sexta-feira, 26 de maio de 2017

FOLCLORE BRASILEIRO - A LENDA DO ARUANÃ











           O nome Aruanã é de origem indígena.                      Seu significado é "Sentinela".




                        A LENDA DO ARUANÃ


Cerâmica Karajás – Acervo Revista Aruanã


 Segundo reza a lenda, de vez em quando o Aruanã subia às margens do grande rio Araguaia, e contemplava a vida humana. Seu ser aquático enchia-se de tristeza, pois pensava que a verdadeira felicidade estava no cheiro do ar, na beleza da terra. Sentia-se perdido e infeliz em viver nas águas e ser um peixe. Sonhava um dia tornar-se homem e correr pela terra seca.
Num ímpeto de coragem e determinação em sentir o aquecimento esplêndido da força do Sol sobre a Terra, ele pôs a cabeça de fora das águas. Quase a sufocar com o ar, falou com todas as suas forças de peixe sonhador em busca da felicidade:
"Grande Tupã, senhor da vida e da natureza, na água nasci, mas nela não quero morrer. Se peixe é o meu corpo, meu coração é humano. Tira-me das águas que me faz infeliz e sem sentido, dá-me o ar como forma de pulsar e a condição de homem como realizador da vida."
As palavras de Aruanã saíram tão veementes, que Tupã percebeu o verdadeiro destino do valente peixe e a essência da sua alma. Compadecido, o senhor das matas desceu às profundezas do rio Araguaia, arrebatando de lá o infeliz peixe. Voou com Aruanã, que não podendo respirar, debatia-se no ar. Por fim, Tupã deixou-o no campo, sob os raios intensos do Sol e das brisas suaves dos ventos.



Pintura do artista Thonk Bertola – Acervo Revista Aruanã
Aruanã debatia-se sobre a relva, pensando que iria sufocar. Não amaldiçoou Tupã, pelo contrário, mesmo sem conseguir respirar o ar da Terra, agradeceu por aquele momento final, iria morrer longe das águas, como sempre sonhara. Fez um louvor ao deus e cerrou os olhos, à espera da morte e da felicidade alcançada.
Comovido, Tupã iniciou a metamorfose do peixe. Em vez da morte, Aruanã viu as escamas transformadas em pele, revestida de pelos suaves que a brisa contornava em desenhos, braços e pernas musculosas davam-lhe o aspecto viril. O ar finalmente chegou-lhe aos pulmões. Sentiu o cheiro da Terra. Olhou emocionado para o seu corpo e sorriu feliz, já não era um peixe, e sim um homem, forte e belo.
"Provaste que tens um coração grandioso e valente". – Disse-lhe Tupã. "Serás um grande guerreiro entre os homens; pai da mais sábia das tribos. Aruanã peixe foste tu. Aruanã hás de chamar-te daqui para o futuro."
Vá, cumpra o teu destino de homem guerreiro!
Desde então, todos os anos, por ocasião da Lua cheia, os Karajás realizam o Ritual do Aruanã, prestando, através da dança e do canto, a homenagem justa ao pai da nação Karajá. Essa tribo habita a Ilha do Bananal. São índios muito bonitos e para identifica-los, exibem em seu rosto, nas faces, dois círculos que alguns afirmam serem cópia do ocelo do tucunaré, peixe que é um dos seus alimentos principais.


Nota da Redação: Autor desconhecido, mas há diversas publicações na Internet sobre esta lenda.

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