terça-feira, 9 de setembro de 2014

ROTEIRO: PANTANAL NORTE - CÁCERES
















Ponte no Rio Paraguai em Cáceres

Chegamos à cidade de Cuiabá, procedentes de São Paulo, onde o pessoal do Pantanal Rio’s Hotel nos aguardava. Nosso destino: a cidade de Cáceres, distante 220 quilômetros de Cuiabá. Esse percurso pôde ser realizado tranquilamente em duas horas, já que a rodovia é totalmente asfaltada e em bom estado de conservação. A progressista cidade de Cáceres oferece ao visitante toda a infraestrutura necessária a um bom atendimento. Nosso destino seria junto à ponte sobre o rio Paraguai, onde há uma garagem náutica de propriedade de dois bons amigos nossos: Sílvio e Pedro. 

Pintado

Nesse local há uma rampa para a descida de barcos, facilitando muito tal tarefa, contando inclusive com a ajuda de um trator.

Desse local partimos para a sede do Pantanal Rio’s Hotel, distante 48 km rio abaixo. Esse percurso foi vencido em aproximadamente uma hora e pelo caminho encontramos várias baías de grande extensão, o que por si só atesta a boa piscosidade dessa região. Aliás, toda a região tem inúmeras dessas baías e, pelas nossas pesquisas na ocasião, destacamos principalmente três: Caiçara, Tuiuíu e das Éguas.


Rio Padre Ignácio

No dia de nossa chegada, não pescamos devido ao adiantado da hora. No segundo dia, fizemos uma primeira incursão ao rio Padre Ignácio, com suas águas cristalinas de extrema beleza, onde conseguimos fisgar alguns pintados de pequeno porte, liberados por estarem abaixo da medida. Nessa mesma manhã fisgamos ainda um jacundá e uma traíra de bom tamanho. Mais à tarde, batemos um trecho do rio Paraguai onde, usando isca de tucum e testando nossas varas telescópicas especiais, fisgamos vários pacus.

Rio Paraguai

Porém, a surpresa maior estava reservada para o segundo dia da nossa pescaria, que aconteceu no rio Jauru. Esse rio fica distante do hotel cerca de 24 quilômetros rio abaixo e pode ser dividido em dois, já que devido a enchentes ele adquiriu uma bifurcação que hoje é conhecida como Jauru propriamente dito e Jauruzinho. É um rio com muitas galhadas, que mostram ser excelentes pesqueiros de dourados, pois em todas elas formam-se pequenas corredeiras, onde essa espécie de peixe costuma ficar e caçar. Suas margens são de terra firme e, vez por outra, encontramos algumas baías. É um rio típico de Pantanal.

Jacundá

Rio Jauru


Havíamos navegado aproximadamente 5 quilômetros rio acima e o destaque principal se deu à presença de diversas vitórias-régias que, aliás, são muito comuns na região. Foi quando encontramos um cardume de lambaris em movimento. Ora, para qualquer pescador, essa movimentação significa muito peixe nobre atrás se alimentando. Aliás, essa presença se fazia notar pelos ataques diretos no cardume, já que os lambaris, na ânsia de fuga, pulavam ao mesmo tempo levantando uma verdadeira “nuvem” de peixe, chegando mesmo alguns a cair na margem e serem imediatamente atacados por aves, como garças, cabeças-secas, socós e colhereiros.

Pacus na vara telescópica

A nós restou, então, subir um pouco o rio e lançar nossas iscas no meio desse cardume.
O resultado foi imediato: fisgamos diversos pintados “na medida” nas iscas artificiais. Com as tuviras vínhamos batendo mais o meio do rio, já que com as artificiais as margens eram nosso alvo. Pois bem. Grandes pintados foram fisgados com as tuviras, o maior deles chegando a pesar cerca de 12 kg. O maior dourado fisgado pesou aproximadamente 7 kg. Com certeza fisgamos mais de 20 peixes nessa manhã, sendo que a maioria deles foi liberada.

Pintado na isca artificial

Nossa “tática” consistia pescar junto ao cardume de lambaris que subia o rio. Íamos até o início do cardume, desligávamos o motor e descíamos batendo toda a extensão do rio onde eles se mostravam, cerca de 150 metros apenas.À tarde, nos dedicamos à pesca de piraputangas e o local escolhido foi junto a um posto da Polícia Florestal, que se situa um pouco antes da foz do Jauru, junto a uma serra que forma, inclusive, um bom local para a pesca de dourados. Nesse ponto existe uma ceva mantida pelos pescadores e pesca-se da margem, usando milho como isca. 

Dourado

A piscosidade nesse local é tão grande que em cerca de uma hora fisgamos mais de 10 piraputangas, que só não foram em maior número em virtude de piaus-três-pintas, sardinhas, sauás e lambaris que atacavam nossas iscas. Vez por outro um rebuliço no poço mostrava a presença de grandes dourados, que atacavam as piraputangas.
No outro dia voltamos ao Jauru e, no local da boa pescaria, não se fisgou absolutamente nada, já que o cardume de lambaris havia subido. 

Piraputanga

Restou-nos, então, subir também o rio para ver se o cardume ainda estava em movimento. Fomos encontrá-los cerca de 10 km rio acima e, usando o mesmo método, fizemos outra excelente pescaria. Desta feita, fisgamos ainda peixes diferentes como cabeçudos, piraputangas e jurupensens, além de dourados, pintados, cacharas e as inevitáveis piranhas. O destaque desse dia ficou para um dourado de grande porte que fisgamos em uma isca artificial “Maria”, fabricada pela Yamashita, usando um equipamento ultra leve, composto por uma vara de 25 libras e uma linha 0.35mm, que nosso piloteiro Natalino afirmava que não iria aguentar.

Piau-três-pintas

A briga com esse dourado demorou alguns bons minutos, tendo inclusive nos forçado a soltar o barco e ir atrás do peixe, devido à fragilidade do material.
Provado ao Natalino que o que mais nos interessa é a esportividade, encerramos a pescaria daquela manhã, que foi bastante proveitosa em números de peixes.
Satisfeitos, eu, o Roberto, que é o dono do hotel e o Natalino, nosso piloteiro, voltamos para o almoço. Levamos praticamente a tarde toda conhecendo outros locais para a pesca mais pesada, de jaús. 

A ceva no rio
Para os pescadores que forem pescar nessa região, aconselhamos levar material mais pesado, já que são muitos os poços onde esse peixe pode ser fisgado e temos notícias de exemplares de 40 kg ou mais. Como nossa linha mais forte era uma 0,40mm, nem nos arriscamos a jogar uma isca nos poços.
O hotel oferece, ainda, outra boa opção para quem quer muita ação com os peixes. Existem no rio duas cevas mantidas pelo hotel, no sistema de “aracatacas”, ou seja, hélices que, com o movimento da correnteza, ficam cevando dia e noite o local. 


 Cacho de tucum maduro                           Pacu prata

Basta chegar nesse local para se ver a olho nu a ação dos pacus-pevas, que ficam praticamente com o lombo de fora esperando o milho que cai do ceveiro. É só se munir de uma vara telescópica, linha 0,35mm, um anzol pequeno e isca de milho e pegar quanto peixe se queira, ou por outra, fisgar quanto peixe o braço do pescador aguentar. Além de pacus-pevas, podem também ser fisgadas sardinhas, piraputangas, piaus e vez por outra, piavuçus e pacus, que inevitavelmente arrebentam a nossa linha devido ao seu tamanho e força.

Surubim cachara na tuvira

Esta foi a nossa primeira visita a essa região e, sem margem de dúvida, podemos afirmar que há muito tempo, em se tratando de Pantanal, não nos divertíamos com tantas espécies de peixes diferentes e tamanha esportividade, o que, por si só, nos faz recomendar esse roteiro para sua próxima pescaria. 




NOTA DA REDAÇÃO: Em jornalismo, aprendemos o seguinte: toda a vez que fizermos uma matéria, obrigatoriamente ela deve conter o assunto, serviços, o local, as atrações, como se chegar, preços e outros detalhes. Todos os nossos roteiros tinham essa informação e, se nós da Aruanã recomendávamos essa viagem, com certeza quem a fizesse iria encontrar todos esses itens. E, se por acaso não encontrasse esses detalhes, ou tivesse tido problemas com a estrutura do hotel, era só reclamar com a Aruanã, que nós, ao entrar em contato com o reclamado e ouvir a sua versão, tomávamos então providências. E não foi uma, nem duas vezes, mas foram muitas que, após reclamações comprovadas, tivesse o pescador seu dinheiro devolvido. Ainda aconselhávamos ao reclamado que, atendesse ao reclamante, para continuar a fazer no seu estabelecimento, uma politica de bom atendimento. A bem da verdade, do Pantanal Rio’s Hotel, nunca recebemos qualquer reclamação. Evidente está que os peixes eram um detalhe que dependiam de outros fatores alheios a nossa informação. 

Natalino à esquerda e Roberto Braga à direita


Pois bem, na reportagem original, feita em agosto de 1997, tínhamos ainda a preocupação de fornecer aos leitores, os telefones para as reservas, o que agora, em setembro de 2014, excluímos desta postagem. Mas, o nosso profissionalismo e responsabilidade ao republicar esta matéria que julgamos ainda oportuna, fez com que tentássemos entrar em contato com o hotel, com o Roberto Braga e, não conseguimos essa informação. Mandamos inclusive uma mensagem para o hotel, ou para um hotel com o mesmo nome e na mesma região, usando o “Fale conosco” dessa empresa contatada e não obtivemos resposta. Portanto, queremos excluir a nossa responsabilidade em afirmar tudo o que está publicado nesta postagem nos dias atuais, carecendo ao pescador que queira fazer uma pescaria nesse local, se cercar de maiores e mais completas informações. 

4 comentários:

  1. Perfeito Toninho. E as famosas varinhas telescópicas verde hein? Show. Abração.

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  2. É isso aí Alexandre. Como já havíamos comentado, essas varas telescópicas fizeram sucesso pela sua qualidade e versatilidade. Aliás, para quem quiser ver "ao vivo e a cores", elas estão em ação em nosso vídeo O PACU. Obrigado pelo comentário. Abraço

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  3. Que show foi essa pescaria Sr. Antônio... bons tempos! abraço!

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  4. Show mesmo Leandro. Como eu publiquei, não sei se ainda as condições de pesca continuam as mesmas. Infelizmente, e com certeza não, já que a pesca predatória continua depredando o pantanal, que é de todos os brasileiros e não apenas de alguns criminosos. Valeu amigo

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