domingo, 21 de maio de 2017

ESPECIAL - BARRAGEM DE IGUAPE - PARTE 4







A novela continua...




Infelizmente este é mais um capítulo dessa novela “Barragem de Iguape” que há muito tempo já deveria ter acabado. Desta vez vamos mostrar mais alguns detalhes e desde já prevendo que essa novela ainda irá ter muito mais capítulos, para continuar este absurdo desastre ambiental. E agora com prejuízos muito mais sérios conforme podemos constatar.






A Barragem de Iguape  - 05/2017




A cor da água em nossas praias


Os trilhos usados

Quando ao passar pelo local, nossos moradores de Iguape/Ilha Comprida observam qualquer movimentação, a pergunta é sempre a mesma: será que finalmente vão fechar a barragem? E, desta vez as imagens são muito mais fortes, já que grandes guindastes estão levando e colocando os trilhos de ferro, por onde – originalmente no projeto – deve correr o guindaste “mãe” que movimentará os “stop logs”, que terão como função principal abrir/fechar os compartimentos, evitando com isso qualquer enchente Ribeira acima. A limpeza das águas do mar de dentro ou mar pequeno como queiram, olhando nos problemas atuais, já não nos parece tão importante ou  mesmo primordial, mesmo com a aparência da água sempre suja. Qualquer chuva, na zona do rio Ribeira, trará para a sua foz, - ou seja, Iguape/Ilha Comprida - essa água de aparência ruim e mesmo suja, prejudicando com isso a pesca, o turismo, os manguezais e o meio ambiente em geral. Mas alguns detalhes dessa cor de água começaram a chamar nossa atenção. Por exemplo: ao passar a ponte de Ilha Comprida para a Iguape, vemos que a água está suja. Ao continuarmos nosso trajeto e agora passando pela ponte rodoviária que nos leva até a BR 116, percebemos que a cor da água é de cor muito menos escura ou suja, chegando “quase” a ser limpa. Tal observação mostra aos mais leigos passantes, um detalhe lógico: a tal água suja, tem sua saída em maior volume pela barragem, do que pela ponte da estrada. 


Maquinário usado na obra

Talvez isso se deva ao fato de que nas imediações da barragem, a largura do rio é enorme e com isso a correnteza é muito mais forte mudando então a direção da água do rio Ribeira encaminhando toda a sujeira do rio, para o mar pequeno. Nas enchentes que turvam as águas, serão encontrados os mais diversos materiais que ficam a deriva na correnteza: restos de bananeiras, pedaços de árvores, bambus, animais mortos, aguapés em moitas enormes e mais uma infinidade de situações que ali não deviam estar, mas estão. Toda a vez que se olha a cor dessa água, vem à mente do observador de como se, a situação fosse diferente, teríamos uma paisagem muito mais bonita. Mas agora com essa nova movimentação de máquinas e equipamentos no local, a esperança de uma barragem fechada é tema de comentários entre o povo ribeirinho das duas cidades. No entanto, ao visitarmos a obra e conversarmos com o responsável no comando dos operários, ficamos sabendo que todo esse movimento, “é apenas para cumprir mais uma etapa, do projeto original, que está há muito tempo paga e só agora executada”. Ou seja, o fechamento da barragem ainda não será desta vez, já que essa etapa não é a conclusão da obra. Mas ainda tivemos outras noticias que animaram a população. Segundo as informações, estaria sendo distribuída uma notificação aos moradores que invadiram determinadas áreas, de que, com o fechamento da barragem, suas casas seriam alagadas sendo portanto, urgente sua mudança para outro local. 


Água suja colhida no Mar Pequeno
A mesma água depois de decantada
Nota da Redação: Em um recipiente de água de 5 litros, a água suja colhida e depois decantada, acumula em seu fundo, perto de 01 milímetro de areia, terra e matéria orgânica. Quanto será que a vazão de toda a água do rio Ribeira joga nas praias da Ilha Comprida, do mesmo material?  Seria esse o "possível aterro" que está destruindo nossas praias na Ponta Norte? Que o digam os técnicos ou matemáticos.






Guindaste que coloca os trilhos na barragem

Logo em seguida, um morador que recebeu a tal notificação ao ser interpelado se podia nos mostrar a tal notificação, disse não estar mais em posse da mesma, “já que um advogado estaria de posse de todas as notificações recebidas, bem como das procurações dos moradores atingidos, para nos defender em uma possível desocupação”. Não é preciso dizer mais nada, sabendo-se do rumo e do tempo que a tal ação durará para ser resolvida. E tome água suja na foz do Ribeira para o mar. Uma curiosidade local. Em nosso litoral existe uma afiliada da Rede Globo, que transmite seu sinal e tem parte com programação própria, conhecida como TV Tribuna. Essa emissora tem dois jornais diários sendo classificados pela Tribuna como primeira e segunda edição. Nas duas edições, existe uma previsão de tempo que diz como será o tempo desde Bertioga até Cananéia e outras cidades no redor. O interessante na arte que determina o desenrolar da previsão, vemos uma projeção aérea que mostra alguns detalhes, em forma animada, de locais conhecidos nas cidades. Na hora que mostram a previsão em Iguape e Ilha Comprida – estão juntos – além da igreja do Bom Jesus de Iguape, mostram também as águas do Ribeira e do mar pequeno, na cor marrom, atestando que, até o criador dessa arte, não mostra o rio e nem o mar, na cor azul, como deveria ser, em se tratando de águas. Seria até engraçado se não fosse trágico. 

Resultado do aterro  

Mas voltemos ao termo “água suja”. Todos se lembram do desastre da cidade de Mariana, onde com o rompimento da barragem da Samarco, as águas sujas – muito parecidas na cor com as nossas – desceram rio abaixo até o mar, soterrando e mudando toda a paisagem por onde passaram. Mas ao leitor mais crítico e observador pode pensar que, nem de longe podemos comparar o desastre de Mariana, com a Barragem de Iguape e sua “água suja”. Concordamos com esses leitores integralmente.  Mas, “se analisarmos a nossa água suja”, iremos perceber que, as que correm Ribeira abaixo, trazem no seu conjunto materiais como terra, areia, lodo, matéria orgânica em decomposição, animais mortos, lama e outros. Não é preciso ser um técnico para observar que todo esse material citado, está assoreando o Mar Pequeno, já que o mesmo tinha em seu curso original, poços de mais de 10 metros de profundidade. Hoje, ao longo do trecho após a barragem, a profundidade é de apenas 4 a 4,5 metros em toda a sua extensão. E pior. Muito se fala de que a Ilha Comprida “perdeu” mais de 2 quilômetros de praia, na chamada “Ponta Norte”. Para quem anda por esses trechos ao norte da Ilha, percebe claramente que não existem mais os barrancos de areia, como pequenas dunas que existiam há menos de 2 anos. A Ponta Norte da Ilha Comprida está sendo aterrada pelo rio Ribeira. Os dois quilômetros citados, já tem muitos metros mais a serem acrescentados a tal medida. A areia da praia no local está da mesma altura do solo da Ilha. 

Água fluvial versus Oceano Atlântico. Quem vence?

Qualquer ressaca mais forte e o mar joga suas águas terra adentro, destruindo dunas, estradas, casas, mata ciliar, nivelando a praia com o terreno, como se fosse obra de um poderoso construtor. Será que nenhuma de nossas autoridades percebeu isso? Quando falamos “autoridades”, podemos no referir em ordem crescente à Câmara Municipal, Prefeitos, deputados estaduais/federais, senadores, Secretarias do Meio Ambiente, governador, Fundação Florestal, CETESB Ambiental, ICM Bio, IBAMA, Ministério do Meio Ambiente, o Presidente do Brasil, a OEA, ONU e  finalmente o Papa Francisco. Vamos continuar lutando para o fechamento da Barragem de Iguape, já que grande parte do mangue do local está sendo destruído. Limpar as águas do Mar Pequeno é obrigação de nossas autoridades, pois além da defesa desse meio ambiente, os moradores locais merecem e tem esse direito, bem como os pescadores artesanais que poderiam estar explorando criadouros de vários organismos marinhos, e o Turismo que é a principal artéria do progresso em um local onde nenhuma outra atividade é permitida. Dizer que a Ilha Comprida, cantada em prosa e verso, tem 74 Kms de praias lindas e limpas é uma grande mentira, exatamente igual a dizer que as obras de fechamento da Barragem de Iguape estão sendo concluídas. Solução para esse problema existe, basta apenas ter vontade de exercer esse dever além de pesquisar quais são essas diretrizes. A ação de aterrar as praias da Ilha Comprida pode ser constatada em outros locais ao longo das praias. Por outro lado o ex chefe do Executivo, “achou” uma solução e não sabemos quem foi o autor da idéia, para eliminar o problema das enchentes na Av. Beira Mar. 

Na foto, acima à esquerda os barrancos que não existem mais e o capim do canal

Como todos sabem, ao longo dessa avenida, correm águas que tanto são de nascente como de chuvas intensas. Decidiu-se então limpar os canais e abrir valetas para jogar essa água, em princípio limpa, na praia e com isso tentar evitar enchentes. Na primeira ressaca, o mar não só tampou esses canais, como movimentou muita areia criando verdadeiros barrancos a impedir seu curso originalmente programado e não estudado em suas viabilidades. Mais uma vez se constata que “as medidas” tomadas, além de burras são completamente ineficazes. E essa ação tem ainda outro lado tenebroso, já que agora, com os canais abertos e com ressacas mais fortes aliadas as chamadas luas grandes, quando o nível da maré é mais alto, as ondas do mar toma o rumo do canal aberto e atinge, em vários locais, o leito da Av. Beira Mar. Para finalizar, podemos informar que o aterramento das praias ao norte da Ilha Comprida, já mostram seus sinais (ainda tímidos) até perto do Balneário Araçá. Até quando a inércia, preguiça, acomodação, pouco caso, desinteresse, ação mais efetivas e outras participações de órgãos de meio ambiente vão continuar? Ou seria burrice mesmo de alguns poucos “poderosos” em seus cômodos empregos? Não cabe aqui a famosa frase – O TEMPO DIRÁ – já que atualmente, não há mais esse tempo.

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