sexta-feira, 21 de abril de 2017

DICA - LEVANTE O CARDUME













Algumas espécies têm por hábito permanecer em profundidade quando estão em cardumes. Para quem pesca com iscas artificiais, se o peixe não subir, fica difícil realizar uma pescaria. Solução? Veja a seguir.






Rattl’n

Entre as espécies mais procuradas pelo pescador amador, vamos falar de algumas que têm o “péssimo” costume de, quando estão em cardumes, permanecer na profundidade, raramente vindo à tona para pegar em nossas iscas artificiais, as quais, em sua maioria são do tipo que bóia, ou se preferirem, do tipo floating. Evidente está que existem também iscas que afundam (sinking) e entre estas destacamos, por exemplo, a Rattl’n da Rapala, que consegue atingir qualquer profundidade. No entanto, o uso desse tipo de isca pode causar certos transtornos, principalmente quando existem tranqueiras ou outros obstáculos (tais como galhadas e paus) nos locais onde estamos pescando. Na profundidade, o modo de agir desses peixes é praticamente igual, pois ficam todos parados, quando muito se locomovendo de um lado para outro sem alterar a distância percorrida em seu curso, tanto para cima como para baixo. 

Rebel Pop (Popper)

Alguns estudos explicam esse comportamento dizendo que o peixe “gosta” de permanecer numa camada de água chamada de termo-climal, onde a temperatura, naquele dia e hora lhes é mais agradável. Uma outra particularidade sobre a qual não há estudo algum, mas que já foi observada por nós em diversas ocasiões é a presença de alguns peixes de grande porte entre os integrantes do cardume que está em locais profundos. Já notamos que os “grandões” ficam praticamente parados ali, sendo que os peixes menores preocupam-se em ficar à sua volta, talvez por respeito ou mesmo por medo de serem comidos ou atacados. Para o pescador que presencia a cena, é inevitável o desespero, pois por mais que insista em jogar sua isca no local, os peixes não dão a mínima. Ainda pior é quando achamos um bom pesqueiro onde os peixes não estão visíveis. Cansamos de tanto jogar a isca e eles não atacam de jeito nenhum. Mudamos então de pesqueiro, pensando que ali não há peixe algum, o que na maioria das vezes não é verdade. 

Heddom Dying Fluter (Hélice)

Quando um pesqueiro é bom, com boa estrutura, com “bons antecedentes” (outras pescarias de sucesso no mesmo local) e ainda assim não há ação de peixes, existe algo “suspeito”: desconfie. Entre as espécies que mais adotam o comportamento de que estamos falando, podemos citar, além de robalos e tucunarés, o próprio black bass e alguns peixes do mar, como anchovas, atuns, albacoras e até os bicos. Para os peixes de água salgada, resta-nos recorrer aos teasers, às iscas de superfície e ao barulho das pás da hélice do motor, na tentativa de chamar-lhes a atenção para que subam e encontrem nossas iscas. E no caso de robalos e tucunarés? Bem, nesse ponto a experiência dita que não podemos usar nada além de nossas iscas. Assim sendo, já que sabemos que ser o barulho nossa única opção, vamos escolher então iscas com essas características. Desse modo, teremos à nossa escolha alguns modelos de iscas que, com o barulho que ocasionam, com certeza farão o cardume subir, ou algum peixe mais curioso. 

Bass no Popper

Jumpin’ Minnow

Enumeramos a seguir algumas delas, descrevendo o trabalho que deve ser executado pelo pescador para que tenham melhor efeito.
                                                  STICKS
São plugs (iscas em formatos de peixes), com dois ou três anzóis. Devido a um pequeno chumbo em sua cauda, pára em posição vertical na superfície da água, ficando apenas com a “cabeça” para fora. Devem ser trabalhados com dois ou três toques leves, o que os faz mergulhar, sendo que quando paramos de puxar, ficam oscilando até pararem completamente. Nesse ponto, iniciamos novamente o trabalho, parando logo a seguir. Um outro trabalho interessante para essa isca é faze-la vir descrevendo evoluções na superfície da água com pequenos toques contínuos. Nesse tipo de trabalho não devemos parar a isca até que ela chegue perto do barco.
                                                  POPPERS
São também plugs, ou seja, iscas com formatos de peixe, providas de dois ou três anzóis.



Pesqueiro de pedras 

Os poppers diferenciam-se por ter uma pequena “boca” na extremidade posterior do corpo. O trabalho consiste em dar um ou dois puxões com força, fazendo com que a isca imite um peixe abocanhando um alimento qualquer na superfície. O barulho da isca trabalhando deve ser exatamente esse.
                                                   ISCAS DE HÉLICE
Como o próprio nome diz, são iscas que trazem pequenas hélices em uma ou duas extremidades. Também em formato de peixes podem ter um, dois anzóis, ou mais anzóis. Seu trabalho consiste em que o pescador dê puxões de aproximadamente 50 centímetros, fazendo com que as hélices girem e movimentem a água. Pode-se trabalhar muito bem dando um, dois ou até três puxões do mesmo comprimento citado. O importante é fazer as hélices girarem. Como prova de que o trabalho está sendo bem executado, verifica-se a espuma que se forma logo atrás da isca. 



Heddon Zara Spook (Zara)                                                 
                                       ISCAS EM ZIGUE ZAGUE
Sem dúvida são excelentes e contam com uma grande diversidade de modelos. Algumas são famosas, como é o caso da Zara, da Jumpin Minnow (que recebeu dos pescadores o apelido de “joão pepino”), da Jumping Mullet e outras. Também tem formato de pequenos peixes, sendo guarnecidas por dois ou três anzóis. São trabalhadas com puxões constantes no recolhimento, desde o arremesso até chegar ao barco. Podem ser trabalhadas lenta ou rapidamente, além da alternativa de, em meio a qualquer das duas velocidades, dar-se puxões para que saltem e façam mais barulho. Afinal, a tradução literal de jump é “saltar”. Quando está no pesqueiro, o pescador não deve ter preguiça de mudar de isca. Deve faze-lo quantas vezes achar necessário e experimentar todos os tipos e modelos. O principal é fazer barulho na superfície da água. 



Jumping Mullet

Aqui, cuidado: nessas condições especiais, o único barulho que se admite é o da isca na água. Fazer qualquer outro ruído ou chegar muito perto do pesqueiro com o barco só irá fazer com que os peixes desçam mais ainda. Se mesmo executando corretamente todo o trabalho descrito aqui, utilizando as iscas sugeridas e ainda assim os peixes não subirem, resta somente uma ultima, incontestável e verdadeira explicação: a pressão atmosférica está baixa. Aliás, em várias oportunidades já falamos sobre isso aqui na Aruanã. Quando a pressão atmosférica está baixa, infelizmente não há nada que faça o peixe subir. Aí, o melhor mesmo é dizer um belo palavrão e partir para outra atividade no local da pescaria. Sugestões? Um belo churrasco, um bom mergulho, uma boa volta de barco ou então um cochilo em uma sombra, até chegar a hora de voltar para casa. Cada pescador escolhe a sua. As sugeridas ou as que ele quiser optar.                      



Publicado na Rev. Aruanã Ed: 49 Fev. 1996

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