segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

INSETO VERSUS SAÚDE.







Reação alérgica ao inseto

Às vezes, para conseguir sanar um problema, acabamos por enfrentar um outro bem maior. Em se tratando de saúde, é bom termos cuidado, pois com ela não se brinca.



Dr. Sérgio Graff




Quem entre nós já não foi “atacado” por mosquitos, pernilongos e outros insetos voadores em nossas pescarias? Nesta busca desesperada para nos livrarmos de sua incômoda ação podemos acabar tomando certas atitudes que produzirão sérios danos à nossa saúde. Temos observado que muitas vezes as pessoas utilizam óleos, solventes e outros produtos como repelentes que podem funcionar de veículo para substâncias contaminantes mais ou menos tóxicas. Devemos sempre ter em mente que a pele é uma importante via de absorção de substâncias, e que além disso, produtos aplicados sobre ela podem provocar queimaduras e alergias. 


Borrachudo em ação


Já há algum tempo tem sido muito discutida a utilização de vitaminas do complexo B como repelente de insetos. O mecanismo de ação dessas vitaminas não está bem esclarecido. Sugere-se que esse produto proporciona um odor na pele desagradável aos insetos, favorecendo uma ação repelente. As vitaminas desse grupo são hidrossolúveis, portanto pouco tóxicas, e a única manifestação citada na literatura correlata são reações de hipersensibilidade e diversos tipos de alergias em pessoas sensíveis. Contudo, a eficácia deste método é controvertida. As soluções de Dietiltoluamida parecem uma maneira eficaz e pouco tóxica de repelir insetos, porém podem também provocar alergias em pessoas sensíveis. 



De um modo geral, podemos dizer que a melhor maneira de evitar as picadas de insetos, quando em ambientes fechados é utilizar telas ou roupas que impeçam sua ação, além de repelentes elétricos. Ao ar livre, vamos encontrar a solução em repelentes de boa procedência, produzidos por laboratórios responsáveis. Infelizmente hoje, são muitos os que utilizam produtos tais como azeite de oliva com citronela, óleo diesel, querosene e óleo de cozinha a título de repelente. Devemos lembrar que qualquer produto aplicado sobre a pele, principalmente quando exposta ao sol, pode causar dermatites, e portanto deve ser evitado sempre que possível. 


Revista Aruanã Ed:37 Publicada em 12/1993


quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

ROTEIRO - RIO ITAGUARÉ (SP)






Este rio, que é um dos muitos existentes no litoral paulista, tem todas as características da maioria dos rios do litoral brasileiro, onde a pesca do robalo é bastante produtiva. Vamos juntos navegar em suas águas e pescar.


Estrutura de uma velha ponte
Podemos falar e muito sobre o rio Itaguaré, em Bertioga (SP), já que o mesmo, e assim podemos considera-lo, “é um rio que nos ensina a pescar”. Senão vejamos. Sua foz, considerada móvel, já que constantemente muda de lugar, tem considerável largura e fundura, portanto é ideal para a entrada de peixes do mar. As marés, que em São Paulo, atingem no máximo 1,40/1,70 metros nas chamadas luas grande (cheia e nova), dão ao pescador de praia um ótimo local para seu segmento, ou seja, junto à foz desse rio. Entrando no rio propriamente dito, vamos encontrar um costão de pedra, onde robalos de bom tamanho costumam estar. Mais para dentro do rio, encontraremos uma formação de pedras, que toma de lado a lado a largura do rio. Junto a essas pedras, robalos de 18 quilos (bons tempos) já foram fisgados. A partir dessa formação rochosa começam os manguezais. 

Ponte da Rio-Santos
Continuando a subir o rio, vamos encontrar estruturas de ponte velha, onde junto às suas colunas teremos também bons pesqueiros. Continuando a subir, vamos encontrar à esquerda, junto a um barranco alto de terra firme, três ou quatro galhadas que garantem também a presença de robalos. Logo a seguir vêm as estruturas da ponte sob a estrada Rio-Santos, outro ótimo pesqueiro. Vamos continuar subindo o Itaguaré, sem pressa, já que em suas margens de mangue há várias galhadas pequenas onde deveremos tentar os robalos. Surge então a primeira bifurcação de rio, em forma de “Y”. À esquerda é o Itaguaré, e a direita o Itaguaré Mirim. Vamos continuar no Itaguaré, portanto à esquerda de quem sobe. 

        Robalo 
Novamente, encontraremos outro barranco de rio, com diversas galhadas pequenas e algumas gamboas que devem ser exaustivamente batidas. Aproximadamente a 100 metros acima, temos mais uma estrutura de ponte com colunas à mostra. Há algum tempo atrás esse era o melhor pesqueiro do rio, mas até hoje, na maré certa, costumam sair bons robalos. Dessa ponte segue-se uma reta onde várias galhadas se mostram ao pescador. No fim da reta, uma curva à esquerda e um barranco de terra alto vai mostrar outro bom pesqueiro, com suas galhadas indicando onde pescar. Mais um pouco e vamos encontrar à esquerda uma entrada que parece um rio, mas é somente uma grande gamboa, onde não vale (muito) a pena entrar, pois é fraca de peixe. Continuamos em frente e diversas pequenas galhadas se apresentam – vale a pena se tentar alguns lances nelas. 

A beleza dos praiados de areia
Nova curva para à esquerda e uma entrada larga de uma gamboa à direita. Aqui sim, da gamboa na margem logo abaixo dela existe uma pequena galhada, mas que é um poço profundo (cerca de 5 metros) onde os robalos costumam ficar e teremos muitas ações de peixes pequenos e médios. Continuando a subir, vamos verificar várias galhadas visíveis, todas elas bons pesqueiros. Da citada gamboa para cima, onde estão essas galhadas, poderemos tentar robalos em uma extensão de aproximadamente 300 metros, já que a partir daí o Itaguaré começa a ficar muito raso, o que dificulta a pescaria de robalos, mas que nos dará chances de outras ótimas pescarias. Vamos voltar para o Itaguaré Mirim e depois voltamos a falar dessas pescarias “adicionais”. O nome Mirim já diria que é um pequeno rio.


O mapa do Itaguaré e seus bons pesqueiros
Ledo engano, já que apresenta bons poços e galhadas, como veremos a seguir. Após entrar com cuidado no Mirim, já que na sua foz existe um baixio à esquerda, vamos encontrar uma curva para a direita onde, à esquerda dessa curva, há um poço com relativa profundidade. É esse poço, moradia de robalos. Sobe-se então mais ou menos 100 metros, onde à direita, em um barranco de terra alto, vai estar o melhor pesqueiro do Mirim. Algumas galhadas denunciam sua presença, mas é por baixo da água que se encontram as melhores estruturas. Nesse local deve-se apoitar à direita, bem junto a um pequeno barranco (que é de mangue), e dar os lances então para a outra margem do rio. Continuando a subir, nova curva à esquerda, e à direita outro bom poço com galhadas. Mais uma pequena reta e à esquerda mais um poço exatamente igual ao anterior.


Robalo
Viramos para a direita e aparecerão duas entradas no rio. Podemos ignorá-las, já que se tratam também de gamboas com pequena profundidade. Mais uma reta e um novo poço à esquerda. Outra pequena reta e o poço agora é à direita. A partir daí o Mirim começa a estreitar, mas vamos encontrar ainda algumas galhadas boas de robalos, até que ele se estreita demais, ficando difícil então a sua navegação. Pronto, navegamos nos dois rios, em um percurso aproximado de 6 a 7 km. O leitor deve estar lembrado que no início desta matéria dissemos que o Itaguaré é um rio que nos ensina a pescar. Confirmamos isso, e agora vamos demonstrar porquê.

Pedras, outra boa opção de pesqueiro 
Em todos os rios do litoral brasileiro, não importa em qual estado estejam, se tivermos as mesmas estruturas que existem no Itaguaré, vamos ter sucesso na pesca de robalos e ainda conforme o local, de outros peixes que estarão nas mesmas estruturas, tais como carapaus, caranhas, tarpon, entre outros. Vamos relembrar. As pedras em um rio sempre serão bons pesqueiros, já que no fundo junto a elas, pela ação da correnteza, formar-se-ão poços profundos. Pescando sempre na vazante da maré, deveremos apoitar nosso barco acima delas, a uma distância de 20 metros, e dar os lances em toda volta delas. O certo, até conhecer bem as pedras, é não desprezar nenhuma delas. Outro bom pesqueiro são as pilastras de pontes, sejam de concreto ou de madeira.  


Carapau
Nessas pilastras, como também nas pedras e nas outras estruturas do rio, sempre haverá a presença de microorganismos, tais como ostras, mariscos, cracas e musgos. Junto a esses organismos estará uma variedade enorme de pequenos peixes atrativos aos robalos. As galhadas existem em grande número e devem ser iguais em todos os rios, a não ser em sua forma e tamanho. Todas devem ser tentadas. Uma outra boa dica que nos ensina a pescar são os barrancos de terra firme, já que junto a eles, normalmente em curvas de rio, formam-se poços com boa profundidade onde, na maioria das vezes, existem galhadas submersas que ali pararam pelo desmoronamento do barranco, ou que vieram rodando pela correnteza do rio. Para pescar bem nesses locais ou nas galhadas, devemos parar o barco sempre em frente às estruturas ou então logo acima delas, aproveitando a correnteza da maré descendo, já que essa corrida de maré irá nos auxiliar não só no arremesso, mas também fazendo com que a nossa isca fique mais tempo no lugar, ou seja, trabalhando junto à galhada. 

Pescadores de tainha/parati
Em alguns rios maiores existem ainda os cercos (armadilhas velhas para peixes), que são também bons pesqueiros. Essa dica que aqui estamos dando é principalmente para a pesca de robalos, mas servem também para outros peixes, dependendo do estado brasileiro em que estivermos pescando. No Nordeste, principalmente, é muito comum, nesse tipo de pescarias, acharmos caranhas, xaréus, pampos, roncadores, guaiviras (solteira) e com sorte até um grande tarpon. Uma outra firmação é que podemos usar qualquer tipo de isca, seja ela artificial ou mesmo natural, como o popular camarão vivo, pescando de fundo ou com boia. As iscas naturais podem ainda ser divididas, além do camarão vivo (o mais comum) em amborés e moreias (uma espécie de amboré), e ainda uma infinidade de pequenos peixes habitantes do rio. 
      Galhadas, sinalização de pesqueiros
Na água salobra e doce do rio podemos usar ainda o lambari, que também é uma isca excelente. Aí está. Cabe muito bem a afirmação de que o Itaguaré (como tantos outros) é um pequeno rio que nos ensina a pescar, não é mesmo? Mas nossos rios do litoral ainda nos dão a oportunidade de “pescarias adicionais”. Vamos a elas. Todos os nossos rios de litoral são em suas cabeceiras, de água doce. Todos sabemos que a pesca do robalo é muito mais produtiva quando executada na vazante da maré. O ciclo completo das vazantes costuma demorar entre 5 a 6 horas. Na enchente, com raras exceções, a pescaria de robalos fica prejudicada em 90%, já que a água salgada represa o rio, não acontecendo a corrida da maré e ainda a água entra nos manguezais, levando os peixes a entrar por baixo das árvores do mangue, onde nossas iscas não conseguem chegar. 

Rio Itaguaré
A enchente, por seu turno, demora o mesmo tempo da vazante. Fazer o quê, até passar esse tempo? Parar de pescar não devemos nem pensar. O certo então é subir o rio até encontrar água salobra ou doce. Normalmente o rio fica estreito e mais raso (falamos isso no Itaguaré e no Mirim), mas uma vez por outra vamos encontrar poços profundos, às vezes com galhadas e outras vezes com capim e mesmo com a pequena vegetação das margens. Munidos de varas telescópicas ou mesmo de bambu, de 3 a 3,5 metros de comprimento, com linha do tamanho da vara, chumbo e anzol pequenos, vamos fazer excelentes pescarias de acarás (grandes) e lambaris ou tambiús. Para o acará, use minhoca ou pequenos pedaços de camarão e deixe a isca pousar no fundo do poço. Para o lambari, use massa, queijo, macarrãozinho e mesmo as artificiais com miçangas (falamos disso na edição 69), e não deixe a isca chegar ao fundo, fazendo com que ela fique a meia água. 


        Um belo robalo
Pode se preparar, já que não dará tempo de usar mais de uma vara e mesmo assim é preciso te-la sempre na mão, pois as puxadas dessas duas espécies serão ininterruptas. É uma pescaria sensacional, que deve durar até a vazante da maré, já que aí irá começar a pescaria de robalos novamente. Para quem gosta de pescar com iscas vivas, os lambaris fisgados podem então ser aproveitados. Fica então novamente a pergunta: O Itaguaré não é um rio que nos ensina a pescar? Pois da nossa parte podemos dizer que sim, já que tudo o que sabemos de pesca de robalos nos foi ensinada pescando no rio Itaguaré. 

A beleza dos grandes acarás

Para finalizar, um ensinamento a mais (ou seria dica?): nas estruturas maiores, se estivermos usando iscas artificiais, podemos optar por linhas mais resistentes (o multifilamento ainda não tinha aparecido) e iscas maiores, já nas galhadas menores e acima no rio, as iscas artificiais de tamanho menor serão mais atacadas pelos pequenos robalos, e podemos usar então linhas mais finas para garantir os arremessos. Às vezes podemos “entrar bem” já que ocasionalmente, repetimos, grandes robalos podem estar em pequenas galhadas, e aí sua isca pequena e linha fina não irão segura-lo. 

Tambiús
 Mas isso é pescaria em todos os detalhes e emoções. Boa pescaria, que mesmo não sendo no Itaguaré, poderá ser no seu rio preferido, aí no seu estado, pois guardadas as proporções, tudo será igual. É a chamada “Faculdade da Vida”, que com certeza é a mais bela e melhor de todas. Ah, e não se esqueça ao varrer o rio dando lances, que um bom motor elétrico é peça fundamental.
INFORMAÇÃO: Podemos atingir o rio Itaguaré pela rodovia Rio-Santos, sentido Guarujá-São Sebastião. Passando o trevo da rodovia Mogi-Bertioga, o Itaguaré é o primeiro rio a aproximadamente 5 km do trevo citado. Devemos entrar à direita antes do rio, onde há uma pequena estrada de terra bem conservada. Por essa estrada, vamos chegar ao bar do seu Obidon, onde há alguns barcos para alugar, bem como rampa para descermos a nossa própria embarcação. NR: Há anos não tenho notícias de meu bom amigo Obidon, portanto....  Mas com certeza, as pilastras da ponte, que eram a antiga passagem para a Rio-Santos lá estarão e os robalos, espero que sim também.

Robalo: foto em preto e branco.


Revista Aruanã Ed:70 Publicada em 08/1999

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

ESPECIAL - OS PEIXES NAS ESTRUTURAS







               Nem todos os peixes estão onde haja estruturas. No entanto, a grande maioria prefere tais locais e por diversos motivos. Vamos explicar o porque dessa preferência. Confira


Pedras com corredeiras

Quando falamos sobre estruturas estamos nos referindo a obstáculos em nossas águas, sejam eles naturais ou não. Nos obstáculos naturais, podemos citar pedras, depressões submarinas, rios e canais do litoral, bancos de areia, cascalhos, canais submersos etc,. Nos obstáculos artificiais, podemos citar árvores caídas, pilastras de pontes, navios ou barcos afundados, píer de atracação, molhes, arrecifes de portos e infelizmente, já que são poucos usados, os arrecifes artificiais. Saber porque os peixes procuram tais obstáculos é de fácil explicação, já que nesses locais, eles podem ir para desovar, se proteger e principalmente para se alimentar que é o item que mais nos interessa. 
Praiado  de areia

Vamos então abordar alguns segmentos de pesca, onde as chamadas estruturas fazem e muita diferença. Na pesca de praia para se ter sucesso é preciso escolher bem os locais onde iremos jogar nossos anzóis, já que tudo é igual, pelo menos visualmente. Em uma pescaria de praia, prefira sempre locais onde haja foz de rios ou canais, pedras, ilhas, barcos afundados, plataformas ou piers, enfim locais que não sejam só de areia. Perto desses locais é que os peixes estarão, já que nesses pontos, além de abrigo, formam-se pela correnteza locais mais profundos e vários microrganismos tais como mariscos, ostras, cracas, saquaritás (espécie de caramujo) além de siris e uma grande variedade de caranguejos, que são a base de alimentação de várias espécies de peixes. 
Árvore caída

Além de tudo isso, essas estruturas são moradas de pequenos peixes e até locais de desova desses peixes, que são a base de alimentação de peixes maiores. Não vamos nos esquecer de localizar e pescar nos naturais canais de praia (NR: Já foi postagem do blog). Essas dicas servem para qualquer tipo de pesca em praia, sejam de tombo ou rasas. Nos costões vamos encontrar um aglomerado de estruturas naturais que são as pedras. Uma boa dica é pescar sempre nos chamados costões de fora, ou seja, costões que estejam sempre de frente ao mar aberto. Nas pedras, procure sempre locais onde haja maior incidência de microrganismos (mariscos, ostras, cracas, etc.) que possam ser avistados quando a maré estiver baixa. 
Molhes

Se há alimentação, haverá sempre peixes. Nos rios e canais do litoral, os bons locais de pesca são as galhadas caídas nas margens ou mesmo no meio dos rios, barcos afundados, pilastras de pontes, pedras, pequenos rios ou gamboas, curvas de rio com barrancos altos (costumam abrigar poços profundos) etc.. Serão nesses locais que os peixes mais esportivos estarão, pois além de microrganismos, são excelentes locais para se abrigarem e para caçar seu alimento, já que na corrida da maré será inevitável a passagem por ali de pequenos peixes e outros alimentos que virão ao sabor das correntezas. 
Pilastras de uma ponte

Nas represas a regra também não é diferente, já que onde houver galhadas e pedras, por exemplo, os peixes esportivos lá estarão, como é o caso de tucunarés e black-bass, peixes esses que adoram tais locais. Outros locais podem ser citados e entre eles destacamos os locais de capim na margem, barrancos de terra nua, árvores de frutas (são cevas naturais), pilastras de pontes, etc.. Nos rios de água doce, mais uma vez, vamos citar galhadas, pedras, pontes, corredeiras (normalmente formadas por conjuntos de pedras) cachoeiras, pequenos rios (corixos ou igarapés), árvores de frutas, lagoas marginais e poços profundos. 


Costões

Em alto mar, as ilhas e parcéis (submersos ou não) navios afundados, cascalhos de fundo, buracos ou fendas submarinas (localizadas graças ao uso de sonar), temperatura da água, e fundos lodosos. Dependendo de cada local desses, vamos encontrar várias espécies de peixes esportivos tais como anchovas, meros, garoupas, sargos, ciobas, miraguaias e mais uma infinidade aqui não citadas. Um bom exemplo do que representam as estruturas, pode ser pode ser demonstrada na pesca do dourado do mar, já que essa espécie adora ficar perto de estruturas, principalmente as que estão na superfície das águas. 
Barco afundado – Ilha Comprida

Alguns pescadores mais inventivos costumam levar em seus barcos pedaços de tábuas de madeira, afixadas ao barco com fios ou cordas e as jogam em volta do barco, a certa distância, pois esses artifícios costumam atrai cardumes de dourados do mar que ficam embaixo dessas tábuas e são então mais fáceis de serem fisgados, além do que algumas prejerebas também estão ali paradas. Muitos pescadores de água azul, quando estão atrás de marlins, atuns, albacoras, cavalas, bicudas, sail fish etc., costumam corricar na esteira deixada pelos navios e o sucesso é enorme. Para finalizar, se você tem um aquário em casa, e nesse aquário existirem pedras e plantas, verifique como os peixinhos preferirão ficar junto a essas estruturas. É isso aí pescador, lugar que tem estrutura tem peixe, portanto...Boa pescaria.

Pedras em uma praia de tombo


NOTA DA REDAÇÃO: Quando fazíamos cursos de pesca, e falando sobre estruturas, dávamos um exemplo que cabe muito bem neste artigo, não se referindo aos peixes, mas sim ao pescador. Suponha que você se encontra em um local totalmente desolado, um deserto por exemplo. Você terá então uma visão abrangendo um ângulo de 360 graus. Digamos que nessa visão exista somente um pequeno ponto de referência ao longe. Esse ponto, tanto pode ser uma pedra, uma árvore, ou qualquer outra coisa que se destaque distante. Você tem que caminhar. Em que direção vai começar sua jornada? Pois é. Para o peixe, rio, mar, represa, lago, será a mesma coisa. Uma questão de instinto de sobrevivência.

Revista Aruanã Ed:70 Publicada em 08/1999

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

DICA - AS VARAS DE PESCA











Apesar de ainda ser bastante utilizada em alguns tipos de pescaria, já vão longe os anos em que a velha vara de bambu era a única opção para o pescador amador. Hoje em dia, a vara de pesca é um equipamento altamente especificado. Confira.






Vara pesada usada na pesca na Água Azul

Antes de falar a respeito das varas de pesca, devemos obrigatoriamente ter bem definida a modalidade de pescaria que pretendemos praticar utilizando tal equipamento. A partir dessa identificação será possível termos as primeiras pistas para escolher o material certo. E para aqueles que acham que já entenderam tudo, a sabedoria prática alerta: a questão é um pouco mais complexa do que parece, e isso é só o começo. Vamos exemplificar. Quando o assunto é pesca de praia, é muito comum ouvirmos que a vara utilizada para essa modalidade deve ter no mínimo 3.6m de comprimento. A nível básico, podemos perfeitamente concordar com tal informação, já que o equipamento descrito seria, por assim dizer, essencial dentro do padrão dessa modalidade. No entanto existem desdobramentos, e o próximo passo é questionar: vara barra leve ou barra pesada? E voltamos à estaca zero. Para ter certeza de que estamos usando o equipamento apropriado, além do comprimento (que é regra), devemos também nos preocupar como peso da isca/chumbo que cada vara pode arremessar. Por exemplo: se escolhermos um equipamento que arremesse 300g, será inevitável concluir que estaremos de posse de uma barra pesada. Já uma vara cujas especificações permitem um arremesso de 100g, será considerada um material bem mais leve. As maiores confusões e dúvidas acerca das varas usadas para a pesca de praia são causadas pela especificação de peso da isca (capacidade de arremesso), sendo que o mesmo não ocorre quando falamos em linhas, pois em comparação a outras modalidades, todos concordam que na praia podemos usar linhas mais finas. 

Seal fish

 Se um pescador decide se basear em bitola de linha para comprar uma vara de pesca, será inevitável que acabe adquirindo o equipamento errado. Vamos à regra básica: para pescar na praia, escolha sempre varas que trazem suas especificações de capacidade medidas em peso e nunca em bitola de linha. A propósito: na pesca de costão poderemos usar o mesmo equipamento da praia, pois aqui também o lance é muito importante, mas as linhas usadas nessa modalidade poderão ser um pouco mais resistentes do que aquelas indicadas para a modalidade praia. Vamos analisar agora as varas mais curtas, tradicionalmente usadas para a pesca com iscas artificiais, mas também com bom desempenho com iscas naturais, que são a grande maioria. Quando for adquirir uma vara desse tipo, observe que na haste, logo acima do punho da vara, há algumas inscrições, onde você lerá, principalmente, especificações do comprimento da vara (em pés ou ft), peso da isca indicado para arremesso (em onças, ou oz) e a resistência da linha recomendada (em libras, ou lb). E é aqui que acontece a confusão. Por exemplo: baseando-se nessas informações, muitos pescadores afirmam que uma determinada vara tem 30 libras de resistência. Ledo engano. A especificação que indica que uma vara “tem 30 libras de resistência” na verdade não se refere à resistência da haste, mas sim à resistência da linha apropriada ao uso com aquela determinada vara. Observando atentamente, iremos verificar ainda que a tal resistência indicada nas especificações da vara abrange às vezes um intervalo como, por exemplo, “15 a 30 libras”. Isso significa que aquela vara é adequada para ser utilizada com linhas entre essas bitolas. 


Dourado do mar

Em lojas de materiais de pesca, é muito comum que o pescador, após verificar que uma vara “é de 30 libras”, comece a sacudi-la vigorosamente, no intuito de “testar a firmeza” do equipamento, ficando satisfeito quando a vara mostra uma resistência (dureza) um pouco maior. Porém, os resultados desse “teste” indicam apenas uma meia verdade. É necessário ressaltar aqui que se pegarmos uma vara cuja resistência da linha esteja especificada entre 8 a 20 libras e a balançarmos, iremos constatar obviamente que ela será mais flexível do que a vara de 30 libras citada no exemplo anterior. Agora tudo parece mais simples, não é mesmo? Leve sempre em conta que quanto maior for à resistência da linha usada, maior será a resistência da vara à tensão decorrente. Ao longo do processo de fabricação de uma vara e utilizando a tecnologia de que dispõe, o fabricante desse tipo de equipamento dá a seus produtos características próprias em termos de resistência e flexibilidade, determinadas pelo material utilizado, pela espessura da parede da haste e pelo número de passadores e distância entre eles, além da ponteira e punhos. Mais um exemplo: todas as varas barra pesadíssima, como aquelas utilizadas na pesca de peixes de bico em alto mar, não são ocas, pois para aguentar a tensão de uma linha de 150 libras, por exemplo, só mesmo sendo maciças e com outras características especificas, como roldanas no lugar de passadores, e carretilhas grandes. Infelizmente, a maioria dos pescadores amadores brasileiros não consegue entender realmente o significado daquelas estranhas inscrições na haste das varas - normalmente importadas – ou mesmo compreender a aplicação prática daquelas informações. 



Modelos de varas especificas para diferentes modalidades
Assim, muitos ainda acreditam que aquele símbolo de um pequeno relâmpago, muito comum nessas inscrições, é uma advertência que a haste “atrai raios”. Só para esclarecer, o pequeno relâmpago está ali para indicar que o material utilizado para a confecção da vara é condutor de eletricidade, ou seja, o único risco real que corremos é o de levar um choque se encostarmos a vara em um fio que contenha voltagem. Por outro lado, no início desta matéria mencionei o fato de que o velho bambu ainda é usado em algumas modalidades de pesca. Pois é. Em uma pescaria de pacus, na batida, nosso velho e tradicional bambu é insubstituível. Ainda não foi inventada nenhuma vara, de fibra ou qualquer outro material, que se aproxime das qualidades características da vara de bambu em termos de peso e resistência. (NR: algum tempo após esta postagem, a Aruanã adquiriu uma vara, telescópica, na cor verde que aguentava e era mais leve que o bambu, na pesca de pacus, e ainda com a facilidade de transporte, já que fechada, não atingia 1 metro). E só por curiosidade, é bom lembrar que o bambu não é condutor de corrente elétrica e nem atrai raios.
                                           "OS                                                   HIERÓGLIFOS"

Exemplo 1:

Vara Zebco Modelo IMC606F
Procedência: EUA

Inscrição: IMC606F – 6’0” – Medium – Heavy Line Wt: 10-20 lb – LureWt.:1/4oz.


A força de um longo arremesso

Tradução: IMC606F é a sigla que especifica o modelo da vara, atribuída ao equipamento pelo fabricante. Essas siglas geralmente contém indicações do material utilizado na confecção da haste, número de série, tamanho e o que mais o fabricante achar conveniente para permitir sua identificação. Onde se lê 6’0”, temos a indicação do comprimento exato da haste em questão, habitualmente medida em pés e polegadas (‘e”), neste caso 6 pés e 0 polegadas, ou seja, um metro e 82 centímetros aproximadamente (na conversão exata 1,8188m). Medium refere-se à categoria de ação da vara, de acordo com o parâmetro estabelecido pelo fabricante. A seguir, temos Heavy line Wt.:10-20 lb, observaremos que esta é uma referência à resistência testada para as linhas a serem usadas com este equipamento. Destrinchando: heavy line é a “força da linha” e Wt, uma abreviação de weight (peso), o que equivale em português a algo como “resistência da linha em peso”, que neste modelo fica entre 10 a 20 libras (aquela inscrição10-20lb), ou o equivalente de 4,536 a 9,072 quilos. Lembre-se sempre de que esta é uma referência à resistência da linha a ser usada com esta vara, e não da haste em si. Lure Wt.:1/4 oz especificação do peso de iscas compatíveis com o equipamento. Em português, lure é isca, e Wt. (abreviação de weight) é o peso, como já vimos. Segue-se a indicação ¼ - 1 oz, ou seja de ¼ a uma onça, o equivalente de 7 a 28,3 g (7,0875 a 28,350 gramas, na conversão exata). Assim, a Zebco IMC606F é uma vara de 1.82m, ação média, indicada para ser usada com linhas cuja resistência varia entre 4,5 a 9 kg e com iscas de peso entre 7 a 28 g.


Detalhe dos modelos analisados (de cima para baixo (Zebco, Fenwick, Dongwa e Daiwa)

Exemplo 2:


Vara Dongwa Modelo DSF2-360
Procedência: Coréia
Inscrição: Dongwa DSF2-360 – 3,6m, 2 sec C/W 100-200gr. Tradução: Esta é mais fácil. Temos Dongwa DST2-260 especificando o fabricante e o nome do modelo. A seguir, 3,6m refere-se obviamente ao tamanho total da haste, aqui especificado em metros. 2sec refere-se ao fato da vara ser seccionada, ou seja, é desmontável em duas partes. 2 sec = 2 sections, ou duas seções. CW. 100-200gr especifica o peso que a vara pode arremessar (neste caso, devemos considerar que além da isca há também o chumbo, já que este é um equipamento para a pesca de praia. É por isso que temos um peso relativamente grande). C/W, é claramente uma abreviação de casting weight, literalmente “peso de arremesso”, que aqui aparece a seguir em gramas: 100 a 200 gramas. Assim a Dongwa DSF2-360 é uma vara de 3,6m, com duas seções (desmontável) e apropriada para arremessar conjuntos de isca e chumbo cujo peso varia entre 100 e 200 gramas.
Exemplo 3:
Vara Daiwa Modelo 1025
Procedência: Coreia
Inscrição: Casting Wt. ½-2 oz. Line 12-16lb.MediumLight Action – 8’
Tradução: Aqui temos novamente a referência ao peso de iscas para arremesso, em onças (casting weigth ½-2 oz), e o recomendado equivale a iscas de 14,175 a 56,7 gramas. 

Tabela de conversão de medidas

A resistência da linha recomendada para o equipamento situa-se entre 12 a 16 libras (line: 12 16lb), ou seja de 5,4432 a 7,2576 kg). O fabricante determina também que esta é uma vara cuja ação se inclui na categoria leve/média (Medium Light Action). Como já vimos , 8’ é indicação de 8 pés de comprimento, ou seja, o equivalente a 2,43 metros (ou 2,4384 metros na conversão exata). Assim, a Daiwa 1025 é uma vara de 2,43 m, de ação leve/média, capacitada a arremessar iscas cujo peso varia entre 14,17 a 56,7 gramas e indicada para ser usada com linhas cuja resistência se situa entre 5,44 e 7,25 kg. Apesar de não constar especificações, este modelo é desmontável e possui duas seções.


Exemplo 4:
Vara Fenwick modelo LC 605
Procedência: EUA
Inscrição: LC – 6’ – ¼-3/4 oz Lure – 8-20 lb. Line Med Power
Tradução: LC 506 é o modelo. O 6’ é o comprimento, ou seja, 6 pés, que equivale a 1.8288 metros. ¼-3/4 oz lure refere-se ao peso das iscas recomendadas ou seja, entre ¼ e ¾ de onça. Equivale a iscas cujo peso se situa entre 7 a 21 gramas (na conversão exata, temos 7,0875 a 21,2625 gramas). 8-20 lb. Line estabelece, como já sabemos, a resistência da linha aferida em peso, neste caso de 8 a 20 libras, o que equivale a uma linha cuja resistência se situa entre 3,6 e 9 kg (na conversão exata, entre 3,6288 e 9,072 kg). Med Power (ou médium Power) faz referência à categoria de ação da vara, estabelecida em termos de resistência da haste, neste caso de ação média. Temos então que a Fenwick LC 605 é uma vara de ação média, com comprimento de 1,82 m e indicada para uso com linhas de resistência entre 23,6 e 9 kg e iscas com peso variando entre 7 e 21 g. Simples assim. Boa pescaria

Revista Aruanã Ed:48 publicada em 12/1995