sexta-feira, 30 de junho de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - CARAMUJO











O Prof. Dr. José Luiz Moreira Leme, que forneceu à Aruanã as informações para a elaboração deste artigo é naturalista, especialista em Zoologia e doutor em Ciências Biológicas. Atualmente leciona nos cursos de pós-graduação da Universidade de São Paulo, além de ser diretor do Museu de Zoologia da mesma universidade.



Podemos identificar através de dois diapositivos esta espécie que se constitui num dos mais interessantes moluscos da água doce. Bastante comum em todo o território brasileiro, este molusco é conhecido pelas seguintes denominações científicas genéricas: Ampullaria ou Pomacea. Popularmente, é identificado em muitas regiões como “aruá”. Trata-se de um gastrópode com ancestrais marinhos que posteriormente acabou por adaptar-se à água doce e ao meio aéreo, passando a respirar graças à presença simultânea de brânquias (que são os órgãos respiratórios característicos de animais aquáticos) e de um volumoso saco aéreo, que desempenha em seu organismo as funções de um pulmão. Dadas essas características, chegamos à conclusão de que sua vida é anfíbia. As espécies de Ampullaria alimentam-se preferencialmente de vegetação aquática, embora em cativeiro aceitem com facilidade alface, couve, berinjela e cenoura, além de outros tipos de verduras e vegetais. Quanto ao seu habitat, podemos dizer que esses caramujos são comumente encontrados em lagoas, represas, valas de irrigação e outros pequenos cursos d’água, porém, sempre em locais de pequena ou nenhuma correnteza. Como a grande maioria dos integrantes de seu grupo faunístico, o dos Prosobranchia, apresenta sexos separados, sendo que o processo de fecundação ocorre internamente e a postura dos ovos é feita acima do nível da água. Seus ovos apresentam-se em forma de cachos, e a casca tende para colorações que vão do cor-de-rosa ao ligeiramente azulado, dependendo da espécie. Como curiosidade a respeito dessas espécies, observamos que resistem e sobrevivem a longos períodos de seca, com a retração do animal para o interior da própria concha, cuja abertura é hermeticamente fechada por uma lâmina que recebe o nome de opérculo. Com o suprimento de ar armazenado previamente no saco aéreo e com a alimentação obtida durante o período de atividade, pode “dormir” tranquilamente durante toda a estação da seca.





Matéria publicada na Rev. Aruanã ed.45 06/1995







segunda-feira, 26 de junho de 2017

COLEÇÃO ARUANÃ VÍDEOS





                Coleção Aruanã vídeos





Em nossos vídeos, costumávamos falar uma frase, que resume toda a simplicidade de cada um deles, feitos especialmente para quem os vê. Eu digo: O importante não é você olhar como nós pescamos bem, mas sim como você pode pescar bem.



                                           Relação dos vídeos:

01 - O ROBALO – 45 minutos de duração. Todas as dicas de materiais e iscas e, a maneira correta de usa-las. Como identificar os melhores pesqueiros. Filmado em rios do litoral de São Paulo, Cananéia e outros rios no estado da Bahia.
02 - O BLACK BASS - 40 minutos de duração. Trabalho individual das iscas plugs e minhocas artificiais. Identificação dos pesqueiros. Explicação detalhada de arremessos de precisão. Filmado na Represa do Alecrim em São Paulo.
03 -CORRICO NO MAR – 50 minutos de duração. Trabalho de corrico com iscas artificiais na chamada água azul.  A velocidade correta da embarcação e outros detalhes. Grandes peixes fisgados no mar da Bahia. Filmado no través da Ilha de Comandatuba.
04 –ISCAS ARTIFICIAIS – 80 minutos de duração. Mostramos o trabalho de todos os tipos de iscas artificiais. Arremessos de precisão com carretilhas e molinetes e como regula-los. Identificação de pesqueiros. A verdade sobre o peixe ver ou não em cores. Ao vivo e sem cortes. Filmado na represa de Três Irmãos em Pereira Barreto (SP) rio Tiête.

05 –PESCA DE PRAIA – 80 minutos de duração. Todas as dicas de pesca em praias, rasas e de tombos, explicadas por dois campões na modalidade. Materiais corretos como varas, molinetes, linhas, anzóis, chumbadas, arranques e pernadas mostrados em detalhes. Principais iscas da praia. Como isca-las e onde obter na própria praia. Distâncias dos arremessos mostrando os canais da praia. Filmado em Ilha Comprida e Caraguatatuba (SP). 




06 –PESCA DE COSTÃO – 60 minutos de duração. Usamos praticamente os mesmos materiais da pesca de praia, com ligeiras modificações, sendo a principal o formato dos chumbos. Distâncias certas de arremessos. Como obter iscas naturais no próprio local da pescaria. Cevar o local da pescaria e com qual material. Filmado na Fortaleza de Itaipu – São Vicente (SP).

07 – O TUCUNARÉ – 120 minutos de duração. A pesca do tucunaré analisadas de forma simples e objetiva. Iscas artificiais na superfície com filmagens em câmera lenta do ataque dos peixes. Arremessos de precisão e identificação de pesqueiros. Qual a maneira correta de chegar ao local do pesqueiro sem que isso atrapalhe a pescaria. Uso de motor elétrico. Melhores horários e épocas. Filmado na Represa de Ilha Solteira, na junção dos rios Grande e Paranaíba, formando o início do rio Paraná (SP).

08 – A ANCHOVA – 70 minutos de duração. Todos os detalhes da pesca desse esportivo peixe. Lances precisos nos locais certos junto às pedras. Os melhores tipos de iscas artificiais e equipamentos de pesca. Iscas de meia água e superfície. A briga com grandes anchovas com material leve. Filmado na Ilha de Alcatrazes em Ilha bela (SP).

09 – O PACU – 60 minutos de duração. O primeiro vídeo da Aruanã no Pantanal. Pesca na batida com iscas naturais e receita de massa de farinha. Material com vara de bambu e como empunha-la. Lançamento (na época) de uma vara telescópica que resiste ao pacu. Como iscar as iscas de coquinhos. A maneira certa de bater a isca junto à margem com a força correta para atrair o pacu. Anzóis e linhas. Pesca apoitada com isca de caranguejo. Filmado no Pantanal, Baía Uberaba - Rio Paraguai (MT).

10 – O DOURADO – 60 minutos de duração. O segundo vídeo da Aruanã no Pantanal. Pesca com iscas naturais e artificiais, com detalhes no sistema de corrico e lances. Mostramos quais são os principais locais onde o dourado está. Surpresas com a fisgada de outras espécies. Trilha sonora com Almir Sater. Filmado no rio Paraguai em Porto Murtinho (MS)

11 – O PIRARUCU– 60 minutos de duração. Uma pescaria que era até então um segredo, já que se afirmava que a pesca do pirarucu só poderia ser feita com redes ou arpões. A Aruanã mostra, neste vídeo que não. As principais iscas naturais. Onde lançar no lugar certo e, na hora certa. Varas, carretilhas, linhas e anzóis são as dicas desta pescaria de um gigante do rio. Trilha sonora com Sérgio Reis. Filmado em lagos do rio Cristalino e Araguaia nas divisas de Goiás e Mato Grosso.


                                                                 


                                    PREÇO DA COLEÇÃO COMPLETA – 11 VÍDEOS 

R$180,00 (cento e oitenta reais) mais despesa envio dos Correios. O envio é feito por SEDEX para todo o Brasil, (mais em conta do que "encomenda simples") a pagar, com o valor de cada estado. Retirar na agência de Correios mais próxima a residência do pescador, após aviso dos Correios. Assim que efetuar o pedido da aquisição segue recibo para acompanhamento da entrega e prazo.
BRINDE: Grátis um livro a escolha do comprador. Vida de Pescador (foto) – Autobiografia de Antonio Lopes da Silva.
Sangue Ruim (foto) – Romance/ficção de um caboclo pantaneiro. Matador de peixes e de homens.
COMO ADQUIRIR: mandar email para toninho.jorn@gmail.com  com nome do comprador, endereço completo com CEP, bairro, cidade e estado e email para contato..

Ao receber o pedido, enviaremos conta para depósito e um código de segurança para identificação do comprador. OBRIGADO A TODOS. 

sábado, 24 de junho de 2017

FOLCLORE - O QUE DIZEM AS AVES









A imaginação humana é muito fértil, e acaba atribuindo significados linguísticos aos sons emitidos pelos pássaros. Vamos ver o que algumas aves dizem neste lindo conto de Eurico Santos, extraído do livro “Histórias, lendas e folclore de nossos bichos”.







Nós outros, os homens, muito antropomorficamente, é claro, interpretamos as vozes dos animais. As aves, como palradoras, já forneceram vasto material para estas interpretações, dando motivo a lendas e histórias que o folclore registra. Muito curioso é assinalar que a interpretação do que dizem as aves varia, por vezes, de ouvido para ouvido, de povo para povo, de língua para língua, falando a mesma ave o nheengatu, o guarani, o espanhol, o português e até o inglês. O nosso conhecido bem-te-vi deve seu nome àquela palavra que ele diz com estridência e clareza. Clareza aos nossos ouvidos, pois os tupis ouviam-no dizer, com nitidez. “nenei”, e os guaranis, “pitaguá”. Os argentinos afirmam que ele profere “bichofeo”, e não precisa ir tão longe, pois os fluminenses escutam ele dizer “tempo quer vir”. Mas isso ainda é nada diante das interpretações que sofre o clamor escandido do bem-te-vi que vive na Guiana, segundo as observações de W. Beebe. Os caraíbas, ainda viventes, conhecem a ave pelo nome que ela pronuncia “hidjidji”, e os espanhóis, lá existentes, aceitando as sugestões dos padres jesuítas, escuta a ave dizer “Chistus fui”, os holandeses ouvem “griet-je-bie”, os franceses “qu’est-ce qu’il dit?” e os negros por lá existentes “Kiss, Kiss de deh” corrução de “Kis me, dear” (“Beija-me querida”).


Bem-te-vi – Pitangus sulphuratus 

Muito curiosas são as conversas dos chupins quando se reúnem em bando, em uma festança musicada. Neste bailarico, acompanhado de cantoria, o povo ouve um dizer para os outros: “Primo com primo pode casá”; e o mais informado, rápido, responder: “Pode casá, não faz má”; e logo o bando inteiro cai no estribilho: “Então casa, casa, casa já”. Um passarinho cantador, da Nova Inglaterra, que do setentrião do Continente vem ao Brasil, onde é conhecido pelo nome triste – pia, entre nós não diz nada que se aproveite, mas lá na sua terra fala corretamente o inglês. Tanto assim é que a criançada da Nova Inglaterra ouve o lá chamado “bobolink”, murmurar: “Bob-o-link, Tom Denny, Tom Denny. Come pay me the tem ad six pence you’ve owed more than a year and half ago! tse, tse”, que podemos traduzir: “Bobolink, Bobolink, Tom Denny. Pague-me os dezesseis centavos que me deve faz mais de ano e meio. Tse, tse”. Aí fica o que dizem, candidamente, algumas aves, mas como nem todas têm boa educação fiquemos por aqui. 
  

sexta-feira, 23 de junho de 2017

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL







A chamada da publicação


Dificilmente algum molinete, seja nacional ou importado, irá vender o que a Paoli vendeu em todo o Brasil.



Octávio Paoli

Pioneiros na fabricação de molinetes, os Paoli têm uma história a contar. O comando da indústria está a cargo de Octávio Paoli, mais conhecido como Octavinho. Mas assim não era por volta de 1955. Naquela época, o “velho” Rodolfo Paoli, que desde 1947 já fazia giradores, fundava precisamente no dia 2 de março de 1955, a Paoli, Paoli e Cia. Ltda. Fabricando diversos complementos para a pesca, a então pequena empresa prosperava lentamente. Em 1962, partindo de uma cópia exata do molinete Luxor, os Paoli lançavam no mercado o modelo Super. Hoje, a quantidade de modelos fabricados já tingiu 600 mil unidades. Bastante simples, mas muitos resistentes, os molinetes Paoli são conhecidos em todo o Brasil. Uma das razões do sucesso desse molinete, segundo Octavinho, é a reposição constante das peças. Aliás, nos consertos feitos pela fábrica, a mão de obra não é cobrada, tendo o pescador apenas o valor da peça como despesa. Um dos compromissos da Paoli é nunca deixar de consertar um molinete de sua fabricação, esteja ele no estado em que estiver. A seção de consertos é supervisionada diretamente por Octavinho e, segundo ele mesmo, “é incrível o estado em que alguns molinetes retornam às nossas mãos”. Pescador, Octavinho Paoli conta: “Meu local de pescaria, quando garoto, era nas várzeas da Lapa. Naquela época, havia muitas olarias naquela região.




A fachada da fábrica na Lapa em SP
Para extrair o barro, essas olarias iam fazendo enormes buracos, e quando o rio Tiête transbordava, esses buracos viravam lagoas. Era nessas lagoas que pescávamos traíras, lambaris, bagres, acarás e tabaranas. Hoje, pelo menos uma vez por ano para matar a saudade, pesco em Coxim e em Cáceres no rio Paraguai, e, fora disso, vou muito à região de Bertioga, à procura dos robalos”. “A indústria da pesca – continua Octavinho – é rentável, mas antes de tudo, é um ramo de atividade alegre, pois recebo muitas visitas de pescadores aqui na empresa, onde batemos longos papos. Fora isso, eu sinto muito orgulho quando viajo pelo Brasil e vejo um pescador com um molinete nosso nas mãos. Essa é a razão principal de continuarmos no mesmo ramo de atividades, pois das autoridades responsáveis, nunca recebemos, nesses 30 anos, qualquer incentivo. Talvez seja essa a razão de estarmos engatinhando nesse setor, além dos altos tributos que temos de pagar em impostos”. Sobre a pesca propriamente dita, Octavinho nos mostra orgulhoso, o pôster de uma arraia, com 150 kg de peso, pescada por ele e seus amigos na confluência do rio Paraguai com o Jauru, em 1974. Mas o peixe que lhe traz mais recordações é um jaú de 32 kg, pescado no Coxim, em 1982, usando um Paoli Malcon e linha 0.60mm. “A melhor de todas as brigas”, rememora ele. Desde a sua fundação, a Paoli vem conquistando seu lugar dentro do mercado de pesca brasileiro, e hoje está instalada em prédio próprio, à rua Ricardo Cavatton, 121, na mesma Lapa das pescarias do então garoto Octávio Paoli. 

                                    Publicidade da época com os três modelos fabricados e os giradores.

Em 2280m2, trabalham 85 funcionários. E 70% da produção é composta por materiais de pesca. Atualmente a indústria fabrica quatro tipo de molinetes: Super, Malcon, Malcon Rio e 2.000. Em desenvolvimento está um outro, com carretel externo, a ser lançado brevemente no mercado. Para concluir, Octavinho diz que “se tivéssemos maiores incentivos, menos depredação e leis mais atuantes, a pesca amadora brasileira seria uma das maiores do mundo, pois não faltam lugares e peixes para isso”.

NOTA DA REDAÇÃO: Hoje, passados quase 30 anos desta entrevista, lembranças se tornam presentes, com saudades. O molinete de carretel externo citado foi lançado com o nome de Imperador. Esse nome foi escolhido por sorteio entre os leitores da Revista Aruanã. O ganhador do nome, com o apoio na época da Ligue Pesca, foi presenteado com uma viagem ao Pantanal, de avião e com todas as despesas pagas. Octávio Paoli há muito está pescando em outros rios, onde seus desejos devem ter sido todos atendidos. A marca e a empresa Paoli & Paoli e Cia. continuam ativas, estando hoje sob a responsabilidade de seu filho Octávio Paoli Filho. Segundo uma conversa via Face, ele ainda atende algumas encomendas de molinetes e estuda a possibilidade de retornar a fabricação em série. Em nossa opinião, com certeza ainda hoje há espaço para os molinetes Paoli em nosso segmento.


Imperador: o ultimo lançamento
Publicado na Rev. Aruanã Ed.4 em 04/1988

sexta-feira, 16 de junho de 2017

DICA - ISCAS VIVAS NO PANTANAL








São muitos os pescadores que usam iscas naturais e vivas para a pesca no Pantanal. Quais são as melhores? Descubra.










Lambari

Não resta a menor dúvida de que, em se tratando de peixes predadores, as iscas vivas são muito eficientes, pois afinal de contas, é seu alimento natural. Assim sendo, em uma pescaria no Pantanal, várias iscas nos são apresentadas e vendidas por um bom preço. Mas qual isca realmente é a melhor? A essa pergunta, poderemos responde-la de várias formas, mas invariavelmente a resposta será sempre a seguinte: depende da época. Para se entender isso perfeitamente, vamos ter que raciocinar juntos e tal tarefa é fácil. Senão, vejamos. O peixe, seja de que espécie for, é um ser vivo e inteligente, que supre todas as suas necessidades dentro do meio que vive. Por exemplo: quando está frio, ele vai para uma camada do rio onde a temperatura lhe seja mais agradável. É a chamada termo-climal, e ali fica até tudo voltar ao normal. Ou então com a chegada de uma frente fria bastante forte, os peixes do Pantanal, sem exceção, ficam parados e sem se alimentar. 

Surubim cachara na tuvira

Seu organismo então usa as reservas de gorduras que tem e espera a frente passar, o que pode demorar poucos dias e, voltará a se alimentar normalmente. Pobre do pescador que, em sua pescaria anual dá de encontro com uma frente fria justamente na sua temporada pantaneira. Quanto às iscas, dependendo da época, o seu meio lhe supre, podendo então ser isca branca ou outro tipo de isca. E aí, você chega no Pantanal, compra 100 tuviras e sai para pescar. Peixe bom você não fisga, mas as suas tuviras acabam sendo devoradas pelas piranhas, para seu desespero e de seu bolso. O pior ainda é quando você vê os peixes nobres, demonstrando que ali estão à sua volta. Antes que você pense em macumba, podemos afirmar o seguinte: há um cardume de iscas no rio, e com certeza não será de tuviras. E a época? Com certeza, nessa sua pescaria o Pantanal está cheio e começando a vazar. 

Caranguejo

Mágica? É claro que não apenas experiência e, a explicação é bem simples. Quando o Pantanal está cheio e começando a vazar, os cardumes de iscas brancas, tais como lambaris, sardinhas, sauás e outros, começam a se movimentar para ir ao rio principal. Em sua movimentação, esses cardumes fazem barulho característico, e os predadores vêm em seu encalço para se alimentar. Ora, se o cardume é de lambaris, pergunto: o que é que você está fazendo com sua tuvira no anzol? Raciocine: não seria melhor se você estivesse usando um lambari como isca? Pois é óbvio, não é mesmo? Mas você pode dizer que sempre usou tuvira e sempre fez ótimas pescarias. Para isso também existe uma resposta. Não esqueça que a tuvira é uma isca viva e natural do próprio local, portanto, não é desconhecida dos peixes, sendo seu alimento "em determinadas épocas do ano".

Sardinha

Quando o Pantanal está com altura das águas de média para baixa, a tuvira é uma excelente isca, porque ela é a ultima a sair das lagoas marginais antes que sequem. O mesmo acontece com jejus, muçum e outros. O uso do minhocoçu já é um pouco diferente, pois com essa isca vamos pescar sempre de fundo, principalmente aqueles peixes chamados de “bagres”, tais como os jaús. Finalmente, o ultimo exemplo. Quem é que já não ouviu dizer que filé de curimbatá azedo (nojento e malcheiroso) não é uma boa isca para o pacu? Pois é, o pacu chega até a comer a tal isca, veja a dica, quando o Pantanal está bem baixo. Ao que nós retrucamos: é porque não tem nada melhor para comer, e aí o tal curimbatá azedo passa a ser alimento e não isca. Fica um desafio: em vez de filé de curimbatá azedo, use um bom e fresco caranguejo e veja se sua pescaria não é melhor. Só para finalizar: sabem porque o curimbatá azedo pegou fama? É que em determinada época do Pantanal, quando ele está bem baixo, os primeiros cardumes a se movimentarem são os de curimbatá. 
Sauá

Com pouca água, em, alguns rios, esses peixes se aglomeram e morrem às centenas, rodando azedos e boiando na correnteza. Alguns ribeirinhos viram que os peixes atacam esses curimbatás mortos e usaram alguns como isca. Daí... O problema é o seguinte: vá pescar na época certa e no lugar certo. Ou seja, em locais onde a água ainda está nos corixos e lagoas. Isso acontece primeiro no Pantanal norte, depois no Pantanal centro e depois no sul. Marque sua pescaria para o local certo e a hora certa, e confira se a isca que você está usando é a que o peixe está comendo naquele dia e naquele local. Como saber isso? Abra a barriga do primeiro peixe que fisgar e veja em suas entranhas qual é a presença de iscas. O que você descobrir é a isca que ele está comendo, natural e viva. Assim sendo, tuviras, muçuns, minhocoçus, sardinhas, lambaris, saúas, piabas, piaus, pacu-pevas, jejus, traíras e até pedaços de outros peixes terão a sua hora e local apropriados. Isto para não dizer que não falei de tucuns, laranjinhas, melancias-de-pacu, cajás, massa de mandioca e outros menos cotados, que apesar de não serem iscas vivas, são bastante naturais. Boa pescaria.



                                                              Revista Aruanã Ed:63 Publicada em 06/1998

domingo, 11 de junho de 2017

ESPECIAL: O NINHO DO BLOG ARUANÃ.




       O NINHO DO BLOG ARUANÃ





É neste pequeno espaço que a Aruanã se comunica com seus leitores em todo o mundo. Muito obrigado a todos. 

sábado, 10 de junho de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - OLHETE













Apesar de frequentemente confundido com o olho-de-boi, o olhete de modo algum atinge o mesmo tamanho daquele, embora as características de ambos sejam bastante similares





Pertencente à família Carangidae, o olhete recebe a designação científica de Seriola lalandi. O Olho-de-boi pertence à mesma família – daí a confusão entre ambos – e seu nome científico é Seriola diamereli. Entretanto, enquanto o olho-de-boi atinge tamanho aproximado de até 2 metros e chega a pesar 50 kg, o olhete tem porte menos avantajado, sendo que muito raramente atinge 1,7m de comprimento. Além disso, o olhete tem os olhos bem menores em referência do que o olho-de-boi, que recebeu seu nome em referência a essa característica. Espécie marinha que ocorre desde as Antilhas até o litoral sul do Brasil, o olhete apresenta corpo robusto e fusiforme, cuja carne é de excelente qualidade. Encontrada em todo o litoral brasileiro, esta espécie pode ser pescada em qualquer época do ano, especialmente durante o outono e inverno na região sudeste. O pesqueiro mais indicado é em alto mar junto a formação rochosas se houver. O equipamento adequado para a pesca do olhete é o de categoria média a pesada: vara com molinete ou carretilha proporcionais, linha bitola variando entre 0.45 a 0.80mm e anzóis 2/0 a 7/0. Quanto as iscas, as melhores naturais serão os pequenos peixes (sardinha, parati), lula, camarão. Artificiais: colheres, jigs e plugs de ação à meia- água ou de profundidade como as Rapala Magnum Floating e Magnum Sinking, tamanhos 9, 11,14 e 18. O olhete também é conhecido, principalmente no nordeste do Brasil, pelos nomes de “arabaiana” e “urubaiana”.

sexta-feira, 9 de junho de 2017

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL





A chamada padrão na época do personagem entrevistado




A principal intenção da Revista Aruanã ao criar este espaço era, na época, mostrar quem estava por detrás dos produtos que consumíamos. Começamos, ao acaso, com a Yanes. Esta é sua história



“Seu” Yanes em sua sala na fábrica

“Quando se chega a um país sem dinheiro, deve-se trabalhar. Consegue-se o sucesso pela confiança na própria obra que se realiza.” Foi este o principal pensamento para que Janes criasse em 1957 sua própria empresa, já que em 1962, fosse considerado o primeiro na fabricação de produtos para camping. Hoje, a Yanes é uma empresa com quatro unidades fabris e com 1.000 funcionários, o que lhe dá o título de líder dos produtos para camping e lazer no mercado, com uma avançada tecnologia em lampiões, fogareiros, maçaricos utilizados com cartuchos de gás descartáveis, barracas para camping, extintores contra incêndios, válvulas para cilindros de alta pressão e aparelhos e gás. Mas quem é James Hlebanja? No dia 24 de junho de 1928, em Kranjka Gora, na Iugoslávia, nascia o pequeno Janes. Seus pais eram camponeses das montanhas, de onde certamente lhe vem o gosto pela caça. Com 13 anos de idade, viu seu país ocupado pela Alemanha, e teve então que, pela guerra, abandonar seus estudos. A parti daí, Janes fez de tudo um pouco. E 1943, foi aprendiz de marceneiro. Em 1944, perseguido pelos alemães, fugiu com sua família e se integrou aos partizans de Tito. Logo em seguida foi mandado para a brigada, e mais tarde foi mensageiro do comando, ficando então em diversos anos nessa função. “Ser partizan é motivo de orgulho”, diz ele. Depois de algum tempo, foi enviado pelo Estado para ser aprendiz de mecânica em Praga, na Tchecoslováquia. Voltou à sua terra natal, terminando seu aprendizado na cidade de Zageb. 

Yanes com seu filho

Durante alguns anos, fez escola de mestre mecânico em máquinas operatrizes em Lubljana. Finalmente, em 1954 emigrou para o Brasil, onde trabalhou em diversas fábricas, formando então, em 1957, sua própria empresa. Sua grande paixão é a caça, e toda vez que pode, pratica-a na Iugoslávia. Lá, a temporada de caça abre todos os anos, já que diversas associações de caçadores fazem estudos para determinar as quantidades a serem abatidas. Essas associações são mantidas pelo valor pago em licenças pelos próprios caçadores amadores. A legislação de caça em seu país é bem severa, e aos indisciplinados, como ele próprio diz, “pode até dar cadeia”. Na caça de pelo, o espécime mais procurado é o veado. Na caça de pena, são os patos, perdizes, codornas e galos da serra as espécies mais caçadas. “Meu instinto de caçador” - diz ele – “é hereditário”. Na pesca costuma frequentar o Pantanal e o Araguaia, já tendo feito boas pescarias nesses locais. Portanto, em rápidas pinceladas, esta é a história de Janes Hlebanja, diretor da Yanes, que hoje exporta produtos brasileiros para os Estados Unidos, Canadá, África e toda a América Latina. Para se ter um idéia do potencial da Yanes, são fabricados em suas unidades, perto de 60 mil barracas e 2 milhões de fogões e lampiões por ano. Casado com Sandra, uma brasileira de Vitória (ES), tem dessa união três filhos: Janes, Alexander e Rosana, hoje universitários. Sua dedicação e trabalho no Brasil já lhe renderam prêmios como: O Lojista (três anos consecutivos) e Cidadão Paulistano, em 1986.


NOTA DA REDAÇÃO: Segundo informações, a Metal Yanes estaria com sua fábrica em Minas Gerais, fabricando barracas para camping. Não conseguimos contato.


Publicidade da Yanes na Rev.Aruanã na época


Revista Aruanã Ed.03 -publicada em Dez./1987

sexta-feira, 2 de junho de 2017

EQUIPAMENTO - USANDO O GIRADOR - CORRETAMENTE






















São muitos os itens que integram a tralha de um pescador amador. Porém, é desnecessário dizer que o girador, além de ser um item muito importante de nosso equipamento, merece lugar de destaque.






Isca de barbela
Não há como precisar a data exata de quando o primeiro girador foi fabricado e usado em uma pescaria. Consultando nossos arquivos, verificando livros e outras publicações, podemos apenas afirmar que ele é quase tão antigo quanto o anzol moderno, ou seja, fabricado em aço. É conhecido por muitos nomes, mas talvez o mais sugestivo e explicativo seja “distorcedor”. Seria essa, a princípio, a função principal do girador: evitar que a linha de pesca seja torcida. Daí, a criatividade do pescador começou então a achar os mais diversos usos para esse pequeno apetrecho. Alguns chegam até mesmo, talvez por falta de informação ou por informação errada, a atribuir ao girador funções que, no mínimo, podem ser consideradas milagrosas. Exigir desse pequeno pedaço de metal o que dele exigem é um absurdo. Senão, vejamos. Alguns pescadores gostam de corricar usando como isca artificial a colher de metal. Ora, se o ato de corricar com a colher não for muito bem executado, a mesma dará voltas e mais voltas sobre si, torcendo intensamente a linha. Os chamados “professores (hoje existem diversos – NR: agosto/1996), passaram então a sugerir que os pescadores fizessem um líder de mais ou menos um metro e que, a cada 20 centímetros colocassem um girador, pois, segundo “eles”, com 5 ou 6 giradores a linha não seria torcida. Essa afirmação é absurda, pois a despeito de qualquer número de giradores que estejam em sua frente, a colher de pesca, quando usada incorretamente, torcerá a linha de qualquer maneira. Quando se corrica com uma colher, a principal preocupação do pescador deverá ser a velocidade do barco, que deve ser estabelecida de modo que o movimento do barco faça com que a colher dê apenas duas ou três voltas para cada lado. 

Giradores em empates de aço
Quando isso ocorre, aí sim o girador (apenas um será suficiente neste caso) estará desempenhando sua função primitiva e elementar: evitar a torção da linha. Muito simples. No caso de iscas artificiais, especialmente os plugs (pequenos peixes) com barbelas, mais uma vez somente um girador será necessário, já que se sabe que a ação principal do plug é nadar, e nessa ação ele não executa voltas sobre si. Os mais céticos poderiam questionar: se isso é tão normal, para que então usar o girador? É o que vamos tentar explicar a seguir. Comecemos pelo problema do molinete e da carretilha. Desde já, podemos afirmar que o fato de pescar com um ou outro não determina se um pescador é melhor ou pior. Porém, é indiscutível que o molinete tem maior probabilidade de provocar a torção da linha, já que, por sua própria estrutura, esse equipamento mantém a linha enrolada em torno de um eixo, torcendo-a. Com a carretilha isso não acontece, pois o enrolamento da linha ocorre num processo reto e linear, tipo manivela de poço. No molinete, a linha entra no carretel através da haste, a qual fica girando em torno deste. Tal função torce a linha continuadamente e neste caso o uso do girador é indispensável, senão para eliminar a torção totalmente, ao menos para torna-la um pouco menos intensa. Existem ainda outras funções não menos importantes exercidas pelo girador. Vejamos. Quando usamos qualquer tipo de isca, seja natural ou artificial, na pesca de peixes predadores que possuam dentes, usaremos sempre um empate de aço, sem exceções. 

Girador em isca de profundidade
Fica então a pergunta: como amarrar a linha de nosso equipamento diretamente no aço do empate? Exatamente aí é que entra o girador, já que suas argolas, sendo de metal mais grosso e polido (o que não acontece com o arame do empate) tornam mais fácil e segura a amarração da linha. Mas existem outros casos onde o girador é exigido, sendo que o principal dele envolve a pesca na modalidade de praia. Como se sabe, na pesca de praia ou mesmo de costão, é costume utilizar um empate, hoje em dia muito bem feito, onde são colocados dois anzóis, que por sua vez são amarrados em pedaços de linha chamados de “pernadas”, as quais são atadas nos “engates rápidos”. Na ponta final desse empate vai o chumbo. O empate começa tendo a sua frente o girador, pois mais uma vez teremos muito mais segurança em amarrar a linha mestra nele ao invés de amarra-la diretamente na linha do empate. Existem diversos modelos de giradores. Alguns são triplos, desenvolvidos com a intenção de separar os anzóis para que estes não enrosquem entre si. Essa função é contestável, considerando que os engates rápidos já diminuem a chance desse enroscos acontecer. Além deste, existem mais modelos de giradores, que podem ser diferenciados pelos formatos: há os redondos, triangulares e até mesmo ovais. Finalmente existem também os giradores de esferas, que devem obrigatoriamente ser de boa procedência, caso contrário, correremos o risco de ver aparecer ferrugem nas esferas. No mercado brasileiro temos dois fabricantes de giradores tradicionais, que a bem da verdade, são os melhores e mais simples de ser usados. Desde 1947 a Paoli fabrica giradores e, mais recentemente a Metalúrgica Gil também passou a fabrica-los. 

Modelos de giradores

Isca de superfície


São peças feitas em latão, portanto não enferrujam, além de serem muito bem acabadas. Estão disponíveis em oito tamanhos. Com relação a esses dois fabricantes, já fizemos os testes de resistência dos giradores, fator crucial para podermos determinar o fio de aço ou da linha de pesca a ser usada. Estas são as resistências apresentadas nos teste e aprovadas pela Aruanã:
                               GIRADOR       RESISTÊNCIA
                                 Modelo 1                10kg
                                 Modelo 2                15kg
                                 Modelo 3                35kg
                                 Modelo 4                50kg
                                 Modelo 5                65kg
                                 Modelo 6                85kg
                                 Modelo 7                92kg
                                Modelo 8                 98kg

Baseado na tabela acima, o pescador poderá escolher a bitola do arame de aço ou da linha de pesca a ser usada. Esta escolha é fundamental, já que se usarmos um girador de tamanho muito grande, isto poderá afetar o equilíbrio do conjunto que usarmos. Outro detalhe importante a ser citado é que durante os testes no dinamômetro, em nenhum caso a parte interna do girador, onde o arame é virolado (são duas cabeças internamente) quebrou. O que aconteceu, em todos os testes, foi desenrolar o arame nas laterais, o que por certo atesta a qualidade dos giradores nacionais fabricados pelas empresas citadas. Aí está, portanto, tudo o que se pode dizer a respeito do tradicional girador de pesca. Pelo menos até o momento.


NOTA DA REDAÇÃO: Atualmente, existem giradores com um snap na sua ponta. Testamos e afirmamos sua qualidade, porém não devem ser usados em iscas de superfície, pois afetam a flutuabilidade das mesmas e sua ação. Uma outra boa dica é quando for comprar giradores, principalmente a serem usados no mar, é levar um imã para ver se são fabricados com metais nobres. Caso grudem no imã, mostram que são feitos de ferro e sua ferrugem é inevitável em curto prazo. 

Revista Aruanã Ed: 52 publicada  08/1996