemente de sua vontade, os dentes penetram naturalmente no que estiver dentro de sua boca e, assim, a mulher ou a vaca da lenda, seria picada, com o que acordaria e procuraria se desvencilhar de tão indesejável bebê. Contam mais ainda, que a cobra coloca a ponta do rabo na boca da criança, para que esta não chore; isto seria dar à cobra um poder de raciocínio que, por ser tão absurdo , deixo de apresentar argumentação contrária.
Outros contam que uma vaca sempre chegava, pela manhã, ao curral, com o úbere vazio, e que indo ao campo encontraram uma cobra, que ao receber uma foiçada, espirrou leite por todos os lados. Este leite não é nada mais que o líquido seminal naturalmente existente quando a cobra está no período do cio, líquido abundantíssimo nessa época, tendo também todo o característico  aparente de leite coalhado; portanto, o fato de espirrar um líquido parecido com o leite ao se matar uma cobra, é verdadeiro, mas quanto ao úbere vazio de uma vaca, podemos culpar a um bezerro, ainda não bem desmamado, ou a um colono que necessitasse do leite e acordasse mais cedo que o campeiro, ou mesmo este que estaria fazendo concorrência ao fazendeiro, havendo ainda a hipótese de se tratar de uma vaca auto lactante e que mamasse em seu próprio úbere.


FONTE CONSULTADA: No Mundo das Serpentes de Nelson Vainer, publicado em 1945, pela Editora Anchieta S/A.



NOTA DA REDAÇÃO:  Ao arrumarmos, pelo  motivo da mudança, nossa biblioteca, casualmente nos deparamos com este livro de Nelson Vainer, intitulado No Mundo das Serpentes, publicado em 1945. A beleza da narrativa do autor nos fez dele fazer uma postagem, para dividir com o publico do Facebook, já que muitos dos leitores que agora lêem esta postagem, nem nascidos eram. No mesmo livro, encontrei ainda uma matéria sobre o Instituto Butantã, com a data de fundação de 1914, mostrando ao que o popular e hoje famoso Butantã, seria destinado. Com fotos e textos originais, farei brevemente uma postagem dessa matéria. 

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