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Os pescadores Pedro Abate e Zé Gomes
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Uma briga violenta, que leva vários metros de linha do
equipamento do pescador amador. Tão violenta que às vezes, se o freio do
molinete ou carretilha não estiver regulado, com certeza partir-se-a a linha,
tal é a força desse peixe que nessa época emigra do sul e está à nossa
disposição. Conheça a miraguaia e...boa pescaria!
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Miraguaia I
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O famoso Monumento em S.Vicente SP - Foto P.Abate
Devemos considerar os peixes do mar como migratórios, pois de
acordo com as épocas do ano, as correntes marítimas têm maior ou menor
influência sobre as espécies. A partir de março por exemplo, as correntes das
Malvinas ou Falklands trazem para a região sudoeste várias espécies de peixes
(entre eles a miraguaia) que ficam então com mais ação para o pescador até a
época de setembro ou novembro, conforme a temperatura das águas.Pescar
miraguaias é, portanto, uma ótima opção de pesca, levando-se em consideração
que não é um peixe que exige muita técnica, sendo até bem fácil de se fisgar,
logicamente observando as características de sua espécie. Antes de mais nada,
devemos localizar os melhores pesqueiros, e estes são os locais onde há pedras
e principalmente canais que adentrem o continente, pois é aqui que a miraguaia
entrará para se alimentar e desovar. A citação das pedras como pesqueiro se dá
visto que nesses obstáculos é que está a melhor isca de todas e a principal
fonte de alimentação dos peixes: os mariscos. Além de mariscos, que devem ser
iscados inteiros e em pencas no anzol, podemos citar ainda como boas iscas para
a miraguaia o siri, o caranguejo e os saquaritás, que também são encontrados no
próprio local da pescaria. Aqui uma dica para ser analisada: a miraguaia vem se
alimentar nas pedras, e portanto, se usarmos uma isca natural da própria pedra,
com certeza os resultados serão melhores.
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Miraguaia II
Quanto ao material de pesca, dado a violência e o tamanho
destes peixes (há notícias de espécimes fisgados com mais de 50 kg)
recomenda-se o uso de material de categoria média para pesada, composto de vara
com tamanho variando entre 3 e 5m, molinete ou carretilha de tamanho grande e
linha de bitola entre 0.60 e 0.90mm (NR: hoje há a opção do multifilamento),
usando ainda um anzol 3/0 ou 5/0, finalizando com uma chumbada do tipo oliva
solta na linha e peso variando de acordo com a correnteza do local do
pesqueiro. As varas de bom comprimento, aqui citadas, têm como razão principal,
já que a pesca se dará em locais com pedras, evitar-se ao máximo possível a
proximidade destas com a linha, além do que, na maioria das vezes em pesqueiros
de pedras, os lances devem ser longos, o que sobremaneira se obtém com varas
mais longas. Quanto ao tamanho grande para o molinete ou carretilha, deve-se
este ao fato de precisarmos ter boa quantidade de linha armazenada para uma boa
briga com o peixe e também pelo uso de bitolas mais grossas, que por si só já
explica o tamanho do equipamento. Devemos ainda ter a preocupação de fazer um
chicote com a mesma bitola de linha, medindo entre 30 e 60cm de comprimento, e
entre este e a linha colocar um girador, para a parada da chumbada oliva.
Quanto a isca de marisco, procure iscar em pencas de 5 ou 6 desses moluscos. Os
mariscos têm, naturalmente, uma fibra que os mantém unidos.
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Caranguejo guaiá
Isque um deles na parte côncava da casca, ultrapasse o anzol
totalmente, de a volta com os outros (usando a fibra) e isque o ultimo, também
pela parte côncava, formando então um pequeno cacho. No tocante às outras iscas
citadas, isque-as inteiramente e ao natural. Após o lance, estique a linha e
coloque a vara na espera. Importante é citar que nos devemos ter pressa para a
fisgada, pois a miraguaia costuma “mamar” a isca e às vezes dá puxadas bruscas.
Neste ponto é necessário ter calma, e só devemos dar a fisgada quando o peixe
correr com a isca. Invariavelmente em toda a regra há exceções, e também neste
tipo de pesca, acontece às vezes do peixe levar a isca direto e sem aviso
anteriores. No caso, um freio do equipamento bem regulado é o suficiente para
se garantir a segurança do equipamento e do peixe. Após a corrida, sem afrouxar
a linha, deverá o pescador “confirmar” a fisgada com duas ou três puxadas
consecutivas e vigorosas. Após cansada a miraguaia costuma “pranchar”, e nesta
hora devemos – além da calma necessária – ter também um bom bicheiro, pois
estamos pescando em cima de pedras e normalmente, tais pesqueiros costumam ter
sua topografia bastante irregular, além de algumas vezes estarem distantes, em
altura, da superfície da água. De acordo com o local escolhido, deverá também o
bicheiro ser adaptado às suas condições, no que se refere ao tamanho do cabo. Ai
está portanto, a pesca da miraguaia, que nesta época é uma ótima opção para o
pescador amador do nosso litoral.
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Siri iscado inteiro
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Saquaritá
Como dica final, pode-se afirmar que esse peixe dificilmente
anda só, o que significa que em um bom dia, ou noite (costuma ser muito
produtivo pescar nesse horário) poderemos fisgar mais de um exemplar e às vezes
de bom tamanho. O nome científico da miraguaia é Pogonias cromis, mas
vulgarmente recebe ainda este nomes: burriquete, miragaia, perombeta, piraúna e
vaca. No Estados Unidos, é conhecida como black drum e traduzido ao pé da letra
“tambor negro”. Talvez isso se dê no fato da miraguaia emitir roncos, como as
corvinas que, aliás, pertencem a mesma família Scianidae.
NOTA DA REDAÇÃO: A idéia dessa pescaria aconteceu visto que a
pauta daquela edição iria ter uma “È época de...”. O peixe escolhido foi a
miraguaia. Só havia um problema: eu não tinha nenhuma foto para ilustrar a
matéria. Liguei então ao Pedro Abate, perguntando se ele tinha alguma foto de
miraguaias. Por sua vez, ele me mandou várias, mas nenhuma satisfazia o
“padrão” de qualidade da Revista Aruanã. Eram fotos comuns, de pescadores
segurando peixes, etc. Novamente em contato com ele, sugeri uma pescaria lá em
São Vicente. A resposta do Pedro foi de que há muitos meses ninguém tinha
fisgado nenhum peixe, conforme noticias lá da Baixada. “Vamos lá tentar fisgar
uma” foi minha resposta. Pronto, combinamos eu, ele Pedro e o Zé Gomes,
companheiro de pesca de miraguaia.
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Desenho de Silvio J. Pedro
A saída seria eles irem mais cedo (íamos pescar à noite) para
comprar iscas no fim da Via Anchieta, onde havia um pessoal que vendia siris. O
tamanho dos siris que nos interessava era os médios. De minha parte, com compromissos
na Aruanã, eu iria mais tarde encontrar com eles no Monumento em São Vicente. Foi
o que aconteceu. Três varas na água, iscas de siris e aquela doce espera que só
o pescador entende. Por volta da meia noite (estávamos pescando desde as 18 hs)
o cansaço me pegou de jeito e eu mal conseguia abrir os olhos. Falei com os
dois que eu ia tirar um cochilo no meu carro. Coisa rápida. Dito e feito
abaixei o banco e dormi imediatamente. Estranhamente, acordei sozinho por volta
de 1.30hs da madrugada. Levantei e desci até as pedras. Para minha surpresa, lá
estava o Pedro brigando com um grande peixe e vara envergada. E mais, a vara
era a minha. Por direito foi me passada a vara e a briga continuou, agora
comigo no comando. Para terminar a história, cansei a miraguaia e eles a
tiraram da água. Foi aquela comemoração. Esperamos amanhecer para tirar fotos
com a tal “nossa qualidade”. Aproveitei e pedi aos dois companheiros que
tirassem uma foto com as novas camisetas que a Aruanã iria lançar brevemente.
Fim da história. Sorte, persistência, dedicação, horário certo? Que nosso
leitor julgue.
PS: Dedico esta postagem aos dois amigos aqui citados. Sua
ajuda foi importante e sem a ajuda deles o “É EPOCA DA MIRAGUAIA”, não teria
saído naquela edição da Aruanã. Obrigado.
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Revista Aruanã Ed:06 Publicada em 08/1988
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✍ Show de Matéria & Relato Perfeito de como foi Tudo ☛ Parabéns e Obrigado pela Bela Recordação dos Bons Tempos !
ResponderExcluirObrigado à vocês, Pedro e Zé Gomes. Como relatei na postagem, a ajuda de vocês foi essencial ao sucesso daquela pescaria/reportagem. Aquela miraguaia salvou nossa pescaria. Valeu.
ResponderExcluirExelente matéria.
ResponderExcluirObrigado Possas. Essa era a missão da Revista Aruanã. Nossas matérias mostravam ao pescador, tudo o que era preciso para ter sucesso em qualquer pescaria no seu caso, miraguaias. Obrigado pela sua participação. Fraterno abraço Pescador
ResponderExcluirAmigo gostei muito da tua postagem sou pescador de Miragaia e sei que as tuas informações estão muito corretas
ResponderExcluirEsse peixe e mesmo muito esportivo e brigão moro em Rio Grande RS e pesco no canal do porto ;e mesmo uma grande aventura agora em novembro elas aparecem por aqui então se vc quiser pescar com a gente e só aparecer
Grande abraço
Vágner Ademir (53)984635792
Muito obrigado Vágner Ademir. Realmente vocês do sul do Brasil, são privilegiados em algumas espécies de peixes, a miraguaia é um deles. Aqui em São, em nosso litoral elas eram bem mais presentes, no entanto devido a depredação e poluição, os mariscos praticamente desapareceram e isto é prejudicial pois era a principal alimentação delas, porém andamos pegando algumas com siris inteiros iscados. A Aruanã fez uma matéria aí nos molhes e pegamos bons peixes. Breve estaremos reeditando essa matéria em nosso blog. Um abraço e muito obrigado por sua participação.
ResponderExcluirEm tempo: A postagem sobre os Molhes do Rio Grande, foi postada em fevereiro de 2015. Acesse-a clicando no Índice de nossa página inicial http://revistaaruana.blogspot.com.br
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