sábado, 5 de setembro de 2015

AS CORRENTES MARÍTIMAS




















As correntes marítimas são fatores importantes para o desenvolvimento da pesca amadora? Através deste artigo, você descobrirá a resposta. Analise-o.




No mar, o conhecimento das correntes – isto é, o movimento horizontal das águas mais veloz e concentrado no meio da massa líquida formando verdadeiros “rios” com percursos definidos – é fundamental para a pesca, não só porque elas constituem um meio ambiente característico e estável que garante a vida do peixe em termos de temperatura, salinidade, cadeia alimentar, etc., mas também porque as correntes geram movimentos verticais e contrastes de temperatura que ajudam a fertilizar as águas oceânicas. Estas zonas de contraste de temperatura das águas são onde se encontram as maiores concentrações de pescado, o que leva as modernas frotas industriais a fazerem cada dia ou cada semana um mapeamento de temperatura de superfície do oceano por avião ou satélite, para dirigirem suas operações. Os contrastes são criados nas zonas de encontro das correntes ou nas margens, onde se desprendem redemoinhos; além disso, quando as correntes de afastam da costa, surgem movimentos verticais compensatórios que trazem águas do fundo, ricas em nutrientes, para a superfície. Este movimento de afloramento de águas frias e férteis chamado de ressurgência, e na costa brasileira ocorre com frequência na altura de Cabo Frio, criando forte contraste de temperatura com as águas da corrente quente do Brasil que passa ao largo. No Brasil, são três as principais correntes que agem em nossa costa: a Corrente da Guiania, um braço da Corrente Sul-Equatorial, que corre ao longo da costa do Nordeste, do Cabo de São Roque (RN) para cima; a Corrente do Brasil, que deriva de um ramo da Corrente Sul-Equatorial do Cabo São Roque para o sul, normalmente até a altura do estuário do rio da Prata, onde desvia-se para leste, em direção à África; e a Corrente da Malvinas ou Falklands, e águas frias, que sobe do extremo sul do continente, passando entre este e as ilhas do mesmo nome, até encontrar-se com a Corrente do Brasil, entre o Prata e a costa do Rio Grande do Sul.






        Ondas nas praias.
Esta região de encontro, bem como as intromissões da Corrente das Malvinas nas nossas águas de plataforma costeira, alcançando até o litoral do Rio de Janeiro, são de grande importância para a pesca no Brasil. Apesar de fria, a água da Corrente das Malvinas é mais leve, por ser menos salgada, e pode vir à tona, favorecendo a concentração de nutrientes. Já quando a Corrente do Brasil invade a plataforma continental, as condições biológicas são pobres, como acontece às vezes no litoral paulista, segundo comprovaram as pesquisas do Instituto Oceanográfico da USP. Quando traçadas num mapa que abrange o Oceano Atlântico Sul inteiro, verifica-se que as correntes que tangenciam a costa brasileira fazem parte de um circuito fechado, em que as águas giram-no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, indo da África para o Brasil, perto do equador, um braço descendo para o sul até o Prata, daí voltando-se novamente em direção à África, para subir (como a corrente fria de Benguela) rumo ao equador, fechando o circuito. Basta comparar este mapa com a carta geral dos ventos para se perceber que o vento é a principal causa das correntes.

                  Praia de tombo.
De fato, a Física mostra que num mar fundo, o vento dá origem a uma corrente superficial que faz, com a direção do vento, um ângulo de 45 graus para a esquerda, no hemisfério sul (para a direita no hemisfério norte). Este desvio é devido ao efeito de rotação da Terra, chamado efeito de Coriolis, que faz com que todo o objeto que se desloque sobre a superfície terrestre se atrase ou se adiante em relação à rotação do plano do horizonte. Graças a uma exata compreensão destes fatos físicos e geográficos, o brasileiro Amyr Klink selecionou corretamente a rota que lhe permitiu atravessar pela primeira vez o Atlântico Sul em barco a remo, em 1984.
A Corrente do Brasil possui uma largura que varia entre 120 a 150 milhas náuticas (220 a 280 km); segue nossa costa, dela se afasta cerca de 200 km em média. Sua velocidade atinge 20 milhas (37 km) por dia, até a latitude do Rio de Janeiro, mas pode variar durante o ano, sendo mais forte de novembro a janeiro e mais fraca de maio a julho. A temperatura de suas águas alcança 26 a 28 graus; ao mesmo tempo, pode haver uma temperatura de 14 graus junto a Cabo frio, refletindo a já citada ressurgência, conforme foi observado pelo navio oceanográfico “Prof. Bresnard”. 


Entre a costa sul da Argentina e a costa norte do Rio Grande do Sul, a Corrente das Malvinas tem uma velocidade média diária de 10 a 20 milhas. É ela que desvia para leste as águas quentes da Corrente do Brasil, sendo facilmente distinguível desta pela coloração verde-garrafa de suas águas frias e ricas em peixes. Ente os meses de março e maio, uma projeção da Corrente das Malvinas estende-se para o norte junto à costa brasileira (entre esta e a Corrente do Brasil ao largo); alcançando o litoral paulista com velocidade de 0,7 nós (1,3 km/h).



                                                 

                                                  INFORMAÇÃO
Podemos considerar os peixes marítimos como espécies migratórias. Com este artigo do professor Rubens Junqueira Vilela, poderá o pescador amador interpretar a melhor época para a pesca de determinada espécies. A partir do exemplo de alguns peixes, podemos entender melhor essas migrações, que têm nas correntes marítimas sua principal causa. Do sul, temos o exemplo característico que é a migração da tainha, ocorrendo nos meses que correspondem à movimentação da Corrente das Malvinas. Ainda no sul, temos a miraguaia, a corvina, a anchova, etc. Na Corrente do Brasil, podemos citar peixes como o robalo, a pescada, o pampo, etc. Um outro exemplo que marca bem a importância das correntes na pesca é o dos chamados “peixes de água azul”. Dentre eles, destacamos o dourado-do-mar, o marlin, o sail-fish, etc. Aí está, portanto, mais um dado científico para ser analisado e utilizado em futuras pescarias.



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