segunda-feira, 14 de outubro de 2019

É ÉPOCA DE - ROBALOS À NOITE!












  A beleza do robalo

Com a chegada do verão, abre-se para o pescador um novo leque de opções em termos de modalidade de pesca. Entre elas, a pesca de praia é uma das mais agradáveis, pois as águas estão na temperatura ideal. E não é só isso já que pescar à noite é melhor ainda, sendo essa uma modalidade também muito produtiva, já que nesta época os grandes robalos estão presentes nos rios em sua foz ou em locais mais adentro dessas águas.

Foz de rio na praia
O material para este tipo de pescaria noturna é o mesmo que o pescador amador está acostumado a usar para praticar a pesca de praia durante o dia. Assim sendo, teremos varas de 3 a 4 metros de comprimento, carretilha ou molinete de tamanho médio para grande, linhas que podem variar entre 0,15 e 0,25 mm, líder e chicote normal e anzóis com tamanho variando entre o 6 e o 15. A chumbada pode ser a de formato pirâmide, com peso variando conforme a correnteza do local onde se está pescando. Quanto a iscas, podemos citar o corrupto (sem dúvida a melhor), o camarão descascado, filés de sardinha ou parati, minhocas de praia ou ainda tatuíras. Outras iscas podem também ser muito boas, e cabe aqui ao pescador raciocinar e ver se no seu local de pescaria existe alguma outra isca em abundância. Por exemplo: nas imediações de Iguape, na Ilha Comprida (litoral de São Paulo), uma isca que dá muito bons resultados é a manjuba, um peixinho abundante nessa região, portanto um alimento que os grandes peixes estão acostumados a encontrar naturalmente.

Robalos
 Como de se vê, as dicas que se pode obter no tópico “iscas” são facilmente avaliadas e adaptadas à região escolhida para realizar a pescaria. Nesta modalidade de pesca, o passo seguinte é escolher uma maré que apresente preamar (subida) em um horário que coincida aproximadamente com a chegada da noite, ou seja, a maré deve estar subindo assim que escurecer. Cuidado com o horário de verão ou fuso horário e o estado do Brasil onde o pescador estiver, pois as marés mudam de altura. Para evitar qualquer problema, é muito interessante que o pescador vá para o local da pescaria ainda durante o dia, com bastante luz, pois assim poderá aproveitar esse tempo excedente de claridade natural para capturar suas iscas, montar a tralha para a noite e verificar ainda as condições e a localização exata dos canais de praia, sua profundidade, etc. Ainda sobre iscas, com exceção do corrupto, e conveniente prepara-las com antecedência, cortando os pedaços de camarão ou filetando as sardinhas e os paratis. 



Barcos apoitados: bons pesqueiros
Para marcar uma pescaria de robalos à noite na praia há uma condição única e essencial, que não admite nenhuma exceção: somos obrigados a pescar junto a uma foz de rio ou canal, seja ele qual for ou de que tamanho for, pois à noite os robalos costumam estar nesses locais esperando para entrar no rio, ou simplesmente vagando pelas imediações à caça dos alimentos que as águas do rio trouxeram na vazante. Um outro ponto muito importante é saber exatamente onde se deve pescar. Assim sendo, com base em nossas e experiência, recomendamos que o pescador observe a saída da água do rio ou canal e veja qual é o curso que ela segue. Normalmente, em se tratando do litoral brasileiro, um rio costuma seguir aproximadamente 100 metros para a esquerda, fazendo então uma volta (onde há um grande buraco) e seguindo rumo à direita ou, se preferirem, ao sul. Somente em casos mais raros, o local da pescaria passa a estar do lado direito, por exemplo, quando o rio tem costão em sua margem esquerda. Nessas condições, inevitavelmente teremos que pescar do lado direito. 

Robalo Peba
Nos rios que não apresentem nenhum obstáculo em qualquer das margens, a regra é bem simples e a pescaria deve acontecer sempre do lado esquerdo, considerando como referência a posição de quem olha do rio para o mar. Nesse tipo de pescaria não é preciso entrar na água, pois os robalos estarão muito próximos à praia, sendo muito comum sua presença no primeiro ou segundo canal. Uma outra dica muito importante é o cuidado que devemos ter com qualquer tipo de iluminação artificial (lanterna, lampiões, etc.) que eventualmente utilizarmos à noite. Em nenhuma hipótese deixe o facho de luz direcionado para a água, entre você e a praia. A explicação é simples é lógica: com a luz incidindo diretamente na água, todo o movimento que você fizer projetará sua sombra no local da pesca. A simples movimentação do pescador dando lances, andando ou colocando iscas fará com que haja uma sombra sempre em movimento a atrapalhar e assustar os peixes. Procure utilizar sua iluminação da seguinte maneira: posicione seu lampião ou lanterna sempre atrás de um pedaço de madeira, o que impedirá o foco de luz se projete na direção da praia. Assim, a claridade irá refletir sempre na direção oposta à água do mar. 

A cabeça do robalo
Quanto à pescaria propriamente dita, não há segredo algum, pois os robalos pelo menos os médios, dão sempre a mesma fisgada característica: dois ou três puxões e seguros. No caso de robalos maiores, a puxada é a mesma, sendo que só sentiremos que o peixe é grande após a fisgada, quando os grandes robalos saem em uma disparada doida. Para evitar qualquer surpresa desagradável justamente nesse momento, lembre-se de regular a fricção do equipamento para o mais sensível possível, pois você deve ter sempre em mente que a linha é bastante fina, porém mais do que suficiente para – usando de toda a calma – retirar da água um robalo de qualquer tamanho. Afinal de contas, temos centenas de metros de linha no carretel. Basta ter calma, cuidado e, pescando esportivamente, vamos perceber que à noite a pesca de robalos na praia é muito gostosa e produtiva. Não poderia deixar de citar um outro tipo de pescaria noturna de robalos, mas esta deve ser feita com uma embarcação e com iscas artificiais. Nesta modalidade, o material deve ser o mesmo usado normalmente para pescaria com iscas artificiais, supondo aqui que nosso leitor também a pratique. 

O perigo do ferrão
Se não, aqui vão as dicas: use uma vara de no máximo 30 libras, linha de tamanho médio ou então colheres artificiais (as cromadas são excelentes) e os tradicionais molinetes ou então sua carretilha preferida, sempre observando a compatibilidade entre os equipamentos, para não comprometer a estabilidade e o balanceamento do conjunto. Os melhores locais para este tipo de pesca serão os atracadores de balsas, pilastras de portos e de pontes e principalmente as marinas, normalmente encontradas dentro dos rios e canais do litoral, sendo que é importante observar que só servirão as marinas que tenham barcos amarrados em bóias e com profundidade de no máximo 3 metros. Os robalos costumam ficar junto às embarcações apoitadas. Quanto mais barcos houver e quanto mais tempo tiverem permanecido junto às bóias, melhor. O sistema de pesca apropriado para esses locais é o corrico, quando forem muitos os barcos apoitados. Com motor elétrico e navegando no meio dos barcos, a pesca de lances também será bem vinda. O pescador deve “costurar” a área com sua embarcação puxando a isca à volta de todos os barcos parados. 


A melhor isca da praia
Quando for corricar ou lançar, procure criar um ângulo na linha que faça com que a isca venha nadando por baixo dos barcos parados. . E prepare-se, pois a ação dos robalos é imensa e normalmente grandes peixes ficam nesses locais. A briga é boa e o desafio enorme, pois as chances efetivas de tirar um grande peixe são poucas, já que os maiores inimigos do pescador nessa modalidade serão os cabos das poitas onde os barcos estão amarrados, sendo comum que o grande robalo, para se safar da isca, passe a linha junto a esses cabos, que em sua maioria estarão cobertos de mariscos e cracas, além de ostras que cortam como navalhas. Se estivermos com sorte, o peixe brigará limpo e teremos então belas e inesquecíveis brigas com os chamados “robalões”. Boa pescaria.

Robalo na isca artificial

NOTA DA REDAÇÃO: Esta matéria foi escrita em dezembro de 1995, portanto há 24 anos. De lá para cá, nosso cotidiano nos fez racionar um pouco mais, graças aos conhecimentos adquiridos de outros pescadores e também de experiências próprias. Portanto, vamos dar mais algumas dicas e citar evidências. Começamos pela cor da isca, que como sabemos os peixes não as vêem, e isso provamos cientificamente em matéria anterior na Revista Aruanã e agora publicada também em nosso blog – http://revistaaruana.blogspot.com.br – que pode ser vista consultando nosso índice na página inicial do mesmo. Publicada aqui no blog em Março de 2014. Muito bem, se o peixe não vê as cores durante o dia, que dirá à noite? Simples assim. No que se refere ao modelo das iscas, citamos acima os plugs e as colheres, e agora acrescentamos “outros modelos”. O robalo pega em qualquer “modelito ou formato” de iscas artificiais. Anote: camarões artificiais. minhocas, qualquer modelo de plugs, com ou sem barbelas, grubs, shads, jigs, salamandras, lagartixas e o que você mais imaginar. Importante é saber que, todos os modelos, devem ser usados na superfície da água e nunca de fundo, e quando possível, que faça algum barulho na água. E os locais podem ser pontes, embarcadores, etc, e, desembarcado o que se torna mais simples e sem despesas extras. Bom divertimento.


Revista Aruanã Ed: 48 Publicada em 12/1995

2 comentários:

  1. Eu tinha uma pilha enorme de revistas aruanã. Comprei já usadas depois dos anos 2000. Pena que dei fim nelas...

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  2. Muito obrigado. Uma pena mesmo, pois ainda são fonte de consultas, por milhares de leitores no Brasil e no mundo todos. Abraço

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