Foto Asa Roy
Diz Varhagem a respeito dessas caçadas: “Se estás seguro de
que o valor não vos há de faltar, posso-vos dar a segurança que no combate a
fera cairá a vossos pés, quer por meio de tiro feito bem à queima roupa, quer
pela arma branca, se fordes munidos de uma faca e de uma forquilha; pois com a
forquilha enchereis as goelas da fera quando vo-las abrir e depois de assim
terdes assegurada, lhe caireis com a faca entre as espáduas. Para melhor se
defender, poderá o caçador de onça levar consigo uma grande pele de carneiro,
com lã acrescida, a qual no momento do combate usará em forma de manto, com que
terá segurança de que a onça, saltando de improviso às costas ou aos braços,
não o destroçará (Sic)”.
Em seu livro “Viagens e Caçadas”, o Comandante Pereira da
Cunha narra um interessante caçada de onça: “Com a máxima cautela, os dois
zagaieiros à frente, o Nélson entre eles, eu e o Gomes logo atrás, o camarada
puxando a retaguarda, penetramos no acurizal. Um belo espetáculo oferecia-se
aos olhos dos caçadores. A denodada cachorrada acuava um enorme macharrão que, entre
sentando e em pé, com as costas protegidas por um acuri, a boca escancarada,
donde pariam urros de guerra, as presas ameaçadoras a descoberto, os braços e
as fortes garras saltadas, fazia frente aos valentes cães. O Nélson visou um
pouco atrás do maxilar e um pouco acima, fazendo partir o tiro; o animal rolou
por terra e a cachorrada avançou. Rápido, porém, uma nuvem de poeira
levanta-se, os cães afastam-se e o macharrão, reerguendo-se procura apanhar um
deles. Mas o nosso grupo também tinha avançado e a onça, deparando com ele,
salta sobre um dos zagaieiros. A enorme força e o grande peso do animal
enfurecido deveriam dominar o valente Coriango; este homem já havia morto
muitas onças como zagaieiro e sua grande prática de muito lhe valeu neste momento
crítico; assim, com calma e perícia, recebeu o macharrão na ponta da zagaia e
por tal forma que o derrubou por terra. O outro zagaieiro cravou, por seu
turno, a zagaia no peito do animal. A cachorrada, assanhada, mordia raivosa o
terrível inimigo, que ainda assim ferido e subjugado, apanhou um dos cães e
quase o mata; para salvá-lo o Gomes atirou na cabeça do macharrão, acabando por
mata-lo (Sic)”.
O Jardim Zoológico de Nova York comprou certa vez uma onça
fêmea, a fim de que fizesse companhia a um belo espécime paraguaio; durante
alguns dias juntam-se as duas jaulas, para que assim os dois prisioneiros,
ainda apartados, fizessem camaradagem. Mas bastou a nova companheira penetrar
no compartimento do “Lopez”, para que este lhe saltasse à nuca e com a primeira
dentada lhe triturasse duas vértebras; a morte da pobre noiva foi instantânea,
como se lhe talhassem o pescoço a machado. Muitos caçadores afirmam que a onça
imita o pio do macuco e com tal perfeição, que o caçador, enganado, se acerca
da fera, atraído pelo pio com que esta lhe respondera. Outros caçadores, porém,
o negam, nunca lhes tendo constado casos semelhantes, bem documentados.
Frequentemente dá-se porém o inverso, pois é certo e aliás muito natural, que
os felinos, bem como muitos outros carnívoros, procurem o macuco que ouviram
piar e assim também acodem ao pio do caçador. Escondido no embaiá e piando
macuco, não raro acontece ao caçador, quando embrenhado em matas em que haja
onças, ser uma destas que se lhe apresente ao tiro de... chumbo fino!
Característico é o estalido seco e repetido com que a onça se trai, ao mover-se
nervosamente as orelhas, que então produzem como que o som abafado de
castanholas. A área de destruição desta espécie estende-se do Texas ao norte da
Patagônia. Depois de cento e poucos dias nascem os filhotes, nunca mais de três
e que alcançam desenvolvimento completo no terceiro ano.
Bibliografia
Consultada:
Dicionário dos Animais
do Brasil
Rodolpho Von Ihering
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