Nesta edição, damos prosseguimento à matéria de animais
peçonhentos e venenosos apresentando a parte II, onde estão as dicas de como
enfrentar os males causados por aranhas, escorpiões, insetos e escolopendras.
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Aranhas
São do grupo dos animais peçonhentos por terem glândulas de
veneno e poderem injetá-los através de seus ferrões. Os acidentes podem ser
fatais, principalmente com crianças. As aranhas venenosas no Brasil pertencem a
4 gêneros, com mais de 15 espécies espalhadas por todo o território, com
predominância nos estados do sul. A identificação das aranhas é difícil, mas
pode ser feita pelos desenhos encontrados em seu dorso e pela coloração,
geralmente parda ou escura. Os principais gêneros são: Loxoceles, Latrodectus,
Phoneutria, Lycosa. Veremos a seguir algumas espécies e suas
características.
1 – Armadeira (Phoneutria nigriventer)
A aranha armadeira possui desenhos semelhantes a pares de
folhas no dorso do corpo. Geralmente é encontrada em montes de telhas, tijolos,
tábua velhas e bananeiras. São agressivas.
2 – Tarântula (Lycosa erythrognatta) ou aranha de
grama, de jardim.
As tarântulas são encontradas em jardins. Debaixo de paus
podres, pedras ou capim alto. Costumam picar ao serem tocadas.
3 – Viúva-negra (Ltrodectus curacaviensis)
Os acidentes com a viúva-negra são pouco frequentes. O perigo
que representa não justifica sua fama. É pouco agressiva, pequena, faz teia
irregular e é encontrada sob arbustos e campos cultivados.
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4 – Aranha-marrom (Loxosceles gauch0, L.laeta.L simílis. Etc).
São aranhas pequenas de até 1 cm de tamanho de corpo e que
fazem teias semelhantes a fios de algodão esparsos sobre um substrato, sempre
em lugares escuros. Aranhas de índole mansa, só picam quando espremidas contra
o corpo na roupa.
5 – Caranguejeira
Aranha cabeluda encontrada nas regiões tropicais. Atinge até
25 cm de comprimento. Apesar do tamanho, a caranguejeira não é considerada
perigosa pelo tipo de veneno que apresenta. Sua picada, contudo, é dolorosa
(mais pela ação mecânica do que pela ação do veneno). Ao se defender, tira os
pelos do abdômen e os joga, o que causa um efeito irritante, podendo
desencadear um processo alérgico.
Ação da
peçonha
A ação da peçonha das Lycosas pode ser proteolítica. Há
dor no local no momento da picada. São as menos perigosas. A peçonha dos demais
aracnídeos tem ação neurotóxica, atuando sobre os centros nervosos. No local da
picada deixam como vestígio um sinal puntiforme ou uma erosão epidérmica.
Dificilmente fazem vítimas e, no caso, somente em indivíduos em más condições
físicas, em crianças, ou ainda em pessoas de pequena massa corporal. De 24 a 48
horas após a picada ou a aplicação da terapêutica analgésica, os sintomas
desaparecem.
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A soroterapia só é indicada quando houver dor muito acentuada
e sinais clínicos de gravidade. A dor, que é o principal sintoma, deve ser
combatida com analgésicos e sedativos. Os anti-histamínicos são sempre
indicados. Antibióticos, só quando houver necrose e infecções, o que raramente
acontece.
Escorpiões
Há cerca de 150 espécies de escorpiões no Brasil. Dentre elas,
as mais perigosas são o Tityus serrulatus, no sul; Tityus
bahinsis no centro sul; Tityus canbriggei, na Amazônia e
norte e Tityus stigmurus, no nordeste. O maior número de
acidentes ocorre nos meses quentes, e 70% dos casos no sudeste devem-se ao Tityus
bahiensis, também chamado de escorpião preto. O Tityus cambridgei também
é preto, porem de porte maior. Os escorpiões ocultam-se em lugares sombrios e
frescos, debaixo de paus, tábuas, pedras, e picam ao serem molestados. Na selva
amazônica é comum serem encontrados em plenas áreas inóspitas, chegando a
causar surpresa pelo seu número.
Ação da
peçonha
Predominantemente neurotóxica, deixando no local da picada
apenas um sinal puntiforme, sem reação. Provoca dor muito intensa, leve
hipotensão arterial, taquicardia e sudorese.
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Tratamento
Administrar sedativos e analgésicos, pois a dor, que é o
principal sintoma, deverá ser combatida. Para tanto, a inserção do membro
afetado em água quente traz bons resultados. Anti-histamínicos terão efeito
coadjuvante. Sempre nos casos graves será aplicado o soro antiescorpiônico por
via venosa. Se possível, anestesiar a região picada e fazer aplicação de cálcio
por via venosa. Observação: os escorpiões não se suicidam quando colocados
dentro de um círculo de fogo; morrem desidratados. A cauda se enverga seguindo
um movimento natural de sua musculatura e articulações. Além disso, seu ferrão
não é capaz de perfurar a carapaça de seu corpo para causar envenenamento.
Insetos e
Escalopendras
(Lacraias)
As abelhas, vespas e lacraias podem produzir acidentes
dolorosos pela inoculação de peçonha, que contém histamina, através de seu
ferrão. As reações locais são a sensação de ardência ou queimadura e a formação
de edemas. As reações gerais podem ser determinadas por picadas múltiplas,
principalmente na face, pescoço e cabeça. A gravidade do caso estará na
dependência do número de picadas ou de ter a vítima se tornado alérgica por
picadas anteriores. Nesses casos, o quadro clínico rapidamente se agravará com
o estado de choque anafilático e morte por edema da glote. Quase todos os casos
mortais são devidos a estas manifestações. O tratamento consiste na
administração de analgésicos e anti-histamínicos, ou gluconato de cálcio, por
via venosa.
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Medidas preventivas
As seguintes regras poderão ser utilizadas, a fim de evitar
as picadas de ofídios, aranhas, escorpiões e lacraias.
1 – Andar sempre com uma vara, batendo-a nas árvores e
galhos; o ruído espantará os animais, e a própria vara poderá servir de defesa.
2 – Antes de sentar ou deitar, verificar o local com a
própria vara ou com os pés; evitar sentar sobre toras ou árvores caídas, sem
antes examinar à sua volta, pois são locais preferidos, pelo frescor e pela
sombra para abrigo de serpentes.
3 – Ao vestir-se, verificar se não há animais peçonhentos que
tenham vindo abrigar-se nas peças de roupa, bastando sacudi-las.
4 – Examinar bolsas e sapatos antes de calçá-los, virando e
batendo na sola, pois são os locais preferidos para abrigo de aranhas e
escorpiões.
5 – Ter cuidado ao mexer em folhas de palmeira, montes de
folhas ou palhas e paus e tábuas empilhadas.
6 – Na selva, evitar sempre andar isolado. Quando possível,
deslocar-se, no mínimo, em grupos de três pessoas.
INFORMAÇÃO
Complementando a matéria sobre animais peçonhentos, a revista
ARUANÃ voltou ao Instituto Butantã, em São Paulo.
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Drª Sylvia Lucas
Lá conversamos com a
Drª Sylvia Lucas, bióloga formada pela USP, pesquisadora científica do
Instituto, chefe da Seção de Animais Peçonhentos há 20 anos e diretora da
Divisão de Biologia há 5 anos, que nos cedeu as informações acerca de aranhas,
escorpiões e escolopendras que ora publicamos. Aqui uma relação dos principais
órgãos de atendimento em todo o Brasil especializados em tratamento de
acidentes com animais peçonhentos:
Acre (Rio Branco), Alagoas (Maceió), Amapá (Macapá), Amazonas
(Manaus), Bahia (Salvador), Ceará (Fortaleza), Distrito Federal (Brasília),
Espirito Santos (Vitória), Goiás (Goiânia), Maranhão (São Luís), Minas Gerais
(Belo Horizonte), Mato Grosso (Cuiabá), Mato Grosso do Sul (Campo Grande), Pará
(Belém), Paraíba (João Pessoa), Paraná (Curitiba), Pernambuco (Recife), Piauí
(Teresina), Rio Grande do Norte (Teresina), Rio Grande do Sul (Porto Alegre),
Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), Rondônia (Porto Velho), Roraima (Boa Vista),
São Paulo (São Paulo), Santa Catarina (Florianópolis) Sergipe (Aracajú).
Nota da Redação: Na matéria original, publicada na Revista
Aruanã edição nº2, em abril de 1988, mostramos os telefones de cada cidade
citada. Evidente está que seu uso não é mais indicado, devido as modificações
que aconteceram durante os anos posteriores mas, essas informações atuais podem
ser conseguidas atualmente, em vários veículos de procura. É de interesse de
cada pescador ou leitor, essa importante atualização.
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Revista Aruanã Ed.04 Publicada em 02/88
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http://lachesisbrasil.blogspot.com.br/2013/08/primeiros-socorros-aos-acidentados-por.html
ResponderExcluirRodrigo: Registrada a sua opinião e indicação. Obrigado pela participação.
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