sábado, 28 de novembro de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL -- GUAXINIM













Omão pelada é um animal plantígrado como os ursos e quatis, que são da mesma família. O corpo mede até 0.65 cm de comprimento e a cauda 0,40 cm. O pelo é curto, denso e arrepiado na nuca, a coloração é cinzenta-amarelada salpicada de preto, por serem desta cor a ponta dos pelos maiores. As pernas, principalmente nas extremidades, são pretas, bem como as faces e as órbitas. Aí esta cor destaca-se bem devido às faixas brancas nos supercílios e focinho. A cauda é anelada, alternando o preto com o amarelado. Vivem de preferência nas florestas, às margens de lagos e cursos d’água. São animais lentos que trepam muito bem em árvores.



 É nos ramos frondosos à sombra das folhagens ou no oco das árvores que passam as horas mais quentes do dia. Em geral caçam individualmente, saindo ao crepúsculo. Mostram-se tão ativos durante o dia quanto à noite. Saltam de árvores com prodigiosas perfeição. São animais sociáveis e comumente repartem a mesma toca com vários grupos familiares. São onívoros e muito gulosos; além de frutos, que comem em grande quantidade, devoram aves e ovos. Consomem igualmente peixes, caranguejos e moluscos. Apanham também insetos. Tem o hábito de lavarem a comida antes de ingerí-la (comportamento não sistemático).

Consultoria: Fundação Parque Zoológico de São Paulo

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL --- APAPÁ













Pertencente à mesma família da sardinha e da savelha, o apapá aparece em alguns trabalhos científicos, embora sem confirmação oficial, como sendo espécie originalmente proveniente da água salgada, tendo se aclimatado em água doce. Vamos conhecê-lo melhor.





O nome científico do apapá é Pellona castelnean, espécie pertencente à família Clupeidae. Também conhecido como “sardinha-de-água-doce”, este peixe é considerado por alguns estudos como tendo carne pouco apreciada, já que segundo afirmam os mesmos estudos, sua carne possuiria sabor adocicado e muitas espinhas. Como o próprio pescador poderá comprovar, trata-se de um engano, pois essa espécie conta com um número de espinhas igual ao encontrado em outras de seu porte e padrão; e a carne, muito semelhante à da anchova, é de excelente sabor. O apapá apresenta corpo alongado, com coloração amarelo-dourada e pode atingir até 45 cm de comprimento. Ocorre na Bacia Amazônica, e os melhores pesqueiros serão os lagos que tenham junção com o rio principal, desembocaduras, barrancos e junto à vegetação nas margens. É um peixe muito esportivo, que proporciona uma boa briga quando fisgado. A pesca será mais produtiva quando o nível dos rios estiver alto, mas pode-se fisgar essa espécie durante todo o ano, optando-se por buscá-la nas corredeiras quando o rio estiver baixo. O material recomendado é o de categoria leve/média, vara com molinete ou carretilha, linha de bitola entre 0,30 e 0,45mm e anzóis 1/0 a 3/0. Boas opções de iscas naturais serão os pequenos peixes, insetos, rãs, pitus e caranguejos. As artificiais recomendadas são as colheres, jigs, spinners e plugs com ação de superfície e meia água. A desova ocorre no período de outubro a janeiro, e devido ao curioso fato de expelir fezes ao ser retirado da água, o apapá é vulgarmente chamado de “cagona”, além de ser também conhecido como “sardinha-grande” e “sardinhão”.

Nota da Redação: Quando estivemos lá no rio Guaporé, em companhia do pessoal da Ligue Pesca, fisgamos alguns apapás. Ao trazer os peixes para o hotel, os piloteiros diziam que esse peixe era ruim de comer. Mas, quando voltávamos no local onde os peixes eram eviscerados, não víamos nenhum apapá. Aquilo nos chamou a atenção e pedimos então que limpassem um para nós. Temperamos o peixe com sal e limão e mandamos fritá-lo em postas. Na hora do jantar, ao comer o primeiro apapá, constatamos que seu gosto era igual ao da anchova do mar. E mais, lá os piloteiros o chamavam (na época) de “peixe banana”. Tive o cuidado de trazer um no gelo para São Paulo, para que o Prof. Dr. Heraldo A. Bristski o identificasse e cuja identificação se deu apenas em olhar o peixe e dar o diagnóstico: APAPÁ. Sem mais comentários.




sexta-feira, 20 de novembro de 2015

PANTANAL: UMA VIAGEM INESQUECÍVEL.














Prontos para a viagem de volta ao lar.


A equipe da aventura, pronta para partir de Corumbá até Porto Murtinho.
Finalmente nós havíamos chegado a Porto Murtinho, depois de fazer um roteiro para a Aruanã, publicado em nossa edição 18, desde Corumbá a Murtinho, pelo rio Paraguai. Viagem maravilhosa, depois da noite dormida em Porto Murtinho, com a caminhonete carregada – uma Veraneio – de propriedade do Kuringa, partimos para os 1.500 quilômetros até São Paulo. A Veraneio puxava ainda uma carreta, com dois barcos Levefort usados no roteiro. Saímos de Murtinho às 6:00h da manhã de um belo dia de sol. Na primeira barreira, oito quilômetros depois de Murtinho, percebemos que um pneu da carreta estava vazando ar. Resolvemos então voltar e consertar o tal pneu. Nova saída e pela frente, mais de 200 quilômetros de terra até Jardim. Depois de 100 quilômetros, a tradicional parada para o “xixi”. Descemos do carro e percebemos que a roda dianteira direita estava “meio torta”. Examinamos e constatamos que a “bandeja” estava segura apenas por um parafuso, dos quatro originais e mais: com a trepidação havia rachado, tendo uma trinca de quase um dedo. Começou o nosso calvário. De posse das ferramentas (o Kuringa tinha todas) desmontamos a roda e fizemos uma procura geral pelo carro para ver quais os parafusos que serviam. Achamos três, no parachoque dianteiro e traseiro e na tampa traseira. “Quebramos o galho”. Subimos todos, e estavam presentes além do Kuringa e eu, o Ney, piloteiro de nossa viagem, o Chico, motorista da Liguepesca e que tinha levado a veraneio até Murtinho e o “Zé”, o nosso famigerado “cozinheiro” da tal viagem. Retornamos à viagem e com cuidado fomos ganhando estrada. Finalmente depois de 10 horas (o percurso normal é de 3h chegamos a Jardim). O Ney e o Chico pegaram sua condução para Corumbá e nós seguimos viagem. Finalmente estávamos em rodovia de asfalto... que tranquilidade. Tudo correndo normalmente era domingo e não achamos nenhum mecânico de serviço. Já era noite quando chegamos a Maracaju. Paramos para um café e resolvemos ir adiante para dormir em Rio Brilhante. Assim que passamos Maracaju, vez por outra a Veraneio “morria” sem mais nem menos. Gasolina tinha, parte elétrica seria o mais natural. Desmontamos a tampa de distribuição, olhamos e não havia nada de errado. Montamos tudo novamente, após olhar os cabos de vela, platinado, etc. Foi só dar a partida e o motor roncou gostoso. Toca todo mundo subir em cima e lá vamos nós. Primeiro buraco. Com o solavanco morreu tudo de novo. Nova parada. Abrimos o capô e a solução era dar uma “porradinha” no distribuidor.






Nova partida e lá vamos nós. De Maracaju até Rio Brilhante foram cinco paradas, ou se preferirem “cinco buracos”. Noite bem dormida, pela manhã nosso destino era o Posto Zuzu pois ali sabíamos que existia um bom mecânico. De fato, chegamos lá às 8 horas da manhã e o mecânico nos atendeu. Pois bem, além de ser um bom mecânico, o tal senhor mais parecia um cirurgião plástico, tal era o cuidado com que manuseava as ferramentas. Para cada aperto de um parafuso ele demorava “um século”. Enquanto ela fazia sua “arte”, outro mecânico, o “Japa”, soldava a bandeja. Eram 13 horas quando acabaram, mas não sem antes nos mostrar que a barrada direção estava segura apenas por um parafuso ... também. Consertamos a barra da direção. Agora, “com o carro jóia”, já desenvolvíamos maior velocidade. Foi quando começou um barulho estranho no pneu. Era um “ploc, ploc” na traseira do carro. Paramos no acostamento e percebemos que o pneu traseiro da Veraneio era recauchutado e estava soltando a borracha. O Kuringa não teve dúvida, e como ele mesmo falou: “a gente corta o pedaço que está saindo e pronto”. Munido de sua faca de pesca, cortou o pedaço e fomos adiante. A bem da verdade, o barulho parou. Pois bem, fizemos cinco paradas para cortes no pneu. Era só escutarmos o ploc, ploc, que descíamos com a faca de pesca na mão. A esta altura estávamos perto de Bataguassu, quando o pneu da carreta (o consertado) estourou. Parada e troca pelo estepe. Seguimos viagem e quando paramos no posto para almoço, compramos um pneu para a carreta. Eram 16 horas. Assim que saímos do posto, começou uma forte chuva que a Veraneio vencia sem dificuldade, apesar de que, claro, na subida ela estava perdendo sensivelmente a potência. Já escurecendo, paramos em um posto já no estado de São Paulo. Foi aí que percebemos porque a Veraneio estava perdendo a potência. O barco que estava sendo puxado, com a chuva foi enchendo de água. Como o tampão de escoamento estava no lugar, ele encheu até a borda. Olhares entre nós e ninguém disse nada. Abrimos o tampão e “inundamos o posto”. Vez por outra um funcionário do posto passava perto e lançava olhares de reprovação à “enxurrada”. Como já era noite e ainda estávamos longe de São Paulo, e tendo que pegar estrada novamente, resolvemos dar uma olhada na iluminação traseira da carreta. Não foi surpresa nenhuma mais, verificar que nada estava aceso. Saímos do posto e encostamos no eletricista. Perdemos cerca de 2 horas para retornar à viagem. Desse ponto em, diante, coube a eu dirigir a Veraneio e a minha parte seria até a Castelo Branco.


Tudo funcionando perfeitamente saímos para a estrada. O primeiro caminhão em sentido contrário piscou os faróis, pois achava ele que eu estava com os faróis altos. Fui dar uma piscada de faróis e aí a coisa ficou preta, literalmente, pois todos os faróis do carro apagaram-se por completo. Só Deus sabe como achei um lugar bom para parar no acostamento. O Kuringa estava dormindo no banco traseiro. Acordei-o e ele sonolento, disse que era simples, abaixou-se perto da direção e com uma pancadinha - milagre – fez-se a luz. E lá vim eu dirigindo estrada afora, e que se danem os outros, pois não piquei mais os faróis. Interligação da Castelo Branco e mais um “ploc, ploc”. Dessa vez eu mesmo desci e cortei a aba do pneu. Finalmente a Castelo Branco, com todas as suas comodidades. Paramos em um posto, tomamos café e o Zé pegou o volante. Como ninguém é de ferro, adormeci no banco da frente a imitar o Kuringa que roncava no banco de trás. De repente acordo com um barulho estranho de carro no acostamento. Abri os olhos e vi que realmente estávamos bem devagar no acostamento. Perguntei ao Zé o que tinha acontecido e ele disse que quando “os olhos ardem, eu paro para dormir”. Pois bem, o nosso famigerado cozinheiro dirigiu cerca de 40 quilômetros e já estava cansado. Peguei no volante e, rezando, voltei à estrada. Cansado, consigo divisar o Cebolão, entrada de São Paulo. Nem eu acreditava que a estrada estava por findar. Mais ou menos uns 2 quilômetros na Marginal Pinheiros, e a Veraneio parou o motor. Encostei no acostamento, chamei o Kuringa e disse que o motor havia morrido. Novamente “simples” e eu não sabia: o marcador de combustível do carro não estava marcando certo. Com sono, o Kuringa levantou e abriu a porta traseira e lá estava um galão de 20 litros de gasolina, “para qualquer emergência”. E devia haver muitas dessas emergências, pois na boca do galão havia até a mangueira para o transplante do combustível. Carro abastecido e mais vinte minutos eu estava em minha residência. Eram 5 horas da manhã e fazia exatamente 48 horas que estávamos viajando. Normalmente esse percurso é feito, incluindo parada de descanso, em 23 horas. Quando eu cheguei finalmente em casa e abri a porta, fiz o mesmo gesto do Papa João Paulo II: beijei o carpete da porta de entrada. A propósito, leitor, se quiser fazer uma viagem com o Kuringa, ele não vendeu a Veraneio. Disse-me ele que deu uma “garibada geral” e que o seu carro voltou a ser uma máquina do prazer.

NOTA DA REDAÇÃO: Após conversar com o Kuringa, ele me contou o que aconteceu, após a publicação desta viagem na Aruanã. Ele vai responder e contar nos “comentários” abaixo. Vale a pena conferir.

sábado, 14 de novembro de 2015

DICIONÁRIO ARUANA ANIMAIS DO BRASIL - GAMBÁ








Didelphis marsupialis












O gambá, como grande parte dos animais brasileiros, recebe diversos nomes conforme sua localização geográfica. Na Amazônia ele é conhecido como mucura; na Bahia, como saruê ou sariguê; de Pernambuco ao Ceará, como timbu ou cassaco; em Mato Grosso e Paraguai, como micurê. 

 O gambá é um marsupial do porte de um gato, medindo 70 a 90 cm, dos quais metade pertence à cauda. Tem hábitos noturnos e, apesar de ser um animal de movimentos lentos, trepa em árvores com facilidade, usando a cauda preênsil para agarrar-se aos galhos. Alimenta-se principalmente de frutos silvestres, ovos e filhotes de pássaros.

Não raramente visita galinheiros, causando enorme estrago. A fêmea procria três vezes por ano. Os filhotes, de 10 a 15 por ninhada, nascem com o tamanho de 1 cm, completando seu desenvolvimento na bolsa materna. Sua pelagem compõe-se de longas cerdas mescladas de preto e branco. Quando perseguido, o gambá finge-se de morto ou expele um líquido fétido produzido por glândulas axilares. Na fase do cio, a fêmea também exala esse cheiro forte, facilmente reconhecível.
Consultoria: Fundação Parque Zoológico de São Paulo.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

FOLCLORE BRASILEIRO -- O LOBISOMEM
























Muitos locais do Brasil, ele ainda assusta e impressiona muitos sertanejos. Vamos saber mais sobre este ser maligno que assombra as sextas-feiras de luas cheia...











 O lobisomem não nasceu lobo. Não apareceu do nada. O lobisomem, antes do resultado da fértil imaginação do povo, é um misto de homem e lobo, um produto da metamorfose de um ser humano em um estranho e pavoroso animal. Segundo a crença popular, tal transformação se dá nas noites de sexta-feira, quando a lua cheia brilha no céu, e sempre após as doze badaladas da meia-noite, já que o bicho nunca apareceu durante o dia ou ao anoitecer, nem mesmo nas primeiras horas de noite escura. Quando não tem lua, ele não aparece, pois precisa da claridade para poder enxergar melhor suas vítimas e mostrar a horrenda face a elas, antes de lhes sugar o sangue até a morte. Há locais onde acredita-se que o lobisomem não faz vítimas humanas, e se satisfaz com o sangue de pequenos animais, como leitões, cachorros, galinhas, etc. O aspecto do monstro é terrível: não é mais um homem e nem chega a ser um lobo, mas mistura características de ambos, grotescamente distorcidas. Os olhos são vermelhos e inchados, tem focinho de lobo, os dentes são enormes e os caninos pontiagudos, a face é coberta de pelos escuros assim como o resto do corpo, o rabo é pelado e, apesar de andar sobre duas patas, tem os quatro membros de forma animalesca, com unhas enormes e pontiagudas nos dedos de cada pata, que o ajudam a imobilizar e torturar suas vítimas. Diz a lenda que um lobisomem é sempre o sétimo filho de um casal que só teve filhos homens, o caçula. Em outros locais, conta-se que o lobisomem é o nono filho, após oito mulheres, também o caçula. E há outras versões. O que coincide sempre é o fato do lobisomem, quando está com a forma humana, ser um rapaz muito normal em tudo, a não ser pelo aspecto profundamente amarelado do tom que lhe dá cor à pele e por sua magreza muito pronunciada, ambos aspectos explicativos como sendo devido à necessidade que o monstro tem de se alimentar de sangue. Na sexta-feira, à meia-noite, o homem tem calafrios e suores por todo o corpo. É o sinal da premência da metamorfose. Então ele procura uma encruzilhada, sempre deserta, atira-se ao chão e começa a rolar na poeira, convulsivamente. Logo se transforma em lobisomem. Aí sai pelo mato à cata de seu alimento: sangue. De bicho ou de gente. Após o ataque e, satisfeito, o lobisomem sobe a colina mais alta que puder encontrar e, lá de cima, solta seu aterrorizante uivo, que é uma mistura de urro de bicho com grito agoniado de gente. Quando está próxima a hora do sol nascer, ele vai até um cemitério, e lá espera que lhe sumam as características monstruosas para então voltar a ser o rapaz que era antes, amarelo e magro, sem outros indícios da maldição que carrega. Desencantar um lobisomem não é difícil. Basta de nessa hora, quando ele está se transformando de novo em gente, espete-se qualquer parte do corpo com um espinho de laranjeira que tenha sido plantada em uma sexta-feira e benzido por um padre. Aí quebra-se o encanto, e o homem não mais virará lobisomem até que morra aquele que o desencantou. Apesar de parecerem fantásticas demais as histórias de lobisomem, todo mundo sempre conhece alguma. Por incrível que pareça...

domingo, 8 de novembro de 2015

DOCUMENTO VERDADE - A PESCA AMADORA






Você se considera um pescador amador? Mas pescador mesmo, daqueles que não ficam só falando (ou postando) e arregaçam as mangas e vão à luta? Pois é, “antigamente” era assim.







Nós já publicamos aqui no blog, a Lei 7653 que na época pegou a todos nós de surpresa, tal era o rigor e, diga-se de passagem, cheia de erros e omissões, onde em seu texto original, a pesca em território brasileiro, ficava proibida em todos os segmentos. Era um absurdo o que ela regulamentava. Em 1988 eu tinha uma coluna de pesca que era publicada pelo saudoso JORNAL DA TARDE. Incentivado pelo nosso editor chefe Rodrigo Lara Mesquita, começamos uma luta que a princípio parecia insana e perdida, pois tudo emanava do Poder Federal, aliás, como hoje em se tratando de meio ambiente e suas variações. Além das publicações em minha coluna (foram várias) mantínhamos contato com os responsáveis pela emissão da lei, o senador José Fragelli – presidente do Senado Federal e Gastone Righi deputado federal, não só por telefone, mas também pessoalmente em Brasília onde fomos algumas vezes.
O leitor que agora lê este texto pode rolar o blog para trás e ver o que foi essa luta e a tal lei, que conseguimos modificar em seu texto, salvando o pescador amador, de ser proibido de praticar seu esporte/lazer. Mas, o que quero, é chamar a atenção dos pescadores de hoje, para mostrar como tudo era diferente na década de 80. Achamos por bem, em reunião com diversos empresários do setor, fazer uma publicação em uma mídia forte e que fosse vista por todos os brasileiros. Pois bem, chegamos à conclusão de que o ideal seria o JORNAL DA TARDE, e que seria muito importante que esse comunicado fosse visto pela maioria de nossa população, pescadores ou não. Como conseguir tal “proeza” seria publicar o comunicado na primeira página do JT. Foi o que fizemos e no dia 24 de janeiro de 1988, em um quarto da primeira página da edição daquele dia, lá estava o nosso comunicado. Chamamos a atenção do pescador, para que vejam os nomes da relação das empresas que contribuíram para que isso acontecesse. Merecem nosso respeito, mesmo as que já deixaram de existir, bem como as que ainda estão no segmento. Irá o leitor perceber que algumas empresas, que ainda exploram o segmento pesca amadora, não tiveram seu nome divulgado, pois ainda não existiam ou não aceitaram contribuir com o custo da publicação. Infelizmente, fica hoje muito mais fácil postar nas redes sociais algumas criticas sobre o assunto, “mas arregaçar as mangas” e sair para a luta, poucos são capazes de fazer. Para terminar, uma dessas postagens que mais me entristece é o chamado pesca e solta. Lembram em algumas postagens, os “ecochatos” da época, pois eram contra tudo e contra todos. Todo o pescador que pesca esportivamente tem o direito de levar para sua casa, desde que pescado esportivamente, a quantidade de peixes para sua alimentação e de sua família. E pescar e soltar tudo o que é fisgado é uma parcela mínima de proteção ao meio ambiente, já que centenas de quilos de pescado saem diariamente do mesmo local, pelas mãos ou redes dos pescadores profissionais. E tem mais “alguém” que é muito beneficiado pelo pesca e solta e posterior postagem mostrando o ato e onde estavam na pescaria. O leitor saberá descobrir a quem estamos nos referindo.
No canto inferior direito da postagem, a data e onde foi publicado o citado comunicado.

sábado, 7 de novembro de 2015

PESCA DE PRAIA









Em pescarias de praia uma regra pode ser citada e sem exceções: ou a praia é de tombo - mais funda e sem ondas, ou a praia é rasa – mais rasa e com ondas. A diferença de uma para a outra é que na de tombo, o pescador amador não precisa entrar na água, enquanto nas praias rasas, além de entrar bastante praia adentro, por obrigação tem que localizar os canais de praia, por onde circulam os peixes do local. A primeira dica portanto, é saber onde os canais de praia estão localizados, observando-se as ondas que mostram claramente o local e que largura possuem. Essa localização é bastante simples, bastando apenas que o pescador acompanhe com o olhar, lá longe, a primeira onda que se quebrar, formando a tradicional espuma branca. Acompanhe essa onda e perceba que em determinado momento de seu percurso ela perde a espuma branca para, mais alguns metros adiante, quebrar novamente. Pois bem, onde a onda perdeu a espuma branca, naquele espaço, está localizado o canal de praia. É muito comum, dependendo da praia, existir 3 ou 4 canais. Nas praias de tombo, deverá o pescador ir jogando a sua isca a determinadas distâncias e testando onde o peixe está fisgando melhor. Aqui pode ser citada uma regra básica onde se afirma que não é jogando mais longe que se terá mais chances de fisgar bons e maiores peixes, já que determinadas espécies preferem ficar bem rente à areia da praia, pois é ali que está o seu alimento principal, de que falaremos mais adiante. 

                                                                                                                                                                      Foto Rolando de Freitas
O material de pesca em praia, apesar de simples, tem que ser correto e para tanto, devemos nos equipar de varas com 3,5 metros ou mais,  com pontas firmes e de flexibilidade de média para dura. Uma boa carretilha ou molinete de tamanho grande será mais do que suficiente. Esse equipamento deverá ser grande, pois sua função principal é armazenar grande quantidade de linha, já que em uma praia, em princípio livre de qualquer obstáculo (enroscos) podemos trabalhar um peixe grande usando uma linha fina. Daí, a necessidade de se ter grandes quantidades de linha. A bitola de linha é bastante discutível, mas pode ser citada como ideal uma linha entre 0.30 a 0.40 milimetros (NR: atualizamos a bitola entre 0.20 a 0.40mm para monofilamento e bitolas bem mais finas para multifilamento). Para o caso de peixes por exemplo, como o cação, podemos usar então um líder ou empate com linha de bitola mais grossa. Aliás, conforme a região do Brasil, vamos encontrar as mais variadas maneiras de confecção de empates, que os pescadores, afirmam serem os melhores. Bastante discutível essa opinião, mas não entraremos detalhes para não gerar polêmicas. No entanto afirmamos que um empate para a pesca de praia deve ter no máximo 2 anzóis e que se guarde entre eles uma distância regular para que não se toquem ou embaracem. 

                                                                                                                                                                                                  Miraguaia

Quanto aos anzóis, devem ser seletivos ao tamanho dos peixes que se queira fisgar. Por exemplo: para o caso de betaras, podemos citar os de nºs 4 e 2. Evidente está que no sul do país, estes também servem para a pesca de pampos, que dificilmente atingem a mais de 2 quilos. O mesmo não pode ser dito para o nordeste, onde os pampos chamados de sernambiquaras (em tupi guarani, significa “comedor de sarnambis”) atingem facilmente a 6 ou mais quilos. Como se vê, apesar da modalidade de pesca ser a mesma, conforme a região do Brasil, ela tem que ser adaptada às condições locais. A única coisa que não muda na modalidade de praia é a chumbada, que obrigatoriamente deverá ser do formato pirâmide, já que esta se “agarra” melhor na areia. Se no formato a chumbada não muda, no peso ela também deverá ser adaptada às condições locais, que dependem da correnteza existente no local da pescaria. Quanto às iscas, muita coisa pode e deve ser comentada. Para um pescador comum, se lhe fizermos a pergunta de qual de qual é a melhor isca para a pesca de praia ele com certeza responderá: camarão morto, ou toletes de sardinha ou parati. Em princípio tal resposta não está totalmente errada, mas pedimos a você leitor, que raciocine conosco. Vamos partir do ponto de que o peixe prefere uma isca o mais natural possível. 
 
                                                                                                                                                                                Praia rasa
Ora, essa preferência se dá já que o local onde ele está, seu alimento vem da areia da praia, onde podem ser encontrados sarnambis (o nome em tupi guarani é uma boa dica), tatuzinhos ou tatuíras, minhocas de praia, “corruptos”, tamarutaca (que muitos pensam ser iguais, mas que na realidade não são), siris. Camarões vivos e mais uma infinidade de pequenos peixes e crustáceos. Ora, como se viu, citamos 7 iscas naturais e não falamos do camarão morto ou da sardinha/parati. Evidente está que muitos usam os dois, já que são muito mais fáceis de serem adquiridos, pois em qualquer banca de peixes eles estão à disposição e aos quilos. No entanto, para um pescador de praia experiente, a isca natural traz sempre melhor resultado e ela será o mais natural possível se apanhada na hora e no próprio local da pescaria. Isso tem lógica, pois não? Em uma pescaria de praia, o pescador amador poderá usar duas varas, comumente chamadas de barra pesada e barra leve ou “marisqueira”. Com a primeira, tenta-se de espera os peixes maiores e aqui uma dica – as melhores iscas para tais peixes serão sempre os pequenos peixes fisgados com a marisqueira. Um líder com linha mais forte, uma fricção do equipamento muito bem regulada e principalmente um tubo de PVC muito bem fincado na areia, onde será colocada, de espera, a vara de barra pesada. 



Com a barra leve ou marisqueira, usaremos uma linha fina, anzóis e chumbadas menores e iremos batendo os canais de praia um a um, ou as distâncias da praia de tombo. Por ser equipamento mais leve, essa tarefa torna-se mais fácil e não tão cansativa. No que se refere ao horário, podemos afirmar que não há um momento mais apropriado, podendo tanto ser de dia como noite. No entanto, as marés de grandes luas (marés altas) são sempre as melhores, desde que se pesque na enchente desde o reponto da baixa- mar até o reponto da préamar. Como melhores locais, diríamos que as praias mais produtivas são aquelas que têm rios de água doce desembocando nelas e também as que possuem nos lados (a distância regular) morros, pedras e ainda ilhas. Muito nos têm perguntado sobre a ação de iscas artificias nas praias. Em princípio diríamos que não são boas, com exceção dos jigs, também conhecidos como “bonecas” ou “escovinhas”. Sabemos de vários pescadores que usam tais iscas com bastante sucesso, principalmente na região nordeste do Brasil. No capítulo dos peixes mais uma vez afirmamos ser muito difícil de relacionar com certeza os peixes de praia, pelos mesmos motivos da extensão do nosso litoral. Porém podemos citar, lógico, com grande margem de erro, os mais comuns. São eles: betaras ou papa-terras, pampos, paratis barbudos, corvinas, robalos, arraias, cações, xaréus, baiacus, etc. No entanto, temos notícia do sul, onde são fisgados nas praias, miraguaias, cavalas, enchovas e atuns. 


No nordeste: tarpon (camarupin), peixe galo, caratingas, vermelho cioba e bonitos. Como se vê, é difícil dizer quais são os peixes mais fisgados em diversas regiões. O importante porém é salientar que a pesca de praia reúne muitos adeptos e que é uma modalidade muito gostosa de se fazer, principalmente em dias de calor, pois além da pescaria, toma-se bons banhos de mar e adquire-se um bronzeado de fazer inveja a muita gente, além de se poder levar a família e deixar que se banhem ao nosso lado, enquanto pescamos, já que pela distância onde jogamos nossas iscas, não nos atrapalharão. E isto sem falar que em algumas praias de tombo, alguns pescadores levam guarda-sol, cadeiras, esteiras, geladeiras com cervejas e refrigerantes, cestas de picnic, óleo ou creme de bronzear e fazem de sua pescaria algo de muito agradável. Uma verdadeira festa, onde muitas vezes, como recompensa, levam ainda para casa bons peixes e o que é melhor de tudo, fresquinhos e da melhor qualidade.


NR: Publicada na Revista Aruanã número 14 em fevereiro de 1990.


segunda-feira, 2 de novembro de 2015

ARQUIVO ARUANÃ - UM POUCO DE HISTÓRIA

















                              Dia 02 de novembro de 2015

Um texto simples, mas bastante raro, visto em um final de semana chuvoso. Um dia especial para se sentar na biblioteca e começar ao olhar ao acaso alguns velhos livros e rever velhas lembranças. Daí ao chegar neste trabalho, que julgo muito raro, não posso deixar de compartilhar com os leitores, um pouco dessa nossa história. É uma descrição, com mapas, fotos, traçados, cálculos, coordenadas, opções de construção, opinião de engenheiros, que construíram a partir de 1914, um traçado “moderno” de Santos à Cananeia.










(Regresso de uma pescaria no canal de São Vicente)

A construção da Ponte Pênsil e porque ela foi construída.

A passagem facilitaria inclusive o acesso à Fortaleza de Itaipu, na área continental do município, até então de difícil comunicação. A sua inauguração foi prestigiada por diversas personalidades de fama internacional a edificação é exemplo da capacidade da engenharia brasileira, a Ponte Pênsil, quer por sua aparência monumental, ou por sua comprovada solidez, é sem dúvidas um dos principais monumentos históricos da cidade, bem como do Brasil.





A velha ponte ainda conserva vários materiais originais, trazidos de Dortmund, na Alemanha, para sua construção, como os cabos de aço que sustentam sua gigantesca estrutura. As velha ligação, tombada pelo Condephaat, suporta até 60 toneladas e, em 1994, quando completou 80 anos, ganhou um sistema de iluminação que a destaca à noite no cenário vicentino, a iluminação é idêntica a de outras pontes famosas como a Golden Gate, em São Francisco, nos Estados Unidos, e a Ercílio Luz em Florianópolis. Sua reforma em 1999, garantiu a velha senhora, "vitalidade" para a virada do século. A Empresa Bandeirante de Energia (EBE) firmou parceria com a Prefeitura de São Vicente com o objetivo de bancar os custos da nova iluminação da ponte. A iluminação foi uma homenagem da empresa aos 500 anos do Brasil.


A obra é do tipo "ponte suspensa por cabos de aço" ; com vão livre de 180 metros por 5metros de largura. O piso de madeira está a 6,5 metros da maré mínima, e a 4 metros da maré máxima. Suas torres atingem 20 metros e sustentando cada uma 4 cabos de aço de 0,085 mm e 12 de 0,064mm. Nas laterais do piso, está o leito para a travessia de pedestres com 1,4o metros de largura, lateralmente sobre a ponte passam 2 emissários de esgoto de 0,50 mm e um terceiro com tubos de 0,65 mm, rumo a Praia Grande ( antigo bairro de São Vicente, emancipado em 1967 ).


A Ponte Pênsil projetada para sustentar além de seu próprio peso, três linhas de tubos de aço para esgoto (finalidade principal para qual foi construída); carga uniforme de 100 kg por m2 distribuída sobre os cabos de suspensão, e 2 carros motores, cruzando-se, cada carro tendo o peso de 6 toneladas sobre dois eixos afastados 2,92 metros entre si.

(Praia de São Vicente visto de outro ângulo)
As torres, às quais estão ligados os cabos de aço, medem 23 metros de altura inclusive 8 metros que se acham enterrados em concreto sobre o solo. Os cabos sustentadores do tabuleiro são em número de 16 com comprimento de 286 metros. Desses cabos, 12 pesam 6 toneladas cada um, e 4 atingem a 10 toneladas de peso cada.


Texto Internet – Caiçara Expedições.