sábado, 29 de abril de 2017

FOLCLORE DO BRASIL - A GRUTA DOS AMORES










Na baía de Guanabara (RJ) existem várias ilhotas e ilhas. Três são mais conhecidas: Governador, Paquetá e Flores. A mais encantadora é Paqueta, de onde surgiram algumas lendas. Uma delas é a da Gruta dos Amores.



Itanhantã era um jovem índio, forte como pedra, que ia constantemente pescar e caçar na ilha, nos tempos dos tamoios. Remando em sua ligeira ubá, apanhava os peixes para sua tribo ou caçava com sua flecha veloz e certeira as aves ou caça abundantes na região. Passava boa parte do dia nesta tarefa, e após a pesca ou caçada, repousava na sombra amena e acolhedora de uma gruta de pedra existente na ilha. Muitas vezes ia acompanhado de uma jovem indiazinha que lhe apanhava a caça. A indiazinha se encantava com a força e agilidade do jovem caçador e aos pouco foi se apaixonando por ele, que nunca se apercebera do seu olhar envolvente. Muitas e muitas foram às vezes que foram juntos pescar e caçar e Itanhantã não lhe dava a mínima atenção. A tristeza por esse amor não correspondido enchia o coração da indiazinha de dor. Subia no alto da pedra que formava a gruta, e ao ver Itanhantã lá embaixo, repousando na sombra, punha-se a chorar. Suas lagrimas eram tantas que molhavam a pedra. Para espantar seu desencanto, a indiazinha cantava e eram os mais ternos cantos que até hoje se ouviram em Paquetá. Diariamente, logo que o dia amanhecia, a indiazinha subia na pedra e cantava, esperando Itanhantã chegar para descansar. E todos os dias suas lagrimas caíam na pedra. Seus cantos e suas lagrimas não amoleceram o duro coração de Itanhantã, mas transpassaram a pedra e um certo dia caíram sobre os olhos do caçador adormecido. Ele se assustou e correu em direção à sua ubá, quando avistou a indiazinha e pela primeira vez reparou em sua beleza. No outro dia, ao voltar àquele local onde sempre repousava, escutou o canto de Poranga – a indiazinha – e notou a linda voz da jovem. Não demorou muito para se apaixonar também. Ao se casarem, as lágrimas de Poranga se transformaram na fonte de água que existe na Gruta dos Amores. E quem quiser encontrar um amor para a vida inteira, basta tomar, junto com a pessoa amada, umas gotas da água dessa gruta.
Obra consultada: Brasil – Histórias, Costumes e Lendas.

Alceu Maynard Araújo

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