sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL - AO GAUCHO














Publicidade do Ao Gaúcho na época


Fundada há 65 anos, Ao Gaúcho é a mais antiga e tradicional casa no ramo de caça e pesca. Seu diretor, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, conta um pouco da história e mostra porque, em nosso segmento, a amizade e o bom atendimento são fatores mais importantes.


Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, diretor
Ao Gaúcho começou na rua Libero Badaró, nº43-A, no ano de 1925 onde ficou até 1950. A partir daí, mudou seu endereço para o atual, à av. São João nº 347, onde com 50 funcionários em suas diversas seções, funciona em prédio próprio. Seu fundador, Francisco Sprovieri, um imigrante italiano, começou a trabalhar nas Lojas Demeo, no setor de cutelaria. Com suas economias abriu então a loja Ao Gaucho. O nome foi escolhido, segundo Francisco, por ser bem brasileiro e em homenagem ao Rio Grande do Sul, pois esse era o estado que ele gostava e onde se praticava a caça amadora. Sozinho no começo e depois com a ajuda de um cunhado, mais o funcionário Benedito Godoy, na época com 12 anos e que trabalhou na loja exatamente 63 anos, hoje falecido, foi se firmando no comércio da caça e pesca. Vieram depois o Walter Sprovieri, seu filho e mais conhecido com “Chiquinho” e seu genro José dos Santos Rodrigues, que veio para “dar uma mão” na loja em 1958 e está nela até hoje. Casado com Dona Juracy Sprovieri Rodrigues, filha do fundador, tem como filho o atual diretor, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues. Já Marco Aurélio fez de tudo um pouco na loja: foi office-boy, balconista, caixa e “faz tudo”. Formado em Administração de empresas e com o falecimento do avô, em abril de 1974, assumiu definitivamente, junto com seu tio e pai, a administração da loja. Por sua tradição, a loja Ao Gaucho tem muita história para contar, como por exemplo de alguns clientes famosos, pescadores e caçadores, tais como Adhemar de Barros, Paulo Egydio Martins, Marcelo Miranda (atual governador de Mato Grosso do Sul), o ex-presidente Washington Luiz e o ator Tarcísio Meia. “A maior alegria neste ramo de negócios”, nos conta Marco Aurélio, “é trabalhar com caçadores, pescadores, campistas, etc”. Já sua maior tristeza foi o fechamento da caça, o que, na sua opinião, aconteceu pela má informação a respeito desse assunto. Poluição, pesca predatória, depredação do meio ambiente são outros assuntos lembrados.

Aspecto da loja
Marco Aurélio é fundador da ABC – Associação Brasileira de Caça, onde foi presidente duas vezes. Ele define a ABC como “uma força técnica e política”, e diz mais, “quem ataca a associação pressupõe que a caça é um fator de depredação”. E conclui: “no mundo todo, país onde a caça é permitida em moldes técnicos, tem melhores condições de meio ambiente; por outro lado, onde é proibida, são países que apresentam as piores condições de fauna e flora”. Caçador por convicção, Marco Aurélio gostava de caça de campo, de mato e de pelo. Codornas, perdizes, jaó e paca estão entre suas preferências. Na pesca, sua paixão é por iscas artificiais e entre os peixes destaca o dourado, tucunaré e tabarana. Seus pesqueiros preferidos são o Araguaia, rio Paraná, rio das Mortes, todo o Pantanal, além de Cananéia, Iguape, Bertioga e Ariri, onde o peixe principal é o robalo. Pedimos ao Marco Aurélio que encerrasse esta entrevista da maneira que achasse melhor e ele nos disse: “a pior coisa de nosso país é a incompreensão das pessoas do nosso ramo. Ninguém se preocupa realmente com o meio ambiente. Dias atrás fui ao Parque Nacional de Itatiaia, onde cobram Cr$120,00 à titulo de ingresso. Esse parque está completamente abandonado, e olhe que existem dentro dele 5 hotéis, que exploram o turismo e nada pagam para sua conservação”. Registrado como colecionador de armas, Marco Aurélio dia que hoje sua maior diversão é ficar manuseando suas armas, que um dia lhe serviram como instrumento de caça. “Isso é um absurdo”, conclui ele. Na sua coleção, destacamos armas como as Valmet, Savage, Ferlach, Winchester, Berreta e Boito. Os calibres variam entre 12 e 20. “Mas se Deus quiser, essa situação se reverterá”, diz ele, “já que eu e muita gente boa estamos trabalhando para mostrar que só com a ajuda de pescadores e caçadores, teremos um ambiente protegido e conservado”.

NOTA DA REDAÇÃO: Como de trata de história da pesca amadora em nosso país e devido a data de sua publicação original (1990) é conveniente atualizar as informações aqui prestadas.

Revista Aruanã Ed:18 publicada em outubro de 1990

4 comentários:

  1. sera que a loja existe?pois meu pai falava dessa loja desde que eu era pequeno.seus donos deviam ser parentes.

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  2. A loja física - que era na Av.São João - não existe mais. Por ocasião da postagem tentamos entrar em contato com o Marco Aurélio - dono da empresa - e não obtivemos exito. No entanto, se colocarmos o seu nome fantasia na procura do Google, vai aparecer uma empresa situada, salvo erros, no centro da cidade. Também não conseguimos falar com ninguém.

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  3. Conheci a loja e alguns dos que ali trabalhavam, era office boy na década de 60 e sempre que passava em frente, ou entrava ou ficava um tempo sonhando com os artigos das vitrines.

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  4. Luiz: Coincidências não existem e te explico o porquê. Era eu também office boy no meu tempo de garoto em uma loja na rua Riachuelo, no Centro de S.Paulo. Entre uma entrega e outra, a vitrine do Ao Gaúcho era meu ponto de parada obrigatória também. Lembro bem que para ajudar nos sonhos, tocava uma gravação onde um homem com uma voz bonita narrava uma aventura de um pescador/caçador e suas andanças. Havia um mapa grande na vitrine onde os nomes dos rios brasileiros estavam em destaque. Eu fixei um em especial: Rio Arinos. Pensava eu em um dia estar fazendo uma pescaria nesse rio. Mal sabia que dezenas de anos depois, eu iria pescar no Arinos e fazendo uma reportagem para a Revista Aruanã, a convite do amigo Padilha em sua fazenda nessa região. Ele, Padilha, sempre está por aqui no Face. Nunca contei essa história para ninguém, e o faço agora. Só Deus e eu, - quando molhei as mãos nas águas do Arinos, - sabemos o que eu senti ao fazer esse gesto. Obrigado por me fazer lembrar desse fato. Fraterno abraço.

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