sexta-feira, 16 de junho de 2017

DICA - ISCAS VIVAS NO PANTANAL








São muitos os pescadores que usam iscas naturais e vivas para a pesca no Pantanal. Quais são as melhores? Descubra.










Lambari

Não resta a menor dúvida de que, em se tratando de peixes predadores, as iscas vivas são muito eficientes, pois afinal de contas, é seu alimento natural. Assim sendo, em uma pescaria no Pantanal, várias iscas nos são apresentadas e vendidas por um bom preço. Mas qual isca realmente é a melhor? A essa pergunta, poderemos responde-la de várias formas, mas invariavelmente a resposta será sempre a seguinte: depende da época. Para se entender isso perfeitamente, vamos ter que raciocinar juntos e tal tarefa é fácil. Senão, vejamos. O peixe, seja de que espécie for, é um ser vivo e inteligente, que supre todas as suas necessidades dentro do meio que vive. Por exemplo: quando está frio, ele vai para uma camada do rio onde a temperatura lhe seja mais agradável. É a chamada termo-climal, e ali fica até tudo voltar ao normal. Ou então com a chegada de uma frente fria bastante forte, os peixes do Pantanal, sem exceção, ficam parados e sem se alimentar. 

Surubim cachara na tuvira

Seu organismo então usa as reservas de gorduras que tem e espera a frente passar, o que pode demorar poucos dias e, voltará a se alimentar normalmente. Pobre do pescador que, em sua pescaria anual dá de encontro com uma frente fria justamente na sua temporada pantaneira. Quanto às iscas, dependendo da época, o seu meio lhe supre, podendo então ser isca branca ou outro tipo de isca. E aí, você chega no Pantanal, compra 100 tuviras e sai para pescar. Peixe bom você não fisga, mas as suas tuviras acabam sendo devoradas pelas piranhas, para seu desespero e de seu bolso. O pior ainda é quando você vê os peixes nobres, demonstrando que ali estão à sua volta. Antes que você pense em macumba, podemos afirmar o seguinte: há um cardume de iscas no rio, e com certeza não será de tuviras. E a época? Com certeza, nessa sua pescaria o Pantanal está cheio e começando a vazar. 

Caranguejo

Mágica? É claro que não apenas experiência e, a explicação é bem simples. Quando o Pantanal está cheio e começando a vazar, os cardumes de iscas brancas, tais como lambaris, sardinhas, sauás e outros, começam a se movimentar para ir ao rio principal. Em sua movimentação, esses cardumes fazem barulho característico, e os predadores vêm em seu encalço para se alimentar. Ora, se o cardume é de lambaris, pergunto: o que é que você está fazendo com sua tuvira no anzol? Raciocine: não seria melhor se você estivesse usando um lambari como isca? Pois é óbvio, não é mesmo? Mas você pode dizer que sempre usou tuvira e sempre fez ótimas pescarias. Para isso também existe uma resposta. Não esqueça que a tuvira é uma isca viva e natural do próprio local, portanto, não é desconhecida dos peixes, sendo seu alimento "em determinadas épocas do ano".

Sardinha

Quando o Pantanal está com altura das águas de média para baixa, a tuvira é uma excelente isca, porque ela é a ultima a sair das lagoas marginais antes que sequem. O mesmo acontece com jejus, muçum e outros. O uso do minhocoçu já é um pouco diferente, pois com essa isca vamos pescar sempre de fundo, principalmente aqueles peixes chamados de “bagres”, tais como os jaús. Finalmente, o ultimo exemplo. Quem é que já não ouviu dizer que filé de curimbatá azedo (nojento e malcheiroso) não é uma boa isca para o pacu? Pois é, o pacu chega até a comer a tal isca, veja a dica, quando o Pantanal está bem baixo. Ao que nós retrucamos: é porque não tem nada melhor para comer, e aí o tal curimbatá azedo passa a ser alimento e não isca. Fica um desafio: em vez de filé de curimbatá azedo, use um bom e fresco caranguejo e veja se sua pescaria não é melhor. Só para finalizar: sabem porque o curimbatá azedo pegou fama? É que em determinada época do Pantanal, quando ele está bem baixo, os primeiros cardumes a se movimentarem são os de curimbatá. 
Sauá

Com pouca água, em, alguns rios, esses peixes se aglomeram e morrem às centenas, rodando azedos e boiando na correnteza. Alguns ribeirinhos viram que os peixes atacam esses curimbatás mortos e usaram alguns como isca. Daí... O problema é o seguinte: vá pescar na época certa e no lugar certo. Ou seja, em locais onde a água ainda está nos corixos e lagoas. Isso acontece primeiro no Pantanal norte, depois no Pantanal centro e depois no sul. Marque sua pescaria para o local certo e a hora certa, e confira se a isca que você está usando é a que o peixe está comendo naquele dia e naquele local. Como saber isso? Abra a barriga do primeiro peixe que fisgar e veja em suas entranhas qual é a presença de iscas. O que você descobrir é a isca que ele está comendo, natural e viva. Assim sendo, tuviras, muçuns, minhocoçus, sardinhas, lambaris, saúas, piabas, piaus, pacu-pevas, jejus, traíras e até pedaços de outros peixes terão a sua hora e local apropriados. Isto para não dizer que não falei de tucuns, laranjinhas, melancias-de-pacu, cajás, massa de mandioca e outros menos cotados, que apesar de não serem iscas vivas, são bastante naturais. Boa pescaria.



                                                              Revista Aruanã Ed:63 Publicada em 06/1998

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