São muitos os pescadores que usam iscas naturais e vivas para
a pesca no Pantanal. Quais são as melhores? Descubra.
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Lambari
Não resta a menor dúvida de que, em se tratando de peixes
predadores, as iscas vivas são muito eficientes, pois afinal de contas, é seu
alimento natural. Assim sendo, em uma pescaria no Pantanal, várias iscas nos
são apresentadas e vendidas por um bom preço. Mas qual isca realmente é a
melhor? A essa pergunta, poderemos responde-la de várias formas, mas
invariavelmente a resposta será sempre a seguinte: depende da época. Para se
entender isso perfeitamente, vamos ter que raciocinar juntos e tal tarefa é
fácil. Senão, vejamos. O peixe, seja de que espécie for, é um ser vivo e inteligente,
que supre todas as suas necessidades dentro do meio que vive. Por exemplo:
quando está frio, ele vai para uma camada do rio onde a temperatura lhe seja
mais agradável. É a chamada termo-climal, e ali fica até tudo voltar ao normal.
Ou então com a chegada de uma frente fria bastante forte, os peixes do
Pantanal, sem exceção, ficam parados e sem se alimentar.
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Surubim cachara na tuvira
Seu organismo então usa as reservas de gorduras que tem e
espera a frente passar, o que pode demorar poucos dias e, voltará a se
alimentar normalmente. Pobre do pescador que, em sua pescaria anual dá de
encontro com uma frente fria justamente na sua temporada pantaneira. Quanto às
iscas, dependendo da época, o seu meio lhe supre, podendo então ser isca branca
ou outro tipo de isca. E aí, você chega no Pantanal, compra 100 tuviras e sai
para pescar. Peixe bom você não fisga, mas as suas tuviras acabam sendo
devoradas pelas piranhas, para seu desespero e de seu bolso. O pior ainda é
quando você vê os peixes nobres, demonstrando que ali estão à sua volta. Antes
que você pense em macumba, podemos afirmar o seguinte: há um cardume de iscas
no rio, e com certeza não será de tuviras. E a época? Com certeza, nessa sua
pescaria o Pantanal está cheio e começando a vazar.
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Caranguejo
Mágica? É claro que não apenas experiência e, a explicação é
bem simples. Quando o Pantanal está cheio e começando a vazar, os cardumes de
iscas brancas, tais como lambaris, sardinhas, sauás e outros, começam a se
movimentar para ir ao rio principal. Em sua movimentação, esses cardumes fazem
barulho característico, e os predadores vêm em seu encalço para se alimentar.
Ora, se o cardume é de lambaris, pergunto: o que é que você está fazendo com
sua tuvira no anzol? Raciocine: não seria melhor se você estivesse usando um
lambari como isca? Pois é óbvio, não é mesmo? Mas você pode dizer que sempre
usou tuvira e sempre fez ótimas pescarias. Para isso também existe uma resposta.
Não esqueça que a tuvira é uma isca viva e natural do próprio local, portanto,
não é desconhecida dos peixes, sendo seu alimento "em determinadas épocas do
ano".
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Sardinha
Quando o Pantanal está com altura das águas de média para
baixa, a tuvira é uma excelente isca, porque ela é a ultima a sair das lagoas
marginais antes que sequem. O mesmo acontece com jejus, muçum e outros. O uso
do minhocoçu já é um pouco diferente, pois com essa isca vamos pescar sempre de
fundo, principalmente aqueles peixes chamados de “bagres”, tais como os jaús.
Finalmente, o ultimo exemplo. Quem é que já não ouviu dizer que filé de
curimbatá azedo (nojento e malcheiroso) não é uma boa isca para o pacu? Pois é,
o pacu chega até a comer a tal isca, veja a dica, quando o Pantanal está bem
baixo. Ao que nós retrucamos: é porque não tem nada melhor para comer, e aí o
tal curimbatá azedo passa a ser alimento e não isca. Fica um desafio: em vez de
filé de curimbatá azedo, use um bom e fresco caranguejo e veja se sua pescaria
não é melhor. Só para finalizar: sabem porque o curimbatá azedo pegou fama? É
que em determinada época do Pantanal, quando ele está bem baixo, os primeiros
cardumes a se movimentarem são os de curimbatá.
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Sauá
Com pouca água, em, alguns rios, esses peixes se aglomeram e
morrem às centenas, rodando azedos e boiando na correnteza. Alguns ribeirinhos
viram que os peixes atacam esses curimbatás mortos e usaram alguns como isca.
Daí... O problema é o seguinte: vá pescar na época certa e no lugar certo. Ou
seja, em locais onde a água ainda está nos corixos e lagoas. Isso acontece
primeiro no Pantanal norte, depois no Pantanal centro e depois no sul. Marque
sua pescaria para o local certo e a hora certa, e confira se a isca que você
está usando é a que o peixe está comendo naquele dia e naquele local. Como
saber isso? Abra a barriga do primeiro peixe que fisgar e veja em suas
entranhas qual é a presença de iscas. O que você descobrir é a isca que ele
está comendo, natural e viva. Assim sendo, tuviras, muçuns, minhocoçus,
sardinhas, lambaris, saúas, piabas, piaus, pacu-pevas, jejus, traíras e até
pedaços de outros peixes terão a sua hora e local apropriados. Isto para não
dizer que não falei de tucuns, laranjinhas, melancias-de-pacu, cajás, massa de mandioca e outros menos cotados, que apesar de não serem
iscas vivas, são bastante naturais. Boa pescaria.
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Revista Aruanã Ed:63 Publicada em 06/1998
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