terça-feira, 15 de julho de 2014

ROTEIRO AVENTURA NO PANTANAL: CÁCERES CORUMBÁ



Com esta aventura, nossa equipe completou aproximadamente 6.000 km em rios do pantanal. Neste roteiro, percorremos 680 km, cheios de aventuras, pesca e lazer. Venha conosco e boa diversão.


Viajando com a tralha de pesca

Eu e o Toninho Aguilar, nosso cinegrafista, saímos no dia 5 de março, exatamente às 8 horas da manhã. Nosso destino: Cáceres, a 2.065 km de São Paulo. Em nossa tralha, na F-1000, dois motores Mercury 25 HP novos e revisados, gerador, barracas, tralha de cozinha, geladeiras de isopor, tralha de pesca, câmeras de vídeo e foto faziam com que nossa carga chegasse quase ao teto. Em Paulínia, fomos até a fábrica da  Levefort,  pegar a carreta já carregada com dois barcos Marfin 500, embarcações que costumamos usar em nossas aventuras, devido a sua qualidade e capacidade de carga. 

Nossa equipe (da esquerda para a direita Antonio, Silvio, Lourival, Marcelo e Aguilar

Novamente na estrada, fomos de uma só tirada até Campo Grande onde, logo após essa cidade, paramos em um posto da estrada para o pernoite. No dia seguinte, “pé na estrada de novo”, chegamos em Cáceres às 4 horas da tarde.  Nessa cidade de Mato Grosso, estavam nos esperando o Silvio e o Pedro, leitores e amigos nossos, que aliás têm um estabelecimento voltado ao pescador amador, a Tuiuiú Náutica, onde alugam barcos, têm rampa para descida de embarcações e prestam também serviços de garagem náutica, além de venderem iscas e fornecerem piloteiros. O telefone deles é (065)223-4885 (NR: verificar possíveis mudanças). Devido ao adiantado da hora, resolvemos pernoitar na cidade, já que, no dia seguinte, teríamos que fazer compras de supermercado, gelo, gasolina, etc.

No sábado dia 7, junto com o cozinheiro Marcelo e o piloteiro Lourival, fomos às compras e exatamente ao meio dia colocamos os barcos na água, para começar a aventura. Na ultima hora, o Silvio manifestou o desejo de ir conosco: agora então a equipe era composta de cinco membros.

O equipamento para a aventura

Saímos de Cáceres direto para o Pantanal Rio’s, hotel de outro amigo e anunciante da Aruanã, o Roberto Braga, distante da cidade 48 km. Pernoitamos na comodidade de um bom hotel e no domingo, 8 de março, às 6 horas da manhã, começamos a descer o rio Paraguai.
Nossa carga era de aproximadamente 700 quilos em cada Marfin. Passamos a foz do rio Jaurú, e em localidades conhecidas pelos nomes de Morrinho, Morro Pelado, Descalvado, Jatobá, Castelo de Areia (onde há um posto da Polícia Florestal desativado). Nosso próximo ponto de referência era a reserva Taimã, do Ibama, em cujo sede há infra-estrutura como rádio, aeroporto etc. Às 3 horas da tarde havíamos percorrido 228 km de rio e resolvemos acampar. As notícias que corriam no rio nos davam conta que havia uma “decoada”, felizmente, não se confirmaram em nosso trajeto. 

Corixo da entrada da Baía Uberaba
Montamos o primeiro acampamento, e constatamos logo de cara que não havia peixe. O que tinha, e para ninguém botar defeito, eram os pernilongos, tantos que chegavam a entrar dentro da boca. É nessa hora que eu lembro de alguns amigos que, sabendo que vamos fazer reportagens no Pantanal, vêem com a velha frase: Ê vida boa, heim meu!” Pois é, gostaria que todos eles estivessem aqui, já que iríamos dividir os mosquitos com eles.
No dia seguinte, 9 de março, logo cedo desmontamos tudo e fomos para o nosso destino pré-determinado, a Boca da Baía Uberaba.
Essa baía fica retirada do rio Paraguai, cerca de 5 ou 6 km, e sua ligação com o rio se faz por intermédio de um corixo largo à direita de quem desce; a distância de Cáceres até ela é de 350km.

Montamos o acampamento e os pernilongos eram os mesmos, em tipo e número. Com tudo pronto, o Marcelo assumiu a cozinha e nós, com um Marfin já pronto para a pescaria, fomos até o corixo da Uberaba, “ver se havia peixe”. 

Dublê de pacus

Em uma rodada, só no corixo, fisgamos cerca de 20 pacus e isso agora explica o porque do cinegrafista Toninho Aguilar em nossa equipe. Como sabíamos que o pacu era o peixe que mais estava batendo, resolvemos fazer o primeiro vídeo da série Pescando com a Aruanã no Pantanal, e o peixe escolhido foi o pacu. Pronto, peixe certo, e em boa quantidade, nos dava a certeza de passar ali na Uberaba alguns dias.

Nosso acampamento

Voltamos na hora do almoço para o acampamento, e a primeira surpresa engraçada da viagem (aliás em todas elas acontecem fatos engraçados): um jacaré de dois metros estava bem no meio do acampamento, fazendo nosso cozinheiro ficar em um cantinho, guardando distância segura. Aliás o Marcelo tinha até jogado pedaços de linguiça para o bicho. Fotografamos e filmamos o jacaré, e ele nem aí. Resolvemos descer do barco e espantar o bicho, que pulou na água, dando antes um urro seguido de uma respirada com barulho. Tomamos posse do acampamento e, não demorou muito, lá estava o jacaré subindo em uma prainha, que viria ser o nosso local de banho. 

O "dono" do acampamento

Jogamos uns paus nele, que desceu para a água. Mais alguns minutos e lá vinha ele de novo. Em acampamentos anteriores, já tínhamos visto jacarés “folgados”, mas esse era demais! Os jacarés anteriores tinham recebido apelidos como Bebeto e Romário; esse folgado e teimoso como um jumento, foi batizado de Zagalo. Deu trabalho para fazer o Zagalo deixar seu posto, para que nós tomássemos posse do acampamento. Foi muito pedaço de pau atirado nele, para que ele visse que o lugar era nosso. Finalmente, o Zagalo desistiu e atravessou o rio. 
Chegou a noite e os mosquitos estavam ainda mais insuportáveis. Era um tal de jantar vestido de camisa de manga comprida e calça grossa. A hora do banho, que acontecia em 30 segundos, era um banquete para os mosquitos.  O jeito então era ir para a barraca às 8 horas da noite e ficar livre da “doação de sangue involuntária”.  Naquela noite ouvimos um barco grande atracando perto de nós rio abaixo, e pela manhã reconhecemos o Cabexy, do nosso amigo e companheiro Orozimbo, que tanto nos acompanhou em outras aventuras. Com o Cabexy por perto, tínhamos agora comunicação por rádio com Corumbá, o que nos dava uma certa dose de tranquilidade.

Pantanal cheio com muita comida: Pacus grandes e gordos

Nessa terça-feira, começamos a fazer o vídeo e fisgamos cerca de 20 pacus. Tínhamos como material vara de bambu, vara telescópica, vara de carretilha leve e mais duas varas, uma de carretilha e outra de molinete, para a pesca com caranguejo. Tudo isso  mostramos nesse vídeo que ficou sensacional. A novidade é fisgar pacu com vara leve, carretilha pequena e linha bitola 0.35mm no sistema de batida. É uma briga para ninguém botar defeito.Quarta-feira, dia 11 a Cabexy nos deixou por volta do meio dia. À tarde voltamos à Uberaba, e nessa saída fisgamos um pintado, piraputangas e piranhas. Na hora do almoço, a diversão ficava por conta de uma vara telescópica bem leve e linha 0.25mm, usando massa de farinha como isca, na frente do acampamento, já devidamente cevada com as sobras da cozinha.
Piaus-três-pintas, sauás, sardinhas, lambaris, pacu peva, piraputangas e algumas piranhas (que, a bem da verdade, cortavam nosso anzol) faziam a diversão da equipe. Chegava até a cansar o braço a ação desses pequenos peixes maravilhosos.Na parte da tarde continuamos a fazer o vídeo mostrando todas as opções de pesca para o pacu, apesar de que, em nossa opinião, a pesca com batida usando o tucum como isca é a mais atraente. Mas como era um vídeo da série Pescando com a Aruanã, mostramos tudo o que se refere à pesca desse esportivo peixe: isca de massa, caranguejo, vara de bambu e outras modalidades que estão agora, eternizadas nesse vídeo. Mais ou menos às 5 horas da tarde, começaram umas trovoadas ao longe e vimos a chuva caindo. Apear de assustador é um espetáculo muito bonito.  Essa chuva rodeou nosso acampamento, e lá pelas dez horas da noite começou a pingar nas barracas. Esse fato foi uma alegria só, já que a temperatura estava por volta de 30 graus (à noite) e passou a ficar abaixo dos 20 graus. Foi a melhor noite de toda a viagem para se dormir! Quinta-feira, dia 12, como tínhamos previsto,  era o ultimo dia da Uberaba. Com o vídeo praticamente pronto, fomos mais uma vez em busca do pacu.




Pescadores profissionais em ação

Pois bem, acredite se quiser: talvez devido a trovoada, entrou um cardume de pacus nessa baía como há muito tempo não víamos. Não dá para calcular, mas com certeza, fisgamos mais de cem peixes dessa espécie. Fizemos vários dublês, fisgando dois peixes ao mesmo tempo. Foi de cansar o braço!
À noite, deixamos tudo no jeito, já que no dia seguinte, bem cedo, sairíamos para o ultimo percurso da viagem. Ao acordar na sexta-feira dia 13, as “bruxas” apareceram logo cedo, traduzidas na figura de um barco de pescadores profissionais com mais de 10 elementos. Nós vimos em seu barco caixas de gelo para uma tonelada. Imaginem, portanto, o que esses profissionais fizeram no cardume de pacus...
Essa é a diferença entre a pesca amadora e a pesca profissional. Nós fisgamos mais de 150 pacus e matamos apenas três para consumo, respeitando o tamanho mínimo de 40 centímetros. Será que esses profissionais teriam a mesma consciência ecológica que nós, ainda mais sabendo que na volta a Cáceres não há qualquer tipo de fiscalização? Pois é, essa é a pesca profissional e comercial que está dizimando os peixes do Pantanal. É contra esse tipo de pescador que precisamos lutar, a fim de extinguir esta prática. 
Inscrições rupestres nas pedras da Gaíva

Saída da Gaíva, sinalizando a continuação do rio Paraguai

Fizemos as contas, sempre observando as placas da Marinha, que mostravam a quilometragem do rio, e resolvemos ir direto para Corumbá, onde chegamos às 6:45 h da tarde, percorrendo nesse ultimo trecho 330 km, com total segurança. Pelas nossas contas, levamos 450 litros de combustível. Ao chegar a Corumbá, verificamos que gastamos exatamente 447 litros nos dois barcos, nas viagens e nas pescarias. Isso já dá uma dica que é bom levar mais um pouco de combustível. No porto, o Renato e o Orozimbo estavam nos esperando: junto com nossa equipe, ajudaram a carregar a F-1000 e a carreta com os Marfins, ficando tudo pronto para retornar a São Paulo. Foi uma bela viagem, e mais uma vez cumprimos nossa missão de mostrar ao pescador amador que gosta de aventura, mais um novo roteiro.







NOTA DA REDAÇÃO: Queremos agradecer à Mercury do Brasil pela cessão dos dois motores 25 HP, que se mostraram excelentes no uso, de uma potência incrível e altamente econômicos, sendo aprovados nesse duro teste e sem restrições.  A Levefort, agradecemos pelos dois Marfins cedidos. Esses barcos já nos serviram em diversas oportunidades nas viagens de aventuras. Falar da qualidade dos produtos da Levefort é completamente desnecessário, pois trata-se da melhor e maior fábrica de barcos de alumínio do Brasil.
Agradecemos também ao Roberto Braga do Pantanal Rio’s Hotel, ao Silvio e Pedro da Tuiuiú Náutica, ao apoio do pessoal do Jatobazinho, ao cozinheiro Marcelo e ao piloteiro Lourival. Não podemos deixar de agradecer também ao Orozimbo da Pantanal Tours e ao seu filho Renato pela chegada em Corumbá, e ao nosso companheiro e cinegrafista Toninho Aguilar. Com certeza, sem ajuda desses amigos e dos equipamentos, essa aventura na seria espetacular como foi.
INFORMAÇÃO: As placas citadas nesta matéria existem em todo o trajeto do rio Paraguai, e servem para guiar as embarcações que trafegam nesse rio. Abaixo da sinalização da Marinha existe uma pequena placa com a quilometragem do rio. Para se ter uma idéia da precisão dessa quilometragem, pudemos observar em Cáceres que essa placa mostrava que estávamos no Km2.201. Na chegada em Corumbá, outra placa mostrava Km 1.521, portanto, os 680 Km de nossa aventura. Segundo informações, essa quilometragem é marcada desde a foz do rio Paraná, no Oceano Atlântico.


NOTA DO EDITOR EM JULHO 2014: Muitas dessas aventuras foram feitas em diversos rios do Pantanal. No total percorremos perto de 6.500 kms, sempre acampando, pescando, fotografando ou filmando. Por diversas vezes, recebemos na redação da Revista Aruanã, telefonemas de leitores nossos, que estavam dispostos a fazerem os mesmo trajetos. Nosso serviço SOS Pescador existia (e existe hoje), exatamente por isso: informar com precisão as melhores e mais corretas dicas para o leitor. Muitos deles, após fazerem a mesma aventura, nos ligavam e mandavam fotos com os mesmos detalhes da matéria original. Isso era muito gratificante. Portanto, se você hoje, quiser fazer também essa aventura, podemos afirmar de que, a distância continua a mesma, o rio igual, os locais de acampamento podem ter mudado um pouco, mas outros apareceram, os locais citados serão os mesmos,  mas infelizmente e com certeza, haverá muito menos peixe, mais pesca predatória e a falta de fiscalização deve continuar a não existir de fato, já que de direito existe sim.  Boa pescaria.


Caso o leitor de agora queira ver esse vídeo de pacu, em DVD, poderá fazer uma visita em nossa loja virtual. Anote o endereço 
 www.revistaaruana.com.br

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