terça-feira, 7 de janeiro de 2020

DICA - O CARAMUJO DA PEDRA







Se a pergunta for qual a melhor isca natural, a resposta é bem simples: é a isca do próprio local da pescaria. Na pescaria do costão, temos uma excelente isca: o saquaritá. Descubra por quê.

Costão: o habitat do caramujo
 Não há nada neste mundo que atrapalhe mais a vida do pescador: a pressa e a preguiça. Vamos começar pela pressa. Uma pescaria, na maioria das vezes, é marcada com relativa antecedência e portanto o que não falta é tempo para podermos prepara-la com cuidado. Essa é a regra e infelizmente, como não poderia deixar de ser, existem as exceções. Assim sendo, temos o “apressadinho” que vai arrumar sua tralha só na noite anterior à pescaria. Começa por aí. A linha que está no equipamento, ele nem lembra quando foi que a colocou, portanto pode estar ressecada e quebradiça.

Quebrando a casca do saquaritá
 O equipamento que tanto pode ser carretilha ou molinete há muito não é lubrificado, limpo e às vezes, pasmem... lavado após o uso em água do mar. Ora, se o procedimento como equipamento foi esse, fica desnecessário dizer-se sobre a vara de pesca, que pode estar com os passadores apresentando estrias (cortam a linha) e o punho do engate mal lubrificado. Anzóis e chumbos? Ora, o que é isso? Qualquer um serve e enferrujado (no caso do anzol) é melhor ainda, já que passou por outras pescarias. E a caixa de pesca? Bem, se o pescador se encaixou em qualquer uma das citações anteriores, seria melhor chamar sua caixa de pesca de...caixa de surpresas, já que na maioria dos casos tem o que não se precisa e não tem o que se precisa.

O saquaritá sem casca
 E por aí adiante. Ou seja, deixou-se tudo para a última hora, e o velho refrão é mais do que nunca citado? “a pressa é inimiga da perfeição”. Mais: chegando ao local da pescaria, sai da frente porque senão ele te atropela, tal é a pressa de jogar a isca na água. Lugar, tipo de costão, maré, horário, bem, tudo isso por causa da pressa, não deu tempo de observar. E a preguiça? Para começar podemos dizer que todos os itens acima, se encaixam perfeitamente também neste “atributo” de pescador amador. Só que neste ponto, temos que citar um item muito importante na pescaria de costão: a isca. Por pressa ou preguiça, o nosso “pescador”, passou na peixaria e mandou vir dois quilos de camarão “sete barbas” e 1 quilo de sardinhas. 

Dependendo do tamanho, dá para duas iscas
Alguns até não têm preguiça de preparar esse tipo de isca e chegam a colocar sal para endurecer mais a isca, ou então no caso da sardinha embrulhar uma a uma (parece até propaganda de drops) para que fiquem mais firmes na hora de iscar. Pois bem, na maioria das vezes, quem pratica no seu dia a dia pescarias como nos exemplos anteriores, terá muitas vezes resultados sofríveis ou até nulos na pesca de costão. Agora, o pescador que for até o costão sem pressa, para verificar que as melhores pedras serão aquelas que mais têm organismos vivos, tais como mariscos, e ostras, baratinhas do mar, santolas (pequenos caranguejos) e outros, saberá de antemão que ali é um bom pesqueiro.

Algumas formas de iscar o saquaritá
Pelo menos é onde os peixes estão, devida à maior quantidade de alimentos. Se ele não tiver preguiça, descerá com cuidado até nas pedras mais próximas da água, e verificará que no meio dos organismos citados também estará o saquaritá, que é um caramujo de casca dura, que se quebrado com cuidado, dá uma excelente isca, ou até duas, conforme seu tamanho e sendo partido ao meio. Teremos então a melhor isca natural que existe, pois ela é do próprio local e está bem fresquinha, bem melhor e mais barata do que o camarão e a sardinha. E olhe que não há uma só espécie peixe do costão que não fisgue no saquaritá. 

O saquaritá iscado corretamente
Podemos até citar alguns, tais como sargos, badejos, garoupas, meros, caratingas, miraguaias e os considerados de “passagem”, como pampos, anchovas, olhetes, robalos, espadas, etc. Então meu prezado pescador, em que categoria você se enquadra? Se por acaso você é dos que não têm pressa e nem preguiça, parabéns, já que os resultados de sua pescaria serão sempre muito melhores do que os dos outros pescadores. Se quiser melhorar ainda mais sua pescaria: procure fazer uma ceva natural, usando mariscos das pedras triturados e jogados aos punhados no próprio local da pescaria. 

As cascas podem ser usadas como ceva
E tem mais: após iscado, o saquaritá não cai do anzol em hipótese alguma. Use a parte duro do corpo dele, para fisgar o anzol por ali. Para finalizar, uma curiosidade: saquaritá é uma palavra em tupi guarani que tem em português o significado de: “caramujo” ou “concha da pedra”.


NOTA DA REDAÇÃO: Propositalmente não mencionamos o uso do corrupto na pescaria de costão, visto que ele não é uma isca, apesar de natural, por não ser do próprio local da pescaria. Mas nem por isso deixa de ser uma boa isca, já que muitos peixes são fisgados com ele. Admitimos o corrupto como uma isca natural de costão, “se houver uma praia por perto”.  Em caso contrário, deverá o pescador que gosta de usa-lo, antes de ir para o costão, perder algum tempo em uma praia, para adquirir alguns deles para usar como isca. Se for preparado antecipadamente, e conservado com sal, já muitos o fazem, dá bons resultados também. 


 Revista Aruanã Ed:41 Publicada em 10/1994

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