sábado, 12 de novembro de 2016

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - GUAIÁ





       GUAIÁ




Muitas são as iscas naturais para se pescar nos costões de mar. O caranguejo que mostramos nesta postagem, pode ser considerado como uma das melhores, principalmente se estivermos tentando fisgar algum peixe “das pedras”, em seu habitat rotineiro.



Foto Aruanã

O guaiá ou guajá, não é muito bem descrito pelos nossos cientistas. O mais perto que achamos para designa-lo seria o Eriphia ganagra, da família Concrídeos. Em nossa vivência nas pescarias de costões, sabemos que eles têm como morada as tocas nas pedras e as dividem com outros peixes, como os amborés. Para pegar um guaiá (preferimos trata-lo assim), o pescador deve usar uma pequena vara onde irá colocar um pedaço de peixe. Com uma outra pequena vara, deve-se usar um fio de aço, no formato de laço, deixando-o com uma pequena abertura, para laçar o braço do guaiá. Explico. Colocamos o pedaço do peixe no vão entre as pedras. Havendo algum desses caranguejos por perto, sua vinda até a isca é imediata. Já que o contato é visual, colocamos o laço na frente do pedaço de peixe. Assim que o guaiá usar sua garra para pegar o peixe, laçamos a mesma e assim conseguimos, com calma, traze-lo às nossas mãos. É uma das melhores iscas para o costão, inteiro ou em pedaços para peixes como a garoupa, badejo, mero, miraguaia, caranha e mais uma infinidade de espécies de peixes que habitam o costão. Normalmente usar um varejão de bambu, vai evitar que algumas espécies, como a garoupa, que tem a defesa de ir para a toca e de lá não sair tão fácil, use desse artifício, no entanto haja braço para segurar o peixe fisgado nesse tipo de equipamento.

Desenho R.Von Ihering
Sob o nome caranguejo na acepção ampla, designa todos os crustáceos Decápodes brachyuros, isto é, crustáceos com 5 pares de pernas e abdome completamente dobrado por baixo do cefalotórax, que é a parte central do corpo revestida em cima por uma carapuça redonda, oval ou quadrada. São pela maior parte marinhos; poucos gêneros vivem também na água doce. Poderíamos parar por aqui e encerrar esse capítulo. Porém lemos uma discrição de Von Ihering, deliciosa pela sua simplicidade, lirismo e bom humor. Diz ele: (sic) “Os caranguejos alimentam-se em parte de caça, e bastante ágeis e astuciosos são eles para poderem pegar muita caça viva; mas predileção maior tem pelas carniças e por toda a sorte de detritos, pelo que podem ser considerados como sendo pequenos ‘urubus’ do mar. Segundo nos informa o Dr. A. Neiva, no recôncavo baiano o povo vai fachear os caranguejos quando estes andam ao atá. O modismo brasileiro, ou propriamente nortista andar ao atá, foi extensa e meticulosamente estudado por João Ribeiro (A língua Nacional, 1921, pág. 163). A expressão corresponde mais ou menos às formas portuguesas: andar à toa ou às tontas”.
E mais: (sic) Caranguejo não é peixe – Caranguejo peixe é; Se caranguejo não fosse peixe – Não nadava na maré!

NR: Em tupi-guarani Atá significa, aliás, simplesmente andar, caminhar. São denominações genéricas do caranguejo o guaiamu, guaiá, santola, espinaré, siri, etc.

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