Dourado na
Isca artificial de barbela
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Quando se trata de Pantanal, nós da Aruanã estamos cansados de
afirmar que o sucesso em uma pescaria, seja no norte ou no sul, depende da
altura das águas. E dessa afirmação surge uma pequena regra onde não cabe
qualquer exceção: quanto maior for a
enchente, mais peixes estarão presentes. No entanto, talvez por falta de
informação ou por informação errada, alguns pescadores continuam a cometer
erros primários que influem muito no resultado de sua pescaria. Vamos, então,
abordar separadamente os hábitos e costumes das principais espécies e, principalmente
onde localizá-los e com que isca pescá-los.
OS PEIXES
DOURADO
Muito procurado pelos pescadores amadores por sua
esportividade e beleza, este peixe, quando fisgado, pula e briga muito, mostrando
toda a sua majestade.
Corixo |
Pescá-lo é fácil, principalmente quando o Pantanal começa a
vazar e os dourados, em cardumes, mostram-se atacando as iscas brancas que saem
dos campos para os rios principais. Normalmente, isso acontece nos chamados
corixos. É só parar o barco em um desses pontos e jogar qualquer tipo de isca,
natural ou artificial, que o ataque é imediato. E quando o rio está com o nível
mais baixo? Por certo a pescaria não será a mesma, já que os dourados não se
mostram tanto e, portanto, são mais difíceis de serem localizados, apesar de
estarem presentes no rio. Se quisermos dourados, vamos ter que procurá-los e a
melhor dica para um rápido encontro é saber de alguns detalhes. Localize, por
exemplo, um praiado de areia. A correnteza deve passar por ele e abrir para o
meio do rio. Ao fazer isso, essa correnteza torna-se mais forte e mostra
ondulações na superfície da água. Apoite o barco no começo da correnteza ou,
então, logo acima do praiado e use como isca a tuvira ou o jeju. Dê o lance
para o meio do rio, sempre acima da correnteza e vá soltando linha, fazendo com
que a isca vá “lambendo” o fundo do rio que, por certo, será de areia,
praticamente eliminando o risco de enroscos.
Galhadas que
formam corredeiras
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Nesses locais, o dourado costuma passar alguns dias, desde
que haja disponibilidade de alimentação. Mas, de repente eles somem e não se
consegue fisgar um só exemplar. Se isso acontecer, basta mudar o tipo de
pescaria e passar a procurá-lo em outro local. Procure galhadas, que tanto
podem estar nas margens como no meio do rio. O importante nessas galhadas é que
as mesmas formem pequenas corredeiras, facilmente visíveis. Pare o barco logo
acima, sendo a melhor distância até onde o pescador conseguir arremessar com
precisão. Presume-se que a distância mínima seja de 20 metros. Use como isca
natural jeju ou tuvira, e como isca artificial use plugs de barbela. Quando
usar isca natural, deixe-a correr junto à galhada, dando pequenos toques com a
vara de pesca, para que a isca fique na superfície. No caso de isca artificial,
jogue-a no meio ou do lado da galhada, dê um puxão para produzir barulho na
água e corrique com a ajuda do equipamento.
Piau: boa
isca para pintado
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Pintado
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Praiado com
areia
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Se você não conseguir achar nenhum local ao ler as dicas
acima, seu erro está na escolha da época, pois o Pantanal vazou e agora começa
a encher novamente. No começo da enchente não haverá ataque às iscas, nem
corredeiras e muito menos corixos.
PINTADO
Onde tem dourado, tem pintado. Portanto, a melhor opção é
pescar com o Pantanal cheio de corixos, porém com pequenas modificações.
Enquanto o dourado prefere águas mais rápidas o pintado as prefere mais calmas.
Assim sendo, pesque um pouco antes ou após as corredeiras. Importante também é
mudar o equipamento. Use um chumbo um pouco mais pesado, enquanto a linha e os
anzóis podem ser os mesmo. As iscas podem ser também a tuvira e o jeju, mas
acrescente a essa lista as chamadas iscas brancas, tais como sauás, lambaris,
piaus, piabas, sardinhas, etc. Se apoitar no meio do rio, dê lances para as
margens, e se apoitar na margem, dê lances para o meio do rio. O segredo é ir
dando linha, fazendo a isca vir “lambendo” o fundo.
Pacu
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Se houver praiados de areia, os pintados poderão estar no
meio do rio ou, se a profundidade for boa nestes praiados, eles também estarão
em toda a sua extensão. Com o rio mais
baixo, os pintados estarão nos chamados poções e, nessa época, o melhor mesmo é
pescar de rodada. As iscas podem ser as mesmas.
PACU
É um peixe cujo sinônimo poderia ser água alta. Durante o
dia, podemos pescá-lo nos campos. À noite, porém, o pacu dorme no rio e,
sabendo disso, o pescador deverá procurar uma saída ou entrada de água nos
campos e pescar nesses locais, sempre nas duas horas do amanhecer e na ultima
do entardecer As melhores iscas serão o tucum e as bolotas de massa,
pescando-se de batida. Se o rio perdeu a ligação com os campos, ou seja, a água
já saiu totalmente, o melhor é pescar juntos às grandes extensões de camalotes.
Amarre seu barco em uma moita de camalotes nas margens e dê lances para o meio
do rio, fazendo com que a isca venha “lambendo” o leito do rio.
Massa para
pacu
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Essa operação que é conseguida com o continuo movimento de
levantar e abaixar a vara de pesca, é para que a isca não enrosque e fique
livre de enroscos soltos. Quando a linha esticar, deixe a isca parada. As
melhores iscas? Vamos lá: laranjinhas de pacu e melancias de pacu, que são
iscas do próprio local ou, ainda, caramujos e caranguejos. A outra opção é
pescar de batida, de rodada, sempre dando os lances à frente do barco. A
distância ideal do barco para as margens com camalotes, será de dois ou três
metros, fazendo o possível para o barco ficar sempre atravessado com a
correnteza. Se o rio estiver bem seco,
vai ser difícil encontrar o pacu pois, mais uma vez, você terá ido pescar na
época errada.
JAÚ
É um peixe que só pode estar em um local, seja lá qual for a
altura das águas do rio: os grandes e profundos poções. Isso acontece nas
cheias e na média vazante. Com o rio bem baixo podemos pescar alguns, mas a
pescaria não será farta.
Jaú
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Use material pesado e
iscas como a tuvira, o jeju, o minhocoçu, o muçum, cascudos e pedaços de
peixes, como a traíra, piaus e piabas, entre outros. Se esses peixes foram
pequenos, use-os inteiros e, de preferência, vivos. Estas são as principais
espécies. Para terminar, vamos falar rapidamente de algumas outras:
PIRAPUTANGA
Gostam de rio cheio e são encontradas nas corredeiras mais
mansas. Para pescá-las, recomendamos usar iscas de pequenos peixes ou, como
artificial, o spinner. Essa espécie costuma mostrar sua presença, pois fica
atacando cardumes de pequenos peixes. Gosta também de frequentar cevas ou
locais onde se limpam peixes.
PIAVUÇU
Pescando pacus nos camalotes, esse peixe costuma roubar
muitas iscas do pescador. Quanto ao material, diminua o tamanho das iscas
(caranguejo e caramujo) e dos anzóis. Uma boa dica é fazer cevas com milho
seco, usando o milho também como isca. Faça a ceva e em dois dias já haverá
peixes à sua disposição.
Piraputanga
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JURUPOCA
A melhor isca para essa espécie é o lambari ou pequenos
peixes como o sauá, a sardinha, entre outros. Costuma ficar nos praiados onde o
fundo é de areia e a melhor hora para pescá-las é ao entardecer/amanhecer e
durante as primeiras três horas da noite. Recomendamos o uso de material médio,
bem como anzóis médios e pequenos chumbos.
BARBADO
Será inevitável fisgar alguns barbados durante as pescarias
de pintado feitas de rodada. Palmitos e jurupensens também pegarão do mesmo
jeito e com a mesma isca de jurupocas, porém em locais diferente e durante o
dia. Esses dois últimos peixes gostam de corredeiras, principalmente em seu
final, quando houver um pequeno poço junto às margens.
Falamos das principais espécies ou, pelo menos, das que mais
interessam ao pescador amador. A dica final é quanto à altura das águas do
Pantanal. Como se vê, esse é um item muito importante e, observando-se isso, o
sucesso é garantido para várias espécies.
Piavuçus
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Observe principalmente as dicas dos locais e iscas e traga na
sua cota várias espécies de peixes. Ou melhor: traga apenas o suficiente para
sua família e pratique o pesca-e-solte, já que, com sua experiência você ira
agora pescar o peixe da espécie que desejar. Portanto, nada mais justo para se
divertir do que soltar os peixes extras. Não se preocupe em fisgar uma só
espécie, ou seja, a mais fácil e que está dando em maior quantidade. O gostoso
da coisa é fisgar o peixe da espécie que você decidir – afinal de contas, durante
a época certa todas as espécies estarão lá à sua disposição. Basta apenas
observar os “sinais da natureza”, que nada mais são do que as dicas que
relatamos acima. Boa pescaria.
Nota da Redação: A pesca no Pantanal reabre dia 1º
de março próximo, pois acaba o período de defeso da piracema. Nada mais justo e
protetor. Se você for pescar no Pantanal, seja ele norte ou sul, tenha a
preocupação de ver as leis que regem a pesca por lá e por obrigação, segui-las.
Mas uma recomendação para que você pondere: caso a “cota” de pescado seja de 10
quilos mais um exemplar de qualquer peso e, você goste de saborear, junto a sua
família, o pescado que você capturou esportivamente, com sua técnica e
material, não tenha receio de trazer esse pescado para sua casa.
Barbado
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Jurupoca
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Evidente está que alguns “defensores” do meio ambiente, vão
te criticar, dizendo que você devia praticar o pesca e solta. Ignore-os.
Simples assim. Você está nos seus direitos de pescador e cidadão. E mais uma
coisa, ao tirar fotos e depois posta-las, não cite onde esteve pescando, onde
se hospedou, qual material usou ou onde o comprou, visto que lugar de
propaganda é nos veículos próprios do segmento e não no Facebook. Porque isso? Tem
gente lucrando muito e, sem merecer, por tal “propaganda” grátis. Mais uma vez, boa
pescaria.
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