quarta-feira, 27 de agosto de 2014

DICA: CHICOTES E PERNADAS











Todo material de pesca é importante. Como não poderia deixar de ser, os chicotes e suas pernadas são, na pesca de praia, um dos principais itens.
                                                Confira

Chicote da Loja Aruanã   
                                              
O pescador de praia sabe que seu material de pesca tem que ser especial. Desde a vara, molinetes/carretilhas, linhas mestras e arranques, tudo é balanceado e muito bem definido para uma pescaria específica. Nesta edição falamos em especial sobre o arranque, que de uma maneira ou outra, muito tem a ver com o chicote, pois em muito se parecem. Vamos explicar em detalhes.

O arranque, para aguentar o arremesso, vai ter que ser de uma linha cuja bitola suporte todo o peso que vamos arremessar. No caso do chicote, podemos comparar a bitola da linha como sendo a mesma do arranque, já que o peso irá ser o mesmo, só mudando seu tamanho. Enquanto o arranque terá que obrigatoriamente ter um comprimento da vara mais alguns metros dentro do carretel do equipamento, no caso do chicote o pescador é que terá de colocar esse comprimento a seu gosto e, ao mesmo tempo, obedecer ao tamanho das pernadas.


                                              As pernadas

Paratis barbudos


Vamos explicar mais detalhadamente, e desde já esclarecendo que pernadas neste caso, são as linhas onde estarão os anzóis e que ficarão presas nos engates rápidos, estes sim, colocados no chicote.
Um chicote não pode ser muito comprido, o que irá dificultar o arremesso. Não poderá também ser muito curto, pois as pernadas terão que ser curtas também e não haverá então a possibilidade de iscas “mais soltas” e parecendo mais naturais.

Mas qual será então o chicote ideal? Para responder esta questão vamos “montar” aqui um chicote normal para a pesca de praia. Primeiramente, usaremos um girador de tamanho pequeno/médio para começar o chicote. Nesse girador, vamos colocar uma linha, digamos de diâmetro 0,45 a 0,60 milímetros. Essa linha pode vir direto do carretel original, e não devemos cortá-la, por enquanto. Mais ou menos a uns 15 centímetros do girador já colocado e amarrado vamos dar o primeiro nó de correr. 


Bagre-do-mar


Após esse nó, colocamos um engate rápido e logo a seguir outro nó de correr. Alguns pescadores costumam colocar miçangas pequenas acima e abaixo do engate rápido, ou seja, após e antes dos nós de correr. Feito isso, mais ou menos a 40 centímetros, na mesma linha do chicote, damos outro nó de correr, outro engate rápido e mais outro nó de correr. Continuando com a linha do chicote, damos um espaço de mais 50 centímetros e colocamos então um snap (alfinete) para adaptarmos o chumbo. Teremos então um chicote de mais ou menos 1,15 metros ou 1,20 metros. Esse é o tamanho ideal e, então cortamos a linha nesse tamanho.

Agora, as pernadas. Uma boa dica é ter pernadas de vários tamanhos e com diversos modelos de anzóis. Digamos 10 anzóis de cada tipo, desde os menores até os médios (números de 7 a 16, nas medidas padrão Mustad), que deverão estar encastoados, com suas pernadas de linhas variando de 0,25 a 0,35 milímetros (ou mais) dependendo do tamanho dos anzóis. E mais, as pernadas deverão obedecer a um tamanho variável entre 30 a 50 centímetros, sendo que as menores deverão ser usadas no primeiro engate rápido e as maiores no segundo engate rápido. Só para esclarecer, a pernada terá um anzol em uma ponta e um nó mais largo na outra ponta, que permita que ela fique segura no engate.


Galhudo


Uma dica: a primeira pernada montada não deverá ultrapassar o tamanho onde estiver colocado o segundo engate rápido, pois senão poderá enroscar com frequência. A segunda pernada poderá ser maior, e pode ultrapassar a chumbada, pois não irá atrapalhar em nada. Esse procedimento tem explicações que daremos a seguir. Dependendo da espécie de peixe que estiver na praia, alguns preferem fisgar no anzol que esteja mais fundo (betaras, corvinas, pescadas, bagres etc.) e outras preferem fisgar no anzol que estiver mais acima ou mais solto ao sabor da correnteza (galhudos, pampos, sernambiquaras, paratis-barbudos, etc.). Diríamos que essa afirmação é uma regra que, no entanto, permite exceções. A variação de tamanho de anzóis é recomendada, pois com frequência os peixes pequenos atacam as iscas e não conseguimos fisgá-los. 

Robalo


Caso isso esteja acontecendo em sua pescaria, é só trocar a pernada por uma de anzol menor e a fisgada será inevitável. E aqui cabe aquela máxima: “um anzol pequeno fisga peixe pequeno e grande; um anzol grande, só fisga peixe grande”. E para o sucesso de uma pescaria, boas iscas naturais são recomendadas: entre elas, podemos destacar o corrupto, a minhoca de praia, o sarnambi, a tatuíra, a manjuba, o camarão e o filé de sardinha, não necessariamente nessa ordem. O resto é lançar as iscas nos canais de praia (nas praias rasas) ou então na faixa onde costumam estarem os peixes, que tanto poderá ser perto como mais longe da areia da praia, nas praias de tombo. E curtir os prazeres de uma boa pescaria, sem medo de ser feliz.
                                               Mestre Takeshi e seu material de praia


NOTA DA REDAÇÃO: A ideia de fazermos essa matéria na Revista Aruanã, se deu por estarmos fazendo o nosso vídeo de Pesca de Praia, na Ilha Comprida e na praia de Massaguaçu em Caraguatatuba. Respectivamente uma praia "rasa" e uma praia de "tombo". Em nossa companhia dois dos maiores mestres que conhecemos em pesca de praia: Nelson de Mello e Takeshi Tanabe, das equipes Caraguá e Suzanpesca, nessa ordem. Com eles, aprendemos as dicas para uma boa pescaria de praia e que até hoje (agosto de 2014) colocamos em prática em nossas pescarias dessa modalidade. Aliás, desses ensinamentos surgiu a ideia de fazermos um kit de pesca de praia, para vender em nossa loja. O desenho que demonstra o chicote e aqui exibido nesta postagem acompanhava o kit enviado a nossos clientes. Passados tantos anos, não vimos nada melhor do que essas dicas, pelo menos até agora. E aproveitamos para render aqui, nossas homenagens a esses dois pescadores. Com eles aprendemos a pescar em nossas praias. Sua benção Mestres.

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