O japim é uma vistosa ave, negra e amarela, de cerca de
trinta e três centímetros da ponta da cauda até a ponta do bico.
Constrói ninhos em forma de bolsa, sempre pendurados em
árvores onde existam ninhos de certas vespas muito agressivas.
Os índios aipi-cauá, observando tal fato, logo criaram uma
curiosa história para explicar a razão pela qual o japim aninhava-se na
vizinhança das vespas.
Há muito tempo atrás, não se sabe bem quando, todas as aves
se desentenderam com os japins porque estes tinham por costume copiar os seus
cantares ao invés de possuírem o seu próprio.
As aves revoltadas resolveram se vingar e combinaram destruir
todos os ninhos de japins, quebrando os ovos e matando os filhotes implumes
quando os pais saíssem do ninho em busca de alimento.
Durante muito tempo as aves revoltadas destruíram os ninhos
dos japins, até estarem quase extintos.
Foi quando os japins foram se queixar para certas vespas,
chamadas de apiacás, com as quais mantinham relações de amizade, da desgraça
que afligia a espécie. Contaram toda a história da tremenda conspiração das
aves contra os japins, alegando que não faziam mal a ninguém. Eram alegres e
bem humorados e por isso imitavam as cantigas de outros pássaros.
Disseram tudo isso com lágrimas nos olhos e convidaram as
vespas para madrinha dos filhos.
As apiacás se compadeceram da triste história e combinaram
com os japins que estes deveriam construir seus ninhos próximos a casa das
vespas, podendo destas, desta forma, vigiarem os ovos e os filhotes dos japins
em sua ausência.
Extraído do livro
Histórias, lendas e folclores de nossos bichos, de Eurico dos Santos.
NOTA DA REDAÇÃO: O japim pertence à família Icterídios, cujo
nome científico é Cacicus cela. Seu corpo tem um colorido na sua maioria preto,
com dorso e asas de um amarelo vivo. Dependendo da região do Brasil, recebe
nomes vulgares como xexéu, japiim, japuíra, joão-conguinho, bom-é.
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