Bem perto de você, durante uma pescaria de costão, há um
sensacional divertimento, que quando usufruído proporciona ótimos resultados,
sem atrapalhar a pescaria principal.
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Pescadores de
costão
Nesta época de inverno, a pesca de costão costuma ser muito
produtiva e o que é melhor, sem nos expor muito ao frio. Aliás, nosso vídeo
recém lançado, “Pesca de Costão”, o sexto da série “Pescando com a Aruanã”, que
já está à venda, retrata muito bem esse problema. Na pesca de costão o frio não
atrapalha (basta que o pescador permaneça bem agasalhado), a menos que ocorra a
chegada de uma frente fria, quando a pressão atmosférica baixa demais. Após a
passagem da frente, mesmo que continue frio, esse tipo de pescaria ainda é
muito produtivo, pois a pressão volta ao normal.
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Caratinga
Escolhido o costão, lá vamos nós munidos do equipamento
certo: linhas, anzóis, varas chumbadas e, logicamente, com as iscas certas, a
fim de tentar pescar aquele peixe de bom tamanho ou então alguns peixes de
espécies diversas. Chegando ao local, montamos o equipamento e, dando o lance
que nos pareça ideal, ficamos naquela expectativa gostosa, olhando para a ponta
da vara a aguardar o sinal do peixe. Normalmente o pescador de costão usa até
três varas, deixando-as na chamada “espera”, com linhas de bitolas diferentes,
de acordo com a espécie que está sendo tentada.
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Baratinhas do
mar
Quando há ação continua de peixes, o dia passa rápido e
quando tomamos noção das horas, já está quase chegando o fim da tarde, hora de
terminar a pescaria. E nos dias em que a ação dos peixes é menor? Nessas
ocasiões, parece que as horas se arrastam, demorando a passar, o que para a
maioria dos pescadores causa um certo nervosismo, chegando mesmo a incomodar,
tal é o marasmo da pescaria. É um tal de ficar olhando para as pedras,
apreciando as baratinhas-do-mar em seu vai e vem contínuo e um ou outro
caranguejo passeando. Vê-se ainda as ostras, os mariscos, o movimento das
ondas, um possível navio passando, uma ou outra gaivota a voar em círculos e,
infelizmente, até algum pescador profissional depredando a costeira.
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Mariscos
Se estiver com algum companheiro, após o assunto quase se
esgotar e a conversa começar a girar em torno do dia ruim em que está se
transformando nossa pescaria, você estará quase nos ponto de descobrir “os
pequenos do costão”. Todos esses fatos
que relatamos acima com certeza já aconteceram em suas pescarias e, por certo mais
de uma vez, concorda? Pois é. Antes de jogar o resto das iscas na água,
recolher o material e ir embora, meio com a paciência cheia, tente uma outra
modalidade de pescaria. Ou melhor: assim que você chegar ao costão e montar as
varas, ponha-as na espera (como você sempre faz) e monte o equipamento para
fisgar... os pequenos.
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Pesca na
espuma
Esse equipamento pode ser uma vara telescópica de quatro ou
cinco metros ou mesmo uma mais leve, com carretilha ou molinete, cabendo a você
escolher o comprimento, já que para esta nova pescaria, qualquer um servirá. Se
escolher a vara telescópica, use linha de bitola 0.30mm do mesmo comprimento da
vara, juntamente com um chumbo pequeno, de aproximadamente 10 gr., o qual
deverá ficar solto na linha. Tudo isso sem esquecer um bom anzol nº4 ou 6. Como
isca, use camarão descascado e cortado em pedaços, ou se preferir, uma isca
muito melhor, a baratinha-do-mar. Dê o lance tomando o cuidado para que o
chumbo não encoste nas pedras e fazendo com que ele permaneça o mais fundo
possível, a uma distância segura para evitar enroscos.
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Exemplo de Bóia
Se você optar pelo outros equipamentos citados, use a mesma
bitola de linha, porém agora com o chumbo de mesmo peso no final do empate. Os
dois anzóis deverão ser do mesmo número, separados entre si e a isca poderá ser
a mesma. Só que aqui, com carretilha ou molinete, vamos ter que usar um
equipamento a mais: uma bóia. Essa bóia não precisa ser muito grande e deverá
ser escolhida após observarmos se ela tem resistência suficiente para aguentar
o peso dos chumbos, anzóis e iscas e continuar boiando. Com a vara telescópica,
o pescador fica restrito a pescar na área que corresponder ao comprimento da
vara, precisando mudar de lugar se quiser aumentar seu campo de ação. Essa
prática não é recomendada, pois não se esqueça de que você está com varas
grandes armadas na pescaria principal.
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Marimbá
Então, o mais aconselhável mesmo é usar as varas de
carretilha e molinete. Essa pescaria consiste no seguinte: dê o lance logo a
frente da pedra em que você estiver pescando, podendo até mesmo ser naquelas
espumas que se formam no bater das ondas. Os lances também podem ser dados
paralelamente às pedras, tanto à sua esquerda como à direita. O importante é
fazer com que a bóia – e consequentemente a isca – venha “lambendo” a costeira.
Não precisa vir recolhendo a linha, a não ser que o peixe demore muito para
pegar. Nesse caso, recolha uma quantidade suficiente para fazer a isca mudar de
lugar.
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Organismo de
pedra
Pois é, meu amigo pescador, você vai ter uma grata surpresa,
pois os pequenos do costão estarão exatamente nesse lugar, esperando para
abocanhar sua isca. E aí teremos uma boa pescaria de caratingas, garopetas,
sargos (de dente ou beiço), salemas, badejos, sargentos, carapebas, parus,
pampos, pirajicas, marimbas, e os inevitáveis baiacus. Não há nada mais
sensacional do que ser ver pequena bóia afundar e dar a fisgada. A partir daí,
é só curtir uma boa briga com os pequenos do costão. Às vezes, os “pequenos”
não serão tão pequenos assim, e após uma breve luta a linha poderá se romper.
Ou então, usando toda a perícia que caracteriza um bom pescador, você
conseguirá manter uma briga mais longa com alguns peixes de tamanhos mais
avantajados. |
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Sargento
E lembre-se: antes que algum “ecologista de asfalto” se
manifeste, decida conscientemente o que fazer com os peixes pequenos, pois a
modalidade de pesque e solte é plenamente aconselhável nesse tipo de pescaria.
Algumas espécies, porém, não crescem muito, como é o caso de marimbás, salemas
e sargentos. Fica então por sua conta e bom senso. A propósito: se você for
pescar os pequenos do costão ao mesmo tempo em que faz sua pescaria
tradicional, não se esqueça de deixar sua fricção do molinete ou da carretilha
regulada bem leve nas varas principais. Boa pescaria.
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Enseada de
costão
NOTA DA REDAÇÃO: Esse tipo de pescaria nos trouxe boas e
belas recordações. Por quantas vezes, até descobrirmos essa opção, vínhamos
embora mais cedo do nosso lazer, abandonando precocemente um dia que era para
ser de alegria e diversão. Por outro lado, foram inúmeras vezes em que “nas
linhas para os pequenos do costão”, grandes peixes fisgaram não dando tempo de
sabermos qual era. E também por outras tantas vezes, éramos obrigados a segurar
o carretel do equipamento, já que era patente que o grande peixe fisgado “sem
querer” iria levar toda a nossa linha, deixando-nos com o carretel vazio.
Também não vou falar das varas telescópicas quebradas, seja na ponteira ou
mesmo nas emendas . Éramos felizes e não sabíamos.
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Publicado na Rev.
Aruanã Ed.52 agosto/1996
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