O nome pelo qual é conhecido nosso sapo não é muito apropriado e é até bem pouco usado. O Príncipe de Wied, que foi quem descreveu esta espécie, já se refere a ela nos relatos de suas viagens ao Brasil, feitas em 1820, usando esse nome, que lhe fora indicado naquela ocasião pelos naturais do sul da Bahia. Observando-se atentamente, nota-se que seu canto assemelhasse muito mais ao ruído chocho de uma pancada em madeira do que ao plangente som do malho de um ferreiro.
O sapo ferreiro - cuja denominação científica é Hyla faber é a maior das pererecas do sudeste do Brasil, sendo que chega a atingir um comprimento de 15cm.
A espécie habita os brejos com água permanente, onde, à época do acasalamento, constrói seu ninho utilizando barro.
O ninho apresenta o formato muito semelhante ao de uma panela rasa, com cerca de 20cm de diâmetro e aproximadamente entre 5 a 7cm de profundidade. A construção do ninho fica a cargo do macho, sendo que a fêmea irá ali depositar seus ovos, que podem chegar a 300 unidades ou mais.
Nessa "panela" nascem os embriões, que permanecem até que a primeira enchente venha, quando então a água os transporta para poças maiores.
O período larval é bastante longo, sendo que os girinos permanecem dessa forma até atingir 10cm de comprimento, somente se metamorfoseando para sua morfologia definitiva quando já estão com grande tamanho.
Uma outra interessante característica desse grupo de pererecas é que os machos apresentam um comportamento extremamente belicoso e agressivo, defendendo tenazmente seu território, o qual é por eles demarcado pela vocalização que entoam ao redor da "panela" do ninho. Quando ocorre a visita inoportuna de algum macho intruso, o mesmo é repelido mediante uma luta corporal acirrada com o "dono" do local, sendo que aquele que sair vencedor terá como prêmio a responsabilidade de tomar conta do lugar.
Esse grupo de espécie possui, na base do polegar, um forte espinho córneo que é usado nas disputas territoriais, sendo que aflige ferimentos sérios nos contendores.
O sapo ferreiro é um anfíbio anuro de coloração amarelo-terrosa, com lista escura do extremo do focinho à confluência das coxas, sendo que estas e as pernas têm faixas transversais, e a parte inferior é mais clara.
Consultoria:
Werner C.A.Bokermann
Parqe Zoológico de São Paulo - SP
COLEÇÃO ARUANÃ DE ANIMAIS DO BRASIL
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