segunda-feira, 28 de outubro de 2019

DICA - APROXIMAÇÃO NOS PESQUEIROS








Muitas vezes o pescador amador prejudica sua própria pescaria antes mesmo de começa-la, somente pelo fato de chegar de “qualquer maneira” em um pesqueiro, seja de barco ou simplesmente a pé, num barranco. Saiba como evitar as consequências desastrosas dessa “pequena” desatenção.








Apesar de ter grandes olhos, a visão do peixe é mínima. No entanto a audição é 10 vezes maior que do ser humano.

Nos dias atuais, o pescador amador dispõe de acesso a muitas informações que antes não eram divulgadas apropriadamente. Hoje em dia, são várias notícias de estudos realizados em todos os sentidos e sobre todas as espécies de peixes. Um desses estudos, que para nós é sem dúvida o mais importante, refere-se aos sentidos dos peixes. Atualmente, já sabemos que a maior parte das espécies de peixes têm o sentido da visão muito pouco desenvolvido. Também o olfato e, na maioria dos peixes, muito limitado e está intimamente relacionado ao paladar, o que indica que o peixe primeiro põe a isca na boca e só depois é que entra em ação esse olfato/paladar que lhe permite avaliar o alimento. Finalmente, conforme as pesquisas científicas já comprovaram, sabemos que o sentido melhor desenvolvido nos peixes é a audição. Segundo afirmam os pesquisadores, a audição de um peixe é cerca de dez vezes mais aguçada do que qualquer outro animal vivo, seja ele terrestre ou aquático. Esse fator, aliado ao fato dos sons se propagarem melhor sob a superfície das águas, assegura que os peixes, a despeito de não poderem ter seus sentidos de visão, olfato e audição comparados, por exemplo, aos dos mamíferos terrestres, são capazes de ouvir muitíssimo bem. 

Aproximando e pescando com uso do motor elétrico. Silêncio

Pois bem, se o peixe escuta muito bem, parece-nos fundamental que tenhamos um cuidado especial em nossas pescarias ao nos aproximarmos do pesqueiro escolhido. Vamos falar primeiro da aproximação por intermédio de barco. Todos nós já presenciamos, durante nossas pescarias, aqueles pescadores que, com um bom barco e um motor de popa possante, vêm em alta velocidade e “cortam” o motor de popa bem próximo ao ponto de pesca. Quando isso ocorre, se repararmos bem, vamos verificar que por cerca de aproximadamente dez segundos após parar o motor do barco, as ondas causadas pelo deslocamento do barco ainda estarão varrendo o local/margens ou galhadas. Nessa altura dos acontecimentos, com certeza essas ondas prejudicaram o pesqueiro, já que com a movimentação da água, o peixe certamente fugiu ou então afundou mais, o que torna menores suas chances de encontrar nosso anzol, esteja ele fisgado com isca natural ou artificial. Evite que isso ocorra. Quando você estiver navegando, ao chegar perto de um pesqueiro, não tenha pressa, diminua a marcha do motor e vá se aproximando lentamente. 

Galhadas: um ótimo local de pesca

Quando estiver a uma distância de mais ou menos 100 metros do ponto pretendido, pare o motor de popa e utilize os bons serviços de um motor elétrico, que permitirá que sua chegada aconteça no mais absoluto silêncio. Se você não dispõe de um motor elétrico, um bom remo também resolve o problema, apenas com a desvantagem de ser mais cansativo. Assim mesmo não faça barulho com o remo na água. Em locais onde haja correnteza, pare sempre acima, respeitando os 100 metros recomendados e apenas deixe o barco deslizar a favor da correnteza. Outro momento importante é quando precisamos apoitar o barco. Jogar a poita nem sempre quer dizer “atira-la” dentro d’água. Uma boa “apoitada” significa descer a poita lentamente, sem encostar a corda na borda do barco e sem deixar que ela bata com força no fundo. E pronto, esses são os procedimentos básicos para uma boa aproximação por água. Mas há ainda um detalhe essencial, que depende fundamentalmente de sua boa educação: quando for passar por outro barco que esteja pescando apoitado ou de rodada, diminua a marcha mais ou menos uns 50 metros antes dele, e após ultrapassa-lo, percorra mais 50 metros lentamente para só então retornar a marcha de cruzeiro. 

Chegando no pesqueiro sem barulho algum

Não há nada mais irritante para uma pessoa que está pescando do que alguém ultrapassa-la com velocidade, deixando atrás de si os balanços das ondas produzidas pelo barco. Cuidados de aproximação também devem ser tomados pelo pescador que pesca de barranco ou, se preferirem, desembarcado. Evidente está que na praia ou no costão não existe a necessidade de obedecer as normas que damos aqui. Vamos nos referir apenas aos pescadores de beira de rio ou represa. Muitas vezes, ao chegar à beira da água, conseguimos ver que o peixe se afasta antes mesmo de nossa aproximação efetiva. Nessa situação, a primeira conclusão a que um pescador chega é achar que o peixe o viu. Mas isso não é verdade, pois sabemos que a visão do peixe é muito limitada. Então, o que aconteceu? É simples. Aconteceu que o peixe, antes mesmo de ter visto o pescador, “sentiu” sua presença. Isso mesmo. O peixe se afastou porque pôde “sentir” a vibração causada pelas batidas do pé do pescador caminhando na margem. Portanto o ideal é chegar ao pesqueiro lentamente, considerando a apurada audição dos peixes. 

Pescando em galhadas e andando pela margem

E isso já nos dá outra dica, que é permanecer dentro do maior silêncio possível. O pescador que anda de um lado para o outro o tempo todo ou fica com os pés dentro da água com certeza terá menos sucesso do que aquele pescador que pesca praticamente imóvel.  Aliás, sobre essa crença de que o peixe vê o pescador, qual de nós já não presenciou, por exemplo, pescadores de tilápias colocando galhos de árvores na frente de sua ceva, afirmando que assim camuflados que os peixes não os vêem? Outro velho costume manda que o pescador evite vestir roupas de cores claras, que supostamente seriam mais “visíveis”, já que se destacam bastante contra o fundo de vegetação. Essa é uma meia verdade. É óbvio que, se atrás de nós existe uma mata, seria conveniente usar roupas de tons neutros para sermos mais facilmente confundidos com a paisagem. Saiba o pescador, no entanto que o peixe não enxerga cores, portanto qualquer tom neutro (não necessariamente verde) será o bastante para camufla-lo. Essa camuflagem não é para nos deixar invisíveis, mas sim para disfarçar nossos movimentos, deixando nossos ruídos mais amenos perante o sentido de audição do peixe. 

Uso do motor elétrico.  Indispensável

Apenas para exemplificar e tornar mais claro o que foi dito aqui, vamos citar alguns barulhos comuns que decididamente atrapalham uma pescaria. No barco: batida de remos ou quedas de objetos no piso do barco, andar pesadamente dentro da embarcação, mudar de lugar constantemente, etc. No barranco: andar, nadar, cortar galhos de árvores com facão, fazer aquele churrasco na margem, jogar latinhas de bebidas (lamentável) ou pedras na água e na margem é o mais desnecessário de tudo: escutar um sonzinho de rádio ou toca fitas no pesqueiro. Essa é de doer, não é mesmo? Para finalizar, podemos dizer que o pescador deve se comportar no pesqueiro, na medida do possível, como se ele não estivesse ali, pois qualquer barulho diferente dos ruídos naturais do meio ambiente local será muito prejudicial à pescaria, o que nos faz lembrar daquela máxima que diz que “o silêncio é de ouro”. E de muito peixe no samburá.

Revista Aruanã Ed:53 publicada em 10/1996

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

ESPECIAL:TESTE VOCÊ É UM BOM PESCADOR?










Esta é uma pergunta simples e sem maldade. Faça de conta que você está junto aos amigos.

Na Revista Aruanã, edição número 49 publicado em fevereiro de 1996, nós fizemos este teste. Que se fale desde já que não é nada como a fala de “um mestre”, mas sim uma relação de perguntas simples, reais e feitas por vários pescadores amadores que colaboraram neste “teste”. Recebemos mais de 1300 respostas/perguntas e selecionamos 20 delas. Vamos responder sinceramente, como convém à nossa classe de pescadores e depois conferimos as respostas. É uma brincadeira com respostas verdadeiras. Vamos lá. Confira suas opções.


As questões são baseadas em vivência em nossas pescarias.




Perguntas que cabem perfeitamente em nossas pescarias e podemos usa-las bem.




Aqui você tem mais uma série de perguntas com as respostas ao lado. Como você é um pescador amador, que não usa redes, tarrafas, anzol de galho e outros petrechos proibidos, não olhe as respostas, antes de concluir o teste.

                                                                   



Revista Aruanã Ed: 49 Publicada em 02/1996

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

É ÉPOCA DE - ROBALOS À NOITE!












  A beleza do robalo

Com a chegada do verão, abre-se para o pescador um novo leque de opções em termos de modalidade de pesca. Entre elas, a pesca de praia é uma das mais agradáveis, pois as águas estão na temperatura ideal. E não é só isso já que pescar à noite é melhor ainda, sendo essa uma modalidade também muito produtiva, já que nesta época os grandes robalos estão presentes nos rios em sua foz ou em locais mais adentro dessas águas.

Foz de rio na praia
O material para este tipo de pescaria noturna é o mesmo que o pescador amador está acostumado a usar para praticar a pesca de praia durante o dia. Assim sendo, teremos varas de 3 a 4 metros de comprimento, carretilha ou molinete de tamanho médio para grande, linhas que podem variar entre 0,15 e 0,25 mm, líder e chicote normal e anzóis com tamanho variando entre o 6 e o 15. A chumbada pode ser a de formato pirâmide, com peso variando conforme a correnteza do local onde se está pescando. Quanto a iscas, podemos citar o corrupto (sem dúvida a melhor), o camarão descascado, filés de sardinha ou parati, minhocas de praia ou ainda tatuíras. Outras iscas podem também ser muito boas, e cabe aqui ao pescador raciocinar e ver se no seu local de pescaria existe alguma outra isca em abundância. Por exemplo: nas imediações de Iguape, na Ilha Comprida (litoral de São Paulo), uma isca que dá muito bons resultados é a manjuba, um peixinho abundante nessa região, portanto um alimento que os grandes peixes estão acostumados a encontrar naturalmente.

Robalos
 Como de se vê, as dicas que se pode obter no tópico “iscas” são facilmente avaliadas e adaptadas à região escolhida para realizar a pescaria. Nesta modalidade de pesca, o passo seguinte é escolher uma maré que apresente preamar (subida) em um horário que coincida aproximadamente com a chegada da noite, ou seja, a maré deve estar subindo assim que escurecer. Cuidado com o horário de verão ou fuso horário e o estado do Brasil onde o pescador estiver, pois as marés mudam de altura. Para evitar qualquer problema, é muito interessante que o pescador vá para o local da pescaria ainda durante o dia, com bastante luz, pois assim poderá aproveitar esse tempo excedente de claridade natural para capturar suas iscas, montar a tralha para a noite e verificar ainda as condições e a localização exata dos canais de praia, sua profundidade, etc. Ainda sobre iscas, com exceção do corrupto, e conveniente prepara-las com antecedência, cortando os pedaços de camarão ou filetando as sardinhas e os paratis. 



Barcos apoitados: bons pesqueiros
Para marcar uma pescaria de robalos à noite na praia há uma condição única e essencial, que não admite nenhuma exceção: somos obrigados a pescar junto a uma foz de rio ou canal, seja ele qual for ou de que tamanho for, pois à noite os robalos costumam estar nesses locais esperando para entrar no rio, ou simplesmente vagando pelas imediações à caça dos alimentos que as águas do rio trouxeram na vazante. Um outro ponto muito importante é saber exatamente onde se deve pescar. Assim sendo, com base em nossas e experiência, recomendamos que o pescador observe a saída da água do rio ou canal e veja qual é o curso que ela segue. Normalmente, em se tratando do litoral brasileiro, um rio costuma seguir aproximadamente 100 metros para a esquerda, fazendo então uma volta (onde há um grande buraco) e seguindo rumo à direita ou, se preferirem, ao sul. Somente em casos mais raros, o local da pescaria passa a estar do lado direito, por exemplo, quando o rio tem costão em sua margem esquerda. Nessas condições, inevitavelmente teremos que pescar do lado direito. 

Robalo Peba
Nos rios que não apresentem nenhum obstáculo em qualquer das margens, a regra é bem simples e a pescaria deve acontecer sempre do lado esquerdo, considerando como referência a posição de quem olha do rio para o mar. Nesse tipo de pescaria não é preciso entrar na água, pois os robalos estarão muito próximos à praia, sendo muito comum sua presença no primeiro ou segundo canal. Uma outra dica muito importante é o cuidado que devemos ter com qualquer tipo de iluminação artificial (lanterna, lampiões, etc.) que eventualmente utilizarmos à noite. Em nenhuma hipótese deixe o facho de luz direcionado para a água, entre você e a praia. A explicação é simples é lógica: com a luz incidindo diretamente na água, todo o movimento que você fizer projetará sua sombra no local da pesca. A simples movimentação do pescador dando lances, andando ou colocando iscas fará com que haja uma sombra sempre em movimento a atrapalhar e assustar os peixes. Procure utilizar sua iluminação da seguinte maneira: posicione seu lampião ou lanterna sempre atrás de um pedaço de madeira, o que impedirá o foco de luz se projete na direção da praia. Assim, a claridade irá refletir sempre na direção oposta à água do mar. 

A cabeça do robalo
Quanto à pescaria propriamente dita, não há segredo algum, pois os robalos pelo menos os médios, dão sempre a mesma fisgada característica: dois ou três puxões e seguros. No caso de robalos maiores, a puxada é a mesma, sendo que só sentiremos que o peixe é grande após a fisgada, quando os grandes robalos saem em uma disparada doida. Para evitar qualquer surpresa desagradável justamente nesse momento, lembre-se de regular a fricção do equipamento para o mais sensível possível, pois você deve ter sempre em mente que a linha é bastante fina, porém mais do que suficiente para – usando de toda a calma – retirar da água um robalo de qualquer tamanho. Afinal de contas, temos centenas de metros de linha no carretel. Basta ter calma, cuidado e, pescando esportivamente, vamos perceber que à noite a pesca de robalos na praia é muito gostosa e produtiva. Não poderia deixar de citar um outro tipo de pescaria noturna de robalos, mas esta deve ser feita com uma embarcação e com iscas artificiais. Nesta modalidade, o material deve ser o mesmo usado normalmente para pescaria com iscas artificiais, supondo aqui que nosso leitor também a pratique. 

O perigo do ferrão
Se não, aqui vão as dicas: use uma vara de no máximo 30 libras, linha de tamanho médio ou então colheres artificiais (as cromadas são excelentes) e os tradicionais molinetes ou então sua carretilha preferida, sempre observando a compatibilidade entre os equipamentos, para não comprometer a estabilidade e o balanceamento do conjunto. Os melhores locais para este tipo de pesca serão os atracadores de balsas, pilastras de portos e de pontes e principalmente as marinas, normalmente encontradas dentro dos rios e canais do litoral, sendo que é importante observar que só servirão as marinas que tenham barcos amarrados em bóias e com profundidade de no máximo 3 metros. Os robalos costumam ficar junto às embarcações apoitadas. Quanto mais barcos houver e quanto mais tempo tiverem permanecido junto às bóias, melhor. O sistema de pesca apropriado para esses locais é o corrico, quando forem muitos os barcos apoitados. Com motor elétrico e navegando no meio dos barcos, a pesca de lances também será bem vinda. O pescador deve “costurar” a área com sua embarcação puxando a isca à volta de todos os barcos parados. 


A melhor isca da praia
Quando for corricar ou lançar, procure criar um ângulo na linha que faça com que a isca venha nadando por baixo dos barcos parados. . E prepare-se, pois a ação dos robalos é imensa e normalmente grandes peixes ficam nesses locais. A briga é boa e o desafio enorme, pois as chances efetivas de tirar um grande peixe são poucas, já que os maiores inimigos do pescador nessa modalidade serão os cabos das poitas onde os barcos estão amarrados, sendo comum que o grande robalo, para se safar da isca, passe a linha junto a esses cabos, que em sua maioria estarão cobertos de mariscos e cracas, além de ostras que cortam como navalhas. Se estivermos com sorte, o peixe brigará limpo e teremos então belas e inesquecíveis brigas com os chamados “robalões”. Boa pescaria.

Robalo na isca artificial

NOTA DA REDAÇÃO: Esta matéria foi escrita em dezembro de 1995, portanto há 24 anos. De lá para cá, nosso cotidiano nos fez racionar um pouco mais, graças aos conhecimentos adquiridos de outros pescadores e também de experiências próprias. Portanto, vamos dar mais algumas dicas e citar evidências. Começamos pela cor da isca, que como sabemos os peixes não as vêem, e isso provamos cientificamente em matéria anterior na Revista Aruanã e agora publicada também em nosso blog – http://revistaaruana.blogspot.com.br – que pode ser vista consultando nosso índice na página inicial do mesmo. Publicada aqui no blog em Março de 2014. Muito bem, se o peixe não vê as cores durante o dia, que dirá à noite? Simples assim. No que se refere ao modelo das iscas, citamos acima os plugs e as colheres, e agora acrescentamos “outros modelos”. O robalo pega em qualquer “modelito ou formato” de iscas artificiais. Anote: camarões artificiais. minhocas, qualquer modelo de plugs, com ou sem barbelas, grubs, shads, jigs, salamandras, lagartixas e o que você mais imaginar. Importante é saber que, todos os modelos, devem ser usados na superfície da água e nunca de fundo, e quando possível, que faça algum barulho na água. E os locais podem ser pontes, embarcadores, etc, e, desembarcado o que se torna mais simples e sem despesas extras. Bom divertimento.


Revista Aruanã Ed: 48 Publicada em 12/1995

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

ROTEIRO - RIO NHUNDIAQUARA











A Estrada da Graciosa tem sua entrada na BR 116 já no Estado do Paraná. Essa pequena, mas linda estrada nos leva até Morretes, onde teremos toda a infra estrutura para a pesca no rio Nhundiaquara (que em Tupi Guarani significa “o rio dos bagres”). Esse rio lembra muito os rios europeus. É um rio de águas muito limpas com praias de areia e pedras, em sua maioria arredondadas. Os peixes dessa região, além dos robalos nos rios, são bem variados. No mapa vemos onde ele junta suas águas aos outros rios e baías.


Visão geral do Nhundiaquara, seus baixios e melhores pesqueiros

Saímos de São Paulo via BR116 até a divisa com o estado do Paraná, e de lá até a entrada da estrada de Graciosa são aproximadamente 75 km. Na passagem puder rever uma ponte sobre a Represa de Capivari onde já tive a oportunidade de pescar muito black bass. Na rodovia que liga São Paulo a Curitiba, ve-se com destaque placas indicativas da estrada de Graciosa, citando ainda a cidade de Antonina no litoral paranaense. Nosso destino final era a cidade de Morretes, onde alguns amigos do Iate Clube de Morretes nos aguardavam. Mas voltemos à tal estrada de Graciosa, que a par da singeleza do nome, podemos afirmar que é realmente uma das mais belas paisagens que já vimos. 

A baia de Paranaguá

Começa por sua entrada, onde há uma cancela e um posto da Polícia Rodoviária, o que a princípio nos faz pensar que iremos trafegar por uma estrada particular. À medida que fomos descendo – com cuidado, pois é uma estrada bastante estreita e cheia de curvas – a beleza aumentando, já que em alguns locais a vista é excelente, sendo possível inclusive ver a baía da foz do rio, além das cidades de Paranaguá e Antonina. Já mais para o fim da estrada da Graciosa, começamos a ver à direita o rio Hhundiaquara com paisagens que lembram muito os rios europeus. É um rio de águas muito limpas, com praias de areia e pedras, em suas maiorias arredondadas. Parece bem um rio de trutas, igual a muitos que temos oportunidade de ver em fotos e vídeos importados. 

Praia de Matinhos

Para se chegar até Morretes, passamos por duas pontes, sendo a ultima de estrutura metálica, a mais bonita de todas, pois lá se parando, ao olhar para baixo, conseguíamos ver centenas de lambaris fazendo evoluções na água. A paisagem realmente é muito bonita. Já em Morretes, dirigimo-nos ao Iate Clube, que ficam distante apenas seus quilômetros da cidade. Mais uma surpresa, pois o Nhundiaquara passa bem no meio da cidade, e conforme informações que recebemos, alguns moradores já conseguiram fisgar robalos, pescando dentro da praça da cidade. No Iate Clube estavam nos esperando os amigos Remi, Jorge e Maneco, que dariam à nossa equipe toda a estrutura necessária para a pesca de robalos e a reportagem no citado rio. Marcamos nossa saída para o dia seguinte, bem cedo. Começamos a pescar no rio São João, afluente do Nhundiaquara.

Trecho do rio na cidade
Aliás, pescamos em todos afluentes do rio principal, e nosso leitor poderá ve-los no mapa publicado nesta matéria. Infelizmente, junto conosco chegou também uma frente fria, o que acabou baixando sensivelmente a pressão atmosférica, e isso, em termos de pesca é fatal. Mas mesmo assim conseguimos fisgar alguns robalos de tamanho razoável, além de termos também observado a ação de alguns grandes robalos próximos as nossas iscas artificiais. Um detalhe muito importante é que muitos pescadores usam como isca para a pesca do robalo o lambari vivo. Conversamos com alguns deles, e todos nos disseram que naqueles dias os peixes estavam muitos “manhosos”, mas que mesmo assim haviam fisgado vários exemplares. 


Isca de lambari vivo

O pessoal que pesca com lambaris vivos, conforme pudemos constatar dá preferência ao rio das Neves. Em todos os rios onde estivemos, pudemos perceber a existência de galhadas, pedras e bons poços, que normalmente se localizam junto às curvas mais acentuadas, onde há barrancos com mata natural. Podemos também dar destaque especial ao “Moleques”, que é um conjunto de pedras que se estendem da margem até o meio do Hundiaquara, já bem perto de onde se abre para formar uma grande baía. Outro destaque especial (veja o mapa) vai para o “Moreira de Baixo”, à margem esquerda de quem olha o rio para esse pequeno canal. Foi nesse trecho que tivemos mais ação dos grandes robalos, que infelizmente não chegaram a ser fisgados. 

Pesqueiro do Moleque

Aliás, também nesse trecho do rio encontramos o Antonio Carlos, um dos membros da APIAPAR (Associação dos Pescadores com Iscas Artificiais do Paraná), que é um velho amigo que hoje reside em Curitiba. O “Tonico”, conforme nos relatou, também obteve boas ações de peixes nesse ponto do rio. A bem da verdade há alguns anos soubéramos por intermédio dele que era possível fazer boas pescarias com grandes badejos, ciobas, caranhas e outros peixes, todos fisgados com iscas artificiais. Não entramos na baía, pois optamos por pescar nos afluentes do Hundiaquara, mas caso o pescador queira seguir este roteiro, aí está uma boa dica, sendo que os bons pesqueiros estão indicados nos mapas, referindo-se principalmente a ilhas e parcéis de pedras. Junto conosco mais uma vez estava o amigo Nelson de Mello, nosso especialista em pesca de praia. 




Robalo no lambari
Existem várias praias localizadas a uma distância de 60 km partindo-se do centro da cidade de Morretes. Segundo informações obtidas junto a outros pescadores amadores, a mais indicada para a pesca seria a praia de Morrinhos, à esquerda de um pequeno canal, bem visível da rua principal junto à praia. É uma praia de tombo e oferece toda a infra estrutura desejável por quem pratica essa modalidade. Inclusive para a aquisição de iscas naturais, existe no local o Porto dos Pescadores, com um pequeno mercado de pescado onde poderemos comprar camarões, já que, pelo menos na praia de Morrinhos, não existem iscas como o corrupto. Usando então o camarão morto, Nelson conseguiu fisgar uma boa corvina, com cerca de dois quilos e um robalo de aproximadamente um quilo, além de vários outros peixes típicos da praia, como pampos, betaras, bagres, paratis barbudos e especialmente um “galhudo” de bom tamanho. 


Pesca em praia de Tombo

Na opinião do Nelson, trata-se de uma excelente praia para a pesca, e os resultados de sua pescaria foram por ele considerados razoáveis.  Para aqueles que quiserem seguir este roteiro, recomendamos levar barcos e motor de popa (para pescar no rio), já que não existe esse serviço no local. De resto. Morretes tem bons hotéis e ótimos restaurantes, onde o prato principal é o “barreado”, prato típico da região, feito à base de carne de boi cozida e misturada com farinha de mandioca e alguns temperos, que o tornam muito saboroso. Se você gosta de pescar com iscas vivas, terá oportunidade de conseguir facilmente lambaris e camarões. Para se ter acesso ao rio, pode-se usar a rampa do Iate Clube de Morretes, e se a opção for acampar, pode-se faze-lo dentro das dependências do clube, pois há ali um local especialmente destinado para esse fim. 


Corvina na praia

Aproveitamos aqui para agradecer publicamente ao Marcos Flávio, o “Marquito”, secretário do Iate Clube, que fez questão de colocar à disposição dos leitores da Aruanã mais essa comodidade. Agora a fica final, e com certeza a mais importante: se você já ouviu falar em Cananéia, no litoral sul de São Paulo, com seus rios maravilhosos, baías e enseadas, saiba que a estrutura das águas de lá e da região do Hundiaquara são as mesmas, já que se quisermos sair de Morretes pela água, passaremos pela baía de Paranaguá, dos Pinheiros, Ariri, Cananéia e chegaremos até Iguape e Icapara, que é justamente onde começa esse complexo de rios e baías, a partir do estado de São Paulo. A pescaria é a mesma, as águas são iguais, as iscas e o material utilizado também, sendo que a única diferença a favor do Paraná é que lá a região é muito mais intocada, e muito menos gente pesca por ali. 

Robalo na isca artificial de superfície

Finalizando, informamos que os principais peixes dessa região – além do robalo nos rios, que foi nossa meta – são bem variados, sendo que vamos encontrar com facilidade espécies tais como pescadas amarelas, badejos, corvinas, garoupas, miraguaias, cavalas, e anchovas, e é bom ressaltar que algumas espécies atingem tamanhos enormes, como é o caso dos badejos e garoupas. Se você já pescou em Cananéia, vale a pena pescar também em Morretes, local com muito menos fama, mas com uma piscosidade que com certeza faz lembrar a Cananéia dos velhos tempos. Aqui está portanto mais um roteiro aprovado e recomendado pela equipe Aruanã, e encerrando, dirigimos um agradecimento especial a todos os associados do Iate Clube de Morretes, já que sem sua ajuda e colaboração, esse roteiro certamente não teria sido a beleza que foi. Obrigado a todos.


Revista Aruanã Ed:45 publicada em 06/1995