sexta-feira, 23 de junho de 2017

OS PIONEIROS DA PESCA AMADORA NO BRASIL







A chamada da publicação


Dificilmente algum molinete, seja nacional ou importado, irá vender o que a Paoli vendeu em todo o Brasil.



Octávio Paoli

Pioneiros na fabricação de molinetes, os Paoli têm uma história a contar. O comando da indústria está a cargo de Octávio Paoli, mais conhecido como Octavinho. Mas assim não era por volta de 1955. Naquela época, o “velho” Rodolfo Paoli, que desde 1947 já fazia giradores, fundava precisamente no dia 2 de março de 1955, a Paoli, Paoli e Cia. Ltda. Fabricando diversos complementos para a pesca, a então pequena empresa prosperava lentamente. Em 1962, partindo de uma cópia exata do molinete Luxor, os Paoli lançavam no mercado o modelo Super. Hoje, a quantidade de modelos fabricados já tingiu 600 mil unidades. Bastante simples, mas muitos resistentes, os molinetes Paoli são conhecidos em todo o Brasil. Uma das razões do sucesso desse molinete, segundo Octavinho, é a reposição constante das peças. Aliás, nos consertos feitos pela fábrica, a mão de obra não é cobrada, tendo o pescador apenas o valor da peça como despesa. Um dos compromissos da Paoli é nunca deixar de consertar um molinete de sua fabricação, esteja ele no estado em que estiver. A seção de consertos é supervisionada diretamente por Octavinho e, segundo ele mesmo, “é incrível o estado em que alguns molinetes retornam às nossas mãos”. Pescador, Octavinho Paoli conta: “Meu local de pescaria, quando garoto, era nas várzeas da Lapa. Naquela época, havia muitas olarias naquela região.




A fachada da fábrica na Lapa em SP
Para extrair o barro, essas olarias iam fazendo enormes buracos, e quando o rio Tiête transbordava, esses buracos viravam lagoas. Era nessas lagoas que pescávamos traíras, lambaris, bagres, acarás e tabaranas. Hoje, pelo menos uma vez por ano para matar a saudade, pesco em Coxim e em Cáceres no rio Paraguai, e, fora disso, vou muito à região de Bertioga, à procura dos robalos”. “A indústria da pesca – continua Octavinho – é rentável, mas antes de tudo, é um ramo de atividade alegre, pois recebo muitas visitas de pescadores aqui na empresa, onde batemos longos papos. Fora isso, eu sinto muito orgulho quando viajo pelo Brasil e vejo um pescador com um molinete nosso nas mãos. Essa é a razão principal de continuarmos no mesmo ramo de atividades, pois das autoridades responsáveis, nunca recebemos, nesses 30 anos, qualquer incentivo. Talvez seja essa a razão de estarmos engatinhando nesse setor, além dos altos tributos que temos de pagar em impostos”. Sobre a pesca propriamente dita, Octavinho nos mostra orgulhoso, o pôster de uma arraia, com 150 kg de peso, pescada por ele e seus amigos na confluência do rio Paraguai com o Jauru, em 1974. Mas o peixe que lhe traz mais recordações é um jaú de 32 kg, pescado no Coxim, em 1982, usando um Paoli Malcon e linha 0.60mm. “A melhor de todas as brigas”, rememora ele. Desde a sua fundação, a Paoli vem conquistando seu lugar dentro do mercado de pesca brasileiro, e hoje está instalada em prédio próprio, à rua Ricardo Cavatton, 121, na mesma Lapa das pescarias do então garoto Octávio Paoli. 

                                    Publicidade da época com os três modelos fabricados e os giradores.

Em 2280m2, trabalham 85 funcionários. E 70% da produção é composta por materiais de pesca. Atualmente a indústria fabrica quatro tipo de molinetes: Super, Malcon, Malcon Rio e 2.000. Em desenvolvimento está um outro, com carretel externo, a ser lançado brevemente no mercado. Para concluir, Octavinho diz que “se tivéssemos maiores incentivos, menos depredação e leis mais atuantes, a pesca amadora brasileira seria uma das maiores do mundo, pois não faltam lugares e peixes para isso”.

NOTA DA REDAÇÃO: Hoje, passados quase 30 anos desta entrevista, lembranças se tornam presentes, com saudades. O molinete de carretel externo citado foi lançado com o nome de Imperador. Esse nome foi escolhido por sorteio entre os leitores da Revista Aruanã. O ganhador do nome, com o apoio na época da Ligue Pesca, foi presenteado com uma viagem ao Pantanal, de avião e com todas as despesas pagas. Octávio Paoli há muito está pescando em outros rios, onde seus desejos devem ter sido todos atendidos. A marca e a empresa Paoli & Paoli e Cia. continuam ativas, estando hoje sob a responsabilidade de seu filho Octávio Paoli Filho. Segundo uma conversa via Face, ele ainda atende algumas encomendas de molinetes e estuda a possibilidade de retornar a fabricação em série. Em nossa opinião, com certeza ainda hoje há espaço para os molinetes Paoli em nosso segmento.


Imperador: o ultimo lançamento
Publicado na Rev. Aruanã Ed.4 em 04/1988

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