Com a Leishmaniose, finalizamos a retranca de saúde. Foram 4
matérias que mostraram cada doença e suas consequências, sempre sob a supervisão
da SUCAN, órgão infelizmente hoje extinto. Nossa
principal preocupação, foi mostrar essas doenças, e o quanto elas estão
próximas ao pescador amador.
|
EPIDEMIOLOGIA
Leishmaniose visceral: a cadeia epidemiológica da
leishmaniose visceral (também chamada de calazar) no Brasil é composta de
quatro elos fundamentais: o homem, o cão doméstico, o inseto transmissor e o
canídeo silvestre (a raposa). Um dos reservatórios ou fonte de infecção é o
individuo infectado com parasitos nas células retículos-endoteliais ou no
sangue. No Brasil, em quase todas as localidades onde se registram casos
humanos, têm sido encontrados cães infectados. O homem e o cão são suficientes
para manter o ciclo doméstico de transmissão, nas áreas onde a doença tem
caráter endemo-epidêmico. O canídeo silvestre (raposa), encontrado naturalmente
infectado em focos no nordeste do país, é o único reservatório silvestre do
parasito assinalado até o presente. Pouco de conhece acerca das espécies de
flebótomos que transmitem o protozoário entre raposas ou entre estas e os cães
domésticos ou o homem. Leishmaniose tegumentar: os reservatórios são as pessoas
infectadas portadores de lesões expostas. Também são reservatórios do parasito
os cães e gatos. A fonte imediata da infecção são os flebótomos.
COMO SE APANHA A LEISHMANIOSE
Leishmaniose visceral: Nos focos endêmicos, o agente etiológico do calazar – Leishmaniose donovani – circula entre o
homem doente (ou cão doente) e o homem são (ou o cão), sempre por meio do
inseto transmissor – o flebótomo.
|
|
A única espécie de
flebótomo no país que, até o presente, pode ser responsabilizado seguramente
pela transmissão nos focos endêmicos é a Lutzomya longipalpis (= Phlebotomus
longipalpis). As fêmeas de flebótomos ao sugarem, tanto o homem doente como o
cão, ingerem leishmânias que, após 3 a 10 dias de desenvolvimento no tubo
digestivo do inseto, sob forma de leptômonas, estão aptas a penetrar no homem
ou no cão, por ocasião de um novo repasto sanguíneo do flebótomo. Leishmaniose
tegumentar: é transmitida por meio de picada de flebótomus infectados
ao sugarem o sangue nas lesões cutâneas de indivíduos parasitados. No
flebótumo, a Leshmaniose brasiliensis se desenvolve sob a forma de
leptômonas no tubo digestivo do inseto, de onde passa para o homem por ocasião
de um novo repasto sanguíneo. Várias espécies do gênero Lutzomya (= Phlebotomus) podem transmitir a L. brasiliensis, já tendo sido assinalados como transmissores em
focos endêmicos os P. intermedia, P.
pessoai, P.fisheri, P.migonel e P.
whitmani. A endemia está quase sempre associada à presença de matas, razão
pela qual se acredita seja introduzida em novos focos, por meio de
reservatórios silvestres. Sabe-se que vários roedores, especialmente na
Amazônia, apresentam lesões cutâneas ricas em L. braziliensis, razão pela qual devem esses animais ser
considerados como reservatórios do parasito. Os ovos dos flebótomos são
alongados e medem 320 micra.
|
|
São depositados em lugares úmidos e sombrios, contendo
matéria orgânica. Adulto: díptero de cor amarela, muito pequeno (2 a 2 e 1/2mm
de comprimento) capaz de atravessar as malhas dos mosquiteiros e telas comuns.
As pernas são longas, o corpo é piloso e as asas grandes, hialinas, densamente
revestidas de cerdas longas. Em sua posição de pouso, as asas não cruzam sobre
o corpo do inseto, mas permanecem levantadas e ligeiramente afastadas dando um
aspecto muito característico ao inseto. A cabeça alongada acha-se refletida
para baixo, formando ângulo de aproximadamente 90° com o eixo longitudinal do
corpo. Suga de preferência no crepúsculo ou à noite, escolhendo regiões
delicadas no corpo (faces, dorsos das mãos e pés); sua picada provoca prurido
intenso e duradouro.
COMO SE DESENVOLVE UM CASO DE
LEISHMANIOSE
Leishmaniose visceral: o período de incubação é extremamente variável,
podendo ser de algumas semanas ou até de vários meses. Geralmente de 2 a 4 meses.
Os doentes de calazar podem infectar flebótomos durante todo o curso da doença,
não tendo sido assinalados no país casos de persistências de leishmaniose na
pele dos indivíduos tratados e curados da infecção visceral, como ocorre em
outras partes do mundo.
|
|
Os cães infectados mantém-se com leishmanias na pele, podendo
ser reservatórios do protozoário até a morte, não sendo assinalados casos de
cura espontânea. O tratamento específico é, também, pouco eficiente no calazar
canino. É provável que as infecções por L.
donovani confiram imunidade permanente. Faltam dados seguros para saber se
os casos tratados adquiriram resistência às novas infecções. Leishmaniose
tegumentar: o período de incubação é variável entre algumas semanas e
vários meses. Em virtude da extrema escassez de leishmanias observada
geralmente nas lesões crônicas, acredita-se que os flebótomos se infectam
apenas em lesões recentes, ricas em parasitos.
DIAGNÓSTICO
Leishmaniose visceral: o diagnóstico de certeza é feito pelo achado de
leishmania na medula óssea, normalmente esternal ou ilíaca, em material
coletado por punção e examinado em laboratório. O diagnóstico clínico de
probabilidade é sugerido pela presença de febre irregular, anemia progressiva,
hépato e esplenomegalia e comprometimento geral, em paciente de zona endêmica. Leishmaniose
tegumentar: o diagnóstico é feito pela pesquisa de leishmanias em
material retirado das bordas das lesões, por curetagem ou punção.
PROFILAXIA
|
|
A orientação atual para o desenvolvimento das atividades
profiláticas contra as leshmanioses visceral e tegumentar compreende as
seguintes providências:
1. Inquéritos: os inquéritos epidemiológicos têm por
finalidade a descoberta de doenças, de cães infectados e outras fontes de
infecção.
2. Combate aos cães doentes e ao vetores.
3. Educação sanitária, onde entra a ativa participação da
SUCAM.
O QUE FAZ A SUCAM
Em 1986, as leishmanioses mantivera-se em ascensão, conforme
vem ocorrendo nos anos recentes. O calazar, com três mil casos citados no ano
citado, predomina no nordeste, enquanto a leishmaniose tegumentar, embora
apresente ampla dispersão (nordeste, sudeste e centro-oeste), mostra maior
concentração na Amazônia (cerca de quinze mil casos foram registrados em todo o
país em 86). As ações de controle estão dirigidas para o reservatório canino do
calazar – 100 mil cães examinados em 150 municípios, com o sacrifício dos
animais infectados; contra os vetores, com a realização de inquéritos
entomológicos e aplicação de inseticidas em 50 municípios; e busca ativa de
casos, educação e divulgação sanitárias em todos os municípios onde se processa
o inquérito canino. A SUCAM garantiu os suprimentos da medicação específica
para o tratamento dos casos humanos de leishmaniose, em todo o país, atuando
integradamente com a rede básica de saúde. Articula-se também com instituições
de pesquisa o desenvolvimento de projetos de elevado interesse para o controle
dessas zoonoses, como vacina humana da LTA e testes sorológicos para
diagnóstico de leishmaniose canina.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário