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Fantástico. Este é o
termo exato para descrever este roteiro realizado pela equipe Aruanã no coração
da Bacia Amazônica. Confira.
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Encontro dos rios
Tapajós e Amazonas
Saímos de São Paulo direto para Manaus, onde fizemos uma
conexão para Santarém no Pará, onde terminamos a parte aérea da viagem. Lá,
estavam nos esperando a bordo do barco “Aventureira”, o Bento e sua esposa
Edna, proprietários dessa embarcação, a qual, a partir de agora, passa a fazer
parte da agenda dos pescadores amadores brasileiros. Mais adiante falaremos
especificamente desse assunto.
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Entramos no barco e começamos a navegar, primeiro pelo rio
Tapajós, indo logo a seguir para o rio Amazonas, onde pode-se presenciar um encontro
de águas que, apesar de não ser tão famoso como o de Manaus, não é menor belo.
Eram exatamente 16h00, quando navegávamos pelo rio Amazonas.
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Tucunaré açu
Após
trocarmos de roupa, passando para algo confortável como uma camiseta e
bermudas, lembrávamos o clima de São Paulo, de onde saímos com 12 graus para os
35 do Pará. Em um confortável “deck” na parte superior do barco, íamos vendo as
maravilhosas paisagens desse rio magnífico, que vai começando a deixar aparecer
seus barrancos de terra, já que estamos no meio da vazante. Nosso destino é o
rio Guajará, que recebeu o nome em virtude de uma planta homônima da família
das Sapotáceas, muito comum nessa região. Esse rio, não muito conhecido,
prometia boas pescarias de tucunarés, pois o Bento trazia notícias de grandes
exemplares.
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Rio Guajará
Com a chegada da noite, após um belo jantar, cada um de nós
foi para seu camarote, onde o ar condicionado nos garantia uma boa noite de
sono. Navegamos por aproximadamente 13 horas, quando então atingimos a foz do
Guajará. Diferente do Amazonas, que tem águas normalmente barrentas, o Guajará
as tem limpas e cristalinas.É um rio estreito para os padrões amazônicos,
medindo aproximadamente entre 50 e 60 metros de largura. Sua mata ciliar é
formada de pequenas árvores e muita vegetação aquática. Logo de cara, nos
deparamos com uma verdadeira “ilha móvel”, que vinha descendo o rio, fazendo
seu trajeto na vazante.
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Lago Preto
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Essa
ilha, com vegetação alta, à semelhança de pequenas árvores, ocupava quase a
totalidade da largura do rio, o que fez com que a Aventureira encostasse bem na
margem, para poder continuar seguindo seu rumo. Aqui e acolá, vê-se as casas da
população ribeirinha, todas construídas no sistema de palafitas, e aqui vem a
primeira observação interessante: existem lá currais suspensos, onde o gado, na
maioria búfalos, passam a noite em local seco. Pela manhã, após a ordenha (o
leite é de excelente qualidade), soltam esses búfalos, que pastam com a água do
rio pela altura do pescoço. Mais tarde teríamos outra grande surpresa em
relação aos búfalos, que acabaram agindo como se fossem nossos tratores,
facilitando nosso acesso ao Lago Preto.
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População ribeirinha
Após duas horas subindo o Guajará, atingimos nosso ponto de
parada. Amarrada a uma árvore de grande porte, a Aventureira descansava seus
motores.
De nossa parte, só restava preparar nosso
material de pesca, já que o desjejum já havia acontecido enquanto navegávamos.
Descemos dois barcos de alumínio na água, ambos equipados com motores de 8 HP,
motor elétrico e um remo. Enquanto estávamos no barco, por mais que olhássemos,
não conseguíamos avistar nenhum lago (esses são os melhores pontos de pesca
para o tucunaré). Contávamos agora com a ajuda de um morador ribeirinho, velho
conhecido do Bento, que iria nos servir de guia até o lago preto.
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Rebanho de búfalos
abrindo o caminho. Peão de canoa
A
ansiedade e o desconhecimento da região às vezes nos faziam ter alguns
pensamentos negativos, achando a princípio que estávamos entrando em uma
“furada”, pois por mais que procurássemos, não víamos onde pescar. Perguntamos
ao caboclo onde era o lago e ele apontou uma árvore alta, dizendo ser ali a
entrada do lago, na margem esquerda do Guajará. Achamos melhor calar e esperar.
Com o motor de popa funcionando, fomos nos encaminhando para direção da tal
árvore alta. Lá chegando avistamos um pequeno curso de água de no máximo três
metros de largura, mais parecendo um igarapé (semelhante aos corixos do
Pantanal). Entramos nesse curso de água, quando então questionamos o caboclo
acerca da duração desse trajeto.
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Curral Suspenso
A
resposta foi sincera e objetiva: aproximadamente uma hora. Pois bem, ao redor
desse pequeno igarapé, só víamos vegetação aquática, por boas centenas de
metros, dos dois lados. Como esse igarapé mantinha seu curso limpo e com boa
passagem para os barcos? Pois bem, a resposta veio através dos “búfalos
tratores”. Dias antes de nossa chegada, já avisados pelo Bento, os caboclos
pegaram uma manada de búfalos e os fizeram percorrer esse caminho até o Lago
Preto, ou seja, os animais foram abrindo, no meio da vegetação, uma verdadeira
“rua” para que pudéssemos passar. Aliás, essa mesma “rua” servia também para
eles mudarem os búfalos de pastagem. Em uma de nossas idas e vindas ao lago,
presenciamos um peão tocando a boiada (“ou seria “búfalada”?) e ao passarmos
por ele com nosso barco, pudemos observar o inusitado da cena.
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Pescando no Lago Preto
Enquanto o peão comum tradicionalmente utiliza cavalos para
tocar o gado, esse usava uma canoa, remando ao lado dos búfalos, com todos
aqueles mesmos gritos e gestual característicos para tanger o gado, que
obedecia prontamente. Foi muito interessante essa cena, inédita aos nossos
olhos.
Uma outra particularidade desse igarapé eram os constantes
barulhos de peixe na superfície, que mais tarde soubemos ser ocasionados por
pequenos tucunarés e aruanãs, presentes em quantidade muito grande. Nas
“margens” centenas de patos “asa branca” alçavam vôo devido a nossa
aproximação. Finalmente, atingimos o Lago Preto, estreito no início, abrindo-se
mais adiante em uma largura de aproximadamente 1 quilômetro, por 2 quilômetros
de extensão. Começamos a bater nossas iscas e logo pegamos dois tucunarés
pequenos, de aproximadamente 500 gramas.
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Um grande tucunaré
A água estava ainda um pouco alta, pois adentrava a mata das
margens, de onde escutávamos constantemente batidas de tucunarés dando caça aos
pequenos peixes. Nas margens, nenhum lugar tinha ainda nos chamado a atenção,
pois acostumados que estamos a pescar de batida, queríamos algumas galhadas
para facilitar a prática de nossa modalidade de pesca preferida. Andamos cerca
de uma hora procurando um bom lugar, quando, no fim do lago, achamos o local
que mais se aproximava de nossa intenção. Havia algumas galhadas pequenas e
moitas de aguapé, com entradas livres de água no meio deles.
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Piranha preta
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Voracidade das piranhas
Agora, com o motor elétrico, começamos a bater esse local.
Estávamos usando três varas, equipadas respectivamente com material de
categoria leve, média e média/pesada. As linhas eram de bitolas 0.30, 0.35 e
0.40mm. Demos o primeiro lance com a linha 0.30 mm e uma isca de superfície
Jumping Minnow para “fazer barulho” na água. A pegada que ocorreu imediatamente
após o lance e o trabalho da isca, mesmo não tendo fisgado o peixe, nos fez
encostar essa vara, pois era material leve demais para aquilo que vimos bater.
Outra vara, linha 0.40 mm e isca Red Fin 900. E
começou a pescaria. O primeiro tucunaré dentro do barco pesava cerca de 5 kg e
mostrava em seu dorso o estrago feito por uma piranha, que lhe havia levado um
bom naco de carne, quase decepando totalmente o seu “cupim”, a mostrar que
tratava-se de um tucunaré macho.
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Briga: as incríveis
acrobacias do tucunaré
O sol, mais ou menos às 10h00 da manhã, nos dava a impressão
de uma temperatura de 40 graus. Pescamos até meio dia e nessas duas horas
fisgamos e perdemos cerca de dez tucunarés de bom tamanho. Eles atacavam as
iscas, mas após uma breve briga conseguiam se soltar, como que por encanto.
Pela nossa experiência, deduzimos que eles estavam desconfiados da ação da isca
e que era por esse motivo que vinham e não chegavam a fisgar pra valer. Bem
cedo, com certeza, seria bem melhor.
Insistentemente, procurávamos alguma praia ou
barranco nas margens do lago, pois já se fazia necessário tomar um bom banho,
tal era o calor do meio dia.
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Depois da fisgada, saltos
de arrepiar
Como não havia, o jeito foi tomar banho dentro do próprio
barco, com o auxílio de uma pequena vasilha. Tal cuidado se explicava pela ação
no tucunaré fisgado, e ainda mais por estarmos em um lago fechado. Por certo a
piranha que fizera aquele estrago era das pretas e bem grande. Após o banho,
paramos à sombra de uma árvore alta, sempre dentro do barco. Fizemos um lanche,
e dentro do mato ouvíamos as batidas constantes dos grandes tucunarés.
Pescamos das 16h00 até o escurecer. Perdemos
mais alguns tucunarés grandes e fisgamos cerca de 8 peixes entre 2 e 3 quilos.
Voltamos à Aventureira e ao conforto do ar condicionado. No dia seguinte,
saímos as 6h00 da manha com destino ao mesmo lago. Quando chegamos ao local da
pescaria do dia anterior, o sol mal havia saído e comentamos que o fuso de uma
hora a menos não havia sido observado por nós, já que nossos relógios de pulso
ainda marcavam a hora de São Paulo.
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Uma briga como poucas
Começamos a pescar e o que se seguiu então confirmou tudo o
que aprendemos com a experiência. Dificilmente um lance não provocava ação de
peixe, e os grandes tucunarés começaram a ser fisgados. Não tínhamos como pesar
os peixes, mas com certeza estavam entre 4 e 6 kg. Alguns eram tão grandes que
uma mão fechada caberia inteira em sua boca. Houve um peixe que abocanhou uma
Red Finn 900, e ela coube, atravessada e inteira, em sua boca.
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A beleza do Tucunaré
Nossa fricção, regulada para a linha 0.40 mm, não era
suficiente para brecar a corrida dos grandes tucunarés, e tivemos então que
ajudar com o dedo polegar no carretel da Abu 5500, a frear essa corrida. As
varas, após a fisgada, tinham que ser apoiadas na barriga para auxiliar o
movimento de “alavanca” e seguras com as duas mãos, que uma mão só não era
suficiente para aguentar. Escrevendo esta matéria, já na redação aqui em São
Paulo e passados três dia da pescaria, ainda sinto a dor na barriga e observo a
bolha formada no dedo polegar da mão esquerda.Pescamos até às duas horas da tarde, quando de
comum acordo resolvemos parar.
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Búfalos na paisagem; os
“grandes”; depois da briga, a entrega
O resultado dessa pescaria ficou com cerca de 40 tucunarés
(não tivemos a preocupação de contar) entre 3 e 6 kg, e isto sem contar algumas
piranhas pretas, entre as quais havia exemplares com mais de 2 kg. Voltamos à
Aventureira e passamos o resto do dia desfrutando o conforto desse belo barco.
No dia seguinte, passeamos somente para conhecer outros pontos de pesca nesse
mesmo rio e em pequenos rios vizinhos. À noite, voltamos para Santarém, e
agora, com a correnteza do rio Amazonas contra, nosso percurso iria demorar 18
horas aproximadamente.
E mais: com certeza, após a briga com esses 40
grandes tucunarés, em se tratando de pescaria, estávamos satisfeitos.
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Belos exemplares e tucunaré
no puçá
Afinal de contas, estávamos ali a trabalho e a nossa meta
havia sido cumprida, pois este roteiro é inédito e o Lago Preto está ainda
virgem, à espera da visita de nossos leitores para pescar, já que se situa
dentro de uma propriedade particular onde só o pessoal da Aventureira tem
autorização de acesso. Valeu a pena, já que há muito tempo não tínhamos uma
ação de tucunarés tão intensa.
A propósito: a título de esclarecimento, é bom dizer que os
grandes tucunarés fisgados por nós pertencem à espécie “açu” (amarelos), mas
fisgamos também alguns das espécies “paca” e “pitanga”, estes um pouco menores
do que os primeiros. Realmente foi um roteiro fantástico.
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A Red Finn 900 na
garganta.
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Pôr do sol no Lago
Preto
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INFORMAÇÃO
O barco Aventureira, a partir desta edição da Aruanã, passa a
ser a mais nova opção em turismo de pesca na região amazônica, mais
precisamente no estado do Pará. Sueis proprietários, o casal Bento e Edna
Machado, estão operando com sua agência particular de turismo de pesca e
atendem solicitações de reservas pelo telefone (091)227-0975 e fax
(091)227-0262.
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Nossos anfitriões
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O Aventureira
O Aventureira tem 19,8 metros de comprimento, é equipado com
dois motores de 60 HP MWM, dois geradores de 125 HP, 4 camarotes com capacidade
total para somente 4 ou 6 pescadores no máximo por pescaria, ar condicionado em
todas as dependências do barco, radiocomunicação, TV, aparelho de som, solarium,
radar, sonar e GPS. Finalmente, os custos dessa viagem são os mais baixos do
Brasil em se tratando de pescarias em barcos-hotéis, conforme pode ser
confirmado pelos telefones acima.
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As cores de um tucunaré
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NOTA DA REDAÇÃO:
Hoje, outubro de 2014, com certeza, praticamente estarão
mudadas algumas informações contidas nesta matéria. Fizemos questão de
transcrevê-la como foi publicada no original, tal foi a emoção ao escrevê-la
pela primeira vez, ainda com a adrenalina da pescaria. Portanto, recomendamos
que o leitor de nosso blog agora, caso queira ir até o Lago Preto, tenha a
preocupação de confirmar se ainda há turismo para esse local.
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