quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ ANIMAIS DO BRASIL - OUTROS BICHOS
















Isca de sucesso incontestável na pescaria de pampos, o sarnambi tem ainda outras particularidades dignas de registro. Vamos conhecê-lo.














O leitor habitual da Aruanã sabe muito bem explicar por que o sarnambi é considerado a melhor isca para o pampo, já que por diversas vezes esse tema foi abordado em matérias da revista. É muito simples: todos sabemos que o pampo também é conhecido pelo nome de “sernambiquara”, cuja origem é tupi-guarani. Considerando que a tradução do termo é “comedor de sarnambi”, ou “comedor de mariscos”, está desvendado o segredo. Elementar não é mesmo?
Trata-se de um molusco Lamellibranchio marinho, da família dos Mactracídeos, cujo nome científico já foi substituído várias vezes. Assim chamava-se Azara labiata, depois Mesodesma mactróides e mais tarde Corbvula mactróides. No Brasil, além da forma típica encontrada no Rio Grande do Sul (e também na Argentina), ocorre mais uma subespécie, Corbula mactroides prisca, que se estende de Santa Catarina ao Rio de Janeiro.
O sarnambi (ou sernambi) é comestível, sendo que pode ser conservado seco, salgado ou defumado. Vive na areia das praias, enterrado até 20 centímetros de profundidade. É um dos moluscos que em grande escala contribuiu para a formação dos “sambaquis” (designação dada a antiquíssimos depósitos, situados ora na costa, ora em lagoas e rios do litoral, e formados de montões de conchas, restos de cozinha e de esqueletos amontoados por tribos selvagens que habitaram o litoral americano em época pré-histórica), e isso em todo litoral do Brasil, desde o Rio Grande do Sul até a Amazônia.  Os sambaquis, ou “falsos sambaquis” (esta denominação seria apropriada para um grande acúmulo de conchas, de origem natural, constituídos em épocas geológicas mais recentes) são também conhecidos no litoral paulista e catarinense como “casqueiros”, “concheiras” ou “ostreiras”. Em outros pontos do país, essas formações recebem nomes como “berbiqueira”, “ilha de casca”, “caieira”, etc.
Mas interessante mesmo é o nome do sambaqui no Pará: “mina de sernambi”, ou, simplesmente, “sernambi”.

Bibliografia Consultada:
Dicionário de Animais do Brasil (Rodolpho Von Ihering)
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (Aurélio Buarque de Holanda Ferreira)


2 comentários:

  1. Feitos com arroz são uma delícia. Mas, a poluição das praias os afastou e com eles os pampos.

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  2. Prezado dower leal de moura: Em praias mais habitadas, realmente o sarnambi é perigoso de ser comido. Mas ainda existem muitas no Brasil, por exemplo, as citadas em nossa postagem " O Farol da Solidão" no Rio Grande do Sul, onde esses mesmos sarnambis, ou se preferirem mariscos brancos, são encontrados em grande quantidade e mesmo nem sendo preciso cavar para acha-los, já que o movimento das ondas faz essa tarefa ficar mais fácil. Nunca comi esse molusco, mas a exemplo de seus "primos próximos" os mariscos, devem ser muito gostosos. Obrigado pela participação. Abraço

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