quinta-feira, 2 de outubro de 2014

ROTEIRO PERUÍBE: GUARAÚ - RIO E PRAIA












Localizado em Peruíbe, no litoral de São Paulo, este rio traz boas   opções de pesca, tanto em seu leito como em sua barra.                                                                                                                        Vale a pena conferir mais esta opção


Foz do Guaraú vista da praia
                             



Nelson de Mello



Grande betara



Leonardo Mele

Corvina
A cidade de Peruíbe, localizada no litoral sul do estado de São Paulo, fica distante da capital cerca de 160 quilômetros. Pode ser atingida pela rodovia Pedro Taques, partindo-se de Santos ou São Vicente, ou então pela BR 116, que liga São Paulo à Curitiba. Optando por esta última, deve-se entrar à esquerda logo após a cidade de Miracatu, onde há farta sinalização mostrando a “estrada da Banana” via Itariri, no Vale do Ribeira. Chegando-se a Peruíbe, devemos então ir em direção ao “morro da caixa d’água”, onde uma pequena estrada pavimentada, mas cheia de curvas, portanto perigosa, nos leva para o outro lado do morro. No final dessa estrada devemos entrar à esquerda para atingir nosso roteiro; se entrarmos à direita iremos atingir o rio Una, que já foi matéria de roteiro em edições anteriores.
Ao entrarmos à esquerda, o asfalto acaba e teremos uma boa estrada de areia e terra. (NR: hoje 2014, totalmente asfaltada). Após passarmos uma ponte, devemos observar que à direita há uma estrada larga. Para atingir o rio Guaraú devemos pegar essa estrada e após oito ruas à esquerda iremos atingir esse rio. Se ao invés de entramos à direita após a ponte continuarmos a seguir em frente, inevitavelmente chegaremos à praia.



Nosso equipamento nessa matéria 

                                             PESCA NA PRAIA

Ao atingir a praia, o pescador deverá entrar à direita, caminhando pela areia da praia. A uma distância aproximada de 1,5 quilômetros está à barra do rio Guaraú. Segundo nossa pesquisa, os melhores pesqueiros estão localizados em uma extensão de aproximadamente 200 metros logo após passarmos a ultima casa. É praia considerada “rasa”, onde os canais são bem visíveis no movimento das ondas. Pegamos bons peixes pescando no segundo e no terceiro canal, que podem ser atingidos com lances variando entre 60 e 110 metros.
No que se refere às iscas (camarão, sardinhas, etc.), estas poderão ser compradas no terminal pesqueiro de Peruíbe. É bom lembrar que esse terminal não costuma abrir muito cedo, tendo um movimento de vendas a partir de 10 horas da manhã. Portanto, no caso de haver maré bem cedo, é bom se prevenir. Nós escolhemos o corrupto como isca, já que pode ser encontrado em grande quantidade na própria praia, sendo facilmente localizado. Neste ponto, um conselho: se quiser pescar com corrupto, lembre-se de que o mesmo só será visível em marés de 0,20 metros para baixo e sempre na vazante da maré. Como se sabe, a pesca de praia é muito mais produtiva na enchente da maré, portanto, no final da vazante e no início da enchente, temos cerca de uma ou duas horas para pegar isca com tranquilidade.
Em nossa pescaria de praia, Nelson de Mello, da equipe Aruanã, pescou com duas varas, sendo uma barra pesada e uma barra leve. Foram fisgados principalmente betaras, pampos, galhudos, bagres, robalos e corvinas, em um total de quase 100 peças.


Caranha

Detalhe especial para três peixes: a) betaras: apesar de serem a grande maioria, alguns indivíduos atingiram grande tamanho, coisa não muito comum hoje em dia; b) robalos: explica-se facilmente a presença desse peixe na praia devido à proximidade do rio no qual fisgamos peixes pequenos, mas onde certamente poderão ser fisgados grandes exemplares, pois de dezembro a fevereiro os grandes robalos costumam ficar nas águas da praia; c) corvinas: em especial dois peixes fisgados, com pesos de 2 kg e 2.7 kg, que proporcionaram boa briga.
Na pesca de praia, portanto, aprovamos e classificamos este local como uma ótima opção. Como cuidados especiais, recomendamos a observação da maré máxima na cheia, pois a água do mar, no reponto, chega a “lavar” toda a areia, batendo mesmo nas pedras que protegem as casas e chegando até a beirada do mato da praia.
Observe, portanto a tábua das marés, para poder parar o carro ou acampar em segurança. E, no retorno da pescaria, espere a maré descer para trafegar em segurança até a estrada. (NR: essas duas práticas acima citadas, hoje, são proibidas).
Como dica, recomendamos  que você faça sua pescaria nas luas novas ou cheia, com marés grandes, ou seja, de 1.30 m para cima.


Pesqueiro das pedras (proibido)


                                          PESCA NO RIO

O rio Guaraú tem aproximadamente seis quilômetros de extensão aproveitáveis para a pesca. Seus principais pesqueiros são os locais com galhadas e pedras. Para quem pesca com iscas artificiais, os peixes que mais “baterão” serão os robalos; no entanto, bem no fim da maré vazante por diversas vezes fisgamos caranhas de bom tamanho. Nesse tipo de pescaria, ou seja, com iscas artificiais, não se pode precisar com certeza os tamanhos dos robalos, mas pode-se dizer que por diversas vezes perdemos iscas artificiais, usando equipamento mais pesado na boca de grandes robalos. São comuns nesse rio notícias de robalos de 10 a 15 quilos, fisgados por pescadores amadores.

Quem pesca robalos sabe que embarcar um peixe acima de 6 kg é uma questão de pura sorte, já que, estando perto das galhadas onde as cracas e ostras cortam como navalhas, o robalo procura essa proteção após ser fisgado, muitas vezes rompendo a linha. O embarque então é de chance máxima de 10% a favor do pescador amador.
                                                                  

Melhor pesqueiro (proibido)


                               As melhores marés, segundo a nossa pesquisa no rio Guaraú, são aquelas que se situam entre a altura máxima de 1.30m e mínima de 0.60m. Normalmente, encontramos essas marés entre o terceiro e o quinto dia da lua nova ou cheia. Uma outra dica muito importante para o sucesso dessa pescaria é que o pescador escolha um dia onde ocorram duas “viradas” de marés. Por exemplo: tome-se um dia em que o primeiro reponto da maré ocorra às três horas da manhã. Como sabemos que a corrida da maré tem uma duração de 6 horas, concluímos então que a vazante ocorrerá até as 9 horas da manhã. Chegando-se no rio às 5:30 horas da manhã, por exemplo, teremos um bom período de três horas e meia para pescar na vazante. O reponto então ocorrerá às 9 horas da manhã, quando então a maré começará a subir. Novamente teremos uma corrida de enchente com duração de 6 horas. A subida da maré não é uma boa hora para a pesca de robalos, a não ser na primeira hora, quando a água ainda estiver se mexendo, pois será inevitável, nos rios de litoral, que a água do rio pare de correr, já que pela força da água do mar ela fica represada.
O robalo só “pega” com a água correndo. Aqui cabe uma boa dica, já que praticamente ficaremos cerca de 6 horas sem pescar, até que a maré vaze novamente: tenha a preocupação de levar para sua pescaria uma boa quantidade de minhocas. Isso mesmo, a velha e tradicional minhoca natural.


Gamboa 


Suba bem o rio, e lá onde a água estiver completamente doce, procure um poço com mais ou menos 2 metros de profundidade (normalmente estão localizados nas curvas ou enseadas do rio). Com uma vara telescópica ou uma vara de bambu, linha do tamanho da vara, um pequeno chumbo oliva solto na linha e um anzol pequeno, isque a minhoca e jogue o anzol perto da margem. Com certeza, você não terá tempo de pescar com duas varas, pois os acarás e lambaris não vão lhe dar sossego. Os lambaris são da espécie tambiú, e os acarás chegam a quase meio quilo.
A felicidade de pegar um acará grande acontecerá sempre que os acarás menores derem chance ao grande de achar a minhoca primeiro que eles. Você poderá passar boas horas pescando essas duas espécies, até que a maré vire novamente.
Então, às 15 horas ocorrerá um novo reponto, começando uma vazante que permitirá a pesca até o fim do dia, ou enquanto ainda houver luz. Em um dia com essa característica, só pescando com iscas artificiais, conseguimos capturar cerca de 25 peças, todas de bom tamanho.
Em nossa opinião, os melhores pesqueiros do Guaraú são: as pedras, o barranco alto e as duas curvas acentuadas, com galhadas. Deve-se usar uma poita para parar o barco nesses locais e manter uma distância de 20 metros entre o pesqueiro e o barco.

Robalo


Há muitos anos pescamos nesse rio, que agora se tornou um roteiro oficial da Aruanã. Foram muitos os robalos capturados por nós nessas águas, bem como foram muitas as iscas artificiais perdidas na boca dos chamados robalões. Por tudo isso, aprovamos e recomendamos esse roteiro, lembrando ainda que os robalos têm portaria do Ibama que os defende, no que se refere a tamanhos mínimos. Desta forma, o robalo do tipo “peva” (é o de cor mais escura) tem tamanho mínimo de 30 centímetros para a captura, enquanto o robalo flecha (é o que tem as barbatanas mais amarelas e o corpo mais fino e comprido) tem o tamanho mínimo de 45 centímetros para a captura. (NR: neste blog, você achará a Portaria do Ibama com os tamanhos de captura atuais).
A propósito, Guaraú, em tupi-guarani, significa “garça preta”. Boa pescaria.

                                           INFORMAÇÃO
Caso o pescador queira pescar com isca viva, na estrada do morro da caixa d’água existem pelo caminho diversas placas indicando venda de camarão (pitu) vivo. No rio Guaraú localizamos apenas um local que tem barcos para alugar. Trata-se da Pousada Guaraú, cujo proprietário é o Sr. Vicente.
Foto original da foz do Guaraú vista da estrada. (Hoje modificada)

NOTA DA REDAÇÃO: O rio Guaraú, foi um de meus pesqueiros preferidos, onde peguei grandes robalos e fiz boas pescarias de praia. Hoje ele está dentro da Reserva Ecológica da Juréia-Itatins, sob a supervisão da Fundação Florestal. Vamos abordar um pouco mais sobre esse rio e essa região. Em 1987, o então governador de São Paulo Orestes Quercia, por um decreto lei nº5649 criou essa reserva ecológica. O principal motivo seria de que alguns empresários estariam querendo fazer um condomínio de luxo, na serra perto do rio Verde. Mais tarde, o então governador Franco Montouro fez outro decreto (não vou citar), tendo em vista que o governo federal iria instalar na região, três usinas atômicas. Essa ação então, nem vou comentar. A Fundação Florestal começou então a “tomar conta” dessa criada reserva. Hoje, essa reserva é um barril de pólvora. E não vou entrar em detalhes, sobre moradores locais há mais de 80 anos, que querem que eles saiam; não vou falar também do mosaico, que “retalha” a estação em partes, onde em umas pode se fazer algumas coisas e em outras não. A “sustentabilidade” é outro item da Fundação, também não vou falar nisso.
Mas vou falar do rio Guaraú. Esta é a razão principal desta postagem. Com certeza é um rio único no mundo, já que após cerca de 1,5 quilômetros de sua foz, ele se divide em dois. Nesse ponto do rio, há uma placa onde orienta a quem nele navega a turismo ou pesca, que deve pegar a direita do rio, já que a esquerda, é proibido entrar, pois lá é Estação Ecológica Juréia/Itatins.
No meu canto, fico a pensar: será que a F.Florestal, com sua atuação ambientalista, ensinou os peixes a seguir pela esquerda para não serem molestados pelos “mal falados” pescadores amadores?
Pois bem: à noite, "pessoas" armam redes na parte proibida, jogam tarrafas, pegam caranguejos, mariscos, ostras, caçam, colhem palmitos na serra, orquídeas e parasitas, etc.

E mais, na postagem falamos em andar pela praia e acampar. Corrijo: não pode não, já que a Prefeitura de Peruíbe proibiu essa ação. Isso ainda passa, mas dividir o rio em dois, é demais para minha cabeça. Só no Brasil mesmo. Infelizmente.

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