Um dos principais alimentos do bororo é o milho. Certo dia as
mulheres foram à roça colher espigas, mas encontraram muito pouco. Ficaram
tristes, pois não podiam alegrar os maridos que saíram para caçar. Chamaram
então alguns meninos que estavam brincando para ajuda-las.
Colheram muito milho e lá mesmo na roça socaram e fizeram
bolos para os homens caçadores. Enquanto pilavam o milho, um menino saiu com
uma taquara cheia de grão de milho, sem ordem das mulheres, entregando-a a sua
avó que estava na maloca. Pediu para a avó preparar um bolo para ele e seus
amiguinhos.
Sem saber que tinham pego aquele milho sem ordem, a velhinha
fez o bolo. Um papagaio estava olhando tudo e sabia da tramoia das crianças. Para
que não contasse, cortaram sua língua.
Quando viram suas mães voltando da roça, ficaram com medo.
Foram até a mata, pegaram um beija-flor, amarraram em seu bico um cipó e
ordenaram que voasse bem alto e prendesse a ponta do cipó no céu para que
subissem também.
Enquanto voava, os meninos emendaram várias cordas de cipó e
foram subindo um a um pelo cipó céu acima.
Quando finalmente as mulheres chegaram da roça, perguntaram
pelos meninos. A velhinha, cansada, dormia pesadamente. O papagaio nada pôde
falar pois estava sem língua.
As mulheres procuraram
os meninos por toda a aldeia e nada. Uma viu o cipó, olhou melhor e concluiu o
que havia acontecido. Todas começaram a gritar, pedindo para que voltassem. Mas
o beija-flor cada vez levava mais alto a ponta do cipó. Os meninos não quiseram
voltar. As mulheres imploraram e choraram.
Como castigo pela desobediência, os meninos tiveram que todas
as noites olhar para a terra para ver se suas mães ainda estão chorando. E os
olhos dos meninos se tornaram estrelas...
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