terça-feira, 2 de dezembro de 2014

DICIONÁRIO ARUANÃ - PEIXES DO BRASIL MIRAGUAIA



















De carne extremamente saborosa e com peso podendo atingir os 60 kg, a miraguaia é um dos peixes do mar que fazem a alegria do pescador esportista.
















A miraguaia, cujo nome científico é Pogonias chromis, pode chegar a um metro de comprimento ou mais, tem coloração chumbo-escuro, com nadadeiras denegridas e lábios vermelhos. Tem o corpo comprimido e elevado, de perfil superior curto, cabeça subcônica e focinho curto. Pode ser considerada como um peixe de pedra, já que a base de sua alimentação é constituída por mariscos e outros moluscos. Segundo R. Glieesch, “no fundo da boca possui esse peixe um esquisito aparelho mastigatório, constituído por três grossas chapas ósseas, uma na maxila inferior e duas na maxila superior, cobertas de dentes pavimentosos, semelhantes a grãos de milho e muito aptos para quebrarem as cascas de mariscos e ostras, o alimento predileto da miraguaia.” Ocorre desde Long Island até a Argentina.
No litoral do estado de São Paulo, por exemplo, a melhor época para a pesca da miraguaia se dá nos meses de junho a outubro, já que é nesse período que ela migra para cá, vinda do sul, à procura dos canais para a desova. O canal de São Vicente (SP) é um dos melhores pesqueiros deste peixe, sendo que também nesta cidade a Ilha Porchat deve ser citada. Nesses dois locais já foram pescadas, esportivamente, centenas de miraguaias, sendo que a maior delas beirou os 50 kg.
Mas este é só um exemplo, já que não são apenas estes locais bons pesqueiros de miraguaias. Na época citada, sua pesca pode e deve ser tentada em todos os costões de litoral, bem como dentro dos canais nele existentes. As melhores iscas para a pesca da miraguaia são os mariscos com casca, que deverá ser colocado no anzol em forma de cacho, os siris e os caranguejos. Uma das particularidades desse peixe, principalmente em se tratando dos machos dessa espécie, é o hábito de, durante a época do acasalamento, emitir sons intensos, assemelhados ao ruído de rufar de um tambor, com sua vesícula natatória. Raciocinando sobre o fato, chegaremos à conclusão de que esse hábito é uma excelente dica para o pescador amador, já que o som é perfeitamente audível.
A melhor de todas as dicas em termos de pesca é que este peixe responde e muito bem às cevas que podemos fazer usando o marisco como principal atração. Escolhido o local, deve-se nele jogar boas quantidades desses moluscos, com casca e tudo, apenas tendo o cuidado de triturar antes, com os pés (calçados), uma parte deles. No que se refere ao material de pesca, devemos enquadrar o equipamento utilizado para a captura da miraguaia na categoria pesada, já que um exemplar de bom tamanho não irá respeitar outro tipo de equipamento. Portanto, uma linha de 0,70 mm de bitola é o que podemos considerar suficiente. A vara de pesca deve ser resistente e ter comprimento acima de 3 metros, já que se vai pescar em locais de pedras. O molinete ou carretilha (a escolha entre um e outro fica a critério do pescador) devem seguir a mesma norma: tamanho grande, pois a miraguaia, quando ferrada, costuma levar grande quantidade de linha.
Podem ser usados dois anzóis, sendo que a chumbada deve sempre ser colocada acima deles e solta na linha. A miraguaia jovem é chamada de burriquete no Rio Grande do Sul, sendo distinguida da forma adulta por portar 4 ou 5 estrias escuras no corpo que mais tarde desaparecem. É também conhecida por piraúna, perombeta, vaca ou miraguaia. Na Argentina é chamada de corvina-negra ou corvina-criola.



NOTA DA REDAÇÃO: Ao fazer esta postagem agora em dezembro de 2014 em nosso blog, sou “atacado” por um grande sentimento de saudosismo dos velhos tempos. Fisguei muitas miraguaias no canal de São Vicente, bem perto da Ponte Pensil, onde na época, tínhamos com outros pescadores, uma excelente ceva de mariscos no local. Foram grandes miraguaias fisgadas e muitas perdidas por não suportarem a briga, pela força do peixe e aliada a força da maré vazante no canal citado. Na Aruanã nº 6, publicada em agosto de 1988, publiquei uma matéria sobre a miraguaia. A foto, bem como a pescaria, aconteceu dias antes e eu estava acompanhado por dois amigos pescadores, que agora homenageio: o José Antônio Gomes e o Pedro Abate.


                                                     

5 comentários:

  1. Grande Toninho. Sem dúvida foi uma bela pescaria. Saudades daquela época. Obrigado pela lembrança. Abraços Jose Antonio Gomes

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    1. O melhor de tudo Gomes, é a gente poder relembrar após tantos anos, os "bons tempos". E isso só é possível àqueles que como você e eu, tivemos uma amizade sólida, não só na pescaria mas também na vida do cotidiano. Essa miraguaia da foto, foi pescada, graças ao bom Deus, já que na época, ninguém da "turma" estava pegando. Fomos a tarde e de madrugada ela fisgou. Eu não tinha nenhuma foto de miraguaia, com a qualidade que a Revista Aruanã exigia. Eu, você e o Pedro, fomos fisgar uma para a foto. Grande abraço meu amigo. Toninho Lopes

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  2. Antonio..Parabens pela Revista/Página,
    abs. Fred Mello - www;melloimoveis.com 71 - 9974-3312.

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    1. Fred Mello: Muito obrigado pelo seu comentário. A publicação agora, em nosso blog, nada mais é do que uma "edição melhorada" do nosso livro DICIONÁRIO ARUANÃ DE PESCA AMADORA", onde listamos 144 espécies tanto do mar, como de águas interiores. Na Revista Aruanã, lançamos essa edição dos peixes do Brasil, já que nosso Dep. de Arte, tinha então mais tempo para fazê-los em cores. Além do que no livro, as informações são mais completas. Obrigado e grande abraço a vocês todos da "boa terra", que na minha opinião, foi o melhor local onde pesquei robalos. Toninho Lopes

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