Formado há mais de 10 anos, o lago de Tucuruí tornou-se um
excelente local para a pesca esportiva, principalmente do tucunaré, que nessa
represa atinge grandes proporções. A Aruanã esteve lá, conferindo sua
piscosidade. Vamos juntos neste novo roteiro.
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Aspectos da Represa
Quando se chega a Tucuruí a primeira visão impressiona,
devido à sua gigantesca obra de sua hidroelétrica. A profundidade do lago junto
à barragem é de mais de 70 metros. Sua água é muito limpa e a barragem pode ser
percorrida pela parte de cima por vários quilômetros. Aliás, em uma ponta de
pedra no fim da barragem já se percebe o primeiro bom sinal de pesca, pois
existe aflorando a superfície uma espécie de capim, onde o tucunaré dá caça aos
pequenos peixes que são a base de sua alimentação. Nesse local são muitos os
pescadores que pescam da própria margem, fisgando alguns peixes do bom tamanho.
Fizemos uma incursão a esse local, acompanhados na ocasião por diversos botos
que também estavam ali pescando. Evidentemente que o sucesso deles e sua
presença, mostrada em assopros e evoluções, determinaram o fracasso de nossa
pescaria. Valeu no entanto o espetáculo. O reservatório de Tucuruí é formado
principalmente pelo rio Tocantins e seu início é próximo à cidade de Marabá.
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Adicionar legenda
Para se ter uma idéia do tamanho desse lago, basta citar sua
área, que é de aproximadamente 2.400 km2, tendo mais de 170 quilômetros de
comprimento e em alguns trechos cerca de 10 quilômetros de largura. Um outro
ponto bastante interessante de ser citado são as ilhas que se formaram pelo
alagamento da área. Segundo o pessoal da usina, são mais de 1.100 ilhas de
diversos tamanhos. Para o pescador amador essas ilhas são muito importantes, já
que praticamente todas são ótimos pesqueiros de tucunarés, pois é à sua volta
que as galhadas, com grotas pequenas de capim na água e mesmo árvores boiando,
confirmam a presença desse peixe. Por ocasião de nossa visita e em contato com
os pescadores amadores locais, ficamos sabendo de tucunarés com aproximadamente
8 quilos em seu tamanho máximo. Tivemos a oportunidade de fotografar exemplares
de aproximadamente 7 quilos, fisgados no dia da pescaria.
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Tucunaré
Peixes desse tamanho não são difíceis de serem fisgados, no
entanto a média gira em torno de 5 quilos. A maneira mais comum de pesca em
Tucuruí, executada pelos pescadores amadores da região, é a de corrico com
colheres. No entanto, por nossa experiência e observação, podemos afirmar que
se em vez de corricar usarmos o sistema de arremesso, principalmente nas grotas
e em meio às galhadas, por certo obteremos um sucesso maior. Evidente esta que
para tal prática, o pescador amador deverá estar equipado principalmente com
motor elétrico, pois sem dúvida esta será a maneira mais correta de se “bater”
bem os pesqueiros. As principais espécies para a pesca amadora no lago são o
tucunaré, a corvina, o apapá, a bicuda, o aruanã e com alguma sorte, a
matrinchã. A jusante da barragem existem ainda bons pesqueiros no leito
original do rio Tocantins, e para aqueles que gostam da “barra pesada”, podem
ser fisgados jaús, piraíbas, pirararas, barbados, filhotes, surubins, caranhas
(pacu), matrinchãs e outras espécies menores, usando-se logicamente o material
adequado.
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Mapa da represa
Esses pesqueiros são facilmente identificados, pois olhando
da barragem para o rio, ve-se aflorar à superfície várias formações rochosas,
mostrando claramente os poços profundos para se praticar esse tipo de pesca. Em
nossa visita, vimos vários pescadores pescando junto às comportas, o que só é
possível quando a vazão de água pelos “sangradores” está fechada. No caso dessa
vazão estar aberta, é conveniente pescar a uma distância segura. Seguindo
informações que obtivemos, as melhores iscas nesse local são os pequenos
peixes, tais como piaus, acaris (cascudos), matrinchãs e mesmo pequenos
tucunarés. Ao contrário da pesca no lago, no rio pescaremos apoitados. Um outro
ponto a salientar na pesca do tucunaré, principalmente para aqueles que não
usam iscas artificiais, refere-se às iscas naturais. Podemos usar os pequenos
peixes do lago como a sardinha, o lambari, o piau, etc., mas a mais fácil de
ser conseguida é o camarão (pitu).
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Pesqueiro das ilhas
A presença desse crustáceo no lago é enorme e ele pode ser
conseguido facilmente. Qualquer morador ribeirinho das ilhas (e são muitos),
tem uma espécie de “covo” onde são apanhados os camarões. Nas margens em meio
ao capim, também poderão ser conseguidas boas quantidades dessa isca usando-se
peneiras. Em Tucuruí, para quem pesca dessa forma, o material mais usado é a
tradicional vara de bambu, com linha do comprimento da vara e pescando com o
barco solto, junto à margem de capim e as galhadas. Não tivemos a oportunidade
de testar, mas pareceu-nos que se pescarmos com bóias e vara com molinete ou
carretilha, a exemplo da pesca do robalo, os resultados poderão ser também
muito bons, observando-se a vantagem de lances mais longos, com menos barulho e
menor aproximação aos peixes. Fica difícil estabelecer quais são os melhores
pesqueiros, já que, como dissemos anteriormente, em praticamente todas as ilhas
eles existem, mas ouvimos os companheiros do lugar citarem a “base 4” como
sendo um dos melhores locais para a pesca do tucunaré.
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Pesqueiro de tucunaré
Essa “base 4” fica a algumas horas da barragem e é esta a
principal vantagem, pois a distância garante menor presença de pescadores
profissionais, e portanto mais peixes. Navegar no lago não chega a ser
perigoso, mas devemos alertar quanto aos ventos como principal cuidado a ser
tomado. Pela largura do reservatório, alguns locais apresentam grandes ondas
que dificultam muito a navegação de barcos de alumínio. Segundo nossas
observações, depois confirmadas pelos pescadores locais, os ventos mais fortes
normalmente ocorrem na parte da manhã e por volta de meio-dia vão acalmando até
cessarem completamente no período da tarde. Um outro ponto a ser citado é que
não existe uma época considerada como a melhor para a pesca em Tucuruí, já que
durante todo o ano a pesca é farta e dificilmente as águas estarão sujas,
principalmente pelo tamanho do lago.
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Tucunaré fisgado na isca artificial
A bem da verdade, fomos informados que se em alguns trechos a
água ficar um pouco turva, em outros estará sempre limpa e cristalina.
Conseguimos apurar no entanto que de outubro até janeiro seria uma boa época
para a pesca de tucunarés. No que se refere a infraestrutura para a pesca, será
conveniente que os pescadores levem o barco e o motor de popa, pois não existem
em Tucuruí esses equipamentos para alugar. O que se pode conseguir facilmente
são barcos maiores, por exemplo, para o transporte da tralha, quando se quiser
acampar em algum ilha. Aliás, o acampamento será uma ótima opção, apesar de
Tucuruí estar servida de toda a infraestrutura, com hotéis, restaurantes,
supermercados, postos de gasolina, etc. Para os pescadores que desejarem ir a
Tucuruí, podemos dar como dica que o melhor local para descer os barcos e
tralha está junto à ponte no lado sul da barragem. Ali existe inclusive uma
fábrica de gelo.
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Tucunarés
Para atingir o lago de Tucuruí temos duas opções: por via
aérea, devemos ir até Belém e de lá fazer conexão para Tucuruí, onde há dois
voos diários; por via rodoviária, siga até a cidade de Marabá (TO), onde há
estrada até o lago. Essa estrada tem parte pavimentada e parte ainda de terra (NR: a confirmar), mas segundo informações é uma
viagem que pode ser feita com relativa facilidade. Com referência, devemos
acrescentar que partindo de São Paulo, o percurso até Tucuruí gira em torno de
2.500 quilômetros. Aí está portanto, mais um roteiro para os leitores da
Revista Aruanã, que apesar da distância pode ser cadastrado como um excelente
local para os pescadores amadores brasileiros.
AGRADECIMENTO
Nós, da Revista Aruanã, queremos agradecer em especial ao Dr.
Marco Aurélio Rufato e ao Dr. Luiz Afonso Bozzatto, médicos do Hospital de
Tucuruí que nos assistiram e assessoraram em todos os detalhes e que tornaram
possível a edição deste roteiro. Agradecemos ainda aos pescadores, Paulo,
Gilson, Mauro, Kuba, Saul, Silvio, Luís Fernando e Manoel pela receptividade e
ajuda nas pescarias do lago de Tucuruí.
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Jusante da barragem
DEPREDAÇÃO
Em meio a toda beleza e esplendor do lago de Tucuruí, um fato
corriqueiro e nem por isso menos lamentável refere-se à depredação por parte
dos pescadores profissionais em sua atividade, que chega às raias do absurdo e
insanidade. Tivemos a oportunidade de presenciar a “atividade” desses
profissionais, denominados de “Colônia de Pescadores Z – 32 de Tucuruí – PA”.
Estarrecidos, vimos que essa atividade profissional está dizimando a fauna
ictiológica do lago de maneira completamente criminosa. Segundo informações que
obtivemos, cerca de 100 toneladas/mês de peixes são retiradas do reservatório,
principalmente tucunarés, corvinas, apapás, etc., que a princípio é criminosa,
uma vez que não são respeitados tamanhos mínimos e épocas de desova.
Conseguimos ver uma “caixa de gelo” repleta de tucunarés que não tinham mais de
20 centímetros de comprimento. Outro ponto a salientar é a total falta de
higiene desse pescado, que fica exposta à ação de moscas e ao sol até ser
acondicionado nas caixas de gelo.
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“Ação dos profissionais”
É evidente que em uma região de poucos recursos a pesca
profissional sustenta muitas famílias, mas da forma como está sendo praticada,
por uma questão de lógica, em pouco tempo causará a extinção total desses
peixes. Fica a pergunta: quando acabar, essas famílias irão se sustentar de que
maneira? A propósito, em Tucuruí há representação do IBAMA – Instituto
Brasileiro de Meio Ambiente – e como não poderia deixar de ser, completamente
omissa e inoperante. Durante os cinco dias que permanecemos na região não
conseguimos verificar sua fiscalização em nenhum momento. Aliás, no local
existem rumores de que o IBAMA de Tucuruí está “preocupado” com outros detalhes
mais “significativos”. Para nós, acostumados com as demandas desse famigerado
órgão “responsável” pelo meio ambiente no Brasil, isso não causa nenhuma
surpresa. Mas infelizmente para o lago de Tucuruí essa inoperância na fiscalização
é um sinal de alerta e perigo.
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A colônia de pesca
NOTA DA REDAÇÃO: Chama a atenção a total ignorância de autoridades ambientais
na região. Será que algo mudou na região? Afinal faz mais de 24 anos desde a
publicação dessa matéria, que em nossa opinião é um local de excelente pescaria
de tucunarés. Chama também a atenção de que nada se ouve, se vê ou se lê, na
mídia da nossa atividade de pesca amadora, sobre pescarias realizadas por
pescadores amadores na região. Será ainda que o pescador amador desconhece esse
local para a realização de uma boa pescaria e não tão longe? Afinal de contas,
tucunaré entre 5 e 8 quilos não é peixe para se desprezar. E finalmente, aos
ambientalistas de plantão, aos quais dedico está postagem do lago de Tucuruí.
Alguém vai dedicar uma linha nas redes sociais sobre esse assunto? Afinal de
contas, Tucuruí está no estado do Pará e dentro do nosso Brasil.
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Revista Aruanã Ed.30 – Outubro de 1992.
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