quinta-feira, 13 de março de 2014

USE ISCAS DE BARBELA

Antonio Lopes da Silva




Adenominadas iscas de barbela, que alguns conhecem por lingueta, são aquelas em formato de pequenos peixes - também conhecidas como plugs - e que apresentam como característica principal as já citadas barbelas, que podem  ser de plástico ou metal. Normalmente utilizado para a modalidade de corrico, esse tipo de isca presta-se muito bem para a pesca de superfície também. Confira.




                                                                                                                                                                          Isca barbela longa.

Em qualquer  manual sobre iscas artificiais, ao ser abordado o assunto de iscas de barbela, vamos encontrar a seguinte descrição: "iscas de barbela curta servem para a pesca em meia água e iscas de barbela comprida servem para a pesca em maior profundidade". A princípio não discordamos dessa afirmação, desde que as iscas sejam utilizadas no sistema de corrico, por meio de recolhimento de linha no equipamento ou na pesca embarcada. Essa sem dúvida, é a principal função da isca de barbela, seja curta ou longa.
No entanto - e aqui vai a dica, aliás com exclusividade -, usamos muito as iscas de barbela na superfície. Vamos dividir essa dica em duas partes. Comecemos pela isca de barbela curta, a "tal" indicada para o corrico de meia água. Para trabalhar uma isca dessa espécie, há uma condição especial: ela deve boiar (ação floating).
Após o arremesso, com a isca na superfície, vamos trabalhá-la dando pequenos toques com a ponta da vara, ao mesmo tempo que vamos enrolando a linha frouxa com o auxilio da carretilha ou molinete. Esses toque podem ser lentos, mas devem ser vigorosos, em número de um, dois ou três. Nesse toques, com a isca na superfície, a barbela terá a função de fazer barulho, e o faz, jogando água à frente, em uma imitação perfeita de um pequeno peixe se alimentando na superfície. Como sabemos (e agora provamos  em nosso vídeo - "Pescando coma Aruanã 4 - Iscas Artificiais"), o sentido  mais aguçado do peixe é a audição. Aliás,  todas as espécies de peixes tem uma "linha" sensitiva ao longo do corpo, a qual sem exagero podemos afirmar que se trata de algo parecido com "múltiplos ouvidos (veja figura 1)".
Ora, com o barulho, o peixe irá se aproximar para então atacar a isca artificial. Isso acontece na maioria das vezes.
                                                                                                                           Pescando embarcado.
Porém, em várias ocasiões o peixe predador - não importa qual - se aproxima da isca e não a ataca, ficando a apenas alguns centímetros dela, como se estivesse desconfiando de alguma coisa. Essa aproximação é vista pelo pescador, que continua a trabalhar a isca. O peixe vem acompanhando e não a abocanha. Tal ação do peixe causa um verdadeiro desespero do pescador, que não sabe o que fazer e pergunta-se por que o peixe não ataca. No caso de estarmos usando uma isca de superfície (sem barbela), só nos restará continuar a trabalhá-la até chegar no barco ou na margem, se for o caso.
O peixe irá acompanhar a isca até que nos veja, ou então até que ela saia de seu raio de ação. Se o peixe nos vir e se assustar, dificilmente voltará.



                                                                                                         Iscas de barbela curta e longa.
Mas voltemos àquele algo mais que a isca de barbela pode nos proporcionar. Suponhamos que ao usar uma isca desse tipo você veja o peixe vir por baixo e não atacar. O procedimento correto nessa hora é parar a isca e ficar de olho no peixe. Ficam então os dois, isca e peixe, imóveis. Isso pode durar alguns segundos, que para o pescador parecerão uma eternidade. Assim que o peixe começar a se afastar, dê dois ou três toques na isca na superfície e, com o auxílio do equipamento (carretilha ou molinete), recolha a linha. Dificilmente qualquer peixe predador  irá resistir à cena de um peixinho em fuga sem abocanhá-lo. A ação descrita acima só poderá ser executada com uma isca de barbela curta. Nenhum outro tipo de isca de superfície conseguirá tal ação.
E tem mais. Às vezes, o peixe se posiciona a uma certa distância da isca e não fica visível para o pescador amador. Aí acontece o seguinte: vamos trabalhando a isca até acharmos que ali não tem peixe e portanto não vai atacar. Na hora do recolhimento, por causa da barbela, a isca irá mergulhar e nadar. É impossível dizer quantos casos há de peixes que foram fisgados dessa maneira, às vezes a menos de um metro de distância do barco.

                              No robalo, a risca preta é bem visível e é nela onde estão os múltiplos ouvidos.
No que se refere a isca de barbela longa a ação é um pouco diferente. Temos de partir do princípio de que esse tipo de isca também deve ser flutuante. Após o arremesso, a barbela longa fará com que a isca fique na posição vertical, pois o próprio peso da barbela a obriga a isso. Não adianta trabalhar da mesma maneira com que trabalhamos a isca de barbela curta, pois a única coisa que conseguiremos será que a isca mergulhe, demorando para voltar a superfície, e o que é pior, sem fazer ruído algum. Existem ocasiões - e isso depende de vários fatores, tais como água mais fria na superfície, por exemplo - em que o peixe não vem atacar a isca de superfície. Sabendo que o local é um "bom poço" e que os peixes costumam ficar ali, é a hora de usar a isca de barbela longa. Dê um lance um pouco mais longo - se for possível -  e venha recolhendo a isca por intermédio da carretilha ou molinete.
                                                                                                                          Isca de babela longa
Barbela curta usada na corredeira
Após algumas voltas na manivela, com certeza a isca estará em boa profundidade.  Nessa hora, pare o recolhimento e dê dois ou três toques, que farão com que a isca se movimente na água. Depois de fazer esses movimentos, pare e dê um tempo - calcule o quanto - para que a isca retorne a superfície. Dois ou três segundos serão mais do que suficientes. Novamente, recolha a linha e faça a isca mergulhar até atingir a posição em que estava. Pare novamente e dê outra vez os cutucões na isca. Essa ação é muito atraente aos peixes que ficam mais no fundo das águas.

                                     Isca de barbela de metal (não flutua)
                                                                   


Deixe-a subir e execute novamente todos os movimentos anteriores. Faça isso até que a isca artificial fique embaixo do barco. Essa ação é um sucesso.

Aí está portanto, mais uma utilidade para sua isca de barbela, seja ela longa ou curta. Só para terminar, vou dizer que algumas das melhores pescarias da minha vida, foram feitas com iscas de meia água... usadas na superfície.
E olhe que pescamos nos mais diversos locais, os mais diferentes peixes, tanto em água doce como no mar e o sucesso foi sempre o mesmo. 
Agora na Net, a Revista Aruanã mostra mais uma vez que, o importante não é você saber como nós pescamos bem, mas sim como você, observando nossas dicas, poderá melhorar e muito sua pescaria. Boa pescaria.



2 comentários:

  1. Caramba!Em um dia entediante, procurando algo interessante sobre pesca, de todos os sites que visitei o único com conteúdo de real valor é o da Aruanã. Parabéns Amtônio Lopes.

    ResponderExcluir
  2. Antonio: Você que é um "velho" conhecido da Aruanã. sabe que a nossa principal preocupação eram nossos leitores. Daí talvez a minha paixão por pesca, aliada a minha profissão de jornalista, resultou na Revista Aruanã. Quando fazíamos um artigo qualquer, vinha primeiro a experiência como pescador e depois a profissão de jornalista. E o mais importante: leitores como você. E hoje o nosso blog também faz muito sucesso, reeditando matérias da Aruanã. Muito obrigado. Toninho Lopes

    ResponderExcluir