sexta-feira, 25 de março de 2016

FOLCLORE BRASILEIRO - O PESCADOR ENCANTADO















Quem disse que o pescador só sabe contar mentira? Há pescadores que juram ter visto e ouvido o pescador encantado, que nas noites de lua cheia vai para a beira do rio e faz companhia a eles.










Muitas histórias que fazem parte da cultura nacional envolvem pescadores e pescarias. Devido à grande extensão do território brasileiro, ocorre incríveis variações nos contos populares. Uma lenda contada no sul, muitas vezes tem seu enredo completamente alterado quando é contada no norte do país. Outras vezes a mesma história é repetitiva com grande semelhança, inclusive de detalhes, do Oiapoque ao Chuí. Quem se arrisca a explicar esse tipo de coisa? É o caso da lenda do Pescador Encantado. Em certos lugares existem pescadores que se recusam terminantemente a praticar a pesca em noites de sexta-feira, principalmente quando se pode ver o reflexo de uma imensa lua cheia nas águas dos rios, a espalhar sua claridade e proporcionar aquela estranha atmosfera de mistério. Em termos de religião muitos conhecem a proibição da pesca em determinados dias santos e na quaresma. Por outro lado, os pescadores muitas vezes se revoltam ou se aborrecem com quem lhes nega a veracidade de suas narrações. Esta lenda é uma delas, e muitos pescadores asseguram firmemente tratar-se de um fato verídico. Contam eles sobre uma visão nas lagoas, rios, corixos, enseadas, pesqueiros, etc. Durante a pescaria noturna, especialmente quando se pesca com linhada, avista-se outro pescador também pescando nas imediações. Às vezes ouve-se o rumor da chumbada caindo n’água, ruído inconfundível, perfeitamente identificado no ouvido dos pescadores. Centenas de depoimentos afirmam a existência do fantasma inofensivo, que amedronta pelo silêncio teimoso com que responde aos gritos amáveis dos pescadores, tendo-o por uma criatura humana, ansiosa pela aproximação ao terminar a tarefa. De repente o pescador desaparece, dissipando-se como fumaça ou sumindo, de pronto, numa curva, Está o pescador encantado em toda parte do mundo onde haja pescaria noturna. 

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - DOURADO DO MAR













Esta espécie pode ser classificada como umas das favoritas dos pescadores amadores que praticam a pesca oceânica. Fisgar o belo dourado-do-mar é uma emoção inesquecível










Classificada cientificamente como Coryphaena hipurus, esta espécie pertence à família Coryphanidae, e sua área de atuação estende-se praticamente por todos os mares tropicais e subtropicais, sendo comum no nordeste brasileiro e com menor incidência na região sul. O dourado vive a maior parte do tempo em alto mar, aproximando-se da costa somente durante o período da reprodução. Seu corpo, alongado e provido de pequenas escamas, chega a atingir até dois metros de comprimento e peso aproximado de 40 kg. A carne é de excelente sabor, sendo muito apreciada nas diferentes maneiras de preparo que possibilita. Com relação à pesca, podemos afirmar que o dourado-do-mar pode ser fisgado durante todo o ano, porém os melhores resultados são obtidos durante o período compreendido entre os meses de julho e março. Uma interessante característica dessa espécie é o costume que os cardumes têm de permanecer embaixo de “coisas que boiam”, como pedações de madeira, cordas e até mesmo barcos parados. Além disso, quando um peixe é fisgado, se o pescador deixar que permaneça na água durante certo tempo, notará que outros dourados irão se aproximar. Se houver mais pescadores no barco, será uma boa oportunidade para tentar fisgar mais exemplares. Na modalidade oceânica, recomenda-se utilizar material de categoria média/pesada, com linhas cuja bitola deve variar de 0.45 até 0.70 mm e com anzóis de 3/0 a 7/0. As melhores iscas naturais serão os pequenos peixes como sardinhas, paratis e farnangaios, além de camarões e lulas. Outra boa opção é utilizar iscas artificiais, destacando-se as colheres, jigs e os plugs de superfície, meia-água ou profundidade. 

sexta-feira, 18 de março de 2016

ROTEIRO - PASSO DO LONTRA MS





                                                                       












Na Recente viagem que fizemos por toda a extensão do rio Miranda, um local particularmente nos chamou a atenção, devido à presença maciça de pescadores amadores naquela região. Trata-se do Passo do Lontra, que foi então, visitada por nossa equipe. Confira






    Corixo

O Passo do Lontra localiza-se a aproximadamente 1500 km da capital de São Paulo, seguindo pela Rodovia Anhanguera, depois pela Washington Luiz e passando por cima da barragem de Jupiá e cidades como Três Lagoas, Campo Grande, Aquidauana e Miranda. A partir daí deve-se tomar o rumo de Corumbá (MS), onde veremos um posto fiscal que existe nesse trecho da rodovia, e teremos a indicação do Passo do Lontra. A bem da verdade essa é a estrada que nos leva também ao Porto do Manga, outro local bastante visitado por pescadores amadores. Após a saída da rodovia, são apenas 8 quilômetros por estrada de terra até passarmos sobre o rio Miranda, no ponto onde ele recebe o nome que é título deste Roteiro.


    Piavuçu

Nesse trecho do Miranda já estamos dentro do Pantanal, pois existem vários pontos alagados onde se formam diversos corixos que nesta época do ano (especialmente agosto) estão vazando e onde se faz ótimas pescarias, principalmente de pintados. Acima da ponte do Miranda, portanto subindo-se o rio, vamos encontrar um de seus afluentes, conhecido como Rio Vermelho. É um rio de águas limpas, com margens de barranco firme, onde a principal atração é a pesca de piavuçus, desde que se faça uma boa ceva com milho seco, em espigas ou a granel, por exemplo. Uma ceva dessas, já no segundo dia, é ativa e será inevitável pegarmos também, além de piavuçus, algumas piraputangas, pacus-prata e mesmo com sorte, alguns pacus verdadeiros.


    Socó-boi


Uma outra atração do Rio Vermelho é um grande ninhal, onde milhares de pássaros, das mais variadas espécies, podem ser vistos e fotografados. É um espetáculo muito bonito. Na pescaria do Miranda deverá o pescador observar alguns detalhes muito importantes no que se refere a achar o peixe, pois esse agradável encontro dependerá do conhecimento do pescador, ou do piloteiro. A exemplo de outros rios do Pantanal, o Miranda tem características especiais. Assim sendo, vamos encontrar jaús somente nos poços de média e grande profundidade. Já o pintado, nesta época, será encontrado nas bocas de corixos, na formação de areia das praias e nas saídas de água dos campos. 



    Palmito

Os dourados, se não estiverem nas corredeiras do rio, que normalmente se formam nas praias e curvas, estarão junto com os pintados na saída das águas dos campos, pois nessas saídas é normal haver grande quantidade de iscas brancas em atividade e saindo dos campos. Porém, eles podem ainda estar nas galhadas de meio de rio ou margens. Quanto aos pacus, por certo esta não é a melhor época para se pescá-los, mas ainda assim podem ser encontrados juntos às margens que tenham camalotes, desde que o pescador use iscas de caranguejo. Não tente pescar pacus de batida, pois será perda de tempo. Nossa equipe pesquisou o Passo do Lontra em um trecho que, se não pode ser considerado pequeno, também não é muito extenso, mas que poderá ser facilmente atingido. Coloquemos o Passo do Lontra como uma região central localizada entre a foz do Aquidauana e o rio Paraguai.


    Morro do Azeite

Os melhores pontos desse trecho, amplamente conhecidos pelos piloteiros, recebem nomes diversos e assim sendo, podemos citar rio acima: a barra do rio Vermelho, as Três Bocas, o Poço da Cruzinha, o Morro do Azeite, o Bebedouro de Pedra, o Poço do Tambor, a Baía Bonita, a Boca do Jenipapo, o rio Negrinho e finalmente a barra do Aquidauana. Descendo o rio, encontraremos os seguintes locais: o Corixão, o Bugio, a Baía Negra, a Boca do Urubu, o Arrombado, a Praia da Onça, o Morrinho, a Figueira e o rio Paraguai. Em termos de distância, podemos dizer que do Passo do Lontra até a Barra do Aquidauana, usando-se um motor de 25 HP, iremos demorar aproximadamente duas horas e meia. 


    Pacu

Em sentido contrário, até o rio Paraguai e com a mesma potência de motor, gastaremos cerca de duas horas e vinte minutos. Durante nossa estada nesse trecho usamos iscas artificiais, enquanto o Xuxa, nosso piloteiro, deu preferência ao Jeju. Devemos levar iscas artificiais em nossa tralha e, mais uma vez repetimos, elas são permitidas por lei, conforme a Portaria Nº1583 de 21 de dezembro de 1989, em seu Art. 3º, Incisos I e II. No que se refere a iscas naturais, vamos encontrar as seguintes opções: minhocoçu, jeju, tuvira e caranguejo, as quais podem ser adquiridas no próprio pesqueiro ou então na beira da estrada, pois existem muitas placas, principalmente perto das pontes no trecho entre a cidade de Miranda e a entrada para o Passo do Lontra, ofertando iscas vivas. O preço pode e deve ser negociado.


    Galhada de rio



    Tuiuius

Não tenha pressa em adquirí-las pois a oferta é muito grande e todos ali tem iscas para vender. A coisa é mais ou menos como a cotação do dólar. O importante é negociar e pechinchar para se conseguir estabelecer uma média de preços, que irá variar em termos de cinquenta centavos por unidade. Uma outra boa dica é que no Passo do Lontra existem postos de gasolina, telefones públicos e outras pequenas comodidades. Além dos tradicionais pesqueiros organizados, existem ainda áreas para camping. Caso o pescador opte por acampar, será necessário verificar junto aos proprietários dessas áreas quais são os itens oferecidos em matéria de infra-estrutura, nesse ponto levando em conta principalmente se a água é de boa qualidade, se há rede elétrica, freezers e especialmente se existem boas condições de segurança, pois o mínimo que se espera dos responsáveis por esses locais é que suas coisas (carro, barracas, etc) fiquem sob a guarda e responsabilidades deles. 


    Dourado no jeju


Se você optar por pesqueiros organizados e que satisfaçam os itens principais de infra-estrutura, destacamos dois em especial: O Pesqueiro do Tadashi e a Pousada do Lontra. Estes locais oferecem alimentação, apartamentos confortáveis com ar condicionado, freezers, barcos e motores de popa. Finalmente, nossa dica principal é que o pescador amador terá à sua disposição um rio que poderá trazer bons resultados para sua pescaria desde que sejam observadas suas principais características, além dos hábitos de cada espécie que se queira pescar, bem como dos locais aqui citados.


                    Jurupoca



    Dourados na isca artificial


  Desejamos a todos que lá forem uma boa pescaria e enfatizamos, como sempre, que tenham a preocupação de evitar o encontro com uma frente fria em sua ida ao Passo do Lontra, o que por certo ira atrapalhar completamente o passeio e as pescarias. As frentes frias quando atingem essa região, chegam a demorar às vezes até cinco dias para passar. O que conforta é saber que passada a frente fria, a pescaria vai ficar muito melhor do que antes de sua chegada.
                                              

  NOTA DA REDAÇÃO
Queremos agradecer ao Tadashi, à Dona Carolina e ao Junior, proprietários do Pesqueiro do Tadashi. Trata-se de uma família sensacional que nos recebeu muito bem em suas instalações, a provar que ainda existe no ramo de hotéis pesqueiros – mesmo em se tratando de Pantanal - gente séria e que faz de tudo para que o pescador amador sinta-se realmente como se estivesse em sua própria casa. Agradecemos também ao João Venturini, proprietário da Pousada do Lontra, que a bem da verdade é um pioneiro do turismo nessa região e que tem na seriedade e educação a marca registrada de seu pesqueiro.


                                              
                      Foz do Rio Vermelho
     



    Tadashi


Finalmente um agradecimento especial ao Altino Soares Pereira, mais conhecido como Xuxa (apelido que talvez se deva ao fato de ser ele um cidadão negro, dono de um par de olhos verdes), que presta serviços ao Tadashi. Ao Xuxa agradecemos pela atenção que dispensou à nossa equipe, pilotando nosso barco. Muito obrigado a todos.

NR: Matéria publicada em agosto de 1996, sendo, portanto, necessário verificar e atualizar as informações no que se refere às acomodações para o pescador amador.


quinta-feira, 17 de março de 2016

UM MOMENTO DE REFLEXÃO.



período de piracema tem que ser defendido e respeitado por todos nós brasileiros. Ela acontece nos rios para os chamados peixes lóticos. No entanto em lagos e represas, também existem peixes que não são de piracema, ou seja, os chamados peixes lênticos. Dezenas de espécies de peixes também devem ter respeitado seu período de desova.




Peixe (black bass) aprendido pela Polícia Ambiental na Cachoeira da França, durante defeso.

sábado, 12 de março de 2016

FOLCLORE BRASILEIRO --- CHUPIM












Não há quem não o conheça. Talvez pelo nome de maria-preta, gaudério, engana-tico, papa-arroz, vira, etc. Vamos conhecer e seguir uma lenda indígena que tenta explicar o tão estranho hábito do chupim.







À maneira do cuco, na Europa, o chupim não constrói ninho, pondo seus ovos no das outras aves, que assim os incubam e tratam dos filhotes. O tico-tico é sua vítima predileta. Conta a lenda que no fundo do infinito dos tempos, que a família dos falconídeos disputava a hegemonia no mundo das aves. Gaviões e falcões de alta estirpe, capitaneados pelo uiraçú, lutavam contra os ximangos, carangos e até urubus na conquista de suas prerrogativas realengas. A arraia miúda, a passarinhada proletária, entre a qual estava o chupim, cerrava fileira entre o ultimo grupo. Ferida a batalha decisiva, vencem o uiraçú e seus nobres parentes. Seguiram-se, então, as cenas vandálicas de sempre e entre outras depredações, lançaram fogo à casa do chupim, que pôde escapar da morte lamentavelmente queimado, enegrecido. Eis porque a sua bela plumagem de outrora ficou inteiramente negra. Julga-se que a lenda quisesse explicar os motivos pelos quais os chupins não constroem ninhos e são pretos. Uma vez queimada a casa, abstiveram-se de construir outra, receosos de futuros incêndios. 

sexta-feira, 11 de março de 2016

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - ESTRELA DO MAR










Além de seu formato bastante característico, uma estrela-do-mar sempre chama a atenção pelo encanto que desperta. Atualmente, são conhecidas cerca de duas mil espécies vivas, além de trezentos fósseis.









A estrela-do-mar é um animal marinho, pertencente à família dos equinodermos, que se divide em uma enorme quantidade de subespécies, as quais distinguem-se entre si de acordo com a quantidade de braços que apresentam. Em geral, a maioria das estrelas que são encontradas frequentemente possui cinco braços, mas existem espécies que chegam a ter vinte e cinco, além de outras mais raras, com cinquenta braços. Muitas estrelas-do-mar possuem formas perfeitamente geométricas e mesmo bizarras, o que contribui para torná-las ainda mais interessantes. Seu corpo é revestido de espinhos calcários e conta com numerosos e finíssimos pedúnculos, em cujas extremidades existem ventosas, cuja finalidade é possibilitar a fixação do animal em superfícies de sua escolha, onde permanece a fim de espreitar e capturar alimentos, sendo que estes muitas vezes atingem tamanhos consideráveis. Aparentemente complexo, o mecanismo de locomoção desses animais baseia-se na comunicação de uma placa, localizada em seu dorso, com um canal que lhe atravessa o corpo. Quando quer andar, o animal injeta água em vasos situados na face ventral, cujas ramificações terminam nos numerosos pedúnculos de seus braços, que se distendem e logo se fixam por meio das ventosas. Em seguida, por meio de contrações musculares dos mesmos pedúnculos, a estrela-do-mar se movimenta, de maneira que parece estar “arrastando” seu corpo na direção desejada. Apesar deste animal pertencer à fauna característica das águas profundas do mar, às vezes acontece ser encontrado na praia, já morto ou ainda preso nas malhas das redes de pescadores de arrastão. A pesca profissional vitima inevitavelmente um grande número de estrelas, assim como outros animais do mar, já que juntamente com o pescado apanhado em uma rede, vêm também muitos outros organismos marinhos “sem valor comercial”, os quais geralmente não são devolvidos à água nessas ocasiões devido ao descaso dos pescadores profissionais ou simplesmente pelo fato de já estarem mortos quando a rede é recolhida. Normalmente, a estrela-do-mar, quando morta, pode ser utilizada como um belíssimo artefato decorativo. Há também uma peça de esqueleto adjacente à sua boca que, quando partida, libera uma linda e complicada jóia calcária, cuja singularidade e delicadeza são realmente notáveis. A esta jóia os antigos compêndios zoológicos denominaram “lanterna de Aristóteles”. Na verdade, a curiosa estrutura constitui nada mais do que o aparelho mastigatório da estrela-do-mar.

sexta-feira, 4 de março de 2016

AVENTURA NO PANTANAL --- CUIABÁ A CORUMBÁ















Fazer essa viagem há muito era vontade da Revista Aruanã, já que do Pantanal norte, poucas são as informações que nos chegam. São 1.170 quilômetros separando as duas cidades, começando pelo rio Cuiabá, descendo o São Lourenço e finalmente o rio Paraguai. Começamos nossos preparativos mandando um caminhão, com toda a tralha, a saber: dois barcos Marfim da Levefort, dois motores Suzuki de 25 HP. Uma barraca grande (cozinha) e quatro barracas pequenas (para dormir) da Yanes, lampiões, fogareiros, geladeiras portáteis, bujões de gás, colchonetes, tralha de cozinha e tudo o mais necessário para um acampamento. Saí de São Paulo de avião com destino em Cuiabá. Na escala em Corumbá, subiram no avião o Orozimbo Decenzo, da Cabexy, o Ademir R. de Oliveira, que seria nosso piloteiro e o Florêncio Coelho, de 75 anos e cozinheiro do Orozimbo há mais de vinte anos. Chegamos a Cuiabá às 16 horas e o caminhão que havia partido há dois dias já estava nos esperando perto do aeroporto. Era segunda-feira dia 27 de abril (1992). Aqui abrimos um parêntesis para agradecer ao Rogério Gullich, dono do Hotel Diplomata onde nos hospedamos aquela noite; ao Jonas Modanhezi, nosso leitor residente na cidade e que muito nos auxiliou nessa estadia; ao André Thuonyi da Expeditour, nossa anunciante e profundo conhecedor da região e finalmente ao Darcy Miykawa, que possui uma oficina de motores de popa em Cuiabá e que por onde, utilizando a rampa de sua oficina, descemos os barcos no rio Cuiabá.


 Desde a nossa chegada nos preocupamos em fazer as compras e supermercado, gás, gasolina e tratar de detalhes de ultima hora. Essa tarefa nos ocupou até às 9 horas da noite e após um banho, fomos jantar em uma churrascaria para a nossa despedida.

                                  TERÇA-FEIRA DIA 28 DE ABRIL

Acordamos às 06:30h e após o café no hotel nos dirigimos para o rio Cuiabá. Descarregar o caminhão e carregar tudo nos barcos foi tarefa para duas horas e meia, sempre ajudados pelos amigos citados. Às 09:30h demos partida nos dois Suzuki, que pegaram na primeira. Todo o equipamento usado na aventura era 0 km. Na saída, cada um à sua maneira fez uma prece, já que sabíamos que nos próximos oito dias éramos nós e Deus. Começamos a viagem. Um ultimo aceno de mão para os amigos que ficaram no porto e à frente o rio Cuiabá. Navegamos por duas horas e passamos por Santo Antonio do Laverger, que é uma pequena cidade, ainda com algum recurso. O rio Cuiabá estava com suas águas bastante barrentas. O percurso do rio é simples e com muitas casas de moradores ribeirinhos.




Nesse trajeto vimos de longe uma grande chaminé de uma fazenda, cuja casa principal parecia um castelo e pelo estilo da construção, muito antiga. Por volta das 12:00h paramos em uma sombra e fizemos um lanche dentro dos barcos mesmo. Seguimos viagem e às 14:00h chegamos a Barão de Melgaço. Demos uma rápida parada para cumprimentar o pessoal do Tuiuiu Clube, que são nossos anunciantes. Tomamos uma água gelada e continuamos a viagem. A paisagem agora mudou bastante, pois os barrancos altos do rio deram lugar à mata ciliar característica de pantanal e o rio estava bastante cheio. Nesse trecho, merece registro uma corredeira de pedras, pouco antes de Barão, que com nível mais baixo do rio, deve ser perigosa de atravessar, porém deve ser também um excelente pesqueiro. Nossa preocupação maior foi achar um local alto e seco para o primeiro acampamento. Só viemos a achar tal local depois de duas horas e cerca de 80 quilômetros de Barão de Melgaço, rio abaixo. Aqui um aviso: saindo de Melgaço, há uma bifurcação do rio, que chega a confundir. O certo é pela esquerda.



Encostamos na margem e batizamos o acampamento de “Porto das Mangueiras” pois existem quatro delas enormes e à sua sombra começamos a montar a barraca da cozinha. O Florêncio ligou o fogão enquanto eu, o Zimbo e o Ademir montamos as barracas individuais e descarregamos os barcos. Às 18:00h o jantar estava pronto: arroz, salada completa e bisteca frita. O calor estava muito forte e estávamos molhados de suor. Um banho rápido de rio, comer e cama. Às 21:00h todos estávamos dormindo. Rodamos até aqui, cerca de 300 quilômetros. Eram 04:30h da manhã e da cozinha vinha um cheiro forte e gostoso de café, o que ajudou todos nós a levantar mais depressa. Um gole de café e começamos a montar as tralhas de pesca. Às 05:30h o sol começou a aparecer e aí sim, o Zimbo nos chamou para o café de verdade e completo. Na mesa, pão, bolacha, café, leite, manteiga, geléia de uva e queijo. Depois do banquete eu e o Ademir fomos a um corixo três quilômetros rio acima, onde tínhamos visto que saía dele uma água muito limpa. 



A bem da verdade, para baixo de Melgaço a água do Cuiabá limpou bastante, mas ainda estava turva. Mais tarde soubemos que não se tratava de um corixo, mas sim de um rio cujo nome é Sapé. Começamos pescando com iscas artificiais e não demorou muito tínhamos fisgado 8 ou 9 dourados de bom tamanho. Sacrificamos dois para a despensa e soltamos o resto. Voltamos para o acampamento às 1030 h e resolvemos que à tarde iríamos tentar os pacus. No acampamento, o Florêncio deu o sinal que o almoço estava pronto e o menu era arroz, mandioca cozida, molho a vinagrete e churrasco. Após o almoço, e isso aconteceu todos os dias, era a hora de escrever o diário da viagem. Eram 13:30h e o calor era muito forte. Enquanto eu escrevia, o Zimbo e o Ademir preparavam as varas do pacu. Na cozinha, o Florêncio começou a preparar as iscas de bolotas. Receita pantaneira: farinha de trigo e de mandioca e pó de café usado. Mistura-se tudo e adiciona-se um pouco de água para dar liga. Faz-se as bolotas e joga-se algumas delas em uma panela de água fervendo. As bolotas vão ao fundo e quando começam a subir é sinal de que estão cozidas. 




Tira-se da água e após mais uma passagem pela farinha de trigo estão prontas para uso. Saímos às 16:00h e voltamos ao Sapé. Pescando de batida, entramos em um pequeno corixo e com a água no campo, escutávamos as batidas dos peixes. De repente, o corixo ficou trancado com os camalotes e não conseguimos chegar onde os pacus estavam. Apesar das insistentes batidas das iscas na água, os pacus resolveram não sair do campo. Como nós não conseguimos entrar... não fisgamos nenhum. Em compensação, havia um cardumes de curimbatás saindo do campo e era enorme. Milhares de peixes passavam por baixo do barco e chegamos a tocar alguns com as mãos. Ficamos parados e quietos observando a passagem do cardume. Quando os curimbatás começaram a chegar ao rio, outro cardume estava esperando. Eram dourados. Só vendo para julgar esse espetáculo da natureza. Os dourados atacavam os curimbatás que davam saltos enormes tentando escapar. Esse ataque começou às 16:00h e até às 18:30h quando fomos embora o ataque continuava. Resolvemos ir para o “lado” dos curimbatás e munidos de iscas artificiais começamos a dar lances no meio da “farra”. Fisgamos mais de dez peixes de bom tamanho.





Soltamos todos após a tradicional fotografia. A noite vinha rápida e deixamos que a natureza se processasse em paz, resolvendo ela os problemas entre curimbatás e dourados. No acampamento a janta estava pronta e o Florêncio mostrava que realmente entendia de cozinha, pois a macarronada estava excelente. Um bom banho de rio e cama, já que resolvemos viajar cedo. Dormimos às 20:30h.

                                   QUINTA-FEIRA DIA 30 DE ABRIL

A “alvorada” foi às 04:30h. Antes de dormir, tínhamos deixado mais ou menos tudo “no jeito” e depois de desmontar as barracas embarcamos toda a carga. Café simples e às 06:30h estávamos navegando rio abaixo, onde nosso destino era Porto Jofre. Nesse trecho passamos por diversos corixos e uma grande baía, que segundo o pessoal da região é muito boa para a pesca de pacus, pintados e piavuçus. O rio Cuiabá neste trecho estreita bastante. A paisagem é bonita e ainda há muitas casas de ribeirinhos. Esse é um bom apoio em caso de emergência. Os corixos e baías estão com as águas muito limpas, e fazem com que o rio Cuiabá melhore muito a cor de suas águas.





Chegamos ao Porto Cercado por volta das 10:00h. É um pequeno lugarejo com algum apoio. Fotografamos o porto e continuamos a viagem. Mais corixos e baías, além de alguns rios menores e a água do Cuiabá estar quase que totalmente limpa e sua largura é bem maior. Novamente paramos o barco para um lanche na sombra e calculamos que a temperatura era de mais de 38 graus. Esse lanche aconteceu perto de uma fazenda de nome Santa Rosa. É um lugar muito bonito. Continuamos a viagem e vez por outra já se encontra alguns pescadores amadores. Mais duas horas de viagem e chegamos à foz do rio Piqueri e finalmente logo após estávamos em Porto Jofre. Eram 13.30h. Reabastecemos de gasolina e desde Cuiabá até Porto Jofre gastamos nos dois barcos 265 litros de gasolina. O reabastecimento foi no posto do Jamil, e seu filho já sabia que estávamos nessa aventura. No rio, as noticias correm rápido. A esta altura do rio o Cuiabá perde sua identidade e passa a ser São Lourenço. No trajeto após Porto Jofre, passamos o rio Negro e o corixo Santo Amaro. Navegamos cerca de uma hora e achamos um bom local para acampar. Batizamos o local de “Porto Mandaguari”, em homenagem a um tipo de abelha conhecida por esse nome.



No acampamento há um cambará enorme e, em seu tronco, há uma colmeia dessa abelha. A montagem do acampamento demorou mais de uma hora. Não sabíamos ainda, mas o rio Negro viria a ser o local mais bonito de toda a aventura.  Faltava ainda perto de duas horas para escurecer e o Ademir e eu fomos dar uma voltinha no Rio Negro. As bolinhas de isca ainda estavam perfeitas e aliás duraram toda a viagem, e munidos de varas de bambu fomos tentar os pacus. Até o escurecer fisgamos mais de dez pacus grandes e sacrificamos os dois menores para nossa alimentação. Voltamos ao acampamento já à noite e, além do calor, os mosquitos estavam terríveis. O jeito foi usar roupas grossas e Autam.  Uma observação interessante é que com o vento o ataque dos insetos é muito menor, mas é só a noite chegar que o vento pára por completo e então o calor aumenta muito e os pernilongos também. Há até um ditado pantaneiro que diz que o mosquito só ataca na boca da noite e nos acrescentaríamos: “na boca da noite...inteira”. Levantamos às 05:00h, já que acordados estávamos desde às 04:30h, pois um bando de arancuãs (espécie de jacu) resolveu acordar bem em cima das árvores do nosso acampamento.





Eram mais ou menos uns doze e não devem ter acordado só a nós, mas todo o Pantanal, tal era a gritaria (canto?) que faziam. Após o café, voltamos ao rio Negro, agora acompanhados também do Zimbo. No rio, que está vazando, os barrancos estão começando a aparecer. Há muita vida selvagem e entre eles vimos capivaras, jacarés, jacutingas, mutuns, tucanos, papagaios, araras, arancuãs e mais uma infinidade de passarinhos. A água está muito limpa e mais uma vez optamos pela pesca do pacu e este não demorou a fisgar. Pegamos vários peixes, alguns bem grandes, e soltamos todos. Pescamos até às 11:00h e voltamos para o almoço. O calor estava muito forte e um banho antes de comer é uma necessidade. Após o almoço, limpando as panelas, o Florêncio jogou os restos de comida do rio. De repente começaram a aparecer centenas de lambaris e piquiras. Montamos as varinhas finas e começamos a nos divertir. Vez por outra, em meio a lambaris e sauás, vinham as piabas e por várias vezes a linha 0,35mm não aguentava. Tal era o tamanho delas. Usamos como isca pedaços de queijo. Esse tipo de pesca é muito divertido, pois é só por a isca na água e ferrar o peixe.




A única coisa chata são as mutucas, que começaram a aparecer e ferram doído como o que. Nessa parte estávamos bem acompanhados: de dia são as mutucas e de noite os pernilongos. Parece que os bandidos se comunicam entre si quando é hora de um parar para o outro começar. O calor continua forte e ao longe para o norte, dá para avistar umas nuvens grandes. Com bastante iscas de lambaris, sauás e piabas, seguimos a sugestão do Ademir e fomos tentar alguns pintados no corixo Santo Amaro, que fica a uns 8 km do acampamento. Fomos para lá e o Ademir começou pescando apoitado na entrada do corixo enquanto o Zimbo e eu ficamos jogando conversa fora. As nuvens chegavam mais perto. Apoitado não puxou nada e o jeito foi pescar de rodada corixo adentro. Nada de pintado, só piranha. Resolvemos mudar de lugar e eu sai corricando. Peguei um dourado grande, que após fotografado ganhou a liberdade das águas. Voltamos ao rio e apoitamos o barco em uma moita de camalotes. O sol havia sumido por detrás das nuvens, que agora adquiriram a cor cinza escuro e estavam sobre nós. Achamos que era hora de voltar e não deu tempo, pois faltando uns três quilômetros para o acampamento, a chuva caiu forte. Chegamos todos ensopados.




O Florêncio havia coberto nossas tralhas com uma lona. O jeito era aguentar a chuva no lombo, já que por preguiça, não havíamos montado a barraca grande da cozinha. Num canto, Zimbo, com os braços arqueados para baixo, parecia um biguá-tinga secando as asas. No meio da chuva houve a sugestão de montar a barraca grande. Por certo, batemos o recorde de montar rapidamente uma barraca e foi só acabar de montá-la, que a chuva parou e a bem da verdade, não choveu mais até o final da aventura. O jeito foi tirar a roupa molhada e improvisar um varal. Olhando as roupas comecei a rir, pois veio à minha cabeça o seguinte verso: “Nossas roupas comuns dependuradas (e molhadas), na corda qual bandeiras agitadas, pareciam um estranho festival”. Só que o nosso chão não era de estrelas, pois com a água da chuva ficou lama pura e o jeito foi cavar estrias para que a água escorresse. A noite estava escura como breu. Fomos dormir às 21:00h e pela primeira vez tivemos que usar cobertas, pois esfriou um pouco.




                         SÁBADO DIA 02 DE MAIO

Todo mundo perdeu a hora. Acordamos às 05:30h e pela primeira vez o café estava pronto. Talvez por causa do frio a cama estivesse mais gostosa. O dia amanheceu feio e sem sol.
 Ficamos jogando conversa fora até umas 08:30h. De repente a frase: “Viemos aqui para pescar ou conversar?”. Barco na água e voltamos ao rio Negro. Um verdadeiro festival de vida selvagem nos esperava e estava bem à vista. Jacarés enormes, bandos de mutuns e vários tipos de pássaros. Uma capivara grande nos chamou a atenção, pois apesar de estarmos bem próximos, ela não fugia. Cheguei a descer do barco e fotografá-la a menos de três metros. Pensamos que estivesse doente, mas foi só fazer um movimento mais brusco que ela mergulhou e sumiu nas águas do Negro. Logo depois aconteceu a mesma coisa com um jacaré enorme. Esse fotografamos e ele continuou em sua posição no barranco do rio. Na margem achamos um pé de uma fruta amarela, parecendo com um araçá.  A experiência nos dizia o seguinte: “Fruta madura na beira do rio, caindo na água deve estar sendo comida pelos pacus”. Colhemos algumas e começamos a pescar de batida. Foi um sucesso total, pois além de pacus pegamos algumas piraputangas. Com exceção de duas, que levamos para fritar e comer de aperitivo, soltamos todo o resto dos peixes. Voltamos para o acampamento às 12:30h e após o almoço ficamos novamente fisgando saúas e piabas. 




“Êta vidinha dura”. A tarde voltamos ao rio Negro e além de pacus, dourados e piraputangas, a novidade foi um bando de bugios (macacos). O engraçado foi que no bando, um macaco grande, talvez o chefe, ficou pulando de um galho para outro e fazendo barulho para chamar nossa atenção. Enquanto isso, os outros bugios ficam quietos e vão se esgueirando por detrás dos galhos mais grossos e se afastando de nós. Voltamos ao acampamento às 18:00h e já começamos a arrumar as coisas, pois no dia seguinte iríamos viajar mais um trecho.

                                 DOMINGO DIA 03 DE MAIO

Acordamos às 05:00h e após o café desmontamos as barracas e arrumamos tudo nos barcos. Ligamos os Suzukis e às 07:00h deixamos o porto das mansas mandaguaris. Ao longe, avistamos a foz do rio Negro ficando perdida no horizonte. Foi um dos lugares mais bonitos que conhecemos no Pantanal Norte. Descemos o São Lourenço cerca de duas horas, para finalmente alcançarmos o rio Paraguai. Durante o trajeto, encontramos a Cabexy com vários pescadores a bordo. Paramos na lancha, tomamos um café, comemos pastel e seguimos viagem. Às 12:30h chegamos ao local do terceiro e ultimo acampamento da viagem. Escolhemos um local simples, perto de uma fazenda e com capim rasteiro. 




Este local é conhecido por Ilha Verde. No caminho até este acampamento, a paisagem já é nossa velha conhecida, bem como os rios Velho, Felipe, Paraguai-Mirim, entre outros. Este local fica na beira de um corixo e a água do rio entra com força nele. Ao contrário do primeiro e segundo acampamentos, onde o nível da água do rio está abaixando, aqui no Paraguai o rio está subindo. Novamente montamos o acampamento e desta vez a cozinha foi a primeira a ser levantada. Em seguida montamos as barracas individuais. A noite veio rápida e é incrível o número de estrelas que se pode observar a olho nu. Ao longe já se avista o clarão de Corumbá. Após o jantar, o Zimbo e o Ademir foram “fachear” traíras para isca, ainda na promessa de pescar pintados. Pegaram, cerca de 20 traíras médias e cada uma dá três iscas. O Ademir jogou uma linhada na entrada do corixo, mas após a quarta piranha consecutiva, desistiu. Como estávamos todos cansados da viagem, o jeito foi um bom banho e cama cedo. Dentro da barraca, o único ruído que se ouvia era de uma musica sertaneja, que vinha do radinho de pilha do Ademir. Adormecemos sem sentir. Como é boa essa sensação de liberdade total. Nossa alvorada aconteceu às 05:00h. Mais uma vez, o Florêncio perdeu a hora. Deve ser o cansaço que se apodera de todos nós. Quando o café ficou pronto, estávamos todos já de pé.








O rio Paraguai subiu mais ou menos uns 20 centímetros no nível da água. Corricamos dourados em frente ao acampamento e não fisgamos nenhum. Os pintados também não estavam presentes, a não ser piranhas, que comeram todas as iscas. Às 11:00h já estávamos de volta ao acampamento. Da fazenda perto, conseguimos alguns ovos caipiras que vieram reforçar o almoço. É incrível como estavam saborosos, já que quando se está no sertão, damos valor às coisas mais comuns. Após o almoço, o jeito é ficar à sombra, pois o calor é muito forte e a temperatura deve estar por volta de 35 graus. Merece registro que nesse dia, quem fez o almoço foi o Zimbo, e diga-se de passagem estava muito bom. E não foi só isso, pois após o almoço , saiu uma faxina geral, lavando toda a louça, fogão, panelas, pratos e talheres. Lavou a mesa e botou tudo no sol para secar. Ficamos no “bem bom” até às três horas da tarde e aí saímos em dois barcos, sendo que o Zimbo e o Ademir foram tentar os pintados, que já virou gozação, pois não fisgou-se nenhum. Por minha vez, saí sozinho e comecei a navegar Paraguai abaixo. Levei apenas as iscas artificiais, e mais ou menos três quilômetros abaixo encontro um corixo, que mais tarde fiquei sabendo chamar-se Murciana. A água nesse corixo descia com bastante velocidade, formando pequenas corredeiras.







Pus a isca na água e dando lances e corricando, peguei certamente mais de vinte e cinco dourados, todos de bom tamanho, variando entre cinco e nove quilos. Pensando na capa da Aruanã embarquei três para fotografar e também para dar os peixes a uma família próxima que havia nos pedido. Tirei várias fotos e como já estava com o braço cansado, fui procurar o Zimbo. Achei-o pescando em outro corixo e só tinham ferrado um palmito. Voltamos ao acampamento, deixamos o outro barco e voltamos ao Murciana. Passei o material para o Zimbo e ele fisgou mais cinco dourados grandes. Só quem é pescador, sabe o espetáculo de se fisgar um dourado, quando ele pula refletindo o sol no fim da tarde em suas escamas douradas. Pescamos até a chegada da noite. O jantar dessa noite, foi um dourado no espeto e na brasa. Após o jantar, deixamos tudo no jeito, já que na manhã seguinte vamos viajar. Está é a nossa última noite na Ilha Verde e na aventura. Banho de rio e cama.

                                  TERÇA-FEIRA DIA 06 DE MAIO

Acordamos às 05:00h e após o café simples, começamos a arrumar os barcos. Às 07:45h demos partidas nos motores e começamos a navegar em direção a Corumbá, onde chegamos às 10:45h. 




Mais uma vez terminávamos uma aventura, tendo sempre em mente que isto é o resultado de um trabalho sério, visando principalmente o pescador amador, que agora já tem tudo detalhado para fazer também uma aventura como a nossa. Graças a Deus, tudo em paz.
                                       COMETÁRIOS FINAIS

Quase tudo foi alegria nessa aventura e mais uma vez, infelizmente, a nota triste ficou por conta da depredação que os profissionais estão fazendo no Pantanal. Em todo o caminho e principalmente entre Barão de Melgaço e Porto Jofre, vimos essa verdadeira ameaça trabalhando. Em acampamento improvisados na beira do rio, contamos às dezenas as “famosas” caixas térmicas, empilhadas e abarrotadas de peixes esperando o barcos dos frigoríficos retirá-las. Abaixo de Barão, em plena luz do dia, vimos uma canoa recolhendo uma rede, que ia de uma margem à outra do rio. 


Por certo, enquanto existir um órgão chamado Ibama cuidando da pesca no Brasil, tal prática vai continuar acontecendo, ou pelo menos até que os profissionais consigam acabar com o peixe. Por outro lado vamos falar da excelência dos motores Suzuki, que nos serviram durante a viagem. Chegamos a ficar impressionados com a qualidade do equipamento, que em nenhuma ocasião, apesar de termos navegado com certeza, mais de 1.400 quilômetros no total, deixou a desejar. Os barcos Marfim da Levefort são nossos velhos conhecidos, pois esta é a terceira aventura que fazemos com esse equipamento. E mais uma vez se mostraram excelentes, pela capacidade de carga que transportam, pois calculamos cerca de 700 quilos em cada um, e pelo excelente desempenho na navegação. São muito bons mesmo. E finalmente, o nosso material de pesca foi todo da Daiwa, sendo composto por molinetes BG 60 e as carretilhas Millionaire 500 M. As varas usadas foram de grafite, tubulares, também da marca Daiwa e do tipo “Eliminator”. Nossas iscas artificiais foram da Rapala e da Long A – Bomber. Somando nosso gasto de combustível, resultou em 540 litros, gastos nas viagens e nas pescarias, para os dois barcos, demonstrando mais uma vez que a dobradinha Levefort e Suzuki é o equipamento ideal para esse tipo de viagem. De nossa saída de São Paulo até nosso retorno, foram dez dias de satisfação e alegria. E a partir de hoje, podemos dizer que conhecemos mais um pouco do Pantanal, pois fechamos de norte a sul, dentro do território brasileiro, todo esse verdadeiro pedaço de paraíso, e que agora esta devidamente registrado e à disposição dos leitores da Revista Aruanã. Graças a Deus, missão cumprida.