O leitor habitual da Aruanã sabe muito bem explicar por que o
sarnambi é considerado a melhor isca para o pampo, já que por diversas vezes
esse tema foi abordado em matérias da revista. É muito simples: todos sabemos
que o pampo também é conhecido pelo nome de “sernambiquara”, cuja origem é
tupi-guarani. Considerando que a tradução do termo é “comedor de sarnambi”, ou “comedor
de mariscos”, está desvendado o segredo. Elementar não é mesmo?
Trata-se de um molusco Lamellibranchio
marinho, da família dos Mactracídeos,
cujo nome científico já foi substituído várias vezes. Assim chamava-se Azara labiata, depois Mesodesma mactróides e mais tarde Corbvula mactróides. No Brasil, além da
forma típica encontrada no Rio Grande do Sul (e também na Argentina), ocorre
mais uma subespécie, Corbula mactroides
prisca, que se estende de Santa Catarina ao Rio de Janeiro.
O sarnambi (ou sernambi) é comestível, sendo que pode ser
conservado seco, salgado ou defumado. Vive na areia das praias, enterrado até
20 centímetros de profundidade. É um dos moluscos que em grande escala
contribuiu para a formação dos “sambaquis” (designação dada a antiquíssimos
depósitos, situados ora na costa, ora em lagoas e rios do litoral, e formados
de montões de conchas, restos de cozinha e de esqueletos amontoados por tribos
selvagens que habitaram o litoral americano em época pré-histórica), e isso em
todo litoral do Brasil, desde o Rio Grande do Sul até a Amazônia. Os sambaquis, ou “falsos sambaquis” (esta
denominação seria apropriada para um grande acúmulo de conchas, de origem
natural, constituídos em épocas geológicas mais recentes) são também conhecidos
no litoral paulista e catarinense como “casqueiros”, “concheiras” ou “ostreiras”.
Em outros pontos do país, essas formações recebem nomes como “berbiqueira”, “ilha
de casca”, “caieira”, etc.
Mas interessante mesmo é o nome do sambaqui no Pará: “mina de
sernambi”, ou, simplesmente, “sernambi”.
Bibliografia Consultada:
Dicionário de Animais do Brasil (Rodolpho Von
Ihering)
Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira)
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Feitos com arroz são uma delícia. Mas, a poluição das praias os afastou e com eles os pampos.
ResponderExcluirPrezado dower leal de moura: Em praias mais habitadas, realmente o sarnambi é perigoso de ser comido. Mas ainda existem muitas no Brasil, por exemplo, as citadas em nossa postagem " O Farol da Solidão" no Rio Grande do Sul, onde esses mesmos sarnambis, ou se preferirem mariscos brancos, são encontrados em grande quantidade e mesmo nem sendo preciso cavar para acha-los, já que o movimento das ondas faz essa tarefa ficar mais fácil. Nunca comi esse molusco, mas a exemplo de seus "primos próximos" os mariscos, devem ser muito gostosos. Obrigado pela participação. Abraço
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