sexta-feira, 20 de março de 2015

DICIONÁRIO ARUANÃ - PEIXES DO BRASIL - PACU-PRATA












PACU-PRATA










Aqui está um pequeno grande peixe, pois se for tentada sua pesca, teremos antes de tudo muita briga e esportividade. Para o pescador é o que vale.













O pescador amador que vai ao Pantanal ou mesmo à Bacia Amazônica, o faz procurando sempre fisgar o maior e melhor exemplar, já que um grande peixe, de bom tamanho e peso, vai assegurar boas fotografias que mais tarde serão mostradas, como a atestar sua qualidade de pescador. Fica-se então durante horas embaixo do sol e sob forte calor, pescando ou tentando pescar “o peixe”. Mas com o passar das horas, e como ninguém é de ferro, apesar de todo o conforto que possa haver na embarcação, a nossa paciência começa a esgotar-se, já que a pior coisa que pode acontecer em uma pescaria é a falta de ação. Assim sendo, lá pelas 11 horas da manhã paramos de pescar e retornamos somente às 3 ou 4 da tarde, quando o calor do sol já está com menor intensidade. Pois bem, durante cinco horas nos ocupamos de outras tarefas e não pescamos. Alguns dormem, outros ficam à sombra tomando sua cervejinha e outros, ainda, ficam sem fazer absolutamente nada.
Nosso prazo de pescaria, longe de casa, costuma ser de apenas alguns dias; na maioria das vezes, foi uma pescaria sonhada e aguardada com ansiedade, e perder horas inúteis é, no mínimo, desperdício. Mas ali, bem perto de onde estamos pescando, existe um pequeno peixe que irá trazer ao pescador muita satisfação e prazer, esportivamente falando: o pacu-prata.
Sua família é a dos Characidae, aliás, a mesma do seu “primo” pacu-caranha (Colossoma mitrei). Seu nome científico é Myloplus asterias, e pode ser descrito como tendo o corpo arredondado, onde a cor prateada predomina. Tem ainda coloração amarela, principalmente na barriga e perto das nadadeiras junto às guelras. O dorso apresenta um verde claro, podendo apresentar ainda algumas manchas oliváceas distribuídas ao longo do corpo. Existem cerca de trinta outras espécies que podem ser confundidas com ele, mas são de tamanho menor e se prestam mais a embelezar aquários. Este nosso pacu-prata não: é bom de briga, e sua carne, apesar de pouca, é de boa qualidade, podendo ser consumido frito ou na brasa. Seu tamanho raramente ultrapassa 30 cm de comprimento e por volta de meio quilo de peso ou um pouco mais. Sua alimentação é composta de vários itens, e entre eles podemos destacar os caules das plantas ribeirinhas, folhas, pequenos frutos e outros vegetais, além da tradicional minhoca, massa e milho verde. Fazendo-se uma ceva com quirera de milho, vamos conseguir juntar um bom cardume para a nossa diversão. Deve-se usar varas leves, de bambu ou telescópicas, com linha de bitola 0.30 a 0.35 milímetros, e anzóis variando entre o 4 e o 10. Um pequeno chumbo oliva, só para fazer a isca ir ao fundo, é mais do que suficiente. Uma outra curiosidade sobre este peixe, é que ele costuma dar pequenos saltos na beira do rio, tentando com isso abocanhar algumas folhas de mato que lhe pareçam mais apetitosas. O pescador consegue ver essa ação.
As cevas naturais do pacu-prata são árvores que estejam derrubando dentro da água pequenos frutos, tais como figueiras e outras sementes. É fácil ver-se a ação do pacu-prata nesses locais, pois assim que uma frutinha cai na água, ele imediatamente a abocanha, fazendo evoluções na superfície. Os melhores locais para sua pesca serão então as cevas naturais, ou pequenos remansos com profundidade entre dois a três metros onde devemos fazer nossa ceva de milho.

Só para terminar, na ceva costumam também, ficar piaus, piraputangas, sardinhas, lambaris, sauás e, com um pouco de azar, os grandes pacus. Azar, porque se um deles fisgar em nosso anzol, com certeza irá arrebentar nosso leve material. É uma pescaria para diversão e para aproveitar as horas de sol mais forte, já que pode ser feita à sombra de uma grande árvore. Boa pescaria.

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