terça-feira, 29 de abril de 2014

FOLCLORE BRASILEIRO

 FOLCLORE


















Esta lenda, assim como os versos aqui transcritos, nos foram enviados pelo leitor Djalma da Rocha Silva Filho, de Parnaíba (PI), cujo desejo é divulgar para o Brasil uma parte marcante do folclore piauiense.



“Remeiro valente do rio Parnaíba, que rema a canoa pra baixo e prá riba. Que brinca com a morte e tem pouca sorte desprezando a vida contente a lidar. Remeiro valente lá do meu torrão, que afronta a torrente e sorri do trovão. Que rompe o balseiro no mês de janeiro, nas grandes enchentes que descem para o mar. Já viste a cabeça de cuia apontar no meio do rio e depois afundar? É o filho maldito, por pragas aflito, castigo tremendo que a lenda sagrou. Se vires um dia a cojuba surgir no meio do rio e depois emergir, não é ilusão, é assombração. A alma maldita, Crispim pescador (Pedro Silva)





Reza a crença popular que, nas águas do rio Parnaíba e Poti, em noites enluaradas, campeia por entre os pescadores e remeiros o medo e o terror  do cabeça de cuia.
Trata-se de um monstro que, por haver batido em sua mãe, foi por ela amaldiçoado com a condenação de viver borbulhando entre os rios Poti e Parnaíba à semelhança de um grande peixe, com uma enorme cabeça em forma de cuia. Metade do ano ele aparece no Rio Paranaíba e na outra metade ele passa no rio Poti.
Para desencantar-se, teria que devorar sete Marias, todas virgens e cada uma delas em noite de lua cheia.
Muitas pessoas afirmam que vêem o seu corpo quase a superfície das águas, na época do prelúnio à espera de uma vitima. Dizem ainda que ele costuma passar algum tempo incorporado em algum louco que perambula pelas ruas de Teresina.
Citam-se as mais estranhas histórias a seu respeito, as mais incríveis controvérsias, as mais inacreditáveis alucinações. São incontáveis os casos de pessoas que sucumbiram em suas presas, talvez mesmo, vítimas que nem fossem virgens, nem talvez se chamassem Maria. É muito provável que, nas suas margens, as árvores, as pedras ou apenas uma simples flor fossem confundidas com uma daquelas que desencantassem para sempre daquele inexorável destino.

“Sete Marias precisa tragar. São sete virgens pro encanto acabar. Quando o rio em cheia desce, Cabeça de Cuia sempre aparece. Rema prá margem, ó velho pescador, que na curva do rio o monstro apontou. Castigo tremendo que Deus lhe deu, por bater na mãezinha Crispim se encantou. Tem medo, ó Maria, que estás a lavar. O Cabeça de Cuia te pode tragar”.


NOTA DA REDAÇÃO: Nosso setor de folclore da Revista Aruanã, é bem grande. Contos como “Negrinho do Pastoreio, Mula sem Cabeça, Mãe D’Água” entre outros fizeram parte de nosso roteiro durante anos. Temos mais de 60 matérias abordando esse tema. É portanto, uma outra coleção para que o nosso leitor guarde em seus arquivos. Vale a pena esse cuidado.

COLEÇÃO ARUANÃ      -     FOLCLORE BRASILEIRO



2 comentários:

  1. Olá, gostaria de saber em qual edição foi publicada esta lenda. Obrigada!

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  2. Prezado leitor: Essa lenda foi publicada no blog em abril de 2014 e pode ser vista, clicando nesse mês ao lado da primeira página do blog. Caso queira saber de mais postagens, digite na procura do Google o seguinte: "Índice do blog Aruanã" lá, vão aparecer todas as postagens pelo nome e data da publicação. Abraço e obrigado.

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