terça-feira, 8 de setembro de 2015

A BARRAGEM DE IGUAPE III - O DESCASO POLÍTICO









Quantas obras, em se tratando deste país, foram prometidas e não cumpridas por nossos representantes nas diferentes esferas do poder legislativo/executivo? Podemos contá-las as dezenas? Ou seriam centenas? Podemos chegar a milhares? Uma coisa é certa: estão presentes em todos os estados do Brasil. A Barragem de Iguape é mais uma delas. Conheça agora a nossa realidade.




Efeito barragem aberta nas praias.                                



                            Aqui, tudo era festa.      
O mês de agosto, segundo os meteorologistas foi atípico em se tratando da região sudeste em nosso país. Aproximadamente durante cerca de 25 dias, o calor foi intenso e a falta de chuvas se prolongou em toda a região do Vale do Ribeira. A natureza dava mostra de sua força e, mesmo com a explicação dos meteorologistas, a conclusão de tal “fenômeno” não chega a ter uma explicação plausível ou mesmo afirmativa. Alguns culpam o chamado “El Niño” como a mais provável mudança do nosso clima, enfim não é nosso assunto principal a causa, mas sim o efeito. A estiagem durou até o feriado de 7 de setembro ultimo. Como um passe de mágica, as águas – tanto do Ribeira como do Mar Pequeno – foram limpando e depois de alguns dias, ficaram totalmente limpas/cristalinas. Aquela cor de barro comum de quase todos os dias do ano deram lugar às águas limpas. Segundo os pescadores, artesanais ou amadores, cardumes enormes de peixes entraram no mar pequeno, destacando-se robalos, pescadas, corvinas, tainhas, miraguaias, etc. À noite, redes eram armadas e pela manha retiradas com muito peixe em suas malhas, em sua maioria tainhas de bom tamanho. Dava gosto de se ver, ao cruzar a ponte sobre o Mar Pequeno, a tonalidade da água. Esse “milagre todo” até para o leigo, tinha uma explicação: o rio Ribeira estava limpo e então entrando pela barragem vinham para o Mar Pequeno suas águas a se juntarem as sempre limpas águas deste.
                                                            
                     Acho que o Dep.Samuel Moreira "conhece" esta turma.   
 Portanto esta estiagem mostrou claramente, que se, as águas do Ribeira não entrarem mais do Mar Pequeno, teremos sempre águas limpas e muito peixe, regeneração do manguezal – que já mostra sinais de extinção – pesca farta, melhoria no turismo, mais empregos, etc. Ao invés de ficarmos contando com estiagens prolongadas, a providência a ser tomada é simples: fechamento da barragem. E que não venham os mais críticos dizer que, se a barragem for fechada, voltarão as cheias rio acima. É só ir até a Praia do Leste e ver, que a foz do Ribeira, juntou-se a saída do Mar Pequeno, alargando-a em aproximadamente 1,5km. Com uma saída dessa envergadura e tamanho, não será a barragem de Iguape, que ira manter o rio em seu leito em época de chuvas. Mas o que fazer para que essa barragem seja fechada? Esse é o “grande mistério” a ser desvendado, pois até com uma ação da Juíza Fernanda Alves da Rocha Branco de Oliva Politi, titular da 2ª Vara Judicial de Iguape, determinando o fechamento da barragem, em Agosto de 2011, nada foi feito ou obedecido. “Justiça, ora a Justiça”. Na época do lançamento da obra, uma placa mostrava que cerca de R$8,6 milhões foram destinados ao início da construção. Aliás, essa placa, descobrimos, ainda pode ser vista do lado do Rocio, junto á ponte, devidamente deitada no chão com seu lado informativo para baixo e já bastante corroída pela ferrugem. Já “seus autores” conforme se vê na foto, ainda aí estão a ocupar altos cargos da politica, como o atual Dep. Federal Samuel Moreira, o ex-governador da época José Serra, hoje eleito para o Senado Federal, além do Prefeito da Ilha Comprida Décio Ventura, eleito na época e atualmente ocupando o mesmo cargo. Destaque para o atual governador de São Paulo Geraldo Alkmin eleito no ultimo pleito, que na época era “só” o Secretário de Estado do Desenvolvimento.
                          
A barragem de Iguape – Setembro de 2015   


Com os R$8,6 milhões, construíram o que até hoje se vê no local: um esqueleto da barragem, sem nenhuma comporta de fechamento. Uma dúvida atormenta a cabeça deste jornalista: quanto seria necessário em dinheiro para o fechamento da barragem? Poderíamos considerar custo/beneficio? Evidente que o beneficio já foi mostrado acima e antes de tudo, o Mar Pequeno voltaria a sua forma original, com seus manguezais sendo regenerados, e os aguapés iriam aos poucos se extinguindo, pois a água salgada – que entraria no espaço – iriam matando o que hoje já pode ser considerado uma praga com todos os malefícios que causam. O meio ambiente é hoje, uma preocupação mundial em sua conservação, menos aqui em Iguape/Ilha Comprida, conforme demonstrado. Um absurdo. Finalmente vamos a mais um projeto de Samuel Moreira: a ferrovia de Cajati a Santos, com a devida #CHEGA DE ABANDONO. Sem duvida alguma, a recuperação dessa ferrovia, é uma utopia, que talvez só se explique, com a aproximação das eleições de 2016, onde, “talvez” a intenção de SM, seja a captação de mais votos ao longo das cidades por onde passam os abandonados trilhos da citada ferrovia. A bem da verdade nós moradores de Iguape/Ilha Comprida não seriamos beneficiados pela ferrovia, já que a mesma passa ao largo de nossas cidades. Outro detalhe que nos chama a atenção é a votação que Samuel Moreira recebeu na ultima eleição em nossas cidades: em Iguape 4790 votos e em Ilha Comprida 1928, em um total de 227 mil votos que o elegeram para a Câmara Federal. A soma dos nossos votos dá uma porcentagem perto de 3% (três por cento) do total. Bastante inferior à votação obtida por ele, no pleito de 2010, quando foi eleito deputado estadual. Finalmente algumas perguntas que não conseguimos apurar.
                                                                                    


 Em um país em plena crise financeira, onde a malha ferroviária é a menor preocupação, vem S.Excia Dep. Federal Samuel Moreira, a exemplo de outros parlamentares, cometer uma utopia como essa. Tenha dó Excia., se quer fazer algo menos utópico, junte-se ao atual senador José Serra (ex governador de SP) e feche a Barragem de Iguape, que está destruindo os manguezais do Mar Pequeno e poluindo as praias de Ilha Comprida, com o lixo verde do rio Ribeira. Na época do lançamento da obra, "também" foi chamada da maior obra do Vale do Ribeira. Ou será que interessa ao sr. deputado, alguns votos a mais para prefeito e vereadores de seu partido, ao longo das cidades por onde ainda passam (destruídos parcialmente) os trilhos dessa rodovia, prometendo algo que não vai conseguir executar? Será que ainda existem pessoas (eleitores), que possam acreditar em tais absurdas promessas? E, finalmente, reativar prá que? Turismo/Carga? É lamentável. (cópia enviada via "comentários" no site do Dep.Samuel).

Quanto custaria essa utopia aos cofres do estado? Que quantidade de carga e qual seria ela, que poderia ser transportada? Quantas cidades teriam que aderir a essa utopia, com obras próprias e qual seria esse custo? Até que concordamos com o citado turismo, pois seria também um excelente meio de transporte a todas as cidades atingidas, menos a nós aqui de Iguape/Ilha Comprida, pois no mínimo teríamos que nos locomover na melhor das hipóteses, 60 km até a cidade mais próxima. Nós, cidadãos comuns, gostaríamos de saber essas respostas. E a propósito, quanto custaria fechar a Barragem de Iguape?

2 comentários:

  1. Muito bom.. Temos que fazer uma pescaria um dia,

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  2. "fer". Obrigado pela participação. Realmente nossos políticos, em qualquer esfera, são utópicos e até corruptos - com raras exceções - no que diz respeito as obras com que "sonham em seus devaneios. Já cansamos de mostrar que a Barragem de Iguape é um provado desastre ambiental. E continua lá, aberta como as portas do inferno, que um dia por certo, receberão os maus políticos. Quanto a pescaria, esse dia chegará. Um abraço.

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