sexta-feira, 3 de abril de 2015

FOLCLORE DO BRASIL - CURUPIRA












Com seu aspecto todo especial, o Curupira mora na mata e é o defensor dos animais da floresta.



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O Curupira é um menino de cabelos avermelhados, tem o corpo peludo, dentes verdes e seus pés são virados para trás. É ele quem cuida dos animais da floresta. Dizem que os ruídos misteriosos que às vezes ouvimos nas matas são causados por ele. Não tem pena dos caçadores maldosos, principalmente dos que matam os filhotes. Quando vê um caçador deste tipo, o Curupira judia tanto dele que o pobre ou morre ou fica meio louco para sempre. Para confundir o caçador, pensando que é uma ave, vai atrás do Curupira e de repente percebe que ficou perdido na floresta.
Ao aproximar-se uma tempestade, o Curupira corre toda a floresta e vai batendo nos troncos das árvores. Assim ele vê se elas estão fortes para aguentar a ventania. Se percebe que alguma árvore poderá ser derrubada pelo vento, ele avisa os animais para não se abrigarem perto da árvore condenada. Segundo uma lenda indígena, certa vez um índio caçador estava descansando na floresta, à sombra de uma árvore, quando o Curupira chegou, e estando este com muita fome, pensou em comer o coração do índio. Resolveu então acordá-lo:
- Ei índio. Estou com muita fome. Dê-me um pedaço do seu coração.
O índio acordou, e assustado com o que via e ouvia, pensou rapidamente e resolveu ofertar ao Curupira um pedaço do coração de um macaco que ele havia acabado de caçar. O Curupira não percebeu a fraude, comeu o pedaço e gostou.
- Quero mais, quero seu coração inteiro.
O índio então lhe deu o resto do coração do macaco, que foi também saboreado com muito gosto pelo Curupira.
Porém, agora, exigiu em troca da oferta um pedaço do coração do Curupira. – Fiz sua vontade, não fiz? Agora você deve me dar em pagamento um pedaço de seu coração. O Curupira não era muito esperto e acreditou que o caçador havia arrancado o próprio coração sem ter sofrido nenhuma dor e sem ter morrido. Pediu então a faca do caçador e a enterrou no próprio peito, tombando sem vida em seguida. O caçador não esperou mais. Disparou pela floresta e pensou em nunca mais voltar lá.
Assim passou um ano, e todos estranhavam o fato do índio nunca mais ter saído da aldeia. Ele respondia que não ia à mata por estar doente, mas na verdade, estava era com medo. Até que um dia, a filha do índio pediu a ele que lhe desse de presente um colar, que fosse bonito, diferente de tudo que já havia visto. O caçador lembrou-se imediatamente dos dentes verdes do Curupira e resolveu ir até a mata, onde encontrou a carcaça do Curupira, com os dentes reluzindo ao sol. Pegou então o crânio e começou a batê-lo numa árvore para que se soltassem os dentes. Qual não foi a surpresa do índio quando de repente o Curupira ressuscitou, e julgando que o caçador lhe havia salvado a vida intencionalmente, ficou muito grato e lhe presentou com um arco e uma flecha encantados, com os quais nunca perderia caça nenhuma, porém recomendou que nunca atirasse em animal que estivesse em bando.
O índio ficou então famoso na aldeia por ser um grande caçador; bastava apontar a flecha e zás!, já caía a presa abatida, para a alegria dos companheiros que iam com ele às caçadas. Um dia, querendo exibir seus dotes para os companheiros, pensou em tentar, com uma só flechada, acertar diversas aves que voavam em um bando, bem próximo de onde estavam. E foi assim que, esquecendo a recomendação do Curupira, o índio atirou contra o bando de pássaros, atingindo um deles, que caiu fulminado na hora. Os outros pássaros, enlouquecidos pela perda do companheiro, principiaram a atacar o índio, que ficou sozinho à mercê das aves, pois seus amigos, ao avistarem o perigo iminente, o abandonaram à própria sorte.
O pobre índio foi então dilacerado, despedaçado e devorado pelos pássaros, só por ter desrespeitado a recomendação do Curupira.

REVISTA ARUANÃ -  FOLCLORE DO BRASIL

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