sexta-feira, 29 de setembro de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL - SARGENTO






   SARGENTO
  Abudefduf saxatilis 


Um pequeno peixe que habita nossos costões pode, para o pescador que costuma pescar nesses locais, servir como atração e ação, enquanto espera que suas varas armadas a espera de espécies mais atrativas, mostrem sinais de vida. Bom de boca, e sempre juntos as pedras, não vai rejeitar a isca que lhe for apresentada.





O Sargento é um peixe da família Pomacentridae e recebe o nome cientifico de Abudefduf saxatilis. Sua área de atuação pode ser descrita como todo o litoral brasileiro bem como no Oceano Pacifico, Mar vermelho, e no litoral das três Américas. É um dos peixes tropicais mais comuns. Seu corpo é levemente oval, achatado, com cinco barras pretas na vertical, sobre fundo que varia do amarelo claro ao azulado, sendo seu dorso mais escuro. O nome popular de “sargento”, com certeza é que suas faixas ou barras fazem lembrar a insígnia militar correspondente. Costuma atingir até 20 cm de comprimento, mas o mais comum dessa espécie é de 8 a 15 cm de comprimento. Sua particularidade de tolerar temperaturas que podem atingir 37° C define que se permite encontrá-lo em locais pouco convidativas para a maioria dos outros peixes. Quando adultos, podem ser encontrados em locais pouco profundos, tais como recifes, parceis, costões e ilhas. Em sua fase juvenil é mais comum encontra-los entre sargaços flutuantes. O material pra sua pesca pode ser considerado na categoria leve, composto de vara com molinete ou carretilha, com linha no máximo de 0.30 mm, pequena chumbada oliva solta na linha e anzol pequeno. Como é característico andar aos cardumes, podemos fazer um chicote, com a chumbada em baixo e pernadas com dois ou três anzóis. Esportivamente, como diversão, a vara telescópica é uma boa sugestão, com a mesma linha, chumbada e anzóis. Seus sinônimos mais conhecidos são: peteca, seargent major, bandeirado, bandim, pira-bandeira e sarassará. Uma outra curiosidade é que tem pouco interesse para o pescador de costão devido ao seu tamanho e pouca carne, com várias espinhas espalhadas pelo corpo. No entanto, para o praticante de aquariofilismo é grande sua atração e procura e isso em todos os locais descritos na área de sua atuação. Nos aquários, segundo os especialistas, costuma adquirir comportamento violento em contato com outras espécies de peixes, conforme a informação dos observadores. Uma outra curiosidade que devemos citar refere-se a pouca bibliografia de livros especializados em peixes brasileiros, que citam o nome sargento, como sendo uma espécie de bagre. Por essa razão, fomos a Rede Mundial e adaptamos suas citações aliadas a nossa experiência de pescadores na pesca desse peixe.


NOTA DA REDAÇÃO: Nas poucas pescarias de costão que fizemos em nossas matérias, surgiu a idéia, ao escrever esta postagem, que devido ao sargento ser um pequeno peixe e estar sempre nos costões, que poderíamos usa-lo como isca para espécies maiores como anchovas, olho-de-boi, olhete, xaréu entre outros.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

ESPECIAL - BARRAGENS PRIVATIZADAS







Subida dos peixes em Pirassununga


                                                PEIXES DE PIRACEMA

Matrinchã

Dourado
Pintado

Piracanjuba


Piau três pintas

Piaparas



Pacu
   


Ontem, 27 de setembro de 2017, quatro usinas hidrelétricas foram privatizadas. A saber, Barragem de Miranda – Rio Araguari Minas Gerais, Barragem de Jaguara- Rio Grande SP/MG, Barragem São Simão – Rio Paranaíba e Barragem Volta Grande – Rio Grande SP/MG.

O que isso pode significar para o meio ambiente brasileiro?



Escada de peixes (a primeira), construída entre 1920-22. Rio Mogi-Guassu, barragem de Cachoeira de Emas, Pirassununga, SP. Foto de 1941. Destruída em 1942-43.


Como todos nós sabemos, os peixes “lóticos” ou seja aqueles que precisam nadar rio acima para a desova, tiveram vários rios brasileiros interrompidos por barragens hidrelétricas, em nome do progresso mas, que anulou essa prática da desova. Comprovada cientificamente que havendo em uma barragem seja ela artificial ou natural, um canal de água corrente, os citados peixes deles se utilizam para desenvolver suas ovas e perpetuarem suas espécies. No entanto, a grande maioria das barragens construídas em rios do Brasil não tem esse canal de água corrente. Em estudos de custos da obra, feitas por especialistas, demonstraram que é menor do que 1% (um por cento) o valor das tais escadas para peixes. A negação da construção das escadas nas barragens, criou corpo quando consultados alguns estudiosos/especialistas estrangeiros do problema foram consultados. A bem da verdade, podemos afirmar que a opinião mais influente deles todos, era do Sr.J.H. Brunson – que a bem da verdade era um piscicultor americano, ou seja, criava peixes comercialmente – para vir ao Brasil e “dar sua opinião” a respeito, onde o mesmo, após “estudos de nossos peixes” afirmava que dificilmente essas espécies utilizariam essas escadas para continuarem sua migração para a vida, devido a sua altura. Essa “abalizada” opinião de um leigo, influenciou e muito a opinião de nossos governantes, tanto é que - os técnicos da CESP (Centrais Elétricas de São Paulo), entre 1968 e 1984, emitiram opiniões onde enfaticamente afirmavam que as escadas eram “onerosas e antibiológicas, não sendo suficientes em barragens de altura superior a 6 ou 8 metros” (Machado et alii 1968:2). Já outro técnico, de nome Torloni (1984:5), afirmou: “as escadas em barragens com altura superior a 8 metros tornam-se ineficientes, pois são raros os peixes que conseguem galgar o nível de montante...”
Prof. Manoel Pereira de Godoy

Escada de peixes construída em 1972 no Salto do Moraes, Rio Tijuco, região próxima de Ituiutaba MG. Na foto, detalhe da escada de peixes e da barragem.


Será isso verdade? É lógico que não. Voltemos ao rio Aar, na Suíça. Lá existem e funcionam escadas de peixes com 10, 12 metros de altura, até com 21 degraus-tanques. No rio Liffey, na Irlanda, as barragens com escadas estão entre 3 e 42 metros de altura. No estado de Oregon, nos Estados Unidos, a barragem de North Fork tem 59,4 metros de altura. E vamos por aí afora, não citando mais exemplos para não nos tornamos repetitivos. Essas informações podem ser lidas – em sua totalidade - em uma matéria no blog da Aruanã, postado em novembro de 2014.  Na mesma postagem vamos ler sobre o Prof. Manoel Pereira de Godoy que fez um estudo sobre escadas de peixes na construção da Barragem de Ilha Grande entre 1981 a 1985, onde – este sim um biólogo – dá parecer favorável a esse tipo de construção. Evidente está que não queremos nos alongar mais, pois falamos intensamente sobre escadas para peixes e piracema em nossas postagens no blog http://revistaaruana.blogspot.com.br nas datas de outubro e novembro de 2014 -vale a pena consultar – para se chegar à conclusão de que no Brasil, meio ambiente é uma piada de muito mau gosto e de longa duração, pois persiste até os dias atuais e, agora abrangendo muitos rios situados na Bacia Amazônica. Porém agora conseguimos visualizar uma pequena e ínfima luz em um túnel talvez imaginário, onde um pensamento nos aflora à mente: essas grandes empresas que adquiriram tais barragens, em um sinal de respeito ao meio ambiente e ao povo brasileiro, poderiam construir essas escadas para peixes? Provar que sua utilidade é verdadeira não há ninguém que discorde. Mostrar os custos de tal construção, que automaticamente seriam repassados para o seu produto, não é difícil. Será que vale a pena sonhar? Quem viver verá. 


sexta-feira, 22 de setembro de 2017

ROTEIRO - RIO PARANÁ - JUPIÁ











Conservando o seu leito e suas águas quase originais, a região do rio Paraná logo abaixo da Usina de Jupiá é uma boa opção para o pescador amador. Confira no roteiro, desta edição.





Rio Paraná



Piapara

A barragem

Aproximadamente 780 km é a distância que devemos percorrer, a partir da capital paulista, até atingirmos este belo trecho do rio Paraná, que ainda se conserva da maneira original. Saímos de São Paulo, via Rodovia Washington Luís, rumo a Pereira Barreto. De lá, nosso destino deve ser a cidade de Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul. Assim que passarmos pela Barragem de Juquiá, ou melhor, ainda dentro da estrada da barragem, há uma saída à esquerda, que nos leva, então, ao nosso destino: Vila Jupiá. Esse pequeno lugarejo é formado principalmente por ranchos de pesca e tem uma pequena infraestrutura, composta por um pequeno hotel que também é fábrica de gelo e restaurante. Na beira do rio, em um local conhecido como “Porto dos Marreteiros”, não é difícil encontrar para alugar barcos e motores de popa que pertencem a pescadores profissionais, os quais também prestam serviços de piloteiro, além de venderem iscas. 

Piracanjuba

O serviço de um piloteiro nesse trecho do rio Paraná é indispensável, já que lá existem muitas pedras, além da correnteza que, em alguns trechos, é bastante violenta, chegando mesmo a assustar. Em Vila Jupiá, estavam à nossa espera o Gonzaga e o Sebastião, da Importadora Martinelli, nossos velhos amigos e clientes que levaram toda a tralha que iríamos usar nessa pescaria. Essa “tralha” consistia em dois barcos Tornado, um com 500 e um 17, com motores de popa Evinrude 35 HP e Suzuki 65 HP, respectivamente. Além do pessoal da Martinelli, havia também um pescador amigo que, se não é o melhor pescador amador daquela região, com certeza é o que mais peixe pega: o Marcus José Tradivo. Aliás, o Marcus nos mostraria, nos dias subsequentes, toda a sua técnica e especialização nesse tipo de pescaria. 

Pacus

Ficamos três dias batendo esse local, que tem como principais pontos de pesca lugares como a “Pedra do Meio”, a 200 metros da barragem, o “Meião”, a 350 metros, a “Ilha da Pomba”, a 2km e, finalmente, o “Vietnã”, a 13 km da barragem. Perguntado sobre o porque do nome desse último pesqueiro, respondeu-nos o Marcus: “porque quando dá peixe, vira uma verdadeira guerra achar um lugar vago para pescar!”. No primeiro dia, nos dedicamos às piaparas na “Pedra do meio”. Aliás, em menos de meia hora, fisgamos quatro peixes de bom tamanho. Mudamos de lugar e fomo até o “Meião” tentar as piracanjubas. Devido à experiência do Marcus, em menos de meia hora ele pode afirmar que elas não estavam lá. Saímos e fomos até a “Ilha da Pomba” tentar os pacus. Nesse local fisgamos três pacus, pesando o maior deles 8,5 quilos. 

Navegando no rio

Isso não é nada de excepcional, já que no dia anterior, o Marcus havia fisgado um de 13 quilos. Dizendo isso, parece que a pescaria é fácil e o peixe farto mas, com certeza, se não fosse a técnica de nosso amigo, não teríamos fisgado tanto peixe. Vamos explicar com detalhes, já que a preparação dessa pescaria é que garante o sucesso. Para começar, é necessário fazer-se uma ceva com sangue de boi misturado a farelo de arroz, grãos de soja e de milho. Tudo isso deve ser colocado em um balde de 20 litros e deixado alguns dias para que o sangue coagule. O aspecto realmente não é dos melhores e o cheiro não fica a dever. Aliás, tínhamos uma brincadeira: toda a vez que abríamos esse balde de ceva, a preocupação era fecha-lo o mais rápido possível, dizendo que aquilo ali era o “lixo”. O ato de cevar também é especial, já que não basta simplesmente jogar o material na água: há uma técnica para isso. 

Piaparas

Tal artimanha consiste em ter um peso, que pode variar entre dois e cinco quilos, dependendo da correnteza, amarrado a uma cordinha com cerda de vinte metros. Acima do peso, amarramos na corda uma garrafa vazia de plástico, daquela para refrigerantes, sem fundo e com a tampa bem fechada, onde colocaremos a ceva. Com cuidado, descemos o peso e a garrafa de plástico para dentro da água e soltamos a corda lentamente para que chegue no fundo. Com a correnteza do rio, a água irá tirando aos poucos essa mistura, pois ao passar pela tampa abre um campo neutro que tira lentamente a ceva de dentro da garrafa. Para amarrar a garrafa com segurança, o melhor é fazer um furo na tampa e passar a cordinha de amarração através dele. Mas a coisa não para por aí, pois na própria garrafa da ceva iremos amarrar um pequeno girador que será o guia de nossa linha de pesca.



Anzol com sangue iscado



A ceva

Maneira correta de usar a ceva

Em nossa linha de pesca teremos que ter um girador também, com uma distância de três ou quatro metros acima do anzol. Nesse girador da linha, amarraremos uma outra linha inferior a que estivermos usando. Por exemplo: se usarmos uma linha de bitola 0,40 mm, amarraremos uma linha de 0,25 mm no girador de nossa linha de pesca e no girador da garrafa plástica. Ao soltar a ceva, automaticamente teremos que soltar a nossa linha de pesca junto, pois quando a ceva chegar ao fundo, lá também estará o anzol iscado, logo à frente do material que está cevando. Pode parecer complicado, mas quando é feito o sucesso é garantido: no meio de vários barcos de pesca, nós éramos os únicos a fisgar peixes – neste caso, pacus. Aliás, essa ceva serve para todas as espécies, porém a técnica descrita acima só se usa para o pacu. O Marcus disse-nos que tal técnica recebia o nome de “maracutaia”, mas que foi modernizado, por motivos óbvios, para “na boquinha da garrafa”.

Tucunarés

Como isca, pode-se usar besouros, lesmas, caramujos e, principalmente, sangue coagulado. O leitor poderá estar pensando como irá fisgar sangue coagulado no anzol. Mais uma vez, o Marcus mostra-nos o segredo. Ao adquirir o sangue, tenha a preocupação de que seja de uma vaca velha, pois segundo ele, “fica mais firme”. Coloque o sangue em vasilhas de plástico rasas e horizontais para facilitar o corte, e congele. No dia da pescaria, corte-o em pedaços de aproximadamente sete centímetros quadrados e coloque-os, ainda congelados, em um pequeno balde de plástico, de mais ou menos cinco litros. Deixe descongelar e, na hora da pescaria, corte um desses pedaços em tiras de 1,5 centímetro de grossura e isque-o inteiro no anzol (veja foto). Quando for descer a ceva, solte primeiro a isca com cuidado na água e procure não fazer movimentos bruscos para não soltar o sangue. 




Maneira tradicional na ceva

Como isca, pode-se usar besouros, lesmas, caramujos e, principalmente, sangue coagulado. O leitor poderá estar pensando como irá fisgar sangue coagulado no anzol. Mais uma vez, o Marcus mostra-nos o segredo. Ao adquirir o sangue, tenha a preocupação de que seja de uma vaca velha, pois segundo ele, “fica mais firme”. Coloque o sangue em vasilhas de plástico rasas e horizontais para facilitar o corte, e congele. No dia da pescaria, corte-o em pedaços de aproximadamente sete centímetros quadrados e coloque-os, ainda congelados, em um pequeno balde de plástico, de mais ou menos cinco litros. Deixe descongelar e, na hora da pescaria, corte um desses pedaços em tiras de 1,5 centímetro de grossura e isque-o inteiro no anzol (veja foto). Quando for descer a ceva, solte primeiro a isca com cuidado na água e procure não fazer movimentos bruscos para não soltar o sangue. 


Pacu e Tucunarés

Apesar de não termos praticado nesta ocasião, uma outra modalidade é a pesca de dourados. Nesse caso, as melhores iscas serão os pequenos piaus e as tradicionais tuviras. Essa pescaria é feita de rodada, logo após a barragem, usando-se material de médio a pesado e anzóis 6, 7 e 8/0 encastoados. Há notícias de dourados de dezesseis quilos. Temos ainda a pesca de jaús e pintados, que pode ser feita de rodada ou nos grandes e profundos poços. Para o jaú, as melhores iscas serão o minhocoçu e os piaus e, para o pintado, iscas brancas (pequenos peixes). Há notícias de exemplares variando de vinte e cinco a quarenta quilos. Finalmente, uma outra modalidade que praticamos foi a pesca do tucunaré. Esse peixe está no rio, como não poderia deixar de ser, junto às galhadas nas margens. Há muito peixe, haja visto que, em apenas três dias, fisgamos mais de cem exemplares, com alguns chegando a dois quilos. 

Pacu

Porém há notícias de tucunarés de até cinco quilos fisgados nesses locais. Como você pode ver, este trata-se de um roteiro todo especial, com técnicas também especiais e onde ainda há muito peixe. Vale a pena conferi-lo, sem deixar de recomendar, mais uma vez, que o pescador use os serviços dos piloteiros. Dois deles em especial nos acompanharam: o Antonio e o Wilsinho. Ainda como opção de pesca teremos, acima da barragem a represa de Jupiá, onde a pesca de tucunarés é farta, com espécies azuis e amarelos. Mas isso é uma outra história, que fica para um próximo roteiro. Caso o leitor queira saber maiores detalhes, poderá ligar para a Importadora Martinelli, em Descalvado – SP e falar com o Sr. Gonzaga pelo tel. (019) 583-3551. Boa pescaria.


(NR: a Martinelli atualmente está com suas instalações em Ribeirão Preto – SP com o tel. (019)2102-6363). O Gonzaga faz questão de passar essas informações ao leitores, e pessoalmente nos informou que os piloteiros citados ainda estão em atividade, bem como a pesca “ainda” é farta. 



Revista Aruanã Ed:57 - Publicada 06//1997

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA - LEVEFORT








No Quem é Quem desta edição, trazemos a palavra de Antonio Carlos Paggiaro, empresário da Levefort, que fabrica barcos para a pesca e lazer, além de outros apetrechos afins.



Publicidade da Levefort na Revista Aruanã



Antonio Carlos Paggiaro, diretor



O primeiro barco, em 1965

Com certeza, não há um só pescador amador que não conheça o nome Levefort, que sem dúvida é a mais tradicional e maior fábrica de barcos de alumínio em nosso país. Afinal de contas, essa fábrica, desde a sua fundação, já construiu mais de 100.000 barcos de vários modelos. Hoje, a Levefort está instalada em uma área total de 164.000 m2, dos quais 35.000 m2, referem-se ao seu parque industrial, além de contar com 200 funcionários e ter ainda dentro de sua área, uma raia de testes, já que os barcos Levefort são testados individualmente. Em Manaus, está instalada outra fábrica de barcos, a Incoma S/A, com capacidade de 150 barcos/mês e que também é de propriedade da Levefort. Os barcos Levefort contam com acessórios como caixa térmica, portas-vara, cadeiras giratórias, viveiros para peixes, remos com cabos de madeira e pá de fibra de vidro e inteiros de madeira. São construídos com alumínio naval 5052, pintura especial com tinta apropriada ao alumínio e estrados fabricados na própria carpintaria da empresa. A pintura interna se faz necessária para quebrar o reflexo do sol. Em exportações, países da América do Sul, Caribe, África e Estados Unidos são habituais compradores dos barcos Levefort. A disposição dos pescadores e navegadores, a Levefort hoje fabrica 54 modelos diferentes de barcos para a pesca e lazer, estando ainda em sua linha industrial a fabricação de plataformas flutuantes para as Forças Armadas Brasileiras. O último lançamento da fábrica são lanchas de 22 e 24 pés, já em comercialização. 

Linha de montagem

Em nossa visita à fábrica, foi-nos mostrado ainda um par de flutuantes para um “tryke” (ultra-leve) que Amir Klinc está montando para sua aventura na Antártica. Como se vê, a Levefort é considerada uma das maiores fábricas de barcos de alumínio, não só de nosso país, mas de todo o mundo. Mas quem comanda todo esse parque industrial? Antonio Carlos Paggiaro é um paulista de Iracemápolis, com 42 anos, que tem na sua vida duas paixões: pescar e voar. Piloto habilitado e hábil pescador, há 5 anos é diretor presidente da Levefort. Cursou engenharia mecânica, e desde 1964 gosta de fazer barcos. Seu contato com a Levefort começou em 1967, quando construiu um auto-giro para seus vôos particulares. Com uma vida bastante movimentada em torno do esporte, Carlos foi também campão paulista em 1972, na categoria de piloto de automóveis em circuito de rally. No período de 1973 a 1980, como ele próprio diz, “fiz um retiro para o interior, me dedicando à criação de gado”. Mas em 1980, mais uma vez, voltou a Levefort e desta vez, para construir um aero-barco, tendo na fábrica todo o apoio em mais esta idéia., “Finalmente em 1983, após longo namoro, tornei-me proprietário da Levefort”, diz ele. “Nesses cinco anos, muita coisa fizemos em nossa empresa, sempre buscando a perfeição de nossos produtos. Por exemplo: nossos barcos de alumínio têm 10 anos de garantia e há um dado curioso que faço questão de citar: os maiores acidentes com barcos são sempre quando eles estão fora da água, principalmente no transporte. Se você é possuidor de um barco Levefort, saiba que nossa fábrica faz a manutenção total de seu barco, na hora em que você precisar”, finaliza ele. 


A sede da fábrica, em Paulínia (SP)

Mas Antonio Carlos Paggiario tem algumas coisas engraçadas para contar da Levefort. “No começo, nosso maior problema era fazer o pescador acreditar que um barco de alumínio não enferrujava, pois até então, todos os barcos eram de madeira”. Sobre pesca, o presidente da Levefort faz questão de dizer que se dedica à chamada “pesca caipira”, feita com varinha de bambu. Seus peixes favoritos são o lambari e o piau. “Vez por outra, gostamos também de pescar tilápias e traíras”, diz ele. Já que Carlos é um pescador amador, a Revista Aruanã perguntou que tipo de barco ele usa em suas pescarias. Sem pestanejar, ele respondeu que gosta muito de pescar com a “chatinha” e a “Marajó”. Sobre mágoas, o diretor presidente da Levefort diz que a poluição das águas de nossos mananciais é algo muito preocupante e que talvez esse problema um dia seja resolvido “se nossos representantes deixarem de ser individualistas, e começarem a trabalhar em benefício do país”. Ai está, portanto, o nosso “Quem é Quem” desta edição. De nossa parte, ficamos impressionados com a simplicidade de Antonio Carlos Paggiario, com o cuidado com que ele administra sua fábrica e principalmente com o fato de zelar pessoalmente pelo prestígio da Levefort. A Barcos Levefort S/A Indústria e Comércio fica situada em Paulínia, a 100 km da capital paulista, na Av. José Paulino, 3240 com CEP 13.140 e telex (019)1713. O telefone da Levefort, para qualquer informação, é (0192)74-1631. 
(NR: Nós fizemos questão de publicar esta postagem no original, como ela foi publicada na Revista Aruanã. Assim sendo é aconselhável atualizar informações de endereços e telefones).





Publicado na Rev. Aruanã Ed.09 em 02/1989

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

DICIONÁRIO ARUANÃ PEIXES DO BRASIL -- CARATINGA














A caratinga pode atingir 40 cm de comprimento, sendo largamente encontrada no litoral brasileiro, mais precisamente nos costões, parcéis, ilhas, rios e canais de nosso litoral. Vamos conhecê-la melhor.








Esta é uma espécie marinha pertencente à família Gerreidae, cujo nome científico é Diapterus brasilianus. Na descrição tupi guarani, o nome “caratinga” pode ser traduzido da seguinte forma: “cara” significa peixe com couraça e escamas e “tinga” é branco, alvo ou claro. Essa espécie possui o corpo curto, atravessado por estrias longitudinais escuras e sua nadadeira caudal é bifurcada, possuindo dois raios ósseos. Seu focinho é obtuso e suas escamas brilhantes, prateadas com reflexos esverdeados. A pesca da caratinga, espécie que só anda em cardumes, pode ser praticada durante o ano todo, sendo que nos meses quentes essa modalidade será mais produtiva. O material recomendado para esse tipo de pescaria é o de ação leve, podendo ser usada vara simples ou acompanhada de molinete ou carretilha. A bitola da linha ideal varia entre 0,20 a 0,40 mm, e os anzóis devem ser de números 2, 4, 6, 8 ou 10. As iscas usadas para a pesca da caratinga são: filé de sardinha ou parati, corrupto, sarnambi, saquaritá, marisco, pequenos siris, camarão, caranguejo e baratinha-do-mar. Uma boa dica para melhorar o rendimento da pesca da caratinga é utilizar a ceva de mariscos, feita da seguinte maneira: Deve-se conseguir uma boa quantidade de mariscos no próprio local da pescaria e, com o auxilio de uma pedra, triturá-los bastante. De vez em quando, joga-se uma pequena quantidade dessa ceva junto às pedras onde estamos pescando. Com os mariscos maiores, a “massa” interna deve ser usada como isca e o anzol iscado deve ser jogado logo após a ceva. Dessa forma, teremos não uma, mas várias caratingas ao alcance de nosso anzol. Outros nomes dessa espécie: acarapeba, acará-tinga, carapeba-branca, carapeba-listada e mojarra. 

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

ROTEIRO - ILHA SOLTEIRA















A conhecida frase “o sertão vai virar mar” define muito bem o panorama da Represa de Ilha Solteira. Dividindo os estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo, essa represa foi alvo do roteiro da equipe Aruanã. Confira.





Mapa indicando os limites entre SP, MG e MS.

Cabeças-secas  

Para falar com mais propriedade desse nosso “sertão que virou mar”, temos alguns números oficiais fornecidos pela CESP – Centrais Elétricas de São Paulo, que dizem o seguinte: Ilha Solteira foi oficialmente inaugurada em 16 de janeiro de 1974. Seu espelho de água (área alagada) é de 1195 quilômetros quadrados e sua extensão, medindo-se desde a barragem de Água Vermelha (imediatamente anterior) é de 130 quilômetros. Os cursos d’água que a alimentam são outra curiosidade bastante interessante, pois é em Ilha Solteira que os rios Grande e Paranaíba se juntam para formar o majestosos rio Paraná. Aliás, a junção desse dois rios e a formação do terceiro fazem as “três fronteiras” estaduais entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Uma outra curiosidade é que quando navegamos em suas águas e olhamos para o horizonte, não temos visão alguma, a não ser da curvatura do nosso planeta, quando se fundem então céu e água no horizonte lá longe. Suas margens são formadas em sua maioria por pastagens com fazendas de gado, sendo que, de matas mais densas, vamos encontrar uma ou outra mancha ainda natural. 



Isca "durinho"

Pedras em pontos isolados e margens de cascalho mais grosso completam a descrição. As águas são limpas e cristalinas, principalmente as que vêm do rio Grande, já que o Paranaíba, com as chuvas, costuma traze-las mais barrentas. Várias são as espécies de pássaros encontradas nas margens, e dentre elas podemos destacar cabeças-secas, tuiuiús, colhereiros, garças, paturis, patos selvagens, várias espécies de pombas selvagens, biguás, siriemas e até emas que “pastam” tranquilamente, sendo que o melhor horário para avista-las é entre 14 e 16 horas, pois com o sol forte, esses animais vêm as margem para beber água. Dos campos de pastagem chegam aos nossos ouvidos os piados característicos de inhambu-chitãs, xororós, codornas e perdizes, sendo que estes são praticamente impossíveis de se ver. Animais mais comuns são os tatus, capivaras e um ou outro gambá. Por essa descrição, já podemos nos imaginar no paraíso, levando-se em conta ainda o calor, que nos proporciona memoráveis e deliciosos banhos de represa. Mas o paraíso é ainda mais atraente, pois além de tudo temos a pesca, que é farta. As espécies de peixes mais comuns são as piabas, piaus, acarás, tilápias (para pesca-las será necessário fazer-se cevas), barbados, um ou outro pintado (raramente), apaiaris e as mais pescadas: corvinas e tucunarés. 


Corvinas


Pesqueiro de corvinas                                                 
                                   PESCA DA CORVINA

Essa espécie de corvina, também conhecida como pescada-do-Piauí, é identificada cientificamente como Pachyurus franscisci e pertence à família Sciaenidae, ou seja, a mesma família das tradicionais corvinas do mar, o que vem comprovar a tese científica de que é o mesmo peixe, apenas tendo se aclimatado em água doce. Sua pescaria é simples, e como iscas devemos usar pequenos peixes, de preferência vivos, tais como lambaris, guarus e um outro peixinho muito comum na região conhecido como “durinho”, que nada mais é do que uma espécie de chimboré. Os melhores locais são as galhadas isoladas no meio dos braços ou no canal principal da represa, que tenham uma profundidade média entre 10 e 20 metros. Há casos de profundidades de até 40 ou 50 metros, só que aí é muito demorada a operação de descer e subir o peixe fisgado.



O cuidado com as corvinas


Pesqueiro de tucunaré       

Explica-se então a recomendação das profundidades menores. Pesca-se com qualquer equipamento, seja molinete, carretilha, linhada de mão, etc. O importante é que, encontrando a galhada onde irá pescar e amarrando o barco em um dos galhos, o pescador procure sempre se posicionar a favor do vento, evitando, portanto que o barco se choque com a galhada. Desça a isca, e assim que ela tocar o fundo esteja atento, já que estando lá o cardume, a fisgada será imediata. Aliás, anote esta dica: desconfie dos locais onde você desce a isca e a corvina demore a fisgar. O melhor nesses casos é sair e procurar outra galhada. A pegada de peixe se traduz em um ou dois cutucões e uma pequena corrida, que indica o momento exato para fisgar. A briga só vai ser boa com peixes acima de 500 gramas, e mesmo assim é rápida. Outra dica e montar o equipamento tendo o cuidado de deixar o chumbo embaixo e o anzol em cima, com uma distância de mais ou menos 50 centímetros entre eles.
                                     

                                
Duble de tucunaré  

Um só anzol é suficiente, e este dever ser de número 4, 3 ou 2. Normalmente dizemos que a isca natural viva deve ser iscada pelo lombo ou pela boca, afim de que permaneça viva por mais tempo. Continuamos a afirmar isso, porém, na pesca da corvina, devemos iscar o peixinho pelo rabo, ou seja, logo após a barrigada, pelo simples fato de que dessa maneira pegaremos com a mesma isca 4 ou 5 corvinas, antes de perdê-la. Uma outra dica muito importante refere-se à conservação dos peixes pescados. Imediatamente após serem retiradas do anzol, as corvinas devem ser colocadas no gelo, já que elas estragam muito facilmente, pois sua carne é muito delicada, o que atesta posteriormente o sabor da mesma, que é sensacional. Chegando ao porto, limpe imediatamente os peixes para então congela-los. Para atestar a piscosidade do local em termos de corvinas, afirmamos que em uma hora de pescaria em nossa viagem, fisgamos mais de 50 exemplares. Um outro detalhe a ser observado é que de maneira nenhuma é possível praticar o “pesque e solte” com a corvina, já que ao ser içada das profundezas até a tona, a descompressão que sofre é muito grande e se a soltarmos, será inevitável que morra.


Tucunaré azul




Tucunaré amarelo




Mapa dos melhores pesqueiros

O nascente na ilha                                              
                                      A PESCA DO TUCUNARÉ

Aqui um capítulo todo especial, já que a esportividade dessa modalidade mostrará ao pescador a valentia dos tucunarés de Ilha Solteira. São duas variedades encontradas lá: o tucunaré azul e o amarelo. Para que o pescador tenha uma idéia de como são esses peixes, há registros de exemplares com 5 quilos, sendo, porém mais comuns peixes pesando entre 2 e 3 quilos, evidentemente sem falar dos pequenos, que são muito atrevidos e brigadores. Estes sim devem ser soltos, em uma prática que deveria ser obrigação do verdadeiro pescador amador. Os pesqueiros mais visitados por nós são o início do rio Grande e o início do Parnaíba, onde em pequenas baías, com pedras e galhadas, estão os locais mais produtivos. Porém foi no rio Paraná que fizemos as melhores pescarias (veja indicação no mapa) de tucunarés, pegando peixes com 2 e 3 quilos. Não usamos iscas naturais para pesca-los, e entre as artificiais, citamos as MirreOlure, Rapalas Husky, Jumpin’Minnow, Popper, Bomber e Red Fin, destacando o trabalho dessas iscas, principalmente na superfície. 



Pousada Eco Pesca 

Como dica, podemos afirmar que a melhor época para a pesca do tucunaré seria de abril a setembro. Evidente está que o peixe permanece lá o ano todo, porém nos outros meses costuma ficar “manhoso”, exigindo do pescador amador muito mais trabalho para ser fisgado. É bom salientar também que, de outubro a final de janeiro e até meados de fevereiro, o tucunaré tem sua época de desova, que deve ser respeitada, pois nessa ocasião se reproduzem e protegem a prole valentemente, tornando-se então, pela vulnerabilidade ocasionada por sua valentia, presas fáceis de pescadores menos esportistas.  Como dica final, diríamos que dependendo da altura das águas, a pescaria tem pequenas alterações em suas características, e assim sendo afirmamos que os melhores pesqueiros quando a represa estiver com o nível de água baixo serão os locais próximos às pedras e às galhadas existentes nas margens. Já com o nível de água mais alto, os melhores locais serão junto ao capim das margens (arbustos como o arranha-gato e saram) e às ilhas de capim, que se formam por ocasião das cheias. Boa pescaria.




NOTA DA REDAÇÃO: Esta matéria foi feita, tendo como base de apoio a Pousada Eco Pesca em Rubinéia em São Paulo via Rodovia Euclides da Cunha. Recepcionaram-nos a Fátima e o Adilson, seus proprietários. Uma pousada de excelente qualificação e completa (foto). Deixamos de repetir tels, que com certeza terão sido alterados seus números e não temos a informação se ainda prestam esse tipo de atendimento. 

Revista Aruanã Ed: 49 – Publicada em 02/1996