quinta-feira, 3 de outubro de 2019

ROTEIRO - RIO NHUNDIAQUARA











A Estrada da Graciosa tem sua entrada na BR 116 já no Estado do Paraná. Essa pequena, mas linda estrada nos leva até Morretes, onde teremos toda a infra estrutura para a pesca no rio Nhundiaquara (que em Tupi Guarani significa “o rio dos bagres”). Esse rio lembra muito os rios europeus. É um rio de águas muito limpas com praias de areia e pedras, em sua maioria arredondadas. Os peixes dessa região, além dos robalos nos rios, são bem variados. No mapa vemos onde ele junta suas águas aos outros rios e baías.


Visão geral do Nhundiaquara, seus baixios e melhores pesqueiros

Saímos de São Paulo via BR116 até a divisa com o estado do Paraná, e de lá até a entrada da estrada de Graciosa são aproximadamente 75 km. Na passagem puder rever uma ponte sobre a Represa de Capivari onde já tive a oportunidade de pescar muito black bass. Na rodovia que liga São Paulo a Curitiba, ve-se com destaque placas indicativas da estrada de Graciosa, citando ainda a cidade de Antonina no litoral paranaense. Nosso destino final era a cidade de Morretes, onde alguns amigos do Iate Clube de Morretes nos aguardavam. Mas voltemos à tal estrada de Graciosa, que a par da singeleza do nome, podemos afirmar que é realmente uma das mais belas paisagens que já vimos. 

A baia de Paranaguá

Começa por sua entrada, onde há uma cancela e um posto da Polícia Rodoviária, o que a princípio nos faz pensar que iremos trafegar por uma estrada particular. À medida que fomos descendo – com cuidado, pois é uma estrada bastante estreita e cheia de curvas – a beleza aumentando, já que em alguns locais a vista é excelente, sendo possível inclusive ver a baía da foz do rio, além das cidades de Paranaguá e Antonina. Já mais para o fim da estrada da Graciosa, começamos a ver à direita o rio Hhundiaquara com paisagens que lembram muito os rios europeus. É um rio de águas muito limpas, com praias de areia e pedras, em suas maiorias arredondadas. Parece bem um rio de trutas, igual a muitos que temos oportunidade de ver em fotos e vídeos importados. 

Praia de Matinhos

Para se chegar até Morretes, passamos por duas pontes, sendo a ultima de estrutura metálica, a mais bonita de todas, pois lá se parando, ao olhar para baixo, conseguíamos ver centenas de lambaris fazendo evoluções na água. A paisagem realmente é muito bonita. Já em Morretes, dirigimo-nos ao Iate Clube, que ficam distante apenas seus quilômetros da cidade. Mais uma surpresa, pois o Nhundiaquara passa bem no meio da cidade, e conforme informações que recebemos, alguns moradores já conseguiram fisgar robalos, pescando dentro da praça da cidade. No Iate Clube estavam nos esperando os amigos Remi, Jorge e Maneco, que dariam à nossa equipe toda a estrutura necessária para a pesca de robalos e a reportagem no citado rio. Marcamos nossa saída para o dia seguinte, bem cedo. Começamos a pescar no rio São João, afluente do Nhundiaquara.

Trecho do rio na cidade
Aliás, pescamos em todos afluentes do rio principal, e nosso leitor poderá ve-los no mapa publicado nesta matéria. Infelizmente, junto conosco chegou também uma frente fria, o que acabou baixando sensivelmente a pressão atmosférica, e isso, em termos de pesca é fatal. Mas mesmo assim conseguimos fisgar alguns robalos de tamanho razoável, além de termos também observado a ação de alguns grandes robalos próximos as nossas iscas artificiais. Um detalhe muito importante é que muitos pescadores usam como isca para a pesca do robalo o lambari vivo. Conversamos com alguns deles, e todos nos disseram que naqueles dias os peixes estavam muitos “manhosos”, mas que mesmo assim haviam fisgado vários exemplares. 


Isca de lambari vivo

O pessoal que pesca com lambaris vivos, conforme pudemos constatar dá preferência ao rio das Neves. Em todos os rios onde estivemos, pudemos perceber a existência de galhadas, pedras e bons poços, que normalmente se localizam junto às curvas mais acentuadas, onde há barrancos com mata natural. Podemos também dar destaque especial ao “Moleques”, que é um conjunto de pedras que se estendem da margem até o meio do Hundiaquara, já bem perto de onde se abre para formar uma grande baía. Outro destaque especial (veja o mapa) vai para o “Moreira de Baixo”, à margem esquerda de quem olha o rio para esse pequeno canal. Foi nesse trecho que tivemos mais ação dos grandes robalos, que infelizmente não chegaram a ser fisgados. 

Pesqueiro do Moleque

Aliás, também nesse trecho do rio encontramos o Antonio Carlos, um dos membros da APIAPAR (Associação dos Pescadores com Iscas Artificiais do Paraná), que é um velho amigo que hoje reside em Curitiba. O “Tonico”, conforme nos relatou, também obteve boas ações de peixes nesse ponto do rio. A bem da verdade há alguns anos soubéramos por intermédio dele que era possível fazer boas pescarias com grandes badejos, ciobas, caranhas e outros peixes, todos fisgados com iscas artificiais. Não entramos na baía, pois optamos por pescar nos afluentes do Hundiaquara, mas caso o pescador queira seguir este roteiro, aí está uma boa dica, sendo que os bons pesqueiros estão indicados nos mapas, referindo-se principalmente a ilhas e parcéis de pedras. Junto conosco mais uma vez estava o amigo Nelson de Mello, nosso especialista em pesca de praia. 




Robalo no lambari
Existem várias praias localizadas a uma distância de 60 km partindo-se do centro da cidade de Morretes. Segundo informações obtidas junto a outros pescadores amadores, a mais indicada para a pesca seria a praia de Morrinhos, à esquerda de um pequeno canal, bem visível da rua principal junto à praia. É uma praia de tombo e oferece toda a infra estrutura desejável por quem pratica essa modalidade. Inclusive para a aquisição de iscas naturais, existe no local o Porto dos Pescadores, com um pequeno mercado de pescado onde poderemos comprar camarões, já que, pelo menos na praia de Morrinhos, não existem iscas como o corrupto. Usando então o camarão morto, Nelson conseguiu fisgar uma boa corvina, com cerca de dois quilos e um robalo de aproximadamente um quilo, além de vários outros peixes típicos da praia, como pampos, betaras, bagres, paratis barbudos e especialmente um “galhudo” de bom tamanho. 


Pesca em praia de Tombo

Na opinião do Nelson, trata-se de uma excelente praia para a pesca, e os resultados de sua pescaria foram por ele considerados razoáveis.  Para aqueles que quiserem seguir este roteiro, recomendamos levar barcos e motor de popa (para pescar no rio), já que não existe esse serviço no local. De resto. Morretes tem bons hotéis e ótimos restaurantes, onde o prato principal é o “barreado”, prato típico da região, feito à base de carne de boi cozida e misturada com farinha de mandioca e alguns temperos, que o tornam muito saboroso. Se você gosta de pescar com iscas vivas, terá oportunidade de conseguir facilmente lambaris e camarões. Para se ter acesso ao rio, pode-se usar a rampa do Iate Clube de Morretes, e se a opção for acampar, pode-se faze-lo dentro das dependências do clube, pois há ali um local especialmente destinado para esse fim. 


Corvina na praia

Aproveitamos aqui para agradecer publicamente ao Marcos Flávio, o “Marquito”, secretário do Iate Clube, que fez questão de colocar à disposição dos leitores da Aruanã mais essa comodidade. Agora a fica final, e com certeza a mais importante: se você já ouviu falar em Cananéia, no litoral sul de São Paulo, com seus rios maravilhosos, baías e enseadas, saiba que a estrutura das águas de lá e da região do Hundiaquara são as mesmas, já que se quisermos sair de Morretes pela água, passaremos pela baía de Paranaguá, dos Pinheiros, Ariri, Cananéia e chegaremos até Iguape e Icapara, que é justamente onde começa esse complexo de rios e baías, a partir do estado de São Paulo. A pescaria é a mesma, as águas são iguais, as iscas e o material utilizado também, sendo que a única diferença a favor do Paraná é que lá a região é muito mais intocada, e muito menos gente pesca por ali. 

Robalo na isca artificial de superfície

Finalizando, informamos que os principais peixes dessa região – além do robalo nos rios, que foi nossa meta – são bem variados, sendo que vamos encontrar com facilidade espécies tais como pescadas amarelas, badejos, corvinas, garoupas, miraguaias, cavalas, e anchovas, e é bom ressaltar que algumas espécies atingem tamanhos enormes, como é o caso dos badejos e garoupas. Se você já pescou em Cananéia, vale a pena pescar também em Morretes, local com muito menos fama, mas com uma piscosidade que com certeza faz lembrar a Cananéia dos velhos tempos. Aqui está portanto mais um roteiro aprovado e recomendado pela equipe Aruanã, e encerrando, dirigimos um agradecimento especial a todos os associados do Iate Clube de Morretes, já que sem sua ajuda e colaboração, esse roteiro certamente não teria sido a beleza que foi. Obrigado a todos.


Revista Aruanã Ed:45 publicada em 06/1995


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