Na pesca com iscas
artificiais, o arremesso de precisão é um item muito importante, já que as
espécies predadoras sempre estarão em meio a estruturas como galhadas, por
exemplo. Nesses locais de difícil acesso, só um arremesso perfeito pode chegar.
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Robalo na Isca Artificial
Quando se fala em pescarias na modalidade de iscas
artificiais, principalmente de espécies como robalo, tucunaré, black bass e matrinchã, entre outras, é importante destacar que o arremesso de precisão
absoluta desempenha papel fundamental no resultado dessas pescarias. Por
incrível que possa parecer, para atingir uma galhada, por exemplo, se o
pescador amador não der um arremesso com absoluta precisão, lá “no meio da
galhada”, suas chances de fisgar um bom peixe diminuem cerca de 80%.
Há pouco tempo, nós, que sempre pescamos com iscas
artificiais, tínhamos no corrico nossa principal opção de pesca. Ninguém
pescava de arremesso, pois em se tratando de Brasil, nenhum pescador sabia
praticar essa modalidade, coisa que apenas por volta de 1972 começou a ser mais
comum.
No entanto, quando pescávamos de corrico, tínhamos mais ação
de peixes no que se refere a quantidade, porém perdíamos na qualidade, já que
as espécies pescadas eram menores. Os grandes peixes estavam lá, no meio das
estruturas, justamente onde nossas iscas artificiais, na modalidade de corrico,
não conseguiam chegar.
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Galhadas em rios de litoral
Comecei a pescar de lances graças a um amigo brasileiro,
residente nos Estados Unidos havia muitos anos, que veio até São Paulo e queria
fazer aqui uma pescaria de black bass. A Cachoeira do França foi nosso
objetivo, e lá chegando comecei a corricar, quando fui alertado por ele para
parar nosso barco nos locais que achava melhor. Foi uma experiência que mudou
completamente minha vida em se tratando de pesca com iscas artificiais.
Abismado, assistia meu amigo dando lances e, principalmente, trabalhando uma
isca de superfície. Deduzi então, após um breve raciocínio, o quanto isso iria
valer nas outras modalidades, como as pescarias de robalos e tucunarés, por
exemplo.
Quando esse amigo foi embora, na primeira maré
boa, lá estava eu no velho rio Itaguaré, experimentando a nova técnica sozinho,
já que na época muito pouca gente pescava daquela maneira. Era comum em um dia
de pescaria, corricando, fisgar por volta de 80 a 100 robalos, sendo a maioria
de “tric-trics” (pequenos) e vez por outra um maior, de 2 ou 3 kg. Foi emocionante
dar o lance, trabalhar a isca na superfície no meio das pedras e ver o ataque
de um bom robalo, onde corricando normalmente minha isca não chegava. Julguei
então que havia “descoberto a América”, sem dúvida. Agora, o maior problema era
acertar com precisão os locais no meio das galhadas.
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Pesqueiro de pedras
Os enroscos eram comuns, tanto nas galhadas como nas árvores
vizinhas. Ora, ninguém pescava de lances naquele tempo, por certo ninguém sabia
ainda como arremessar com precisão. Diante desse fato, lembrei-me de quando
comprei meu primeiro molinete. Ficava horas, na rua em frente a minha casa,
dando arremessos para atingir o melhor desempenho, e olhe que na época o
arremesso já era importante, pois praticava pesca de praia. O mais engraçado de
tudo isso era ver a cara dos vizinhos, observando aquela estranha
“performance”.
Novamente comecei a treinar, só que agora com um equipamento
menor e uma isca sem garatéias, e o local escolhido foi um campo de futebol.
Foram muitas seções de treinos, muito suor e milhares de arremessos que fizeram
melhorar muito em termos de pontaria. Nas pescarias, o resultado era imediato,
e cada vez mais conseguia colocar a isca nos lugares mais incríveis, o que,
convenhamos, é extremamente gratificante. Pois bem, a primeira parte da
“fórmula mágica” de um bom arremesso é essa: muito treino e muitos, muitos,
muitos arremessos. É evidente também que, com a prática constante, vamos
adquirindo gradualmente uma melhor forma física e aperfeiçoando a maneira de
arremessar. Agora, iremos descrever como isso pode acontecer.
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Posição correta no arremesso
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Arremesso nas galhadas
A primeira coisa que devemos ter como objetivo ao treinar é o
aperfeiçoamento da direção do arremesso. Não se preocupe em acertar o alvo, e
sim em fazer com que a isca vá na direção certa. Arremesse sempre na direção do
alvo, buscando ser o mais preciso possível nesse direcionamento, o que também
irá favorecer sua familiarização com o equipamento. Quando isso ficar fácil,
pois se já “temos” a direção certa, ou seja, se o pescador já é capaz de fazer
com que a isca vá sempre no rumo desejado, vamos passar a procurar acertar o
alvo com precisão. E aí é só uma questão de dar o arremesso, ao qual deve ser
imprimida força suficiente para que a isca passe (isso mesmo, passe) do ponto
determinado como alvo. Acompanhe com os olhos a trajetória da isca, e quando
ela estiver passando pelo alvo, breque o carretel do molinete ou da carretilha
com o dedo. Será inevitável que a isca caia exatamente no lugar certo. É uma
questão de treino, muito treino. Portanto não desanime se os primeiros lances
não saírem perfeitos. No que se refere à postura adequada para o arremesso,
busque posicionar-se para executá-lo da maneira que seja mais fácil e
confortável para você.
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Tucunaré Azul
Apenas como sugestão, posso indicar uma maneira que a meu ver
parece ser uma das mais fáceis para iniciantes: procure arremessar movimentando
apenas a mão, o punho e o antebraço, evitando esticar o braço todo, tensionar o
ombro ou saltar, deslocando os pés. Para pegar essa prática, “cole” o cotovelo
do braço que arremessa junto à lateral do corpo e execute o lance. Essa postura
nos obriga a utilizar somente a articulação do pulso (“munheca”) e o antebraço.
Com o tempo e o treino, podemos deixar o cotovelo mais aberto, porém é
importante não movimentá-lo no ato do arremesso.
Uma boa sugestão de treino é utilizar como alvo um balde
comum, colocando-o a 20 metros de distância de você. Arremesse e tente acertar
a isca dentro dele. Treine bastante, e quando sua média de acertos atingir 20%%,
com certeza você estará pronto a realizar qualquer pescaria nas modalidades
onde a precisão de arremesso é fator determinante de bons resultados.
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Matrinchã
Então, você sentirá uma grande satisfação ao perceber que
adquiriu técnica suficiente para arremessar sua isca onde você quer, inclusive
em lugares cujo acesso antes lhe parecia completamente impossível. Aí, é só
trabalhar a isca apropriadamente para que bons peixes, sejam eles quais forem,
se façam presentes.
Saber como fazer uma isca trabalhar corretamente também é um
fator muito importante na modalidade de pesca com iscas artificiais, mas essa
já é uma outra história. No entanto, se
você deseja se aprofundar nesse tema, podemos recomendar dois vídeos da série
“Pescando com a Aruanã” que trazem o assunto em detalhes. São eles: “Iscas
Artificiais” e o recém-lançado “Tucunaré”. Cada vídeos custa R$32,00 e você
pode solicita-lo à Aruanã Pesca através do catálogo anexo a esta edição ou
diretamente pelo telefone (011) 522-1323 ou fax (011)522-6419.
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Arremesso com precisão
NOTA DA REDAÇÃO: É incrível o que eu me divirto ao rescrever
as matérias aqui para o blog. Explico. As fotos eu digitalizo e até melhoro,
com os recursos hoje existentes, a sua aparência. Mas, o texto não, pois tenho
que escrever tudo de novo, já que o formato da revista é diferente do formato
do blog. Chego até a sorrir, pois relembro de “coisas e fatos” ocorridos a mais
de 40 anos atrás. Permita ao meu leitor relembrar somente um. Na Aruanã, tanto
na editora como na loja, todos os funcionários sabiam arremessar e bem, iscas
artificiais. Mas na loja, que abria aos sábados, os funcionários, “sem eu
saber” ficavam treinando no corredor que existia em suas instalações, no
horário em que eu ia almoçar ou estava viajando para novas matérias. Treinavam
todos os dias e no sábado, quando eu estava presente, “vinha àquela proposta,
em termos de desafio”, para competir com eles (todos) em arremessos de precisão
e valia um frango assado, acompanhado de pãezinhos frescos e refrigerantes.
Comi alguns frangos de “graça”. Quando eu percebi, que eles estavam
arremessando e acertando em pequenos copos plásticos de café, sugeri que
mudássemos o equipamento de carretilhas para molinetes. A princípio não
quiseram aceitar, mas diante da argumentação de que “um bom pescador pesca com
qualquer material” aceitaram o desafio. Resultado? Os telhados das casas
vizinhas que o digam. Era isca artificial para todos os lados, menos no alvo.
Bons tempos.
E uma correção no que se refere aos vídeos e endereços. Eram
fitas em VHS. Hoje, eles estão em DVDs (com a mesma qualidade e remasterizados) e com preço bem
menor devido aos custos de produção. Podem ser consultados diretamente comigo
no Facebook. Grande abraço a todos.
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