O Prof. Dr. José Luiz Moreira Leme, que forneceu à Aruanã as
informações para a elaboração deste artigo é naturalista, especialista em
Zoologia e doutor em Ciências Biológicas. Atualmente leciona nos cursos de
pós-graduação da Universidade de São Paulo, além de ser diretor do Museu de
Zoologia da mesma universidade.
Podemos identificar através de dois
diapositivos esta espécie que se constitui num dos mais interessantes moluscos
da água doce. Bastante comum em todo o território brasileiro, este molusco é conhecido
pelas seguintes denominações científicas genéricas: Ampullaria ou Pomacea. Popularmente,
é identificado em muitas regiões como “aruá”. Trata-se de um gastrópode com
ancestrais marinhos que posteriormente acabou por adaptar-se à água doce e ao
meio aéreo, passando a respirar graças à presença simultânea de brânquias (que
são os órgãos respiratórios característicos de animais aquáticos) e de um
volumoso saco aéreo, que desempenha em seu organismo as funções de um pulmão.
Dadas essas características, chegamos à conclusão de que sua vida é anfíbia. As
espécies de Ampullaria alimentam-se
preferencialmente de vegetação aquática, embora em cativeiro aceitem com
facilidade alface, couve, berinjela e cenoura, além de outros tipos de verduras
e vegetais. Quanto ao seu habitat, podemos dizer que esses caramujos são
comumente encontrados em lagoas, represas, valas de irrigação e outros pequenos
cursos d’água, porém, sempre em locais de pequena ou nenhuma correnteza. Como a
grande maioria dos integrantes de seu grupo faunístico, o dos Prosobranchia, apresenta sexos
separados, sendo que o processo de fecundação ocorre internamente e a postura
dos ovos é feita acima do nível da água. Seus ovos apresentam-se em forma de
cachos, e a casca tende para colorações que vão do cor-de-rosa ao ligeiramente
azulado, dependendo da espécie. Como curiosidade a respeito dessas espécies,
observamos que resistem e sobrevivem a longos períodos de seca, com a retração
do animal para o interior da própria concha, cuja abertura é hermeticamente
fechada por uma lâmina que recebe o nome de opérculo. Com o suprimento de ar
armazenado previamente no saco aéreo e com a alimentação obtida durante o
período de atividade, pode “dormir” tranquilamente durante toda a estação da
seca.
Matéria publicada na Rev. Aruanã ed.45 06/1995
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário