sábado, 23 de abril de 2016

FOLCLORE BRASILEIRO --- A GRALHA AZUL













Encontrada em vários estados brasileiros, é bastante conhecida nos bosques e planícies do Paraná. Algumas são brancas, outras azuis e seu pescoço é preto. Alimenta-se de pequenos animais, filhotes e ovos de outros pássaros porque é um corvídeo. Além disso, conta a lenda que a gralha possui uma missão celeste.





Dormia a ave num galho amigo. Nem bem amanhecia o dia, escutou uma batida aguda de machado e o gemido surdo do pinheiro. O homem estava golpeando a árvore para transformá-la em tábuas. Levou anos a natureza para que o pinheiro atingisse aquele porte majestoso e em questão de horas estaria estendido no solo, com os galhos serrados, pronta para a serraria. Com as batidas a gralha acordou. A cada golpe do machado, sentia a pancada repercutir em seu coração. Desesperada, a ave subiu em vôo vertical, não querendo ouvir aquele som, que sabia ser o prenúncio da queda do pinheiro amigo. Subiu o mais que pôde, e lá em cima, além das nuvens, escutou uma voz: - “As aves são seres bons. Se padecem com as dores alheias”. A gralha assustada, subiu mais alto ainda. Mas não adiantou. A mesma voz, calma e terna, se dirigiu novamente a ela: - “Volte, avezinha! Seu lugar não é aqui! De hoje em diante terá a cor azul como da deste céu e vai voltar ao seu pinheiral. Você será minha ajudante e vai plantar os pinheiros, espalhá-los mais e mais. Esta árvore é o símbolo da fraternidade. Ao comer o pinhão, tire-lhe a cabeça. Com seu bico, abre-lhe a casca. Antes de terminar de se alimentar, deverá enterrar alguns pinhões, já de a cabeça, com a ponta para cima, para que a podridão não destrua o novo pinheirinho que dali nascerá. Do pinheiro nasce a pinha, da pinha nasce o pinhão, do pinhão nasce o pinheiro... É assim que os pinheiros vão nascendo. As pinhas alegram as festas, onde o regozijo barulhento é como um bando de gralhas matracando os galhos dos pinheirais...” A gralha atingiu as alturas. Quando olhou seu próprio corpo, observou que estava toda azul. Somente onde seus olhos não alcançavam continuou preta. Ao ver a beleza de sua cor, voltou aos pinheirais. Suas penas, da cor do céu, lhe alegraram o coração antes tristonho. Seu canto, de tão contente, passou a ser um verdadeiro alarido, se parecendo com as vozes de crianças brincando. A gralha azul iniciou seu trabalho de ajudante celeste.

2 comentários:

  1. Muito bom! Excelente material de pesquisa. Estou a adaptar personagens do folclore em vídeo, caso tenha interesse, segue link Youtube: 1-Saci: https://youtu.be/zD3OOPJyDoA

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  2. Sander. Obrigado pelo comentário, no entanto, não entendi e não consegui acessar o vídeo que você me relatou. Entre em contato pelo meu email. Grato

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